quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Momento Nostradamus

Em 2008:

- Flamengo, Internacional e Palmeiras disputarão com o São Paulo o título do Campeonato Brasileiro;

- O Inter também fará o duelo nacional do ano contra o Grêmio, na Copa do Brasil;

- O Corinthians voltará à Série A (mas não ficarei surpreso se ficar mais um ano na B);

- O Bahia também sobe;

- Dunga perderá o cargo para Felipão após o vexame olímpico (conforme planejado por Ricardo Teixeira);

- Kaká será novamente o melhor do mundo, Alexandre Pato a revelação, Dida terá o contrato rescindido e Ronaldo Fenômeno termina a temporada no Flamengo;

- A contagem de medalhas em Pequim será boa, mas aquém do esperado;

- A natação e a ginástica trarão medalhas, inclusive de ouro;

- Ricardinho se arrependerá amargamente por ter perdido o Bi Olímpico, por orgulho;

- Nelsinho Piquet vai sair na mão com o Fernando Alonso;

- Romário será artilheiro do Campeonato Carioca (se tirarem a punição);

- Eu vou errar várias previsões.

Até o ano que vem!

O Santo

"Natural de Roma, São Silvestre foi papa e governou a Igreja de 314 a 355 d.C, ano em que morreu, exatamente no dia 31 de dezembro. A Igreja Católica escolheu esta data para canonizá-lo.

Em seu pontificado, São Silvestre estabeleceu novas bases doutrinais e disciplinares colocando a Igreja em um novo contexto social e político. Ocorreu o entrosamento entre o clero e o Estado. Com o Edito de Milão, o cristianismo passou a ser a religião oficial do Império Romano, na época governado por Constantino Magno. Com essa aliança, os cristãos puderam professar abertamente sua crença e a Igreja saiu de um período de perseguição que já se arrastava por 300 anos.

Uma das grandes realizações do papa Silvestre foi o concílio ecumênico de Nicéia, em 325, que definiu a divindade de Cristo. O curioso é que a assembléia foi convocado pelo próprio Constantino, o que mostra sua influência nos assuntos eclesiásticos. Foram elaborados ainda os de Arles e Ancira. São Silvestre foi um dos primeiros santos não-mártires cultuados pela Igreja. Ele é lembrado por promover a renovação do espírito e como protetor dos seguidores mais fiéis de Cristo.

Os feitos do santo do último dia do ano em defesa da fé não param por aí. Com a ajuda do imperador, São Silvestre construiu as basílicas de São Pedro sobre o túmulo do apóstolo, a Lateranense _ que se tornou a residência dos papas _ e a de São Paulo.

Existem apenas três paróquias dedicadas a São Silvestre no Brasil. A maior delas está localizada no distrito de São Silvestre, que faz parte de Jacareí, no Vale do Paraíba (SP); as outras ficam em Viçosa (MG) e Maringá (PR). "
(Fonte: http://www.saosilvestre.com.br/2007//historia/santo.php)

Essa é a história de São Silvestre, que dá o nome para a tradicional corrida do último dia do ano.

Corrida esta que, este ano, terá a presença da minha mãe, no auge da forma aos 50 e tantos anos.

Eu me canso de subir a Brigadeiro andando do Pão de Açúcar até a Av. Paulista. Imagine fazer o trajeto correndo, desde o Lgo. São Francisco, depois de correr mais de 10km.

Prefiro aproveitar as últimas horas do ano de outra forma, bem menos cansativa.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Deus e o Diabo na terra do sol

O fim do ano traz aquele dever-vontade de fazer uma retrospectiva do que de melhor e pior aconteceu nos 12 meses ateriores.

Esse ano de 2007, porém, foi um tanto quanto curioso. Grandes momentos não faltaram, e no geral pode ser considerado um bom ano para o nosso esporte. Só que brasileiro tem memória curta, e geralmente a última impressão é a que fica. A regra é que eventuais erros são encobertos por bons resultados finais, e bons trabalhos são esquecidos (ou invalidados) quando não se atinge o objetivo esperado.

Para comprovar o ponto acima defendido, segue uma pequena retrospectiva de importantes momentos esportivos de 2007:

1. Os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro contrariaram grande parte da crítica e do público em geral, ao apresentar as belas arenas esportivas prontas a tempo e transcorrer sem as previstas calamidades relacionadas à organização e à segurança pública. E o desempenho da nossa delegação foi, mesmo se considerando o nível mediano da competição, muito bom.

2. Após 64 anos, teremos uma Copa do Mundo no Brasil. A festa da torcida mais festiva do mundo está garantida.

3. O basquete brasileiro nunca foi tão bem representado no exterior, com vários jogadores tendo destaque na NBA. Leandrinho foi eleito o Melhor 6o Jogador da temporada, e Anderson Varejão tornou-se o primeiro brasileiro a disputar a final da liga norte-americana.

4. O São Paulo Futebol Clube sagrou-se pentacampeão Brasileiro, mostrando mais uma vez que em se tratando de lidar com o futebol de forma profissional, está alguns passos na frente de todos os outros clubes brasileiros. Se não tropeçarem nas próprias pernas, e seus adversários não correrem atrás do prejuízo, o Tricolor pode inicar uma fase de hegemonia sem precedentes em nosso futebol.

5. A natação brasileira colecionou medalhas importantes ao longo do ano em Mundiais, Pan-Americano, Universíada, e encontrou os possíveis substitutos de Gustavo Borges e Fernando Scherer. Thiago Pereira e César Cielo têm tudo para brilhar em Pequim.

6. A torcida do Flamengo deu show, lotando o Maracanã quando o time estava lá embaixo e levando-o até a Libertadores. É, sem dúvida, a maior torcida do Brasil.

7. A "Família Bernardinho" consagrou-se como o grupo mais vitorioso da história do nosso esporte. Indiscutivelmente.

8. A seleção de futebol feminino, nadando contra a corrente, chegou a uma final de Copa do Mundo. E tem pela segunda vez consecutiva a melhor jogadora do mundo.

9. O futebol baiano deu sinais de renascimento, com a volta do Vitória à Série A e do Bahia à Série B.

10. Ganhamos mais uma Copa América de futebol masculino. Mais uma vez sem ter todos os titulares. Mais uma vez sobre a Argentina - e dessa vez de goleada.

Esses mesmos fatos, entretanto, podem ser vistos sob uma outra perspectiva, um pouco mais crítica e menos festiva:

1. Os Jogos Pan-Americanos foi mais um caso de vergonha e descaso com o dinheiro público. Gastou-se quatro vezes o inicialmente previsto e as obras mais importantes, de infra-estrutura para a cidade do Rio de Janeiro, continuam nas pranchetas de engenheiros e arquitetos. Os grandes beneficiados com a história foram o ego de Carlos Artur Nuzman, a tranquilidade dos cariocas - que tiveram alguns meses de trégua - e o Botafogo, que ganhou de graça um estádio novinho em folha. Estádio este que será utilizado nos próximos anos, ao contrário das demais arenas esportivas construídas para o evento.

2. Após 64 anos, teremos uma Copa do Mundo no Brasil. A festa da cartolagem e política corruptas está garantida.

3. O basquete brasileiro perde cada vez mais espaço para outros esportes pela própria incompetência dos eternos dirigentes. Mais uam vez ficaremos de fora das Olimpíadas.

4. O São Paulo Futebol Clube, pentacampeão e oásis de competência, perdeu o Campeonato Paulista ao ser goleado, em casa, para o São Caetano - time intermediário da Série B; foi eliminado da Libertadores pelo Grêmio sem esboçar vontade ou poder de reação; e caiu fora da Sul-Americana ao perder, duas vezes, para um coadjuvante do Campeonato Colombiano. E, para finalizar o ano, ainda protagonizou a bobagem do "Penta Único".

5. A natação brasileira proporcionou o mais escândalo de doping da história do esporte brasileiro. Rebeca Gusmão, Eduardo de Rose, Renata Castro e Coaracy Nunes ainda não se explicaram direito, mas é improvável que todos - a não ser a nadadora - tenham uma punição justa.
6. A torcida do Flamengo teve que, em alguns jogos, ser separada por um cordão de isolamento da PM em pleno Maracanã, para que facções rivais não se matassem. A briga chegou a causar tumulto até em São Paulo, no Palestra Itália.

7. A magia da "família Bernardinho" foi quebrada pelo choque de egos do treinador e do levantador Ricardinho.

8. O futebol feminino no Brasil continua sendo tratado com chocante desprezo por quem deveria ser seu responsável. Uma Copa do Brasil feita às pressas e sem perspectiva está linge de ser a solução.

9. O futebol baiano proporcionou a maior tragédia do ano, com o desabamento da Fonte Nova e a morte de sete torcedores do Bahia.

10. Ganhamos mais uma Copa América de futebol masculino. Com um festival de volantes. Com o Dunga como técnico. E com uma Seleção que, ao invés de ser uma fonte de alegria e de identificação com o povo, serve apenas como facilitador de interesses excusos de alguns poucos.

Não quero aqui propor uma visão maniqueísta sobre o assunto. Mas sim que devemos aprender com as vitórias e com as derrotas, pois ambas fazem parte dessa arte que se chama esporte.

Nem tudo é perfeito quando se ganha, nem desprezível quando se perde. Ter essa consciência, e saber regular a distância entre o sucesso e o fracasso - que, nem sempre, é tão grande quanto parece - é a grande lição a ser aprendida por dirigentes, atletas, impresa e torcedores.

Com isso, 2008 - e todos os anos que virão - pode ser ainda melhor.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Libertadores 2008

O torneio com o nome mais bonito do mundo já tem seus adversários da primeira fase definidos - sem contar, claro, com os confrontos da fase preliminar.

Sonho de todos os times do Brasil desde o início da década de 90, vencer uma Libertadores envolve mais do que ter bons jogadores. Se num campeonato por pontos corridos o que faz a diferença é um bom elenco e planejamento, num campeonato curto como a Libertadores o que vale é um bom time com foco nela. Planejamento também conta, não em um sentido tão estratégico como no Brasileirão, mas sim no sentido tático; adversários e datas são definidos semana a semana, e saber se adequar a essas mudanças é fundamental.

Portanto, não me impressiono tanto com as dúzias de contratações feitas por alguns times, principalmente Flamengo e Fluminense. Até podem ajudar, mas não será isso que trará o título.

Fazendo uma análise grupo a grupo (dos times brasileiros), cheguei às seguintes projeções:

Grupo 1
San Lorenzo (ARG)
Real Potosí (BOL)
Caracas (VEN)
Cruzeiro (BRA) ou Cerro Porteño (PAR)
Se o Cruzeiro chegar à fase de grupos, não deve ter problema - o problema mesmo vai ser passar pelo Cerro. Não que o time paraguaio seja uma potência, mas a inexperiência mostrada pela equipe celeste no Brasileiro, aliada a uma (má) troca de técnico pode pesar contra.

Grupo 4
Flamengo (BRA)
Nacional (URU)
Coronel Bolognesi (PER)
Cienciano (PER) ou Montevideo Wanderers (URU)
A única coisa que assusta o Flamengo é a história do Nacional. A não ser que o Coronel Bolognesi resolva fazer alguma coisa com o candelabro, na sala de estar... Mengo nas oitavas, sem susto.

Grupo 6
Santos (BRA)
San José (BOL)
Colômbia 2
Chivas (MEX)
Até parece que o Santos deu sorte, mas é um grupo bem chato. Tudo bem que o San José tem apenas dois títulos bolivianos em sua história, mas jogar na estratosférica Oruro (3.702m, se a FIFA deixar) tira o ar de qualquer um. O Chivas já não tem a força de alguns anos, mas ainda é o time mais popular do distante México. Da Colômbia não sei o que vem. O Peixe também passa para as oitavas, mas vai se cansar bastante.

Grupo 7
São Paulo (BRA)
Sportivo Luqueño (PAR)
Atlético Nacional (COL)
Audax Italiano (CHI) ou Colômbia 3
A Diretoria Tricolor comemorou a ausência de longas viagens, jogos na altitude e um grupo aparentemente fácil. Nem sabia da existência deste time de Luque, mas o Nacional de Medellín é um dos mais tradicionais times colombianos - e o São Paulo foi eliminiado pelo modesto Millionários, da mesma Colômbia, na Copa Sul-Americana. E o desconhecido Audax arrancou um empate, em pleno Morumbi, e quase desclassificou o Tricolor na primeira fase da Libertadores 2007. Com atenção - o que o time deve ter, pois o foco está todo voltado para a competição - também passa sem problemas.

Grupo 8
Fluminense
Libertad (PAR)
LDU (EQU)
Arsenal (ARG) ou Mineros (VEN)
Já foi um mistério o fato do Flu ter sido cabeça de chave, afinal não disputa uma Libertadores a mais de 20 anos. Mas mesmo assim caiu no grupo mais difícil. O Libertad vem fazendo boas campanhas nos últimos anos, a LDU (e a altitude) sempre dá trabalho e o Arsenal, que deve passar pelo Mineros, acabou de ganhar a Sul-Americana. Se tivesse que apostar entre "Vários Reforços x Inexperiência/Soberba", ficaria com o primeiro, e a desclassificação do Tricolor já na primeira fase.

De quelquer forma, a Libertadores é fantástica. Melhor, só mesmo se tivesse menos times e fosse disputada ao longo do ano, não apenas em um semestre.

Mas isso é outra história.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

O ano do doping

Renato Silva, do Fluminense, foi mandado embora das Laranjeiras por justa causa porque foram encontrados traços de tetrahidrocanabinol, vulgo THC, em seu sangue.

Jaqueline, do vôlei, ficou de fora dos Jogos Pan-Americanos por causa da sibutramina. A mesma substância rendeu punições a Alex Alves, do Juventude, e ao ciclista Magno Prado.

O caso Dodô marcou o início da queda alvi-negra com o estranho resultado positivo para fempronporex - não tão estranho quanto sua absolvição, cerca de um mês depois de pegar 120 dias de gancho.

Marcão, do Internacional, desfalcou a equipe no Campeonato Brasileiro por causa da finasterida, até ter sua pena substituída por doação de cestas básicas.

O ótimo ano da dupla André Sá e Marcelo Melo foi interrompido abruptamente, pouco antes da Copa Davis na Áustria. O "culpado" foi o isometepteno, ingerido via cápsulas de Neosaldina.

A testosterona exógena tirou, cinco meses depois, as medalhas Pan-Americanas de Fabrício Mafra, do halterofilismo, e de Rebeca Gusmão, da natação. Este último, por sinal, será provavelmente o maior escândalo de doping do esporte brasileiro.

Jihad Kondr, surfista paranaense, perdeu seu título brasileiro simplesmente por não ter comparecido ao exame anti-doping. A alegação foi de que o atleta estava com receio de ter o resultado positivo devido a medicamentos que toma para controlar um transtorno bipolar.

Por fim Romário, o Baixinho, deve ter sua aposentadoria "precocemente" anunciada por causa da mesma finasterida de Marcão. Eles já deviam saber que é dos carecas que elas gostam mais.

O doping assombra o esporte desde as "fantásticas" equipes de natação feminina da Alemanha Oriental. Mas nunca haviam sido registrados tantos casos em um só ano no Brasil como em 2007.

Independente das causas que levaram os atletas acima a terem resultados positivos (neste caso, um positivo com conotação bem negativa), parece que o doping veio para ficar também por aqui.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

domingo, 16 de dezembro de 2007

Mundial de Clubes - Parte III: Os verdadeiros campeões

Agora é oficial: a FIFA reconhece o Corinthians como o primeiro Campeão Mundial de Clubes, título conquistado em 2000 no Rio de Janeiro.

Não vou aqui explicar toda a situação, pois o imbóglio já é de conhecimento público. Mas levanto três questões curiosas:

1) Porque a FIFA demorou sete anos para reconhecer a validade de um campeonato que ela mesma organizou?

2) O Boca Juniors também é Campeão Mundial de 2000. São dois times com o mesmo título, então?

3) Se o Corinthians é o primeiro Campeão Mundial de Clubes, décadas de história - que incluem Pelé, Eusébio, Cruyff, Beckenbauer, Zico, Zidane, entre outros - não têm valor nenhum?

A controvérsia do Mundial de Clubes de 2000/Copa Traffic/Torneio Internacional Amigos do Eurico Miranda é muito parecida com a recente disputa pela Taça das Bolinhas, com origem no Campeonato Brasileiro e na Copa União de 1987.

Tanto o Sport como o Corinthians são campeões de direito, pois as entidades responsáveis os reconhecem como tal; porém, Flamengo e Boca são os campeões de direito, pois ninguém em sã consciência (a não ser torcedores do Sport e Corinthians) dá mais valor aos títulos conquistados por aqueles do que a estes últimos.

O que nos leva à óbvia conclusão: o Corinthians está para o Mundial de Clubes assim como Sport está para o Campeonato Brasileiro. E assim será para sempre, pois não há reconhecimento oficial que faça mudar a visão da torcida - e a realidade dos fatos.

Mundial de Clubes - Parte II: Humildade vs. Soberba

Em 2005, o São Paulo sabia que iria enfrentar o Liverpool na final do Mundial de Clubes da FIFA desde maio. Também sabia que, time por time, o Liverpool era melhor. Passou o ano inteiro estudando o adversário e bolando uma fórmula para trazer o título do Japão. Com respeito e consciente da realidade, executou à risca o planejamento, sem se importar em assumir a condição de "azarão", e foi Tricampeão Mundial. Com um sofridíssimo 1x0.

Em 2006, o Internacional sabia que iria enfrentar o Barcelona na final do Mundial de Clubes da FIFA desde maio. Também sabia que, time por time, o Barcelona era melhor (neste caso, muito melhor). Passou o ano inteiro estudando o adversário e bolando uma fórmula para trazer o título do Japão. Com respeito e consciente da realidade, executou à risca o planejamento, sem se importar em assumir a condição de "azarão", e foi Campeão Mundial. Com um arrastado 1x0.

Em 2007, o Boca sabia que iria enfrentar o Milan na final do Mundial de Clubes da FIFA desde maio. Mas os xeneizes ignoraram as diferenças e quiseram jogar de igual para igual com os rossoneri. Tomaram um vareio e perderam a chance de se tornarem os primeiros Tetracampeões Mundiais. Com um quase humilhante 4x2.

Nesse torneio, sul-americanos levam vantagem na raça e vontade de ganhar. E têm de usar isso ao extremo para voltar com o título. Pois se quiserem ganhar apenas na bola, a disputa é injusta.

Mundial de Clubes - Parte I: O melhor do mundo

Nem precisava, mas a atuação de Kaká hoje de manhã e o consequente tetra do Milan torna incontestável o título de Melhor Jogador do Mundo que o jogador receberá amanhã, na Suíça. E imaginar que ele já foi vaiado e praticamente expulso do São Paulo por parte da torcida - que, hoje, deve morrer de vergonha com a própria burrice.

Está certo que Kaká foi vítima das circunstâncias em sua curta passagem pelo Tricolor. Ele foi promovido ao time titular numa época em que os títulos de expressão rareavam e o time tinha a fama de amarelar em decisões. A torcida queria alguém que chamasse a responsabilidade e decidisse, não um garoto com cara de riquinho do Morumbi, que arrancava gritinhos de torcedoras e não aguentava o tranco de divididas mais duras. O futebol de Kaká, porém, ficava acima isso tudo. Só não conseguiu superar a derrota no Campeonato Brasileiro de 2002, quando após acabar como o melhor time durante os pontos corridos foi eliminado com duas derrotas para os Meninos da Vila.

Essa foi demais, e alguém teve que pagar o pato. Acabou sendo o Bola de Ouro daquele ano, infelizmente. Sua carreira no futebol brasileiro e sua condição de ídolo no São Paulo tiveram um fim precoce.

Eu não estava no Brasil em 2002, portanto não acompanhei o melhor momento de Kaká jogando no país. Também não entendi muito as vaias que vieram em seguida, pois peguei o bonde andando (mas confesso que ficava irritado vendo menininhas pré-adolescentes soltando gritinhos num estádio de futebol). Mas tive a oportunidade de ver uma das primeiras partidas do jogador como profissional. Foi num São Paulo x Santos, pelo Campeonato Paulista de 2001. O Peixe vinha bem, invicto, e o Tricolor com um desempenho inconstante que marcava aquela época. Com 1x0 no placar para o Santos, eis que sai do banco de reservas um menino chamado Cacá (ainda com "Cs" no lugar dos "Ks"). Com arrancadas e dribles fantásticos, que hoje o mundo inteiro conhecem, acabou com o jogo e deu a vitória de 4x2 para o São Paulo.

Já dava para sentir que este era diferenciado, como realmente é.

Pena que os tempos não eram dos mais favoráveis, e que a torcida não teve a paciência para acompanhar um pouco mais o surgimento de um craque.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Sonho de criança

Os europeus dão sim importância para o Mundial Interclubes (ou Taça Intercontinental, ou Mundial da FIFA, como queiram). Não tanto como nós sul-americanos, mas já vi muita pompa se desmanchar em lágrimas e lamentos ao perder a final no Japão para alguma equipe "menos gabaritada" da América do Sul.

Amanhã, quando o Milan fizer sua estréia na competição, um jogador terá motivos a mais para correr com gana atrás da taça. Kaká, quando dava seus primeiros piques atrás da bola, viu seus ídolos de então ergueram por duas vezes esse mesmo troféu. (Tudo bem, não era exatamente esse, mas é como se fosse.)

Mesmo depois da fama e do provável título de melhor jogador do mundo, acho difícil que o humilde Kaká não se lembre dos seus tempos de criança, quando em conjunto com outras milhares de crianças são-paulinas viram aquele timaço fazer história. O jogador tinha na época 11 anos, e momentos vividos nessa idade ficam gravadas de forma quase que indelével no rol de lembranças de uma pessoa.

Kaká jogará esse Mundial como um jogador sul-americano, como o é, pois além desse título ser por si só importantíssimo, com certeza tem ainda mais relevância para a vida de Kaká. Ele já desperdiçou uma chance em 2003 - contra o próprio Boca - e não acho que repetirá a dose.

Além do mais, outra coincidência histórica marca o jogo de amanhã.

Quando pisar no gramado, fará exatamente 15 anos da madrugada que o menino Ricardo ficou acordado até tarde, para ver o seu time do coração ser Campeão do Mundo pela primeira vez.

Time este que tinha, dentre seus craques, o jovem jogador Cafu. Hoje, companheiro de Kaká.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Injustiça corrigida

Apesar da promoção de Nelsinho Piquet à F1 acabei falando mais de um possível futuro duelo com Bruno Senna, na minha postagem de ontem. Mesmo essa ainda hipotética rivalidade gerar expectiativa desde já, o momento era para parabenizar o filho do tricampeão. O que é feito agora.

Aproveito também para estender o "momento homenagem" a Nélson, pai, tricampeão da F1 e o maior acertador de carros da história. Sua desavença com Ayrton, que viraria mito após a morte, e os anos de antecedência das conquistas (que, na infância, fazem toda a diferença) concedem a esse mestre do automobilismo, por vezes, menos idolatria do que realmente merece. Ainda mais para as pessoas da minha idade ou mais novas.

Quem sabe não dá para matar a saudade vendo seu filho nas pistas da F1 - e também fora delas.

Ouvi há pouco uma entrevista com Nelsinho no rádio e sua voz é surpreendentemente parecida com a do pai. Luciano Burti disse ontem no "Bem, Amigos!" que Nelsinho "não é uma pessoa muito fácil". E existe um inglês que tem tudo para ser o primeiro grande rival do jovem piloto.

Já dá para imaginar que o sucesso do clã Piquet pode ser repetido mais uma vez.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Que venha o Bruno

Com a chegada de Nelsinho Piquet à Fórmula 1, o possível grande duelo da categoria na próxima década começa a se desenhar.

Pois é impossível não fazer, desde já, projeções para a reedição do duelo Piquet x Senna.

Discurso sobre o método

O quinto campeonato consecutivo por pontos corridos deveria estar sendo celebrado por clubes, jornalistas e torcedores como uma das melhores coisas - senão a única - que aconteceu no nosso futebol nos últimos anos. Mas a queda do Corinthians foi a brecha que o sistema queria para tentar a volta das tais disputas por mata-mata, como se toda a essência da nossa paixão pelo futebol fosse originária disto.

A Globo já se manifestou oficialmente favorável à volta do antigo sistema, e como seu poder no meio é maior do que deveria ser, não ficaria surpreso se o clã Marinho tivesse sua vontade atendida.

Eu já fui um defensor dos mata-mata, mas meu bom senso me obriga a pensar diferente. Sem mais firulas, vou direto aos motivos que me fizeram mudar de idéia.

Motivo 1: Justiça
Não resta a menor dúvida de que o melhor clube de um campeonato é corretamente definido ao longo de 38 rodadas por pontos corridos do que após apenas 19 seguidas de confrontos de mata-mata. Para o principal campeonato de um país, que além de ser a base de todo o futebol nacional serve para classificar seus times para torneios continentais, o quesito "justiça" é imprescindível. Não se pode mandar para uma Libertadores times que tenham se classificado em um campeonato definido na imprevisibilidade dos play-offs. Todo o continente europeu, reduto do mais fino futebol praticado no mundo, não pode estar errado.
Aproveito aqui para fazer uma pequena digressão sobre o assunto. Quando se fala sobre play-offs a comparação com os esportes norte-americanos é inevitável. Afinal, ninguém no mundo transforma esporte em show como fazem os americanos. Temporadas coordenadas e intercaladas, organização voltada para o entretenimento e milhões de dólares investidos fazem do esporte norte-americano um mundo à parte. Muito disso se deve à cultura dos play-offs, quando as emoções são catalisadas, jogos se decidem nos últimos minutos e atletas se transformam em mitos. Não nego que páro para ver as finais do futebol americano, basquete e até do beisebol.
Parece até que estou me contradizendo, mas não é verdade. Práticas dos EUA podem e devem ser copiadas, mas quanto ao sistema de mata-mata há um grande porém: a natureza de cada esporte. Quem joga melhor uma partida de algum dos esportes americanos se torna o vencedor; se a peleja é decidida nos últimos segundos, ou em algum lance isolado de genialidade/infelicidade, é porque a disputa foi tão acirrada que qualquer dos lados que cometesse esse lance mereceria ser o vencedor/perdedor. E mesmo assim, com exceção do futebol americano, as disputas são decididas em melhor de 5 ou 7 partidas, para não deixar dúvidas sobre quem é o melhor.
No futebol, isso é bem diferente. Nem sempre - e não raramente - aquele que joga melhor uma partida termina com a vitória. Não é justo que o bom trabalho de um ano inteiro seja prejudicado por apenas alguns segundos. E é impensável em fazer um mata-mata em uma melhor de 7 jogos no futebol. Infelizmente, a fórmula que privilegia a emoção não se ajusta à justiça necessária aos campeonatos nacionais.

Motivo 2: Organização do futebol brasileiro
O São Paulo tem reconhecidamente a melhor organização do futebol brasileiro. Dos cinco campeonatos por pontos corridos, o Tricolor paulista terminou duas vezes em 3o e duas vezes com o título (até com certa facilidade). Seu modelo de gestão do futebol deve servir de exemplo para os demais clubes do Brasil, e não ser a exceção. No curto prazo é difícil, mas é a única saída para o nosso futebol se quisermos fazer a menor oposição que seja ao poderio europeu. Ou nos organizamos ou morreremos.
O campeonato por pontos corridos força os clubes a fazerem o tal planejamento, reorganizarem as finanças, reter craques, etc, etc. É tão chato quanto óbvio repetir esses pontos; e tão necessário como urgente que essas mudançs ocorram. Não só na Série A como na Série B, e só a fórmula por pontos corridos pode proporcionar tal "revolução". Para o bem do futebol brasileiro.

Motivo 3: Motivos 1 e 2
Desculpem-me os românticos, mas qualquer motivo alegado por eles - emoção, graça, tradição - tem que ficar em segundo plano em virtude dos meus dois primeiros motivos. Apesar deste ser um assunto polêmico, sou da posição que as razões para se perpetuar o método dos pontos corridos são poucas mas de incomparável relevância. Se eu gosto de mata-mata? Adoro. Se acho válida a diferenciação de bons jogadores dos grandes jogadores, de decisão? Claro. Mas esses adereços devem se restringir aos torneios de internacionais e de Seleções, pois nestes já se parte do pressuposto que apenas os melhores os disputam - justamente por terem vencido em campeonatos por pontos corridos.
É também uma mentira sem tamanho dizer que os pontos corridos privam o torcedor da emoção da disputa. Os momentos de catarse de uma final até podem ser atenuados, mas distribuídos ao longo de 38 rodadas fazem com que todo o campeonato seja importante, e salvo exceções (como a edição de 2007) emocionante para a maioria dos times até a última rodada.

Se inteligência e bom senso norteassem o esporte brasileiro estaria tranquilo, pois o futuro dos pontos corridos estaria assegurado. Mas como sabemos que a afirmativa não é verdadeira, esse futuro é nebuloso. Quem acabará decidindo será um grupo formado por dirigentes incompetentes, que buscam a mediocridades geral para que o baixo nível os propicie alguma chance de sucesso; uma empresa de mídia que detém o monopólio das transmissões futebolísticas do Brasil, e que pela própria natureza capitalista só pode pensar nos seus próprios balanços positivos; e por uma confederação que não dá a mínima para o esporte que controla.

Resta a nós, torcedores, apenas torcer.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Dúvida cruel

O Corinthians contratou cinco jogadores do Bragantino e caiu para a Série B.

O Bragantino, sem esses cinco jogadores, ganhou a Série C e também foi para a B.

A pergunta que fica é: quem fez pior negócio? O Corinthians? Ou Felipe, Zelão, Cadu, Moradei, e Everton Santos?


38 rodadas depois...

Um dos primeiros textos que escrevi neste blog foi uma projeção de cada um dos times para o Brasileirão 2007, logo após a primeira rodada. Nada mais justo que, ao término do campeonato, comparar as previsões com o realizado (em itálico o texto original, em negrito o escrito hoje):


América-RN: não conheço o time, mas pelo que vêm mostrando os times do Nordeste vai brigar para não cair. - sem surpresa. O pior time da história dos pontos corridos.


Atlético-MG: o menor dos "grandes" vem embalado pelo título mineiro e espera repetir o feito do Grêmio ano passado, mas não acredito que um time com Coelho como titular possa ir longe. Não deve passar susto, mas não dá pra esperar muito. - novo acerto, e até que a vaga para a Sul-Americana ficou de bom tamanho para o Galo.


Atlético-PR: o maior dos "pequenos" tem um time razoável e conta com um bom trabalho de bastidores. Com grande força quando joga em casa, deve acabar entre os dez primeiros. - a 12a colocação ficou aquém das expectativas para o Furacão, que foi atrapalhado por negociações e contusões fora de hora.


Botafogo: os trabalhos do Bebeto e do Cuca são exemplares, e depois de muito tempo o Fogão começa o Brasileiro sem temer o rebaixamento. O clube ainda não está de pé e o time é apenas arrumado, mas se embalar pode surpreender e ser o melhor dos cariocas. - até embalou, mas a Tragédia de Nunez botou por terra toda a reestruturação. Prova viva de que, pior do que azar ou más arbitragens, descontrole e despreparo são imperdoáveis no futebol. Começará 2008 do zero, mais uma vez.


Corinthians: sem perspectivas de melhora no curto prazo. Tem que assumir a posição atual que ocupa e lutar antes de mais nada para não cair, senão terá problemas. - cumpriu à risca o planejamento e disputará a Série B em 2008. Fica a pergunta para os corintianos (e demais torcidas do Brasil): títulos a qualquer custo valem a pena? A Fiel paga o doloroso e merecido preço dos últimos anos.

Cruzeiro: a falta de um rival local à altura nos últimos anos baixou a guarda da Raposa, que perdeu o embalo de 2003. Perdeu também a competência de Paulo Autuori, e não deve conseguir grandes resultados esse ano. Mas está na Sul-Americana. - surpreendeu por ser o time que chegou mais perto de estragar a festa do São Paulo; decepcionou ao despencar na tabela e deixar escapar o título; e deu uma alegria inesperada a sua torcida com a vaga na Libertadores. Se a 'Perrella & Perrella S/A' deixar, pode ter um bom 2008.


Figueirense: incógnita. O bom time de 2006 foi desmontado e o resultado foi a má campanha no Catarinense, que se repetirá no Brasileiro caso um novo time não seja montado. - mero coadjuvante.


Flamengo: outro que ressurgiu. Ainda não pode ser considerado um favorito ao título e não consigo ver o Ney Franco como um grande treinador, mas deve brigar por uma vaga na Libertadores e ter Renato Augusto como uma das revelaçôes do ano. - Ney Franco realmente não se firmou, Renato Augusto não brilhou mas o Mengão foi o melhor do Rio. Com direito a show da torcida, o Flamengo voltou a figurar entre os times mais fortes do Brasil, depois de anos no ostracismo nas posições mais baixas na tabela.


Fluminense: tem como grande trunfo o Renato Gaúcho, um técnico que como poucos se adaptou ao jeito carioca de ser. Porém, contratou mal e ainda sofre com a má gestão da parceria com a Unimed. Só passa o sufoco do ano passado se quiser, mas deve pegar tranquilo uma Sul-Americana. - não precisou disputar a vaga na Sul-Americana pois ganhou a Copa do Brasil. E talvez até por ter essa tranquilidade fez um grande campeonato. Boa surpresa do ano, mas Libertadores é outra história. Mais uma vez, parabéns ao Renato.


Goiás: outro time periférico que costuma armar times competitivos. Pelo menos tem jogadores de nome, mas vai depender de um bom começo. - o sufoco da última rodada vai ficar um bom tempo na memória dos esmeraldinos. Tinha time para não passar por isso, mas alguma coisa deve ter acontecido.


Grêmio: joga mais com a mística gremista do que com técnica, mas deve de novo brigar por uma vaga na Libertadores. A saída do Lucas enfraqueceu consideravelmente o time. - até brigou pela vaga, mas ainda com menos brilho. A reestruturação continua muito bem, e 2007 pode ser considerado um bom ano para o Tricolor.


Internacional: é difícil pensar que um time que venceu o Barcelona seja ruim, mas definitivamente o Colorado não atravessa uma boa fase. Mas assim que o Gallo arrumar a casa entra forte na briga pelo título. - nem Gallo nem Abelão conseguiram arrumar a casa, já que a ressaca do Japão durou o ano todo. A sétima colocação no Gaúcho, a eliminação na primeira fase da Libertadores e a mera figuração no Brasileiro deixam o Colorado com o título de 'Decepção de 2007'. Mas vem muito forte em 2008, podendo fazer um duelo histórico com o Grêmio na Copa do Brasil e sendo favorito a tudo o que disputar.

Juventude: um dos melhores aproveitamentos em casa entre todos os times, aliado a um desempenho mediano fora faz com que a história se repita todo ano. Não cai, mas não faz nada de especial. - não repetiu o bom desempenho em Caxias que sempre marcou as campanhas do time, e por isso vão tentar lembrar os bons tempos na Série B.


Náutico: mostrou na Copa do Brasil que sabe jogar, mas ainda assim deve ficar lá embaixo. O técnico também não ajuda. - o técnico realmente não ajudava, e assim que o trocaram o Timbu entrou nos trilhos e teve grande recuperação no 2o turno.


Palmeiras: a inter-temporada fez bem ao time, e se os jogadores entenderem e cumprirem o planejamento traçado pelo competente Caio Jr., pode fazer um bom campeonato. Fica no bolo intermediário. Bons resultados devem demorar ainda alguns anos para aparecer. - foi melhor do que eu esperava, mas a última rodada acabou apagando o bom campeonato (em termos) que este Palmeiras fez. Ainda acho que o Verdão demora uns anos para ser favorito.


Paraná Clube: não vai de novo à Libertadores, mas tem um time bem montado e deve ficar no bloco intermediário. - errei feio. Outra vítima do "novo modelo de gestão" do futebol brasileiro. O Coxa representará muito melhor o Estado na Série A.


Santos: depende totalmente de até onde for na Libertadores e do que acontecer em junho. Não tem time reserva para garantir bons resultados, e perdendo Zé Roberto o melhor time do Brasil torna-se apenas um bom time. Se começasse e terminasse inteiro o campeonato, seria o grande favorito. - foi até a semi-final da Libertadores, ficou na zona de rebaixamento no Brasileiro e quando acordou já era tarde para brigar pelo título. Mas o vice-campeonato me deu razão.


São Paulo: o atual campeão começou mal o ano, apesar de ter incontestavelmente o melhor elenco do país. Porém, é preciso que além de ter um time definido, sejam usadas as melhores peças. Isto feito, é um dos favoritos. - aquilo foi feito, e mesmo sem ter um time fora de série o Tricolor ganhou um dos campeonatos mais fáceis da história. Já é um dos favoritos para tudo que disputar em 2008.


Sport: trocas de técnico sempre prejudicam, mas se tivesse que apontar um time do Nordeste para permanecer na Série A, seria o Sport. - dito e feito.


Vasco: gol mil que não sai, troca de técnico, presidente preso. As coisas não andam bem em São Januário e terão reflexo no Brasileirão. Aposto como será o pior dos cariocas, mas falar em rebaixamento acho exagerado. - e, realmente, foi o pior time do Rio. Para a Diretoria que tem, justíssimo.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Acordado de madrugada

Cada vez mais, parece que Ricardinho vai mesmo assistir às Olimpíadas de Pequim pela TV.

Final estranho

Os três primeiro colocados do Campeonato Brasileiro perderam seus jogos de despedida.

Cruzeirenses torceram e comemoraram feito loucos a vitória do Galo.

Colorados e tricolores se uniram por um objetivo comum.

O Palmeiras perdeu uma classificação fácil para a Libertadores, jogando em casa.

Mas, no fim das contas, nem deu muita bola.

Caiu

Errei meus palpites. O Paraná realmente perdeu, mas o Goiás venceu e o empate do Corinthians não foi suficiente.

O segundo clube mais popular do Brasil está na Segunda Divisão.

A queda, na verdade, não foi decidida hoje, em Porto Alegre, nem quarta-feira no Pacaembu. Esse caminho começou a ser traçado três anos atrás, com o acordo com a tal MSI, que culminou com o catastrófico campeonato de 2007. Desde o início o Corinthians era candidatíssimo ao rebaixamento, e só o mais cego torcedor se iludiu com os bons resultados da primeira rodada. Tivesse o problema sido encarado de frente, talvez o resultado fosse diferente. Mas o clube já tinha outros - e mais graves - problemas.

O Corinthians não foi o primeiro "grande" a cair, e com certeza não será o último. Em todos os casos anteriores, quem caiu teve a chance de se reestruturar e voltar mais forte. Porém, a sua situação corintiana é a mais complicada de todos os outros. Ele vai para a Série B em frangalhos, sem tranquilidade, sem time, sem dinheiro.

E, pela atual Diretoria, sem perspectiva.

Enquete

Quem á mais amarelo: a Seleção Feminina de Vôlei, Daiane dos Santos ou Paulo Baier?

Páreo duro.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Briga dura

Não me lembro de times lutando com tanto empenho por uma vaga na Série B. Aliás, a briga está tão disputada que ainda restam duas.

Na verdade, acho que deveriam promover o Fortaleza à Série A de 2008 e rebaixar cinco times, pois a ruindade é tão grande que os três que ainda não se safaram têm motivos de sobra para deixarem a elite. Vamos a eles:

- Paraná Clube: basta falar que, das quatro vitórias do América-RN no campeonato, duas foram sobre o Paraná. Isso mesmo, ele conseguiu perder duas vezes para o pior time da história dos pontos corridos.

- Goiás: teve a maior chance dos três de escapar do rebaixamento, mas o experiente Paulo Baier perdeu o pênalti contra o Corinthians. Tudo bem que o Felipe é muito bom, e que errar é humano, mas certos atos não comportam erros. E aquele lance, no final do jogo no Serra Dourada, era um desses.

- Corinthians: sua incapacidade para vencer adversários perfeitamente vencíveis, ainda mais em casa e contando com o apoio - surpreendente, até - da torcida o credita como um excelente rebaixável. Se levarmos em conta ainda toda a pilantragem dos últimos anos, o Timão cabe como uma luva na Série B.

Só o Goiás joga em casa na última rodada contra o desinteressado Internacional, mas que vive agora o seu melhor momento no campeonato. O Corinthians enfrente o Grêmio em Porto Alegre, ainda com chances de Libertadores, mas que conscientemente sabe que não ficará com a vaga. E o Paraná vai a São Januário enfrentar um Vasco que decide sua participação na Sul-Americana, coisa que na verdade não significa tanto assim.

Há um movimento sulista, envolvendo tricolores e colorados, para rebaixar o Corinthians - afinal, o futuro do alvi-negro depende exclusivamente dos resutados dos gaúchos. Mas a vontade da torcida, nesses casos, dificilmente entra no gramado.

Portanto, meu palpite para domingo não poderia ser outro: os três perderão seus jogos, sendo rebaixados Paraná Clube e Goiás.
O Corinthians, mais uma vez, escapará aos 45 do 2o.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Solidariedade

Mais uma vez reservo espaço para lembrar e homenagear os mortos da tragédia da Fonte Nova.

Enquanto dirigentes, políticos e aproveitadores discutem a Copa 2014, nossos torcedores MORREM em estádios que estão, literalmente, caindo aos pedaços.

Para ver mais imagens do acidente e enviar mensagens de solidariedade aos torcedores tricolores, acessem o blog: http://www.baheaminhaporra.com/. Uma idéia genial, que teve de deixar de lado sua alegria e irreverência por causa do descaso e da incompetência.

domingo, 25 de novembro de 2007

A Bahia sobe e cai


O Vitória já havia conquistado o acesso à Série A. Hoje, foi a vez do Bahia dar o primeiro passo no mesmo caminho, garantindo a volta à Série B de 2008. O trio elétrico já estava pronto para percorrer as ruas de Salvador, animando milhares de torcedores noite adentro. Pois tanto tricolores como rubro-negros tinham motivos para comemorar.

Tinham.

Pois a queda da arquibancada da Fonte Nova, causando a morte de oito pessoas, cancelou a festa.

No Nordeste, festa e tragédia andam lado a lado.

sábado, 24 de novembro de 2007

Desnecessária soberba

Lamentável a foto acima.

Não só pelo novo visual do Leandro, que mais parece um peso-pena de luta livre mexicana, mas principalmente pela atitude do São Paulo.

Mostrando mais uma vez que o nariz dos dirigentes tricolores está acima das glórias do time, aqueles insistem em continuar com a fútil polêmica sobre o penta. Já disse aqui que o São Paulo tem todo o direito de comemorar a conquista e que até se pode discutir, entre os torcedores, se ele tem ou não o direito de ficar em definitivo com a "Taça das Bolinhas".

Mas em hipótese nenhuma o clube pode se considerar o único Penta-campeão Brasileiro. Pois se houvesse conquistado a Copa União de 1987 - que aliás foi um dos principais responsáveis pela criação e organização - estaria hoje comemorando o hexa.

O que nos deixa uma certeza: os dirigentes são-paulinos até podem ser os melhores de sua espécie, mas ainda são dirigentes de futebol, devendo ser classificados com adjetivos nada nobres.

Dirigentes que, ao invés de se comportarem como executivos mais parecem vizinhos de periferia, que preferem disputar quem organiza o melhor "pagodão com churras" do fim de semana a se unirem e exigirem da Prefeitura saneamento básico e ruas asfaltadas para o bairro.

A roda de samba até fica animada, mas o esgoto continua a céu aberto.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O Afonso volta?

terça-feira, 20 de novembro de 2007

De fora












Dunga está com medo de a torcida paulista vaiar a Seleção devido a ausência de Rogério Ceni. Inclusive elogiou o goleiro tricolor pela postura em suas entrevistas, pedindo apoio a Júlio César.

O que Dunga esquece (ou não sabe) é que a idolatria são-paulina por RC é inversamente proporcional à rejeição de corintianos e palmeirenses. Mesmo que alguns desses últimos até queiram vê-lo na Seleção, dificilmente externalizariam essa vontade por meio de vaias. Portanto, dificilmente teremos vaias amanhã por esse motivo, pois dois terços fazem mais barulho que um.

As vaias podem vir, e virão, se a Seleção mostrar o futebol chato e medíocre que vem apresentando, desde a troca de técnico, em setembro de 2006.

E também porque, coincidentemente, corintianos e palmeirenses se juntam a são-paulinos no fato de terem em seus times os três melhores goleiros brasileiros da atualidade.

Nenhum deles na Seleção.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

VAMOS FEANOS

O esporte universitário brasileiro não significa absolutamente nada - a não ser para aqueles que dele fazem, ou fizeram parte.

Para quem vê de fora (e até esses já são poucos), ele tem a imagem de apenas um passatempo, uma brincadeira de jovens estudantes para preencher algumas horas dos fins de semana, além de ser um excelente pretexto de se reunirem em feriados, em alguma cidade do interior, para consumir litros de drogas lícitas e outras tantas medidas de ilícitas. Só que para quem está inserido de verdade no meio, seja nas Diretorias das Associações Atléticas Acadêmicas (também conhecidas como "AAA´s") ou como atleta, a história é um pouco diferente.

Minha paixão pelo esporte, e até a minha formação como pessoa, deve muito ao esporte universitário. A experiência de ter sido "cartola" e atleta universitário só pode ser compreendida por aqueles que partilharam dessa experiência, na minha época ou em outras, na minha faculdade ou nas demais. É até difícil explicar como aquele "passatempo" se torna não só parte indissociável da sua vida como sua prioridade. Tudo pode esperar, menos a sua AAA e os assuntos relacionados a ela.

Às vezes você é visto como um narcisista sem motivo, que se utiliza de uma mera associação estudantil para aparecer, ganhar alguma forma de poder ou simplesmente fazer sucesso com a mulherada. Na maioria dos casos, entretanto, a imagem predominante é de um cara que não gosta de estudar e que se apóia na ausência de mensalidade para bancar seu hobby. Mesmo que as duas descrições possam ter seu fundo de verdade, o que realmente move um "dirigente esportivo universitário" é o amor que ele tem por aquilo que representa. Amor incondicional, irrestrito, e que justamente por essa intensidade é capaz de te deixar constantemente entre a mais profunda tristeza e a mais completa alegria.

Amor que, misturado com o amadorismo do negócio, o importante momento vivido pelo universitário e a efemeridade dessa etapa torna ainda mais especial essa relação. Mas é melhor deixar essa poesia barata de lado, pois quem não passou por isso deve estar achando que eu sou um babaca. E quem passou, já entendeu o recado.

Tudo isso para, além de relembrar e deixar registrado neste blog a minha passagem pelo esporte universitário, fazer uma homenagem. Neste último feriado, na cidade de Taubaté, a Associação Atlética Acadêmica Visconde Cairu foi, após 16 tentativas, campeã das Economíadas Paulista. Eu não estava lá, nem sou mais tão próximo dela como já fui no passado, mas esse fato não poderia ficar sem registro. Imagino a emoção vivida pelos lá presentes, tanto pela atual e futura gestão como por aqueles que insistem em brigar contra o tempo e não penduram a camisa, a chuteira e o colchonete.

De qualquer forma, fica aqui a homenagem à minha AAAVC, aos "cartolas" e atletas que participaram dessa conquista e a todos aqueles que, de 1998 a 2004, compartilharam comigo momentos que estão entre os melhores da minha vida.

ps: e só pra não esquecer...

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Quem paga o pato

Já era de se suspeitar que Rebeca Gusmão misturava substâncias estranhas com o Sucrilhos. Mas as acusações - fundamentadas - de fraude no exame anti-doping vão além do perdoável. Com ambas as contravenções devidamente comprovadas, não vejo nada mais justo à atleta do que o banimento definitivo do esporte. A máxima de que "o Brasil precisa de ídolos" não se aplica a casos como esse. Mais do ídolos, o Brasil precisa de exemplos.

Só que Rebeca não fez tudo isso sozinha, e o pedido de afastamento da médica da CBDA é um bom indício. Ou será que o Coaracy Nunes, mesmo depois de qause 20 anos de ditadura à frente da entidade, não acumulou experiência suficiente para desconfiar que há algo de anormal quando uma atleta ganha 20kg de massa muscular em menos de quatro anos?

Outros culpados devem também ter suas punições, mas dificilmente peixe grande cai na rede.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Bem-vindos

Marina, minha namorada, queria de qualquer jeito ir ao jogo do Brasil contra o Uruguai. Confesso que não me empolguei muito, afinal pagar R$ 80 por um ingresso de arquibancada para ver o time do Dunga não me empolgava, mas consenti. Não pude ir comprar ingressos no sábado, então ela se incumbiu da árdua tarefa. Quando me ligou, após algumas horas de fila, triste, dizendo que os ingressos haviam acabado, não tive nenhuma surpresa. Ela havia sido pessoalmente apresentada ao maravilhoso mundo ludopédico.

Jogo da Seleção desperta esse curioso interesse em pessoas que não ligam, ou ligam muito pouco para futebol. Nas tais filas de sábado não estavam torcedores organizados, fanáticos e afins, mas "civis" à procura de um programa diferente em família. Essas pessoas ignorantes do mundo da bola sentiram na pele o que nós, apaixonados por futebol, já nos acostumamos. Pois é, Marina e demais, é isso o que nos aguarda sempre que saímos de casa rumo a um estádio de futebol: filas que não andam, milhares de ingressos que somem em poucas hora, falta de organização e informação.

Eu desisti de me irritar com essas coisas, principalmente com os "cambostas". Eu pago, mensalmente, para ter direito a uma bilheteria exclusiva com carga reservada de ingressos, só para não ter que chegar perto dessa corja. E o que é mais contraditório - e revoltante - é saber que existem pessoas dentro do meu próprio clube de futebol que contribuem para esse mercado negro de ingressos. Afinal, cambista não invade bilheteria, muitos nem mesmo pegam fila. Mas sempre têm ingresso na mão. Eles não são a razão do problema, mas a consequência da total falta de competência e zêlo dos responsáveis pelo futebol com o mesmo.

O jeito é fechar os olhos e ignorar tudo isso - do mesmo modo que ignoro qualquer aproximação de cambistas em dias de jogos - , pelo menos enquanto a nossa vontade de ir a um jogo de futebol continuar maior do que a revolta com o descaso para com nós, torcedores.

Pelo menos para parte dos paulistanos ainda resta uma saída, que deixo aqui como sugestão. Comprar um ingresso de geral amarela, vestir a camisa celeste e ir ao Morumbi torcer para Diego Lugano. Serve tanto para protestar como para matar a saudade.

Rapidinhas do Brasileirão

- A vantagem do São Paulo sobre o vice-líder, Santos, chegou a impressionantes 17 pontos. Mais pela fragilidade dos adversários do que qualidade do Tricolor, que não é nenhuma máquina. Basta notar que os dois times mais próximos do vice-campeonato em nenhum momento brigaram diretamente pelo título ao longo do campeonato.

- Tirando o campeão e o lanterna, também é impressionante o equilíbrio do Brasileirão. A vantagem entre o 5o e o 16o colocados (coincidentemente, Palmeiras e Corinthians) é de 12 pontos, após 36 rodadas. A diferença entre essas posições já é maior na maioria dos campeonatos europeus, que ainda não chegaram a 15 rodadas disputadas.

- Esse equilíbrio fez com que ninguém se arriscasse mais a cravar os classificados para a Libertadores - mesmo que dificilmente Santos e Flamengo fiquem de fora.

- O Vasco, que terminou o 1o turno na disputa direta pelo título, ainda não está matematicamente livre do rebaixamento.

- O Náutico, que está mais perto ainda dessa zona, tem o segundo melhor ataque do campeonato.

- O Corinthians vai se salvar com 44 pontos. A incompetência do Goiás é inacreditável.

- Afonso não estará na próxima convocação da Seleção por ter se machucado ontem. Se o critério de Dunga foi a artilharia do jogador no "prestigiado" Campeonato Holandês, porque não sar uma chance também para o Josiel?

- Os craques do campeonato são Felipe e a torcida do Flamengo.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Gigante hipocrisia

Rebeca tem braço de homem.

Rebeca tem cara de homem.

Rebeca tem voz de homem.

Mas Rebeca é uma menina de apenas 23 anos.E agora está suspensa preventivamente pela FINA por níveis excessivos de testosterona em seu organismo, aparentemente de origem exógena. O caso ainda não está julgado em definitivo, mas uma pesada condenação é provável.

Enquanto Rebeca faturava medalhas nos Jogos Pan-Americanos, ninguém falava nada. Aí inclusos COB, CBDA, Rede Globo, torcida. Foi preciso que a atleta tivesse uma convulsão após uma prova para que o óbvio ululante saísse da gaveta. Daí não houve hipocrisia que resistisse.

A próxima barreira a ser superada é a da ingenuidade, de acreditar que ainda existem resultados expressivos nesses tipos de esporte sem doping.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Barrichello em duas rodas

Alexandre Barros se aposentou. A partir de 2008 o Brasil não terá mais nenhum representante na MotoGP. Com ele, provavelmente se vai a chance de voltarmos a sediar uma etapa do calendário internacional, distante desde 2004, por divergências entre os organizadores e a Prefeitura do Rio de Janeiro - principalmente causada por descaso e falta de apoio desta última.

Não que vá fazer muita diferença para o cotidiano dos amantes do esporte, mas é curioso que um atleta que tenha representado o País por 21 anos, na maior categoria de sua modalidade, tenha tido tão pouco reconhecimento e tenha um ocaso tão discreto. Se Alexandre tivesse sido um campeão na MotoGP seria ídolo nacional, assim como são todos os esportistas tupiniquins que se destacam em alguma modalidade esportiva, não importa qual seja ela. Mas corridas de moto não estão listadas entre nossas diversões favoritas, e Barros nunca ganhou nada, portanto essa despedida acaba não tendo grande impacto.

A trajetória de Alexandre tem suas semelhanças com a de Rubens. Ambos têm longas carreiras em modalidades de ponta, o que por si só já os confere (ou pelo menos, deveria) grande qualidade. Não existem muitos loucos por aí dispostos a largar na mão de qualquer barbeiro máquinas avaliadas em milhões de dólares. Assim como Barrichelo tem o respeito de seus pares, aposto que Barros goza do mesmo prestígio. Para efeitos nacionais, porém, o segundo acabou não tendo a mesma projeção do primeiro. Consequentemente, não teve também a mesma pressão. É de se pensar o que é melhor.

Aparentemente, os dois passaram longe de se tornarem vitoriosos. Só que a verdade é bem diferente, se levarmos em conta que durante todas suas vidas, tanto Alexandre quanto Rubens não deixaram de fazer, nem por um dia sequer, o que mais amam. No melhor lugar possível para tal. E sendo extremamente bem pagos.

Aposto que eles não ligam (muito) para as críticas. Eu não ligaria.

sábado, 3 de novembro de 2007

Eu já sabia

Assuntos não resolvidos voltam à tona quando uma oportunidade aparece, não importando quanto tempo ele tenha ficado adormecido. A tal "Taça das Bolinhas", entregue pela CBF ao Campeão Brasileiro entre 1975 e 1992, estava praticamente esquecida em algum cofre da Caixa Econômica Federal desde então, até que alguém lembrou que ela deveria ser entregue ao primeiro clube que conquistasse a competição por cinco vezes.

E foi aí que começou a confusão, pois um assunto não resolvido - a taça, colocada no ostracismo - e um mal resolvido - a posição da CBF sobre os campeonatos nacionais de 1987 - se fundiram em um só. Ninguém contesta que o Flamengo foi o Campeão Brasileiro de 1987 de fato; mas de direito, o título não pode ser negado ao Sport. As duas afirmações são abortos da briga entre CBF e grandes clubes de futebol naquele ano, na qual não vou me aprofundar.

Pois bem, o São Paulo conquistou nesta semana seu 5o título nacional e a CBF, para provar sua autoridade sobre o futebol nacional - por mais que ela não dê a mínima para ele - anunciou que entregaria a taça ao Tricolor paulista, pois reconhece nele o primeiro clube penta-campeão Brasileiro.

Culpados não faltam nessa história.

Primeiro, claro, a CBF, que por incompetência e descaso simplesmente enterrou o assunto sem resolvê-lo de forma definitiva. Como disse, temos essa discussão agora por mera questão de oportunidade, pois se o Palmeiras tivesse vencido o Vasco em 1997 ela teria surgido dez anos mais cedo. E aqui cabe uma primeira pergunta: se a "Taça das Bolinhas" foi entregue entre os anos de 75 e 92, e o São Paulo venceu dois campeonatos fora desse período, tem ele direito legítimo sobre ela? Aliás, teria também o Palmeiras, visto que seus primeiros dois títulos vieram com o Bi-campeonato de 1972/73?

Em segundo lugar, mas sobre ela é redundante falar, vem a desorganização do nosso futebol. A Copa União e o Campeonato Brasileiro de 1987 nasceram de um racha e foram iniciados sem terem seus formatos finais decididos. Só no final dos torneios, quando já se tinham os quatro times que teoricamente disputariam o quadrangular final, que Flamengo e Internacional simplesmente se recusaram a disputá-lo. O Sport não tem culpa disso, dando a ele, legalmente, o direito de ser reconhecido como o campeão daquele ano - até porque o Campeonato Brasileiro de 87 foi organizado pela CBF, enquanto a Copa União pelos dissidentes formadores do Clube dos 13.

Em último lugar - nem tanto 'culpados', mas responsáveis pelo clima desagradável que páira no ar - temos os próprios Flamengo e São Paulo. Tudo bem que ninguém discute que o Flamengo venceu cinco Campeonatos Brasileiros, mas isso não lhe outorga o direito de reivindicar a taça junto ao São Paulo. Isso ele já teria de ter feito junto à CBF anos atrás, e fazê-lo agora junto a um semelhante é, no mínimo, indelicado.

Tão indelicado quanto o São Paulo se auto-proclamar o único penta-campeão Brasileiro. Até porque Tricolores e Rubro-negros foram aliados próximos na criação do Clube dos 13, e ao negar isso o time paulista vai contra sua própria história e princípios. Os dirigentes são-paulinos, mesmo estando longe da excelência, ainda são tomados como referência no futebol brasileiro, mas uma atitude como essa acaba por rebaixá-los alguns degraus.

O que me leva à segunda pergunta da noite: o que deve fazer o São Paulo? Independente da resposta sobre a primeira pergunta aqui exposta, é fato que o time venceu, com méritos, cinco Campeonatos Brasileiros podendo até, como já disseram alguns, ser o primeiro penta-campeão "sem asteriscos" da história. E se a CBF o reconhece como o primeiro absoluto, não é sua culpa. Não conheço nenhum caso de algum time no mundo que tenha recusado um troféu referente a uma conquista sua.

Deveria o São Paulo recusar o prêmio? Acho que não, mas esse ponto é discutível. O que não se pode conceber é uma atitude tão mesquinha por parte do São Paulo, e tão amadora por parte do Flamengo, causando uma briga entre dois grandes clubes por assunto tão supérfluo. Mas isso já é fato consumado, e podemos esperar problemas extra-campo em futuros confrontos entre as equipes - já que esse tipo de polêmica é larga e irresponsavelmente explorado por dirigentes.

Para finalizar, e até adiantando tema que devo explorar até o fim do ano, temos uma grande conclusão sobre o imbróglio. O sistema de pontos corridos é imprescindível para a organização do futebol brasileiro, pois sua consolidação impedirá outras situações como essa no futuro. Só estamos discutindo isso hoje por erros cometidos duas décadas atrás, e acabar com os pontos corridos - como vem sendo discutido nas últimas semanas - será um retrocesso maior ainda.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Parabéns

Melhor do que ser Pentacampeão Brasileiro, só mesmo se isso acontecer no dia do seu aniversário.

Desculpem pela personalíssima postagem, mas certas coisas não podem passar em branco.

Parabéns Tricolor - 77/86/91/06/07.

Parabéns para mim - 31/10/1978.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

O Brasil é aqui

Se a África é logo ali, o Brasil é aqui mesmo. E 2014 já é - até segunda ordem - uma realidade. Não que houvesse alguma surpresa guardada para a encenação toda armada pela FIFA, CBF e sua legião de seguidores e aproveitadores, ontem na Suíça. Mas agora a Copa do Brasil é oficial, e com ela vêm todas as coisas boas e ruins.

Hoje o Estadão publicou um caderno especial sobre a Copa 2014. Dei uma olhada e apenas o guardei por motivos históricos, mas confesso que não li nenhuma matéria. Pois não me interessa saber o que Lula, Ricardo Teixeira, Marta Suplicy ou Paulho Coelho têm a dizer a respeito do tema. Não quero aqui também alertar sobre o trabalho faraônico necessário para a realização do evento, assim como aspectos relacionados a favorecimentos políticos, enriquecimento ilícito e incompetência administrativa. Tudo isso já é praticamente fato consumado, que tomarão conta do noticiário sobre a Copa de hoje até 2014.

Infelizmente.

Até porque as pessoas designadas (por vezes, auto-designadas) para tocar esse empreendimento, como as citadas no parágrafo acima, e outras que aparecerão ao longo do percurso, não são dignas da menor confiança.

Deixo um maior enfoque ao lado ruim para outras oportunidades.

Porque uma Copa no Brasil tem seu lado bom também, por motivos óbvios. Nenhuma Copa da história será tão alegre, e com tamanho envolvimento popular somo esta. Mesmo que a maior parte da população não tenha acesso aos ingressos, garanto que nenhum povo já viveu, ou viverá, uma Copa tão intensamente como o brasileiro. A alegria é provavelmente nossa maior qualidade, e quando inserida no contexto futebolístico, não encontra paralelo. Se o Brasil já parou com uma Copa no Japão, imagina com jogos sendo realizados no Maracanã, Morumbi, Mineirão e outros.

Portanto, sugiro a todos que cancelem todos os compromissos marcados para 2014. Congressos, casamentos, festas de aniversário, enterros. Tudo ficará em segundo plano, e seu evento corre o risco de ser um fracasso. Aos chatos de plantão, que não gostam de futebol e odeiam celebrações populares como essa, a saída será um ano sabático no Nepal. Pois independentemente do que acontecer fora dos gramados, a Copa do Mundo de 2014 será uma festa.

Sorte nossa.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Comparação

Impossível comparar Luiz Henrique com Tostão. Absurdo insinuar alguma semelhança entre Valdívia e Pelé. Impensável colocar lado a lado Rodrigão e Jairzinho.

Mas que o segundo gol de ontem do Palmeiras lembrou o gol do Brasil contra a Inglaterra, na Copa de 70, lembrou.

Eu disse lembrou.

Pois Luiz Henrique, mesmo tendo feito boa jogada pela esquerda, não passou por três adversários num improvável espaço do campo, com direito a caneta e cotovelo. Valdívia teve tranquilidade para dominar a bola no meio da área e visão de jogo para rolá-la para o lado, mas não com a mesma intimidade e sutileza do Rei. E a finalização de Rodrigão não teve o mesmo gosto daquela de Guadalajara.

Por motivos óbvios.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

O preço da discórdia

R$ 400.000,00
Por essa quantia (longe de ser irrisória) como adiantamento de luvas, Thiago Neves aceitou assinar um pré-contrato com o Palmeiras, dias antes de ser afastado pelo técnico do Fluminense Renato Gaúcho e de, após esse período longe dos gramados, também renovar com o time carioca. Com essa nova informação, dá para entender que o Flu não estava tão errado ao afastar o jogador à época em que se discutia sua renovação, pois provavelmente já sabia da sondagem do Palestra.

Só que o Fluminense provavelmente não sabia que essa sondagem havia se transformado em formalização de um pré-contrato e no início do que promete ser uma grande confusão. Mais uma anomalia criada pela tal Lei Pelé, que tinha o nobre intuito de livrar os jogadores das garras predatórias dos clubes de futebol.

Saíram os clubes, entraram os empresários, agentes, procuradores e afins. No caso Thiago Neves, como se um empresário não bastasse, existiam dois deles. O detentor da menor passe dos "direitos federativos" (=passe... a Lei Pelé não tinha acabado com isso?), bem próximo do Palmeiras, convenceu o jogador a assinar o tal contrato, enquanto o outro se esforçava em renovar seu vínculo nas Laranjeiras. E como jogador de futebol é mais influenciável que menina de oito anos, Thiago acabou fazendo os dois.

O que me deixa pensando o seguinte: como ele pensou que isso ia acabar? Que o Fluminense, conformado com a derrota, o liberaria tranquilamente para o clube paulista? Ou que o Palmeiras assumiria um possível aliciamento, desistindo do vínculo jurídico firmado e "devolvendo" o jogador ao Rio de Janeiro? Para qualquer uma das perguntas não teremos uma resposta tão simples assim.

Thiago Neves errou, e vai carregar essa mancha na sua carreira por algum tempo. O Palmeiras também errou, pois quase gerou uma crise interna - num grupo que está muito perto de garantir uma vaga na Libertadores e o vice-campeonato Brasileiro - ao usar um dinheiro que poderia servir para pagar vencimentos atrasados a seus jogadores como adiantamento para o Thiago.

Jogador esse que nem é, ainda, um craque consagrado.

E dinheiro este que o Verdão só verá de volta, caso não concretize a negociação a seu favor, com muita luta.

Thiago já gastou para comprar uma BMW branca.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Brincando em serviço

Será que os dois já não têm problemas suficientes para se preocupar, além de posar para fotógrafos em atos totalmente inúteis, para ambas as partes?

Os corintianos e brasileiros agradecem.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Os outros

Chega o final de ano e, além da Série A chegar a seu momento mais emocionante, podemos acabamos acompanhando mais de perto as últimas rodadas das Séries B e C. Com a vantagem de não estar emocionalmente envolvidos com essas disputas, podemos ao mesmo tempo "torcer" para nossos preferidos aos acessos (o torcer entre aspas pois sou daqueles que acreditam que, torcer de verdade, só é possível para um time) sem nos desgastarmos emocionalmente.

Na Série B, estou com Coritiba, Portuguesa, Vitória e Criciúma e não abro. A Portuguesa por ser um time simpático de São Paulo, que de certa forma acaba fazendo com que são-paulinos, palmeirenses e corintianos torçam para a volta da Lusa. O futebol baiano, por toda sua tradição futebolística e alegria do seu povo, merece ter um time na Série A após alguns anos de ausência, e o Vitória é a bola da vez para isso. Coritiba e Criciúma têm um motivo em comum: têm a chance de trazer para a Série A dois novos clássicos regionais, temperando ainda mais a edição de 2008. Além do fato de todos esses times já terem certa tradição (até um título Brasileiro), podendo aumentar o nível de uma forma geral.

Já na Série C, minha torcida vai toda para o Tricolor baiano, pelos mesmos motivos escritos acima. Ia ser legal ver o Túlio Maravilha subir com o Vila Nova, mas dois anos de Série C são demais para o Bahia.

Sem graça

Os metidos a românticos não perdem a oportunidade de criticarem a falta de emoção do campeonato por pontos corridos, lamentando a ausência dos imprevisíveis confrontos 'mata-mata'.

Pois bem, vejamos a 32a rodada do Campeonato Brasileiro de 2007, encerrada ontem:

- Todos os jogos tinham algum interesse, seja pelo título, pela Libertadores ou pelo rebaixamento.

- A média de público foi de 29.860 torcedores por jogo. Dos nove maiores públicos do campeonato, oito são do Flamengo, que só agora consegue sonhar com, no máximo, uma vaga na Libertadores.

- Tudo bem que o campeão e três dos quatro rebaixados já estão praticamente definidos. Mas cinco times ainda brigam por três vagas na Libertadores, e pelo menos outros seis ainda fogem do rebaixamento.

- A diferença entre o 5o colocado (uma posição atrás da zona da Libertadores) e o 16o (primeiro colocado à frente da zona do rebaixamento) continua sendo de apenas 10 pontos. O nível técnico pode ser discutido, mas nunca o equilíbrio.

- Tudo leva a crer que a maioria dos jogos até o dia 2 de dezembro continuará sendo relevante para algum fim.

Esse é o campeonato sem graça para os tais românticos, que na verdade estão mais para ultrapassados e adoradores da incompetência.

Pois, para eles, o certo não seria o São Paulo, com 13 pontos à frente do vice-líder, já se sentir praticamente Campeão Brasileiro. Mas sim acompanharmos os jogos do Figueirense, Botafogo, Atlético-PR e afins para saber quem terminaria a primeira fase entre os oito para, enfim, entrar no 'mata-mata'.

domingo, 21 de outubro de 2007

2007?

(Guardadas, claro, as devidas proporções)

1986

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

A comemoração

"18/10/2007 - 10h58 - Atualizado em 18/10/2007 - 12h18
Após vitória, Robinho banca festa para jogadores da seleção


Roberta Escansette
DO EGO, NO RIO

Ronaldinho Gaúcho, Vágner Love e o cantor Latino se divertem em comemoração regada a muita bebida, pagode e mulheres

Alguns jogadores da seleção brasileira resolveram comemorar em grande estilo a vitória do jogo contra o Equador, nesta quarta-feira, 18, no Maracanã.

Após a partida que teve o placar de 5 x 0 a favor dos brasileiros, Robinho bancou para os amigos uma festa regada a muita bebida, pagode e mulheres.

O craque, que atualmente joga no Real Madrid, fechou a boate Catwalk na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade, para receber seus convidados.


Ao som do grupo Exaltasamba, os jogadores Ronaldinho Gaúcho, Vágner Love e Somália (com muleta, do Fluminense) e o cantor Latino - com a noiva Mirella -, entre outros, dançaram e se divertiram na festança que foi até as 11h desta quinta-feira, 18. Passistas da escola de samba Salgueiro também animaram a turma.

Durante toda festa, Robinho ia até a rua pedir camisinhas para os seguranças - elas eram distribuídas entre os convidados - chegou a pedir 40 de uma vez só. Por volta das 5h, ele - que é noivo e vai ser pai - deixou o local.

GAÚCHO EVITOU FOTOS
Ronaldinho Gaúcho só saiu às 11h. Foi armado um esquema de segurança para que os fotógrafos não conseguissem um clique do jogador. Guarda-costas fizeram um corredor com um pano preto desde a saída da danceteria até o carro que levaria o craque.

A boate Catwalk já esteve envolvida em um escândalo em 2007. Em julho, o dono do local, o iraniano Jafar Hajbrahim, foi preso por tráfico de drogas na Inglaterra."


http://ego.globo.com/ENT/Noticia/Gente/0,,MUL152254-8334,00-APOS+VITORIA+ROBINHO+BANCA+FESTA+PARA+JOGADORES+DA+SELECAO.html

Comentário do blog: não vou fazer nenhum discurso moralista, afinal se divertir e comemorar é direito de todos. Mas porque sempre tem que ter algum bandido na história quando se fala em futebol?

Versões

Dois modos de analisar o mesmo jogo:
"O Brasil enfrentou um time 'muito forte', com 'ótimo toque de bola', que impôs dificuldades desde o início. No 2o tempo, com grande atuação do 'Trio de Ouro' e após o momento de genialidade tática do Dunga, que soube reestruturar o time e conter os perigosos avanços do time equatoriano, ao trocar Vágner Love por Elano, o Brasil deu show e aplicou uma convincente goleada de 5x0, mostrando porque é uma das Seleções mais fortes do mundo."

"O jogo foi chato até os 25min do 2o tempo, quando o Brasil vencia por apenas 1x0, sem maiores emoções e quase nenhum brilho dos nossos craques. Daí, Kaká resolveu começar a chutar a gol. Tentou quatro vezes, errou três e saíram três gols. Logo depois do segundo gol brasileiro, Dunga tirou seu atacante mais avançado e colocou mais um volante (que até acabou fazendo um gol), talvez contente com o fraco resultado. Os últimos 20min de jogo foram de um digno 'futebol de prédio', mas cinco gols no placar servem para calar a boca dos críticos e preservar a mediocridade."

Escolha a sua.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Brasil: ontem, hoje e amanhã

Só costumo falar da Seleção Brasileira quando tem jogo, como seria o normal. Num momento como esse, de início das Eliminatórias e da primeira partida no Maracanã em sete anos, não poderia ser diferente, então vou abusar mesmo. Apoveito também que (para variar) o jogo está chato para sentar à frente do computador.

Estava pensando esses dias sobre como mudamos de opinião sobre a situação atual do futebol brasileiro e da Seleção desde o início da Copa de 2006. Antes da Copa da Alemanha, ainda com com lembranças da final de 2002 e do baile na Argentina na Copa das Confederações, éramos imbatíveis. Impossível seria o "Quarteto Mágico" ser derrotado. Se marcarem o Kaká, Ronaldinho Gaúcho acaba com o jogo, e vice-versa. Se, por algum milagre, anularem os dois, Ronaldo e Adriano sobram livre na frente. Nada disso aconteceu e, depois do vexame, tivemos um verdadeiro expurgo de (ex) craques.

Na verdade, essa percepção é bem típica dos brasileiros, devido a dois fatores opostos e complementares:

1) Complexo de superioridade na vitória: quando algum de nós se destaca, em qualquer área, adquire logo status de deus grego. O brasileiro é foda, o melhor do mundo, e não tem como negar isso. Ronaldo é um fenômeno, ninguém segura o Adriano e Ronaldinho Gaúcho é quase um Pelé.

2) Complexo de inferioridade na derrota: não sabemos lidar com o fracasso, que é sempre seguido de uma implacável perseguição aos responsáveis e de uma elevação dos pontos negativos do povo brasileiro. Ronaldo é gordo (mesmo que isso fosse inegável à época), Adriano enche a cara na balada e Ronaldinho Gaúcho, além de amarelar, só dá bola para o Barcelona.

No esporte e no futebol esses dois complexos são ainda mais latentes. Talvez em 2006 não fossemos tão imbatíveis assim (como a França, pela terceira vez, mostrou), e é bem provável que não vivamos a entre-safra que alguns pregam, apesar dos substitutos dos que sairam serem, pelo menos no momento, piores dos que saíram. O que temos é um mal gerenciado período de transição, pois uma ótima geração de jogadores se aposentou da Seleção e quem cuida dela não dá a mínima para o que não se relacionar aos dólares no seu bolso.

Quando a mudança é brusca, então, essa transição é ainda mais traumática. Desde a Copa de 1998, tivemos três posições no time praticamente incontestáveis: lateral-direito, lateral-esquerdo e centroavante. Equanto Cafu, Roberto Carlos e Ronaldo eram absolutos, seus reservas se alternavam. Na França, a 13 era de Zé Carlos (!), a 16 de Zé Roberto (que mais tarde viraria meio-campo) e os outros atacantes eram Bebeto, Edmundo e Denílson (sem contar Romário, que foi cortado); já em 2002 os reservas nessas posições eram Belletti, Júnior, Rivaldo, Denílson, Luisão e Edílson. Em nenhum lugar um reinado assim tão grande sai impune.

Maicon, Daniel Alves e Gilberto ainda não se firmaram, nem convenceram a maioria, como titulares da Seleção Brasileira. Cicinho, que se recupera de lesão, precisa corrigir um ponto fraco que é a marcação. Marcelo foi para a reserva do Real Madrid ainda garoto, e reserva (mesmo do Real Madrid) não ajuda a formar jogador. Sem falar em Ilsinho, que já se escondeu na Ucrânia.

A falta de concorrência na posição gerou uma lacuna que talvez demore um tempo para ser preenchida. Não quero dizer que Cafu, Roberto Carlos e Ronaldo são culpados pela própria competência. Assumiram essas posições com justiça e mereceram permanecer nela por todo esse tempo. É apenas uma constatação do que pode acontecer a períodos como esse (que sirva de alerta: assim como o Corinthians, times como Cruzeiro, Vasco e Santos podem ter problemas quando seus "patronos" se forem).

Para finalizar, e assistir o 2o tempo, o momento Nostradamus do dia. Dos 22 convocados por Dunga para os dois primeiros jogos dessas Eliminatórias, estarão na África do Sul: Júlio César, Daniel Alves, Kléber, Lúcio, Juan, Alex, Gilberto Silva, Elano, Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Diego e Robinho. Independente de serem titulares ou não, de merecerem ou não.

Incluindo o técnico. Ou melhor, não incluindo.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Big Brother (Seleção do) Brasil

Queria de saber qual a função que tem um Assessor de Imprensa no banco de reservas durante uma partida de futebol.

Ele não pode ajudar o Técnico, pois esta é função de seu Auxiliar.

Ele não pode aconselhar os jogadores em questões técnicas e táticas, pois até que se prove o contrário ele não conhece - e nem precisa - o suficiente de futebol para tal.

Ele não pode entrar em campo com o médico e o massagista, pois sua área de estudo é bem diferente da Medicina.

Porém, jogo após jogo, lá está Rodrigo Paiva sentado no banco da Seleção. Durante as partidas, permanece sentado e quieto, comemorando quando sai algum gol (do Brasil). Com olhar atento a todos os moviemntos.

Quando a partida chega ao fim, começa seu trabalho de verdade, escolhendo os jogadores que darão entrevista - geralmente à Globo - e conduzindo-os apressadamente ao vestiário, após duas ou três respostas curtas e previsíveis. Sem perder nenhuma palavra.

Esse trabalho, para mim, mais parece censura. Imposta, claro, por quem manda em todos. Jogador da Seleção, além de se submeter às mais diversas imposições da CBF, não pode falar nada contra.

Duvido que, na quarta-feira, independente do resultado do jogo, ouviremos algum comentário negativo sobre as condições do gramado do Maracanã. A não ser que Rodrigo Paiva deixe - ou se descuide.

sábado, 13 de outubro de 2007

A África é logo ali

Após 15 meses, teremos um jogo da Seleção que realmente vale alguma coisa. Com a Copa América cada vez mais desprestigiada e amistosos com valor apenas comercial, o interesse pela Canarinho acaba se restringindo à Copa do Mundo - e, consequentemente, às Eliminatórias que distribuem as vagas para tal competição.

Mesmo assim, as Eliminatórias Sul-Americanas não devem guardar muitas surpresas, pois dificilmente Argentina e Brasil ficarão de fora da Copa de 2010. A briga mesmo vai ser pelas outras duas vagas, além da quinta que leva à angustiante repescagem. Para nós brasileiros, portanto, emoções de verdade só mesmo quando enfrentarmos nossos hermanos mais queridos, a não ser que o improvável aconteça. E tomara que isso ocorra, pois já está empiricamente provado que para ganharmos uma Copa são necessárias boas doses de sofrimento anteriores. Seleção Brasileira que chega a um Mundial com pinta de campeã geralmente se dá mal.

Sofrimento, aliás, é a tônica da Seleção atual, capitaneada pelo anão revoltoso Dunga. Segundo o próprio, Alexandre Pato "terá de sofrer" para chegar à Seleção. Ronaldinho Gaúcho e Kaká já sentaram no banco. Ronaldo Fenômeno carrega quase que sozinho uma culpa que não é (só) dele pelo fracasso na Alemanha. Tudo para que os jogadores saibam o que é vestir a camisa da Seleção Brasileira, ainda sob a Teoria Dunganiana.

Seleção Brasileira não é lugar para sofrimento. Ao contrário, poucas coisas deram tantas alegrias à nação (desculpem a breguice) como o futebol, e quando a tristeza prevaleceu foi devido a um aspecto indissociável do esporte, que é a derrota. Não deve ser requisito para um jogador chegar à Seleção o sofrimento, como se crescer como pessoa e atleta se assemelhasse ao treinamento do BOPE. Dedicação, trabalho e talento nato sem dúvida, mas sem essa conotação de dor que Dunga tanto prega.

Dessa forma, ele tenta transferir para todos os jogadores, agora seus comandados, o peso que ele próprio carregou por anos a fio, depois do vexame de 90. Entre a Itália e os Estados Unidos Dunga viveu, sim, um período conturbado. A "Geração Dunga" foi o estigma do futebol feio e perdedor, fardo muito pesado para um jogador só. É provável que ele tenha sofrido, e justo foi seu desabafo ao erguer a taça do Tetra. Mas querer que isso vire regra daqui em diante é demais. A via-crucis de Dunga, no início dos anos 90, foi originada por uma conjunção de fatores, como os 20 anos sem título, geração não tão brilhante e muito mal comandada. E, claro, o baixo nível técnico do próprio Dunga. Ele era grosso sim, mas conseguiu com méritos reverter essa imagem (aprimorando fundamentos e compensando o restante da falta de técnica com liderança e vontade de vencer).

Os tempos são outros, e sofrimento não é a palavra mais adequada à Seleção nos dias de hoje. A não ser, claro, quando assistimos à perpetuação do poder do Genro Pródigo, amistosos contra combinados do Kuwait e a camisa 9 sendo vestida pelo Afonso.

Nada com que se preocupar, afinal amanhã será o primeiro jogo de um torneio longo e com vários obstáculos imprevisíveis, principalmente para os jogadores. Dos 22 convocados para o primeiro jogo das Eliminatórias para a Copa de 2002, apenas 13 foram à Asia; do início das Eliminatórias de 2006, 12 chegaram à Alemanha. Poranto, a chance de aguentarmos Afonso, Doni e outros na África não é grande.

Assim como de termos Dunga à frente da Seleção.