quinta-feira, 31 de maio de 2007

Os gaúchos

Comentei num dos textos abaixo como a concorrência entre rivais faz bem a ambos, e que o sucesso de um pode favorecer o sucesso do outro.

Essa minha tese vem sendo ainda mais reforçada com o desempenho dos grandes gaúchos nos últimos anos. Os títulos e campanhas já falam por si só.

Mas suas revelações também ajudam a me dar razão.

Da parte do Inter surgiu ano passado o Alexandre Pato. Mesmo com uma super exposição na mídia exagerada e antes da hora, tem talento e já não sai do Colorado por menos de U$ 20 milhões, ou algo próximo a isso.

Já no lado do Olímpico, tivemos em Lucas a revelação do campeonato, que infelizmente já fez as malas para a Inglaterra. Mesmo destino do Anderson, herói da Batalha dos Afiltos, que trocou o Porto - campeão português - pelo Manchester - campeão inglês - por algo em torno de U$ 30 milhões. Isso sem falar na promessa Carlos Eduardo, que pelo menos no rosto já lembra outro gaúcho... o Ronaldinho.

O resto que se cuide.

Noite (quase) Tricolor

Noite muito interessante com os jogos nas capitais gaúcha e fluminense, jogos estes que num mundo perfeito deveriam acontecer lá por outubro, não em maio.

A "mística castelhana" esteve mais uma vez presente na fria noite porto alegrense, e o Grêmio dau passo gigantesco para a final da Libertadores. O jogo foi bom, sem muitos lances bonitos mas brigado e com uma marcação eficiente e leal de ambos os lados.

Do jogo, tiro três pontos:

- A marcação adiantada do Grêmio matou o meio-campo do Santos e ganhou a partida.

- Como joga bola o Maldonado (claro que falo isso desde a época do São Paulo, mas cada vez que assisto uma partida dele faço questão de repetir).

- Acredito que, aquele que chegar à final da Libertadores, ganhando ou não a competição, estará fora da briga pelo título do Brasileiro. O desgaste dos dois jogos da semi e dos dois da final - aposto totalmente que o Boca chega - combinado com a euforia do título ou a frustração do vice-campeonato vai gerar uma queda de produção que dificilmente será superada a tempo. Ah, e se o Grêmio não ganhar o direito de disputar o Mundial, deve perder Mano Mezenes para o Tricolor paulista.

Falando agora do menos brilhante Tricolor carioca, escapou por pouco de uma derrota em casa, no jogo de ida da final da Copa do Brasil. Claro que não vi o jogo, porque sou um só. Mas vendo os melhores momentos e os comentários, também destaco três pontos:

- O Tricolor das Laranjeiras até teve mais volume, mas não foi tão superior levando-se em conta que tinha mais de 64 mil torcedores a favor.

- Novamente, pênaltis não marcados no Maracanã. Um claríssimo para o Fluminense, e outro mais discutível para o Figueirense. A arbitragem brasileira segue deplorável.

- O Carlos Alberto, cada vez mais, enterra a sua carreira. Ou ele muda rápido de atitude ou vai para o ostracismo.

Mas ainda acredito que o Flu leva. Já ganhou a vaga fora de casa esse ano, e acho que leva de novo em Florianópolis.

Semana que vem, cravo um palpite: Tricolores 2 x 0 Alvi-Negros.

Mais gastos

Foi anunciada a "turnê" da tocha Pan-Americana pelo país. Ela percorrerá todos os 26 Estados e o Distrito Federal.

Vai ter um custo: R$ 10 milhões.

Não tenho parâmetro para dizer se é caro ou barato. Mas R$ 10 milhões são R$ 10 milhões, e se o gasto seguiu a linha de todos os outros desse Pan, dá para afirmar que é muito.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Acerto errado

Hoje, a FIFA deu sinais que tinha tomado uma decisão correta, vetando a possibilidade de locais acima dos 2500m de sediarem partidas de seleções de futebol.

Até fiquei contente, imaginando que a decisão tinha sido tomada baseada em algum parecer médico, e que poderia ser um indício que outras restrições climáticas, como umidade do ar ou temperatura, também fosse colocadas à prática do futebol profissional. Absurdos como a final da Copa de 94 seriam evitados daqui para frente.

Mas ouvindo alguns comentários na TV, já deu para perceber que a decisão não foi médica, mas política, e o limite de 2500m arbitrado pela própria FIFA. Os "prejudicados" acabaram sendo Equador, Bolívia, Peru - países sem expressão futebolística - , sem afetar o México e tornando o caminho do Paraguai (mesmo país do presidente da Conmebol) à Copa do Mundo mais fácil.

É triste que, mesmo decisões parcialmente acertadas, sejam tomadas de forma errada, pelos motivos errados. Tudo contiua na mesma.

domingo, 27 de maio de 2007

Os problemas do Cruzeiro

Um título Brasileiro, três Copas do Brasil, duas Libertadores, uma das melhores estruturas do país. Sem dúvida, o Cruzeiro esrá no grupo dos maiores clubes de futebol do Brasil, mas desde o grande ano de 2003 não consegue repetir os bons resultados alcançados naquele ano. Em 2007, mais uma vez, começou o ano estipulando grandes objetivos, mas depois de uma vexatória derrota na final do Mineiro, da demissão do Autuori e de um início pífio no Brasileirão, com duas derrotas seguidas em casa, a Raposa dá sinais que a má fase não tem data para acabar.

Qual seria o problema? Com certeza erros táticos, como más contratações de jogadores e comissão técnica prejudicaram, mas acredito que problema seja mais embaixo, e a solução mais complicada. Duas questões conjunturais são cruciais nessa questão.

A primeira dela, já discutida nesse blog, é a continuidade da Diretoria do Cruzeiro. Não acompanho de perto o trabalho, acredito até que a torcida não tenha restrições (tenho amigos cruzeirenses e nunca ouvi reclamações), mas o reinado de Zezé Perrela e Cia. já passou do ponto. Não há renovação de pessoas e de idéias, e com isso vícios e possíveis falcatruas têm continuidade. Em momentso ruins, trocar o técnico e alguns jogadores é pouco.

A segunda não é culpa do Cruzeiro e com certeza poucas pessoais nas Gerais - e fora dela - se dão conta, e até se alegram com o fato. O rebaixamento do Atlético-MG em 2005 foi comemorado pela torcida celeste, mas pode ter ajudado a abaixar o nível do próprio Cruzeiro.

Em qualquer lugar, em qualquer atividade, o sucesso de um parceiro ou rival faz com que aqueles que o cercam tentem obter o mesmo sucesso, melhorando seus processos até atingir o resultado esperado. O primeiro, não querendo perder a condição conquistada, também procura implementar o seu trabalho, e o resultado geral do processo é um círculo virtuoso benéfico a todas as partes envolvidas.

Em Minas, momentâneamente, isso foi perdido. Por alguns anos, o grande rival do Cruzeiro estave ausente do rol dos melhores times, e a consequência disso foi que o próprio Cruzeiro baixou a guarda. Com o seu maior referencial de disputa em baixa, caiu também o referencial de qualidade na Toca da Raposa, e o resultado está aparecendo agora. É óbvio que nenhum cruzeirense percebeu isso, pois estavam ocupados demais tirando sarro e comemorando a desgraça alheia.

Aliás, sou da opinião que o Galo, por maior e mais emocionante que seja sua torcida, está bem para trás do grupo dos principais clubes do Brasil. Apenas um Brasileiro e uma Conmebol é muito pouco para alguém que tem esse rótulo. O próprio Cruzeiro está muito à frente, mas agora sinto que a falta de um rival à altura está surtindo efeitos colaterais para ele.

Como comparação, vejamos Porto Alegre. Esta é a outra capital brasileira com características semelhantes a Belo Horizonte: ambas são consideradas os "segundos" centros do país, têm um povo peculiar e orgulhoso de suas origens, e têm apenas dois grandes times de futebol que dividem a torcida grosso modo meio a meio. É muito comum que os dois times andem juntos, para o bem ou para o mal.

Em Minas, os dois times andam mal, têm problemas administrativos e adotam táticas semelhantes na busca de melhores resultados: parcerias com times pequenos do interior, unindo a possibilidade de dar "rodagem" a jogadores jovens e ideais megalomaníacos. Os jogos entre Atlético e Democrata no último Mineiro mostram que essa prática não é saidável para o futebol como um todo. Mas se meu vizinho faz, também tenho que fazer.

Já nos pampas a situação é outra. Ano passado, Inter e Grêmio terminaram, respectivamente, em segundo e terceiro lugares no Brasileiro. Também em 2006, o Inter venceu a Libertadores e o Mundial Interclubes, feitos que o Grêmio podem repetir esse ano. Seus planos de crescimento envolvem bem-sucedidas estratégias de aumento do quadro de sócios dos clubes e projetos audaciosos e realistas de reformulações em seus estádios (aliás, em Porto Alegre os dois grandes times possuem estádios próprios; em BH nenhum deles, apenas o pequeno e rebaixado América). Nada disso é coincidência.

Só mais um comentário a respeito: São Paulo e Rio fogem um pouco a essa regra, pois tendo cada um destes centros quatro "grandes" cada, sempre há um em boa forma para ser o exemplo aos demais. Ou, num cenário mais sinistro, os quatro se afundam, como vêm acontecendo em terras fluminenses nesta década - e também não é coincidência que os quatro parecem ressurgir no cenário nacional ao mesmo tempo.

Um jargão corporativo diz que "Concorrente bom é concorrente forte". Num meio frio e estritamente de negócios isso faz todo o sentido, e se transferido para o passional mundo dos esportes torna-se um pensamento irreal. Tão irreal quanto assistir cruzeirenses gritando "Ga-lôôô!!!".

Claro que não chego a esse ponto. Mas que os problemas do Cruzeiro passam por isso, não tenho dúvida.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

A CPI do Pan

Concordo que orçamentos iniciais nunca são cumpridos à risca até o final, pois imprevistos acontecem e a parte teórica de um projeto dificilmente se confirma na parte prática.

Também concordo que um evento como o Pan, para ser aprovado por investidores e opinião pública, pode ter seus investimenos subavaliados, pois o número real apresentado de cara talvez impedisse a sua realização - e isso acontece mundo afora, não é uma demonstração prática do jeitinho brasileiro.

Mas o que está acontecendo no Pan é demais. O Estado do Rio de Janeiro deveria ter gasto com os Jgoso R$ 31 milhões, mas a conta real já chegou aR$ 500 milhões (aumento de 1.513%). A conta do Governo Federal aumento em 11 vezes, passando de R$ 138 milhões para R$ 1,5 bilhão, segundo a Folha Online.

É um absurdo, sendo impossível não suspeitar de desonestidade. Além, claro, de profunda incompetência.

O lado bom da história é que foi aprovada por vereadores do Rio uma CPI para investigar as irregularidades. Se o trabalho for bem feito, ao menos os absurdos cometidos serão de conhecimento público.

Mas - como sempre - dificilmente alguém será punido. Até porque cada medalha conquistada será usada como justificativa ufanista para o saldo negativo nos cofres públicos, como se os fins justificassem os meios e como se bons resultados num Pan, em casa, indicassem uma melhora no esporte nacional.

Mais uma lição do vôlei

A primeira fase da Liga Mundial de vôlei masculino começa neste fim de semana, e na convocação do Bernardinho para os primeiros jogos constam apenas cinco jogadores que estavam presentes no último Campeonato Mundial. Além de um planejado processo de renovação da seleção, a comissão técnica decidiu dar um descanso para os titulares.

No vôlei, eles sabem que atletas não são máquinas e que, para renderem o máximo, devem estar bem preparados fisica e mentalmente, o que inclui doses certas de descanso. E foi decidido que, os primeiros jogos da Liga Mundial, seria a época certa para esse descanso.

Com também seria a Copa América, no futebol.

Cada vez me convenço mais que o Bernardinho daria um excelente técnico da seleção brasileira... de futebol.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Ah, as mulheres...

Mais uma vez, a Ana Paula está no centro da polêmica. Não acho que os erros de ontem tenham sido tão escândalosos como o do Simon, mas foram erros que mudaram o resultado da partida. E a discussão sobre mulheres no futebol volta à tona.

Para mim esse é o ponto crucial da questão. A Ana Paula é uma boa assistente, mas todos os seus atos - erros, acertos, poses - são comentados não sob o enfoque de um profissional no futebol, mas de uma mulher no futebol. E aí a discussão já perde o foco, pois argumentos como 'Só por ser mulher...', 'Apesar de ser mulher...' ou 'Ser mulher não quer dizer que...' gastam energia discutindo-se o que não deveria ser discutido. Erros continuarão acontecendo, independente de serem cometidos por homens ou mulheres, mas quando o sexo feminino é o protagonista do erro ele ganha proporção maior do que deveria.

O ofício de arbitrar atos de outras pessoas é desgastante por si só, e mesmo pessoas preparadas e focadas apenas nisso são passíveis de erros de julgamento. E, desculpem-me as feministas, mas é inegável que a Ana Paula está na mídia - e gosta de estar - não só por seu talento com a bandeira, mas também porque ela mesma fomenta isso buscando oportunidades extra-campo. Por menor que seja, essa idéia já desvia seu foco principal, gerando situações como a de ontem. Não acho uma cena agradável ver uma mulher sair escoltada, de onde quer que seja.

A origem católica do Brasil moldou uma sociedade patriarcal e machista, e mesmo com os avanços da sociedade ainda somos assim. Com o futebol, nosso meio machista entre todos, não poderia ser diferente, e qualquer mulher que se aventure no meio terá que, além de provar o seu talento, provar que uma mulher pode ter talento para vencer nesse meio. É um esforço extra que, geralmente, compromete a concentração e o resultado final.

Toda quebra de paradigmas é acompanhada por choques e demanda tempo, e a inclusão de mulheres no meio futebolístico é um deles, que presenciamos em tempo real. Se esse confronto de tese com antítese produzirá uma nova síntese, só o tempo dirá. Mas, hoje, o futebol ainda não está pronto para receber as mulheres.

Mesmo que tenham um belo par de coxas.

Sorte, competência e o Grêmio

É impossível chegar a uma semi-final de Libertadores sem grande dose de competência, mas às vezes a sorte tem parcela decisiva de contribuição. Esse é o caso do Santos. Teve 100% de aproveitamento na primeira fase um um grupo fraquíssimo, suou para eliminar um time venezuelano nas oitavas e quase perdeu para o time reserva, sem reservas, do América. Saiu perdendo os dois jogos em casa, e virou basicamente devido à fragilidade dos dois adversários.

Ninguém discute a competência do Luxemburgo e o nível futebolístico do meio-campo santista - disparado o melhor do Brasil - mas tivesse a sorte dados as costas para o Peixe, o Brasileiro já seria prioridade na Baixada.

E agora encara o Grêmio. O time menos brasileiro do Brasil, da região menos brasileira da país, mostra cada vez mais a força que a mística castelhana carrega no futebol, impondo a terceira virada seguida em pouco mais de um mês. Não joga com técnica ou brilhantismo, mas isso não é necessário no Olímpico. A "avalanche" põe a bola dentro do gol, quantas vezes forem necessárias.

Se chegar ao título, estaria coroada uma das mais espetaculares ressureições do futebol brasileiro: da Série B ao Japão em menos de dois anos. Féito, aliás, já realizado pelo mesmo Grêmio de 93 a 95.

O caminho dos pampas a Tóquio já foi percorrido, e acredito será repetido mais uma vez esse ano. A pé, se preciso.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Parênteses

Esse blog aborda temas referentes ao esporte brasileiro, deixando de lado temas internacionais. Mas com a globalização do esporte alguns desses temas acabam se tornando relevantes e cavam seu cyber-espaço neste fórum.

O absurdo da vez é a decisão do América do México vir disputar uma quarta-de-final com apenas 14 jogadores e nenhum titular, como divulgou o Juca Kfouri em seu blog. A prioridade deles é o campeonato mexicano, no qual estão na final. E, se a prioridade de times de um país de outra confederação, é o campeonato nacional em detrimento do torneio continentel, porque continuar participando? Falta de vaga no Mundial da FIFA? Se for isso, que disputem o torneio da Concacaf e abandonem a Libertadores. O que é inadmissível é que equipes "convidadas" tratem o terceiro maior torneio interclubes do mundo com esse desprezo.

Mas o que isso tem a ver com o esporte nacional? Tem a ver a partir do momento que clubes brasileiros disputam a competição, e esses clubes são federados a uma confederação, que por sua vez faz parte da Conmebol. E a CBF deveria brigar pelos interesses dos clubes contra essa inclusão mal-feita das equipes mexicanas, assim como a favor de um melhor calendário para as competições sul-americanas. É um absurdo termos a Libertadores espremida em quatro meses e o segundo semestre esvaziado com a desinteressante Sul Americana.

Na Europa, Champions League e UEFA Cup são disputadas simultâneamente ao longo de toda a temporada, tendo cada uma sua importância e atraindo o interesse de todo o continente.

Mas nem a Conmebol, muito menos a CBF, têm a intenção de mudar nada, pois têm outros interesses. Ou acham que está bom assim.

domingo, 20 de maio de 2007

1000 x 0

O outro acontecimento do dia foi, claro, o gol mil do Romário. Não vou discutir a contagem em si, pois para mim isso nem é o que mais importa. O Baixinho é o maior e melhor atacante que a minha gerção viu jogar, no Brasil e no Mundo, e por isso acho legal que tenha alcançado essa contestada marca. Que ele aproveite e momento e encerre a bela carreira. Isso tudo foi nota 1000.

A nota zero fica por conta do circo armado em volta do Romário. Eurico Miranda, o ser mais nocivo para a história do esporte brasileiro de todos os tempos, terá a visibilidade que ele tanto gosta, apoiado por parte da imprensa que deveria execrá-lo. E ainda por cima patrocinado pelo BMG, grande instituição bancária e mensaleira.

Seria ótimo se as coisas só tivessem o lado bom.

Agora, uma pergunta: depois de converter o pênalti e abraçar a sua mãe, já rodeados de jornalistas, Romário tirou a camisa. Segundo a regra, não deveria ter sido expulso?

Brincadeira...

Jadel e a história

O primeiro dos feitos do esporte brasileiro desse fim de semana foi realizado pro Jadel Gregório, ao bater o recorde sul-americano do salto triplo, após mais de 30 anos da façanha de João do Pulo. Jadel merece os parabéns pelo resultado, que provavelmente lhe dará confiança para o Pan. Porém, como sempre, essa vitória mostra dois aspectos negativos de como tratamos o nosso esporte.

O primeiro, já tão batido, é a falta de continuidade de investimento nas modalidades esportivas que não sejam o futebol, e principalmente as modalidades individuais. Entre as Olimpíadas de 1952 e 1980 tivemos três medalhistas na prova do salto triplo - Adhemar Ferreira da Silva, Nelson Prudêncio e e João do Pulo- totalizando seis medalhas (2 ouros, 1 prata e 3 bronzes). Mas a sequência de bons resultados não foi o bastante para manter o Brasil como uma potência na modalidade. O próprio Jadel figurou como um dos favoritos em Atenas, mas não obteve bons resultados na competição.

O segundo, ainda mas falado, é a falta de memória do povo brasileiro (não só no esporte) e o consequente descaso como nossos ex-atletas. João do Pulo, natural da cidade paulista de Pindamonhangaba, estabeleceu o recorde mundial do salto triplo em 1975, com 17,89m. Nada menos que 45cm a mais que a marca anterior. Uma marca tão sensacional que demorou 15 anos para ser batida. Como já falado, ainda levou duas medalhas de bronze olímpicas. E nada disso impediu que ele morresse em 1999, de cirrose hepática, endividado. Mais tarde, suas medalhas olímpicas sumiram. Claro que o próprio João do Pulo tem a sua parcela de culpa, sendo ele uma pessoa adulta e consciente de seus atos, mas ainda assim é impressionante ter acontecido. E, se perguntarem por aí quem foi Adhemar Ferreira ou Nelson Prudêncio, o índice de acerto será baixíssimo.

É interessante comparar também os resultados obtidos por atletas brasileiros em Olimpíadas e outras competições de menor importância. Ainda vou escrever um texto maior a respeito, mas é inegável que o brasileiro de modo geral reage muito mal à pressão, muitas vezes colocada de forma exacerbada pela imprensa.

Mas por hoje, nos resta mais uma vez parabenizar Jadel Gregório.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Ditaduras esportivas

Foi lançado em São Paulo o Movimento "Fora Dualib", por corinthianos inconformados com a vergonhosa situação atual do clube. Caso obtenham sucesso, o clube terá solucionado o primeiro de seus problemas e poderá planejar tempos melhores.

Que bom seria se movimentos como esse fossem replicados a outros a favor da "derrubada" de qualquer dirigente esportivo que se apossou do cargo de presidência como se este fosse vitalício. Exemplos não faltam: além de clubes de futebol como Vasco, Cruzeiro, o próprio Corinthians, temos as federações nacionais de futebol, basquete, esportes aquáticos, comitê olímpico, e com certeza outros. Independente de o trabalho ser ou não bem realizado (e geralmente não é), esse reinado é errado e prejudica o desenvolvimento do esporte nacional.

Um dos princípios da democracia é a periódica alternância de dirigentes e/ou ideologias no poder, através da escolha das pessoas aptas a fazê-la dentro de suas comunidades. E um dos requisitos básicos para uma maior produtividade de uma empresa, associação, etc, é a existência de uma concorrência forte e sadia. No caso do esporte, com mandatos renovados após seu término através de estatutos deficientes e políticas populistas, esses dois princípios citados são deixados de lado, favorecendo apenas aqueles que estão no poder e seus protegidos. Perde-se novas idéias, novos projetos, novas pessoas; perpetua-se a incompetência, o descaso e a corrupção. A democracia (mesmo com seus defeitos, ainda a forma mais justa de se governar) é escandalosamente esquecida, e a busca por melhorias perde a importância, já que se torna conflitante com interesses pessoais.

Não acompanho em detalhes o trabalho de alguns desses dirigentes, como por exemplo o Coaracy Nunes. Seu jeito carismático até pode estar aliado a uma boa administração, mas a direção de uma confederação importante como a de esportes aquáticos não pode ficar na mão de uma pessoa por 20 anos! A renovação não só é necesária como fundamental, e se o trabalho vem sendo bem feito com certeza encontrará outras pessoas capazes para o seu prosseguimento. Com a vantagem de não perpetuar práticas ruins, anti-éticas e até ilegais.

E outro ponto triste da história é que esse assunto só chega à imprensa após o "levante" de algum atleta, ou grupo de atletas, contra essa prática. Aurélio Miguel, Oscar, Hortência e Gustavo Kuerten são alguns exemplos. Mas se esse é o jeito, que seja. Pois ainda prefiro que uma ou outra modalidade seja prejudicada por um período de tempo para depois colher os frutos da mudança, do que ser obrigado a jogar contra o meu próprio país, torcendo por desastres administrativos em eventos como o Pan e uma eventual Copa do Mundo (desastres estes que já estão ocorrendo), para que mudanças drásticas sejam tomadas.

As diferentes esferas de um país são reflexo do próprio país como um todo, e visto nossa história passada e presente, é esperado que o esporte brasileiro seja a bagunça que é. Mas justamente por ser apenas um microcosmo do Brasil, as soluções são mais fáceis de serem postas em prática.

O calvário de Guga

Com a mais nova desistência, a suspeita que há tempos já se manifesta fica ainda mais clara: dificilmente Guga voltará, em nível razoável, ao circuito do tênis. Aliás, desde a sua segunda cirurgia esse já era o cenário mais provável, devido à gravidade da lesão e à idade do atleta.

E a minha opinião é que ele deveria realmente abandonar o esporte profissional. Tenho certeza que essa é a decisão mais difícil para um atleta, pois significa a interrupção da coisa que ele mais gosta, e mais tem talento, para fazer.

Mas é triste ver um grande ídolo passar por esse sofrimento, contrastando com momentos de glória de outrora. E nada do que o Guga vier (ou não) a fazer daqui para frente vai mudar o fato de ele ter sido o maior tenista da história do Brasil e um dos melhores no saibro do mundo. Torço de verdade para que o final de sua carreira seja o mais digno possível, pois depois de tantas alegrias proporcionadas é o mínimo que ele merece.

Tomara que seu talento seja aproveitado também fora das quadras no desenvolvimento do tênis brasileiro, que perdeu grande oportunidade de consolidar um salto de qualidade na era do Manezinho da Ilha. Esperar outros 20 anos para o surgimento de um ídolo nacional na modalidade será o maior desperdício ao legado deixado por esse grande esportista.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Gol contra do Pelé

O tiro saiu pela culatra. A Lei Pelé - "refinamento" da Lei Zico - previa a liberdade do jogador de futebol, extinguindo o passe e dando o direito ao profissional escolher jogar onde bem entendesse.

Pois bem, o passe realmente acabou e o jogador só pode assinar contrato com um clube após os 16 anos.

Mas...

... os empresários tomaram conta do futebol e das carreiras dos jogadores;

... os clubes sentem-se injustiçados e desestimulados (com certa dose de razão) em revelar novos craques;

... o valor do passe do jogador foi substituído pelo valor da multa rescisória;

... brigas judiciais envolvendo jogadores e clubes continuam acontecendo. O caso Dagoberto é apenas um exemplo.

E mais uma vez, o jeitinho brasileiro deu um jeito.

É impressão minha ou as coisas pioraram?

segunda-feira, 14 de maio de 2007

O valor do futebol

A Record deve formalizar amanhã uma proposta de R$ 1 bilhão por temporada para transmitir o Campeonato Brasileiro. Sendo verdade, isso pelo menos obrigará a Globo a elevar a sua oferta, como já fez com o Campeonato Paulista. Atualmente, a toda-poderosa carioca desembolsa algo em torno de R$ 300 milhões or temporada para os clubes.

Dificilmente a Globo não transmitirá o Campeonato de 2008, visto que hoje ela é grande credora de alguns clubes. E talvez o valor oferecido pela Record esteja acima da realidade, e seja apenas uma forma de obrigar a rival a elevar seus custos.

Primeira pergunta: quanto vale o Campeonato Brasileiro?
Resposta: difícil precisar sem elaborados estudos de marketing. Porém, é provável que o valor atual pago seja abaixo do real.

Segunda pergunta: alguém sabe quanto vale o Campeonato Brasileiro?
Resposta: a Globo provavelmente sim, a CBF talvez tenha uma idéia e os clubes provavelmente não.

Terceira pergunta: como é possível que os principais responsáveis pelo negócio não saibam ao certo quanto vale seu produto?
Resposta 1: são incompetentes.
Resposta 2: fingem-se de ingênuos e explorados, pois outras necessidades nada nobres já são atendidas (o que não muda o fato de também serem incompetentes).

Toda essa história só mostra o quanto o futebol - e o esporte de forma geral - brasileiro é mal administrado. Pois, apenas hipoteticamente, eis o seguinte cenário: se atualmente o Série A do Brasileiro vale R$ 300 milhões, mas há interessados em elevar esse valor para R$ 1 bilhão, porque não aceitar tal proposta e destinar 30% desse valor para a Série B? A Série A mais que dobraria o seu faturamento com direitos televisivos e a Série B também seria beneficiada. E com duas séries fortes, o futebol nacional sairia ganhando como um todo.

Quarta pergunta: porque isso - ou outra melhoria - não é feito?
Resposta: porque não se quer.

domingo, 13 de maio de 2007

O que esperar de cada um

Ainda não li as reportagens sobre a primeira rodada do Brasileirão, muito menos todos os gols, mas não tenho dúvidas que a (fraca) imprensa esportiva já traçou o caminho dos 20 clubes baseado no que aconteceu ontem e hoje. E traçará destinos alternativos a cada nova derrota ou vitória, mostrando apenas que o futebol é um tanto quanto imprevisível e a maioria dos jornalistas escreve para vender jornal e errar o mínimo possível.

Eu não sou jornalista, mas vou cometer o mesmo erro fazendo esse exercício. E coloco abaixo minhas previsões para esse campeonato.

América-RN: não conheço o time, mas pelo que vêm mostrando os times do Nordeste vai brigar para não cair.

Atlético-MG: o menor dos "grandes" vem embalado pelo título mineiro e espera repetir o feito do Grêmio ano passado, mas não acredito que um time com Coelho como titular possa ir longe. Não deve passar susto, mas não dá pra esperar muito.

Atlético-PR: o maior dos "pequenos" tem um time razoável e conta com um bom trabalho de bastidores. Com grande força quando joga em casa, deve acabar entre os dez primeiros.

Botafogo: os trabalhos do Bebeto e do Cuca são exemplares, e depois de muito tempo o Fogão começa o Brasileiro sem temer o rebaixamento. O clube ainda não está de pé e o time é apenas arrumado, mas se embalar pode surpreender e ser o melhor dos cariocas.

Corinthians: sem perspectivas de melhora no curto prazo. Tem que assumir a posição atual que ocupa e lutar antes de mais nada para não cair, senão terá problemas.

Cruzeiro: a falta de um rival local à altura nos últimos anos baixou a guarda da Raposa, que perdeu o embalo de 2003. Perdeu também a competência de Paulo Autuori, e não deve conseguir grandes resultados esse ano. Mas está na Sul-Americana.

Figueirense: incógnita. O bom time de 2006 foi desmontado e o resultado foi a má campanha no Catarinense, que se repetirá no Brasileiro caso um novo time não seja montado.

Flamengo: outro que ressurgiu. Ainda não pode ser considerado um favorito ao título e não consigo ver o Ney Franco como um grande treinador, mas deve brigar por uma vaga na Libertadores e ter Renato Augusto como uma das revelaçôes do ano.

Fluminense: tem como grande trunfo o Renato Gaúcho, um técnico que como poucos se adaptou ao jeito carioca de ser. Porém, contratou mal e ainda sofre com a má gestão da parceria com a Unimed. Só passa o sufoco do ano passado se quiser, mas deve pegar tranquilo uma Sul-Americana.

Goiás: outro time periférico que costuma armar times competitivos. Pelo menos tem jogadores de nome, mas vai depender de um bom começo.

Grêmio: joga mais com a mística gremista do que com técnica, mas deve de novo brigar por uma vaga na Libertadores. A saída do Lucas enfraqueceu consideravelmente o time.

Internacional: é difícil pensar que um time que venceu o Barcelona seja ruim, mas definitivamente o Colorado não atravessa uma boa fase. Mas assim que o Gallo arrumar a casa entra forte na briga pelo título.

Juventude: um dos melhores aproveitamentos em casa entre todos os times, aliado a um desempenho mediano fora faz com que a história se repita todo ano. Não cai, mas não faz nada de especial.

Náutico: mostrou na Copa do Brasil que sabe jogar, mas ainda assim deve ficar lá embaixo. O técnico também não ajuda.

Palmeiras: a inter-temporada fez bem ao time, e se os jogadores entenderem e cumprirem o planejamento traçado pelo competente Caio Jr., pode fazer um bom campeonato. Fica no bolo intermediário. Bons resultados devem demorar ainda alguns anos para aparecer.

Paraná Clube: não vai de novo à Libertadores, mas tem um time bem montado e deve ficar no bloco intermediário.

Santos: depende totalmente de até onde for na Libertadores e do que acontecer em junho. Não tem time reserva para garantir bons resultados, e perdendo Zé Roberto o melhor time do Brasil torna-se apenas um bom time. Se começasse e terminasse inteiro o campeonato, seria o grande favorito.

São Paulo: o atual campeão começou mal o ano, apesar de ter incontestavelmente o melhor elenco do país. Porém, é preciso que além de ter um time definido, sejam usadas as melhores peças. Isto feito, é um dos favoritos.

Sport: trocas de técnico sempre prejudicam, mas se tivesse que apontar um time do Nordeste para permanecer na Série A, seria o Sport.

Vasco: gol mil que não sai, troca de técnico, presidente preso. As coisas não andam bem em São Januário e terão reflexo no Brasileirão. Aposto como será o pior dos cariocas, mas falar em rebaixamento acho exagerado.

Resumindo: brigarão pelo título o São Paulo, Internacional, Santos e Grêmio; na vaga para a Libertadores chegam o Flamengo, Botafogo e talvez o Atlético-PR e Cruzeiro; no rebaixamento duelam os três do Nordeste, Corinthians e (chute no escuro) Figueirense.

Em dezembro eu comento o que acertei e o que errei, e o texto vai ser longo...

A volta da alegria nas manhãs de domingo?

Não acordei para ver a corrida de F1 hoje de manhã porque sabia que seria interrompida no meio para a transmissão da missa do Papa, mas fiquei muito contente ao saber que o Massa havia ganho a segunda no ano. Ainda é cedo pra falar se ele é favorito ou não, mas pelo equilíbrio apresentado no começo da temporada a tendência é de um campeonato bem disputado entre os quatro primeiros colocados, algo que não se via desde o começo da década de 90.

Para nós brasileiros esse período todo foi ainda mais triste pois perdemos aquela possibilidade de vitória logo no domingo cedo, que por tanto tempo acompanhou nossos pilotos. Num esporte que estranhamente gerou ídolos em nosso país, nos acostumamos a ver vitórias e títulos que cessaram de vir, e que agora podem voltar com o sucesso de Massa. Torço por ele, assim como para todos os brasileiros honestos e talentosos.

E a grande promessa - inclusive para o mundo do automibilismo como um todo - é a possível reedição dos duelos Senna x Piquet na próxima década. É esperar para ver.

Mais uma do Dunga

Dunga está bravo com Kaká, porque este último pediu dispensa da Copa América alegando que precisa de férias. O jogador está há três anos sem descanso.

Com o calendário internacional atual, na concepção de Dunga, o jogador brasileiro só deveria ter férias a casa três anos mesmo, já que um ano antes da Copa tem Copa das Confederações, e um ano depois a Copa América. Provavelmente na cabeça dele o orgulho de defender a Seleção Brasileira deve estar acima de todas as coisas.

Mas quando um Ronaldinho Gaúcho dá sinais de cansaço e joga mal, a culpa também é dele.

Que o Kaká tenha seu merecido descanso, de preferência com um título da Champions League na estante. Pois daqui três anos ele estará novamente em forma para outra Copa do Mundo, o que realmente importa.

Começa o Brasileirão

O porteiro do meu prédio não sabia, mas hoje tivemos a primeira rodada do Campeonato Brasileiro de 2007. Estranho, pois sendo esta a primeira vez em que os 12 "grandes" do futebol brasileiro disputam juntos a divisão principal da competição pelo sistema de pontos corridos, o público deveria estar atento ao que promete ser uma das mais emocionantes e disputadas edições do torneio.

Mas a CBF está mais ocupada com o ufanismo de 2014 do que com a realidade de 2008, e já não é de hoje.

E milhões de reais públicos serão (mal) gastos nesta épica empreitada, com a desculpa que uma Copa no Brasil será bom não só para nosso futebol mas para o país como um todo, que se beneficiará das obras de infra-estrutura previstas para o evento. Assim como o Rio se beneficiaria, de obras que nunca foram nem ao menos iniciadas.

Fica a pergunta: o Brasil deve melhorar para sediar uma Copa do Mundo ou uma Copa do Mundo merece ser sediada em um Brasil com, pelo menos parte, de seus problemas resolvidos? E o motivo para solucioná-los é uma Copa do Mundo ou a fome, violência e desperdício?

O título desse texto era sobre o Brasileirão, né? Pois é, nem prestei atenção.