terça-feira, 31 de julho de 2007

Em tempo

Compareceram à reunião citada abaixo apenas o Cara e o Mago. Além do Genro Pródigo, claro.

Agora sim

Ricardo Teixeira apresentou hoje, na sede da FIFA, o planejamento do Brasil para a Copa de 2014. Estava acompanhado de Lula (o Irmão Metralha), Romário (o Cara), Gisele Bundchen (a Top) e Paulo Coelho (o Mago).

Essas são as pessoas que a quem a CBF recorreu para trazer o evento para o País, 64 aos depois.

Agora estou tranquilo. Os bruxos estão conosco.

Os 10 melhores - Rio 2007

Para encerrar a festa, elaborei uma lista com as dez grandes vitórias brasileiras, na minha opinião, no finado Pan. Toda lista é controversa e passível de discussão, o que é válido.

Eis a minha.

1) Resultados de Thiago Pereira, nos 200m medley, e César Cielo, nos 50m livre: em comparação com os tempos de Atenas 2004, ganhariam medalhas. Se continuarem nesse caminho, podem ser os sucessores de Gustavo Borges e Fernando Scherer.

2) Janeth: tudo bem, não foi ouro. Mas fica aqui minha homenagem a uma das maiores atletas de nossa história.

3) Hugo Hoyama: em se tratando de Pans, ninguém tem mais ouros do que ele. Ainda mais gostoso ganhando da Argentina na final, com direito a casquinha no décimo ponto.

4) Handebol Masculino: grande evolução da modalidade, e trouxeram de volta o Bruno Souza. Não têm chances em Pequim, mas pode representar o início da estruturação do esporte no Brasil. E, além disso, deram porrada na Argentina dentro e fora de quadra.

5) Marta: o futebol feminino é chato e nesse Pan jogou contra ninguém. Mas ela joga bem mesmo, e seu choro na coletiva emocionou. Mesmo não gostando de futebol feminino, acho que todos os esportes merecem atenção, pela prática em si e por ser um importante instrumento de inclusão social.

6) João Carlos Jordão: o velejador estava com problemas sérios na coluna e foi praticamente vetado pelos médicos. Como não seria possível substituí-lo, subiu no barco com um colete cervical para fazer número, ajudando seus companheiros a faturar o ouro na J-24.

7) O ippon de Tiago Camilo na final: sensacional.

8) A ressurreição de Maurren Magi: o ouro Pan-Americano não quer dizer que ela está entre as favoritas para Pequim. Mas superar um doping já é uma vitória.

9) Revezamento 4x100m no atletismo: a prova mais emocionante do atletismo. Me fez lembrar, guardadas as devidas proporções, a fantástica prata em Sydney.

10) Sebastian Cuattrin: isso é o que chamo de persistência. Cinco Pan, sete pratas e cinco bronzes depois, conquistou seu primeiro ouro na canoagem.

O vôlei masculino ficou de fora, pois suas vitórias já viraram rotina, e essa do Pan era obrigação.

Diego Hypólito também, por questões pessoais. Apesar de respeitar, este que vos escreve não é um apaixonado por esportes nos quais os resultados são definidos por notas de juízes. O que não o impede de ser um grande atleta.

Por fim, o momento hors-concours do Pan ficou de fora por não ser propriamente uma vitória esportiva: as vaias uníssonas ao chefe da quadrilha Lula, na Cerimônia de Abertura.

Amanhã, os 10 piores.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Todo Carnaval tem seu fim

Acabou-se o que era doce. Depois de anos de preparo, bilhões de reais públicos gastos e dezenas de medalhas conquistadas pelos brasileiros, o Pan do Rio chegou ao fim. Para os amantes do esporte como eu, essas últimas duas semanas foram de rara diversão. Já estou contando os dias para as madrugadas em claro de Pequim. Para os cariocas, foram duas semanas naus quais esqueceram os problemas cotidianos e brincaram de ser felizes. Agora, a ressaca da segunda-feira de Cinzas.
Mas... valeu a pena tudo isso?

A pergunta não admite um simples 'sim' ou 'não' como resposta, e na minha humilde tentativa de respondê-la resolvi dividí-la em três partes: o antes, o durante e o depois.

O antes foi um desastre. Milhões transformaram-se em bilhões da noite para o dia, licitações foram descartadas como resto de comida, prazos foram extendidos até a véspera e promessas foram ignoradas, pois na verdade não poderiam mesmo se tornar realidade. Depois do que aconteceu por aqui, pudemos ver que essas práticas não são exclusividade nossa, - o orçamento de Londres 2012 já estourou em cinco vezes - mas cada um com seus problemas. Não é por isso que podemos achar normal e inevitável que isso aconteça, nos tirando o direito e o dever de fazer as devidas cobranças.

O durante, na minha opinião, teve sucesso maior. Contrariando alguns prognósticos, não tivemos problemas generalizados durante o Pan. Tudo bem, as disputas de beisebol e softbol foram uma tragédia, imprensa e torcedores tiveram problemas nos primeiros dias - devido à falta de tempo para eventos-teste, por causa dos atrasos nas obras - e a galera passou fome durante os jogos. Mas não tivemos cenas de colapso, e de maneira geral, tudo correu bem. Era impossível que o Brasil não conseguisse ser superior à República Dominicana. Até os transportes funcionaram bem, segundo amigos meus que foram ao Rio. As bonitas festas de abertura e encerramento fizeram juz aos 16 dias dos Jogos.

Nossos atletas também merecem os elogios. Este blog fez sua parte, listando todos os medalhistas brasileiros deste Pan. Um singelo modo de perpetuar suas conquistas.

Agora, a parte mais complicada. Foi bonito, legal, mas nada garante que continuará sendo. Os
atletas, pelo menos os que ganharam medalhas, devem ter certa tranquilidade até as próximas Olimpíadas, com patrocínios e condições de treinamento. Mas nada indica que ocorreu uma mudança na mentalidade do investimento no esporte do País. Até porque a decepção em Pequim pode ser grande. Aqueles que acham que o Pan do Rio revolucionou o esporte nacional tornando o Brasil uma potência olímpica, terão uma surpresa nada agradável. Como eu disse no início do Pan, os resultados que tivéssemos deveriam ser comemorados com racionalidade. Os "novos ídolos do esporte brasileiro" que a Globo tanto quer promover não são tão bons assim.

Apenas como exemplo, analisemos a natação e o atletismo. Se pegarmos todos os tempos dos brasileiros neste Pan e compararmos com os das mesmas provas na Olimpíada de Atenas, apenas César Cielo nos 50m livre e Thiago Pereira nos 200m medley ganhariam medalha. A maioria nem chegaria perto. Claro que ainda temos tempo, e se pegarmos as melhores marcas do ano de alguns atletas (Jadel Gregório, por exemplo, saltou debaixo de chuva no Rio) temos outras provas em que podemos ser competitivos. Então, muita calma nessa hora.

Também não sabemos como será a utilização das arenas esportivas nos pós-Pan, o maior legado que o evento deixou para a cidade do Rio de Janeiro. Assim como no caso dos patrocínios esportivos, teremos de aguardar. Com a diferença de que a imprensa não deverá ter muito empenho em divulgar, já que a população em geral não terá muita curiosidade em saber o que está sendo feito com ginásios construídos com o SEU dinheiro.

E, por fim, sobra o projeto Rio-2016. O bom andamento do Pan credenciou o Brasil - pelo menos na cabeça do Nuzman - para sediar os Jogos Olímpicos. Nem a enorme distância entre os dois eventos convencerá os mais afoitos do contrário. A maior diferença entre o Rio-2007 e o Rio-2016 é simples: enquanto o primeiro foi um evento municipal, o segundo será mundial. Poucos torcedores presentes nas arquibancadas neste Pan eram de fora do Rio, e quase nenhum de outro país. O Pan empolga apenas os moradores da cidade-sede. Já uma Olimpíada atrai turistas do mundo inteiro, e para isso é fundamental investimentos em transportes, por exemplo - coisa que o Pan não fez, já que não seria preciso. Isso sem considerar ainda o número de atletas, bem maior.

Resta saber se o Rio, ou qualquer outra cidade brasileira, tem condições para tais investimentos, e a que custo isso virá. Continuo com a opinião que temos problemas mais sérios para serem solucionados, e que não podemos usar a "desculpa" de um evento esportivo para fazê-lo. Eles devem ocupar as agendas dos nossos governantes por sua própria importância, e não devido a eventos carregados de interesses políticos, eleitoreiros e narcisistas.

Pérola da semana 2

Na última semana do Pan eles estavam isnpirados, tomados pela emoção do momento.

Luciano do Valle, o criador do Show do Esporte e do Maguila, voltou à velha forma. Comovido pelo grande Pan da delegação brasileira e a profusão de medalhas conquistadas, não se conteve ao analisar a realidade do esporte em nosso País:

"Alguns dos nossos patrocinadores têm mais medalhas que muitos países. Isso é o sinal do progresso do nosso País."

Ainda bem que o Brasil está dando certo, então...

Mas de qualquer forma, o Luciano continua sendo um dos meus ídolos de infância.

Pérola da semana

Pedro Bial tem mania de bancar o poeta, principalmente quando exalta os incríveis seres humanos que são os eliminados do programa Big Brother.

Neste Pan, descobrimos que não está sozinho na família. Alberto, seu irmão e comentarista de basquete do canal Sportv, analisou da seguinte forma a modalidade:

"O basquetebol é tão complexo quanto a vida humana."

Meditemos.

domingo, 29 de julho de 2007

Medalhas do dia

O U R O
Franck Caldeira - Atletismo (Maratona)
Basquete Masculino - Caio Torres, JP Batista, Marcelinho Huertas, Marcelinho Machado, Marcus Vinícius, Marquinhos, Murilo, Nezinho, Rafael, Teichmann e Valtinho
Flávio Saretta - Tênis (Individual)

P R A T A
Rodrigo Pessoa - Hipismo (Saltos individual)

sábado, 28 de julho de 2007

Medalhas do dia

O U R O
Futsal - Betão, Ciço, Gabriel, Falcão, Lenísio, Marquinho, Neto, Rogério, Simi, Tiago, Valdin e Vinícius
Ricardo Winicki "Bimba" - Vela (RS:X)
Maurício Santa Cruz, João Carlos Jordão, Alexandre Silva e Daniel Santiago - Vela (J24)
Alexandre Paradeda a Pedro Amaral - Vela (Snipe)
Tayanne Mantovaneli, Nicole Muller, Natalia Peixinho, Marcela Menezes e Luisa Matsuo - Ginástica Rítmica (Equipes - Cinco com corda)
Tayanne Mantovaneli, Nicole Muller, Marcela Menezes, Daniela Leite e Luisa Matsuo - Ginástica Rítmica (Equipes - Três arcos e duas maças)
Sabine Heitling - Atletismo (3.000m com obstáculos)
Fábio Silva - Atletismo (Salto com vara)
Vicente Lenílson, Rafael Ribeiro, Basílio Moraes e Sandro Viana - Atletismo (4x100m)
Jadel Gregório - Atletismo (Salto triplo)
Vôlei Masculino - Anderson, André Heller, André Nascimento, Bruno, Dante, Giba, Gustavo, Marcelinho, Murilo, Rodrigão, Samuel e Sérgio

P R A T A
Robert Scheidt - Vela (Laser)
Kléberson Davide - Atletismo (800m)

B R O N Z E
Hugo Hoyama - Tênis de Mesa (Individual)
Thiago Monteiro - Tênis de Mesa (Individual)
Adriana Kostiw - Vela (Laser radial)
Cláudio Bieckark, Gunner Ficker e Marcelo Silva - Vela (Lightning)
Edson Silva - Canoagem (K-1 500m)
Nivalter Santos - Canoagem (C-1 500m)
Vilson Nascimento e Wladimir Moreno - Canoagem (C-2 500m)
Giovanna Matheus - Trampolim
Bia Feres, Branca Feres, Caroline Hildebrandt, Giovana Stephan, Gláucia Heier, Lara Teixeira, Michelle Frota, Nayara Figueira e Pamela Nogueira - Nado Sincronizado (Equipes)
Ana Paula Scheffer - Ginástica Rítmica (Arco)
Fabiano Peçanha - Atletismo (800m)
Zenaide Vieira - Atletismo (3.000m com obstáculos)
Alexon Maximiniano - Atletismo (Lançamento de dardo)

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Medalhas do dia

O U R O
Sebastian Cuattrin, Roberto Maheler, Guto Campos e Edson Silva - Canoagem (K-4 1.000m)
Tayanne Mantovanelli, Nicole Muller, Natália Peixinho, Luisa Matsuo e Daniela Leite - Ginástica Rítmica (Equipe)
Juliana Santos - Atletismo (1.500m)
Rodrigo Pessoa, Bernardo Alves, César Almeida e Pedro Veniss - Hipismo (Saltos por equipe)
Pedro Lima - Boxe (Meio-médio)

P R A T A
Sebastian Cuattrin - Canoagem (K-1 1.000m)
Vilson Nascimento e Wladimir Morena - Canoagem (C-2 1.000m)
Éverton Lopes - Boxe (Leve)
Marílson dos Santos - Atletismo (10.000m)
Keila Costa - Atletismo (Salto triplo)

B R O N Z E
Caroline Hildebrandt e Lara Teixeira - Nado Sincronizado (Dueto)
Vinícius Souza - Caratê (até 70kg)

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Medalhas do dia

O U R O
Futebol Feminino - Aline, Andréia, Bagé, Bárbara, Cristiane Silva, Daniela Alves, Elaine, Ester. Formiga, Grazielle, Jatobá, Kátia Cilene, Marta, Maycon, Pretinha, Renata Costa, Rosana e Tânia

P R A T A
Valéria Kumizaki - Caratê (até 53kg)
César Castro - Saltos Ornamentais (Trampolim 3m)
Pólo Aquático - Beto Seabra, Bruno Nolasco, Daniel Mameri, Erik Seegerer, Flipper, Gabriel Reis, Lucas Vita, Luís Capelache, Mega, Pará, Quito, Shalom e Vicente Henriques

B R O N Z E
Nelson Sardemberg - Caratê (até 80kg)
Rosângela Conceição - Luta Greco-romana (até 72kg)

Gafe nasal

Juliana e Larissa disseram que usam por causa de uma gripe, mas segundo divulgado pelo site Globo.com, elas recebem um bônus para cada vez que tiverem fotos divulgadas com o adesivo de dilatação nasal no durante o Pan. Pelo jeito a moda se extendeu também à quadra, já que Serginho e André Nascimento adotaram o adesivo desde o início da competição.

Nada contra. Sendo benéfico, não há nada de errado em atletas serem "patrocinados" pela empresa fabricante do produto. Ontem no atletismo, porém, uma cena no mínimo curiosa.

Vejam a foto abaixo da Maurren Magi, durante um de seus saltos na final da prova:
Agora, reparem no detalhe na atleta durante a cerimônia de premiação:

Ela competiu sem o adesivo, mas o colocou após o término na disputa, quando estaria no topo do pódio com todas as lentes apontadas exclusivamente para ela. Pelo menos para a Maurren, o adesivo só parece ajudar no bolso. O fato deve ter passado despercebido do público, mas talvez não da imprensa, pois apenas hoje consegui achar uma foto da atleta recebendo a medalha.

Gostaria de saber o que o fabricante pensa disso - se é que percebeu. E se o adesivo realmente funciona.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Medalhas do dia

O U R O
Juarez Santos - Caratê (acima de 80kg)
Lucélia Ribeiro - Caratê (acima de 60kg)
Hudson de Souza - Atletismo (1.500m)
Maurren Maggi - Atletismo (Salto em distância)

P R A T A
Carlos Lourenço - Caratê (até 65kg)
Keila Costa - Atletismo (Salto em distância)
Luis Fernandes - Luta greco-romana (até 96kg)

B R O N Z E
Felipe Macedo - Luta greco-romana (até 74kg)
Juliana Veloso - Saltos ornamentais (Plataforma 10m)
Lucimara Silvestre - Atletismo (Heptatlo)
Myke Carvalho - Boxe (Meio-médio ligeiro)
Davi Souza - Boxe (Pena)
Glaucélio Abreu - Boxe (Médio)
Rafael Lima - Boxe (Pesado)
Rogério Nogueira "Minotouro" - Boxe (Super-pesado)

terça-feira, 24 de julho de 2007

Curiosidade (ou bizarrices) do dia no Pan

- A Argentina não importou somente o chinês do tênis de mesa, mas também o seu uniforme. Ver nossos hermanos trajando vermelho e amarelo é estranhíssimo. Isso é o que chamo de "vender a alma ao Diabo."

- A Jamaica (isso mesmo) está na final do futebol masculino. Enfrentará o vencedor de Equador e Bolívia, que jogam no momento.

- Os comentários do Oscar durante a final do basquete. O mais inteligente que me lembro foi "Essa cesta de três foi uma panelada na cabeça". O Mão Santa poderia fazer companhia a Pelé na galeria de heróis do esporte que, brilhantes no jogo, deveriam ficar quietos fora dele.

- O Flávio Saretta enfrentou um guatemalteco, que além de aparentar uns 14 anos, tinha a cara do Felipe Dylon.

- Temos um boxeador, medalha de bronze, que se chama James Dean Pereira. Se fosse Marlon Brando de Jesus, levava o ouro.

- Boliche?!?!

Duas despedidas, duas medalhas

A tarde do Rio de Janeiro viu a despedida de dois grandes atletas brasileiros. No Complexo do Autódromo, Janeth deu adeus à Seleção e ao basquete com a prata, encerrando assim a carreira da última remanescente da melhor geração da modalidade no Brasil. Já no Riocentro, Hugo Hoyama conquistou sua nona medalha de ouro pan-americana na disputa por equipes, encerrando da melhor forma possível sua participação no torneio - ainda terá a disputa individual e decidirá, no futuro, se entrará na briga por uma vaga em Pequim.

A diferença básica entre os dois no dia de hoje foi a cor da medalha, claro. Tanto Janeth como Hoyama, porém, mostraram os efeitos que 38 anos, a maioria deles dedicados ao esporte, fazem ao corpo de um atleta. Não conseguem mais exibir a técnica e o físico de antigamente - o que é perfeitamente compreensível - e tiveram atuações irregulares. Janeth marcou apenas 14 pontos e não conseguiu brecar a bom jogo da equipe americana no último quarto. Ela merecia o ouro, mas não deu.

Ao Hugo Hoyama, além da agilidade, faltou calma. Parecia nervoso com a iminente conquista, errando bolas fáceis e 'encurtando' o braço quando não deveria. Perdeu uma partida na semi-final contra o Canadá, perdeu novamente na final para a Argentina e no confronto decisivo conseguiu empatar em 2 a 2 com muito sacrifício. Na quinta partida, porém, deu um show (com direito a 'casquinha' no penúltimo ponto) e garantiu a medalha.

O tênis de mesa parece estar bem representado com os novos atletas, apesar de a invasão de chineses naturalizados tenha tirado a supremacia brasileira no continente. No basquete, entretanto, Janeth não deixa herdeira à altura. Micaela é ainda uma promessa, e falta consistência ao time que vem perdendo espaço no cenário mundial. A Federação já ajudou a estragar o masculino, resta torcer ao feminino escapar do mesmo destino.

Mas como o momento é de festa e de despedida, parabéns à Janeth e ao Hugo Hoyama. E obrigado.

Medalhas do dia

O U R O
Hugo Hoyama, Thiago Monteiro e Gustavo Tsuboi - Tênis de Mesa (Equipes)

P R A T A
Rodrigo Hermes e Fábio Rezende - Boliche (Duplas)
Basquete Feminino - Adrianinha, Chuca, Êga, Graziane, Ísis, Janeth, Kare, Kelly, Mamá, Micaela, Palmira e Tatiana
B R O N Z E
James Dean Pereira - Boxe (Galo)
Carlos Chinin - Atletismo (Decatlo)

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Medalhas do dia

O U R O
Marcelo Giardi - WakeboardYane Marques - Pentatlo moderno
Fabiana Murer - Atletismo (Salto com vara)

B R O N Z E
Marílson Gomes dos Santos - Atletismo (5.000m)
Lucélia Peres - Atletismo (10.000m)
Elisângela Adriano - Atletismo (Lançamento de disco)

Crise dos sete anos

"Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira."

Não acho que a crise do vôlei masculino chegue ao extremo de um romance russo do século XIX, mas o ocorrido mostra que até as melhores famílias têm problemas. E que após sete anos eles vieram à tina. O time mais vitorioso do esporte brasileiro teve seu capitão cortado do Pan, provavelmente por problemas pessoais com o Bernardinho. Os motivos são, até agora, suposições. Mas está claro que houve choque de egos e, possivelmente, alguma insubordinação por parte do comandado.

Bernardinho já deixou assuntos pessoais interferirem em sua vida profissional, no caso envolvendo sua mulher Fernanda Venturini e o técnico da Seleção feminina, Zé Roberto Guimarães. É indevida, porém, a sugestão de que o corte do levantador visa o favorecimento de seu filho Bruno. Ricardinho, por sua vez, também já teve problemas devido a sua forte personalidade. No último Mundial, em 2006, quase saiu na mão com outros jogadores do Brasil dentro de quadra. Teve que ser substituído e não voltou mais à partida. Uma conversa coletiva solucionou, aparentemente, o problema.
Um ponto positivo dessa história toda foi a internalização dos problemas da Seleção. Roupa suja se lava em casa sim, e os conflitos que o time vem tendo nos últimos tempos foram mantidos dentro do grupo - como deve ser. O que mostra que, ao menos, a Seleção tem comando. Comando este justificado pela competência.

É difícil opinar sobre algo que não conhecemos, mas a partir de entrevistas de alguns jogadores - Sérgio e Gustavo - acho factível assumir que o modo de Ricardinho agir possa ter desgastado a relação dele com alguns companheiros, e principalmente com a Comissão Técnica. Se isto for verdade, pode ter havido algum tipo de insubordinação do jogador (talvez até mais de uma vez), e nesse caso uma punição é justificável. O que não diminui a polêmica ou acaba com a crise.

Caberá ao Bernardinho mostrar que é um bom líder também em administrar esse tipo de problema, sabendo punir com consciência e perdoar com humildade, mantendo o grupo unido. A coesão dos jogadores, com Ricardinho incluso, foi fundamental para o sucesso da Seleção nos últimos anos e será ainda mais ano que vem, em Pequim.

O risco do patrocínio no esporte

Os Jogos Pan-Americanos no Rio incentivaram empresas a, pelo menos em 2007, direcionarem suas estratégias de marketing para o esporte. Muitas vezes com o patrocínio a atletas. A Oi veiculou comerciais em que os atletas patrocinados apareciam como super-heróis, contando com as participações principais de Flávio Canto, Joanna Maranhão e Keila Costa (até Ronaldinho Gaúcho estava no meio da brincadeira). E eis que o Flávio tem uma fratura no cotovelo na semi-final e Joanna acabou em 4o lugar. Ambos, portanto, sem medalha. Keila ainda não competiu.

O investimento no esporte traz consigo o risco inerente à propria imprevisibilidade da disputa. Um segundo de desatenção, um movimento mal planejado ou uma decisão errada dos juízes diminui consideravelmente a geração de mídia espontânea e a exposição da marca que o atleta carrega no peito (ou nas costas, nas mangas, na cabeça, na bunda...). Isso sem falar em possíveis brigas ou dopings, que por tabela acabam atrelando a marca do patrocinador a um evento negativo.

Analisando racionalmente, porém, todo tipo de investimento tem seu grau de risco e incerteza. Nada garante o retorno esperado. No mundo empresarial, entretanto, há maneiras de se avaliar a probabilidade de retorno de determinado investimento, e ainda podem ser utilizadas ferramentas para se "corrigir o curso" de determinada ação ao longo do tempo. Em uma disputa como o Pan, onde os eventos são pontuais e irreversíveis, isso não é possível. Essa é uma desvantagem para empresas que queiram expor suas marcas através do esporte.

Por outro lado, o esporte traz algumas vantagens. A conquista de um título ou medalha por parte de um atleta nem sempre é indispensável para o sucesso de determinada campanha. O brasileiro adora esportes e geralmente nossos atletas têm boa imagem perante o público, pois trazem consigo atributos como luta, garra e superação de dificuldades. Muitas vezes, com um pano de fundo mostrando uma origem humilde e sem perspectivas, o que traz ainda mais valor às conquistas. Nesses casos, até a derrota é valorizada. Não que uma medalha de bronze olímpica seja uma derrota, muito pelo contrário, mas para o Wanderley Cordeiro de Lima ela valeu muito mais que o ouro, pelo modo como foi conquistada. Graças a um irlandês maluco.

Por fim, em qualquer tipo de investimento, um modo de diminuir o seu risco é a diversificação. A Oi tinha em sua "carteira", além dos atletas citados, nomes como Tiago Camilo e João Derly. Ouros conquistados para os atletas e para seus patrocinadores.

Pérola da semana

"Vai cair, Chile, cai cair!"
Esse foi o modo encontrado pro Oscar, o Mão-Santa, para incentivar os ginastas brasileiros na ginástica artística. Para ele, pelo visto, vale até torcer por um acidente com os rivais para se chegar até a medalha de ouro. Péssimo exemplo.

domingo, 22 de julho de 2007

Medalhas do fim de semana

D O M I N G O , 22/07
O U R O
Rebeca Gusmão - Natação (100m livre)
César Cielo - Natação (50m livre)
Handebol Masculino - Alê, Borges, Bruno Souza, Bruno Santana, Gui, Helinho, Jaqson, Jardel, Léo, Maik, Menta, Pré, Silvio, Tupan e Zeba
Ricardo e Emanuel - Vôlei de praia
João Derly - Judô (até 66kg)
Marcel Strumer - Patinação artística

P R A T A
Nicholas Santos - Natação (50m livre)
Thiago Pereira, Henrique Barbosa, Kaio Márcio e César Cielo - Natação (4x100m medley)
Márcia Narloch - Atletisomo (Maratona)
Daniela Polzin - Judô (até 48kg)
Érika Miranda - Judô (até 52kg)

B R O N Z E
Flávia Delaroli - Natação (100m livre)
Thiago Pereira - Natação (100m costas)
Fabíola Molina, Tatiane Sakemi, Daiene Dias e Rebeca Gusmão - Natação (4x100m medley)
Sirlene Pinho - Atletismo (Maratona)
Alexandre Lee - Judô (até 60kg)
André Paro, Renan Guerreiro, Fabrício Salgado e Carlos Paro - Hipismo (Concurso Completo de Equitação)
Joana Cortez e Teliana Pereira - Tênis (duplas)
Juliana Almeida - Patinação artística


S Á B A D O , 21/07
O U R O
Daniele Zangrando - Judô (até 57kg)
Thiago Pereira - Natação (200m peito)
Kaio Márcio - Natação (200m borboleta)
Handebol Feminino - Alexandra, Aline, Chana, Dali, Dani, Dara, Darly, Deonise, Duda, Fabiana, Juceli, Lucila, Millene, Pará e Viviane
Juliana e Larissa - Vôlei de praia
P R A T A
Danielli Yuri - Judô (até 63kg)
Leandro Guilheiro - Judô (até 73kg)
Henrique Barbosa - Natação (200m peito)

B R O N Z E
Daiene Dias - Natação (200m boboleta)
Luciano Paglarini - Ciclismo (Estrada)

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Medalhas do dia


O U R O
Thiago Pereira - Natação (200m medley)
Fernando Silva, Eduardo Deboni, Nicolas Oliveira e César Cielo - Natação (4x100m livre)
Tiago Camilo - Judô (até 90kg)
Edinanci Silva - Judô (até 78kg)

P R A T A
Mayra Aguiar - Judô (até 70kg)
B R O N Z E
Monique Ferreira - Natação (200m livre)
Luciano Corrêa - Judô (até 100kg)

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Bernardinho e Zé Roberto na Amarelinha

Logo após a final do vôlei feminino deixei uma postagem aqui, mas achei que faltou complementar com mais algumas coisas. Não é mais uma crítica à Seleção, mas uma comparação dos dois técnicos citados no título e os dois momentos em que comandaram o time.

Bernardinho é a versão mais perfeita que nosso país teve de um técnico esportivo. Aliou como ninguém a compreensão e a paixão pela beleza do jogo de um Telê Santana com a motivação psicológica de um Felipão. Combinando essas características com organização e uma vontade incrível de vencer, montou a Seleção masculina e coleciona diversos títulos de clubes. Zé Roberto também não precisa provar sua competência para ninguém. Conquistou o primeiro ouro olímpico coletivo para o Brasil e quase repetiu a dose na versão feminina, mas o fim da história já foi citado aqui hoje.

Na minha opinião, o que falta ao Zé Roberto é saber lidar melhor com a instabilidade emocional feminina no âmbito do esporte. As derrotas de 2004 e de hoje são muito parecidas para serem obras do acaso. Apostaria que não traremos um bom resultado em Pequim, a não ser que um trabalho excepcional seja feito nesse sentido (a qualidade dessa geração, inferior às anteriores, é outro ponto negativo). O vôlei feminino ganhou o estigma de amarelar. Cabe a ele mesmo virar o jogo.

Porém, uma pergunta pode ser feita: se o Bernardinho é tão bom em lidar com o lado psicológico dos atletas, inclusive das mulheres, porque não conseguiu ganhar o ouro as Olimpíadas de Atlanta e Sydney?

A resposta é simples. Mesmo tendo em mãos uma geração formidável, a bi-campeã Cuba era praticamente imbatível. Puro azar histórico.

Medalhas do dia


O U R O
Thiago Pereira - Natação (200m costas)

P R A T A
Fabíola Molina - Natação (100m costas)Tatiana Barbosa, Flávia Delaroli, Monique Ferreira e Rebeca Gusmão - Natação (4x100m livre)
Renan Castro, Alexandre Ribas, Leandro Tozzo, Gibran Cunha, José Roberto Nascimento Jr., Marcelus Marcili, Anderson Nocetti, Allan Bittencourt e Nilton Alonço (timoneiro) - Remo (Oito com)
João Gabriel Schlitter - Judô (acima de 100kg)
Vôlei Feminino - Carol Albuquerque, Érika, Fabi, Fabiana, Fofão, Mari, Paula Pequeno, Regiane, Sassá, Sheilla, Thaísa e Walewska

B R O N Z E
Lucas Salatta - Natação (200m costas)
Luciano Barbosa, Rafael Alarkon e Ronivaldo Conceição - Squash (Equipes)
Priscila Marques - Judô (acima de 78kg)
Fernando Cardoso Jr. - Tiro (Pistola tiro rápido de 25m)

Seleção amarelinha

Nas Olimpíadas de Atenas, o time de vôlei feminino do Brasil perdeu uma das partidas mais ganhas da história, ao desperdiçar sete match points na semi-final contra a Rússia. Chegou a estar vencendo o 4o set por 24 a 19, mas a instabilidade emocional do time e as cortadas para fora da Mari deram a vitória às russas. Na disputa do bronze, perdeu para Cuba e voltou para o Brasil sem medalha.

Hoje à tarde, na final do Pan contra Cuba, Mari entrou em quadra para apenas um ataque - e mandou para fora. O time é bem diferente, apenas cinco jogadoras participaram das duas competições, mas algumas coisas não mudam. Além do desempenho da Mari, o descontrole emocional do time continua o mesmo, e após desperdiçar quatro match points no 4o set e dois no tie-break, entregamos a medalha de ouro para o time cubano.

José Roberto Guimarães, técnico do time nas duas ocasiões, deve ter sua parte de culpa. Ele já mostrou enorme competência inclusive em Olimpíadas, comandando o ouro masculino de Barcelona. Mas esporte feminino é outra coisa, e tão importante quanto a parte técnica é a emocional. E parece que ele não consegue acabar com o "medo" de fechar o jogo das jogadoras brasileiras. Seus constantes gritos de "Calma" do banco não parecem não surtir efeito.

Isso sem falar nas provocações cubanas. A partir do 2o set, a tradicional provocação começou, e a cada grito mais exaltado a nossa seleção se encolhia e entregava uns três pontos na sequência. Provocação não ganha jogo (pelo menos não deveria), mas é incrível que em nove jogos decisivos disputados contra as cubanas, desde 1996, tenhamos ganho apenas duas vezes.

Cornetar é fácil, mas nesse caso é difícil não apontar o vôlei feminino como o time mais afinado do nosso esporte.

Rebeca de Brujin



Queria saber a receita do feijão da mãe das duas...

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Medalhas do dia


O U R O
César Cielo - Natação (100m livre)
Rebeca Gusmão - Natação (50m livre)
Kaio Márcio - Natação (100m borboleta)

P R A T A
Gabriel Mangabeira - Natação (100m borboleta)

B R O N Z E
Armando Negreiros - Natação (400m livre)
Gabriella Silva - Natação (100m borboleta)
Tatiana Barbosa, Monique Ferreira, Manuella Lyrio e Paula Baracho - Natação (4x200m livre)
Fabrício Mafra - Levantamento de Peso (até 105kg)
Renzo Agresta - Esgrima (Sabre individual)

terça-feira, 17 de julho de 2007

Medalhas do dia


O U R O
Thiago Pereira - Natação (400m medley)
Thiago Pereira, Rodrigo Castro, Lucas Salatta e Nicholas Santos - Natação (4x200m livre)
Diego Hypólito - Ginástica Artística (Solo)
Jade Barbosa - Ginástica Artística (Salto)
Diego Hypólito - Ginástica Artística (Salto)
Mosiah Rodrigues - Ginástica Artística (Barra fixa)

P R A T A
Júlio Almeida - Tiro (Pistola de ar de 10m)
Natália Falavigna - Taekwondo (acima de 67kg)

B R O N Z E
Marcelus Marcili - Remo (Skiff simples)
Anderson Nocetti e Allan Bittencourt - Remo (Dois sem)
Guilherme Kumasaka e Guilherme Pardo - Badminton (dupla masculina)
Leonardo Gomes dos Santos - Taekwondo (acima de 80kg)
Laís Souza - Ginástica Artística (Solo)
Laís Souza - Ginástica Artística (Paralelas assimétricas)
Daniele Hypólito - Ginástica Artística (Trave)
Jade Barbosa - Ginástica Artística (Solo)
Clarisse Menezes - Esgrima (Espada individual)
Danilo Nogueira - Ginástica Artística (Barra fixa)

Do site da CBF


"16/07/2007 às 17:37
Presidente Ricardo Teixeira é reeleito com apoio unânime
CBF NEWS

A Assembléia Eletiva da CBF, que se realizou nesta segunda-feira no Rio de Janeiro, reelegeu o presidente Ricardo Teixeira para o mandato com duração até 2012, podendo se estender até abril de 2015 caso o Brasil seja confirmado, no próximo dia 30 de outubro, como país-sede da Copa do Mundo de 2014, conforme estabelece o Estatuto da CBF, reformado em Assembléia Geral Extraordinária, realizada no dia 18 de abril de 2006.
O presidente Ricardo Teixeira recebeu o voto das 27 Federações afiliadas e apoio unânime dos 20 clubes que participam do Campeonato Brasileiro da Série A.

Compareceram à assembléia, os presidentes do América de Natal, Atlético Paranaense, Flamengo, Náutico, Cruzeiro, Juventude, Figueirense, Fluminense, Goiás, Grêmio, Santos, São Paulo, Palmeiras, Sport, Internacional e Paraná.

Os presidentes do Botafogo, Bebeto de Freitas, do Vasco, Eurico Miranda, e o representante do Atlético Mineiro chegaram após iniciada a votação, mas assim como o representante do Corinthians, que não pôde comparecer, deram a unanimidade de apoio à reeleição do presidente Ricardo Teixeira.

Além do presidente Ricardo Teixeira, foram reeleitos os vice-presidentes, Fernando José Macieira Sarney, Marcos Antônio de Miranda Ferreira, Weber Magalhães, José Maria Marin e Fábio Marcel Nogueira.

Para o Conselho Fiscal foram reeleitos como membros efetivos Antônio Carlos de Oliveira Coelho, José Antônio do Nascimento Brito e José Guilherme Ferreira. Como membros suplentes, Fábio José Egypto da Silva, Juracy Pedro Gomes e Paulo Eduardo da Costa Freire.

O presidente de honra da FIFA, João Havelange, e o ministro do Esporte, Orlando Silva, participaram da mesa da Assembléia Eletiva, que foi presidida pelo presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero.

Em seu pronunciamento, o presidente Ricardo Teixeira agradeceu o apoio unânime recebido na reeleição, o que significa uma clara demonstração de confiança na sua administração, além do engajamento no grande projeto da candidatura do Brasil à Copa de 2014.

O presidente Ricardo Teixeira destacou também o feito esportivo obtido pela Seleção Brasileira ao conquistar domingo a Copa América de 2007, vencendo a Argentina por 3 a 0.

Ainda sobre a Copa América, o presidente Ricardo Teixeira acentuou que, para seu orgulho, das nove edições da competição disputadas desde 1989, quando iniciou a sua administração, a Seleção Brasileira conquistou cinco - 1989, 1997, 1999, 2004 e 2007 - e foi vice-campeã em duas, em 1991 e 1995.

Desde a primeira edição da Copa América, em 1916, até 1989, em 73 anos, a Seleção Brasileira conquistou três títulos da Copa América.

Desde 1989, primeiro ano da administração de Ricardo Teixeira, até 2007, em 18 anos, a Seleção Brasileira conquistou cinco títulos na competição."

Moral da história: todos os dirigentes dos maiores clubes do Brasil também são responsáveis pela atual situação do futebol nacional, com os atletas sendo vendidos cada vez mais cedo, os estádios vazios e os clubes endividados. Ninguém é vítima.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Culpa e redenção

Há onze dias, lembrei dos 25 anos de Sarriá. Ou a Tragédia do Sarriá, como ficou conhecida a partida entre Brasil e Itália na Copa de 82. Essa "tragédia", no entanto, foi muito menos trágica do que outra, ocorrida há exatos 57 anos. Em 16 de julho de 1950, o Brasil perdia a Copa do Mundo para o Uruguai, em pleno Maracanã. Tanto 50 como 82 são, sem dúvida, as duas maiores tristezas da história do nosso futebol. Ambas compartilham de fatos semelhantes que as classificaram desse modo. Porém algumas diferenças surgiram ao longo do tempo e fizeram com que, mesmo na semelhança, essas duas derrotas assumissem papéis diferentes na história.
Primeiramente, os pontos em comum.

As duas seleções eram queridas do povo, apresentando um futebol vistoso que encantava não só os brasileiros como todo o mundo. Se em 50 empatamos um jogo na primeira fase contra a Suíça, em 82 tivemos um começo de jogo nada animador contra a URSS, saindo atrás do marcador e só depois impondo a supremacia brasileira. As duas eram apontadas como francas favoritas no jogo em que se depararam com a derrota, quando precisavam apenas de um empate. A tristeza tomou conta do Brasil após o final dos dois jogos, sendo prontamente substituída por uma caça às bruxas. Se em 50 o goleiro Barbosa foi apontado como o grande responsável por ter deixado seu canto esquerdo aberto para o chute de Ghiggia, em 82 foi o passe no vazio de Cerezo que causou a volta para casa da Seleção Canarinho.

O time de Flávio Costa e o de Telê Santana ficaram marcados, em suas respectivas épocas, pelo retumbante fracasso. Mas as circunstâncias dessas duas derrotas foram diferentes, e os anos seguintes trataram de trazê-las à tona.

A Copa de 1950 foi organizada, construída e festejada para o Brasil ser campeão. Com a Europa ainda de joelhos no pós-guerra e sendo a sede do torneio, parecia claro que finalmente ganharíamos uma Copa do Mundo. Naquela época nosso futebol não tinha a imagem que tem hoje e imperava o 'complexo de vira-lata', quando nos colocávamos abaixo inclusive dos rivais sul-americanos. Mais do que uma vitória esportiva, a taça traria para o povo brasileiro a auto-confiança que lhe faltava. Os meios de comunicação da época propiciavam o surgimento de lendas e mitos, já que imagens eram raramente vistas e o jogo dependia do ponto de vista de testemunhas oculares.

Em 1982, por outro lado, o torneio foi realizado na Espanha, e apenas uma vez um time não europeu havia vencido uma Copa no Velho Continente, - o time de Didi, Pelé e Garrincha em 1958, contra a Suécia - feito que se sustenta até hoje. O Brasil já era a maior potência do futebol mundial, tendo revolucionado o esporte décadas antes com a genialidade e improvisação dos seus jogadores. A Jules Rimet já era nossa em definitivo, ainda não tinha sido roubada e apenas 12 anos nos separavam de 1970. Jogos inter-continentais já eram transmitidos a cores para o mundo todo, com direito a replay e assinatura do goleador na tela.

Os três gols de Paolo Rossi ficaram entalados na garganta por anos, mas foram digeridos. Já o Maracanazzo destruiu o moral de um país inteiro e estigmatizou para sempre uma geração de craques. No primeiro caso, sofremos uma derrota doída demais, mas é possível superar tal dor - como o fizemos. O rótulo de tragédia cabe ao segundo, e nessas ocasiões dificilmente temos sobreviventes.

A geração de 82 seguiu em frente. Cerezo, o do passe errado, e Telê, o do pé-frio, sofreram por algum tempo, mas deram a volta por cima dez ano depois no São Paulo; Júnior conquistou mais dois títulos brasileiros pelo Flamengo; Zico inventou o futebol japonês e virou técnico de sucesso; Sócrates até hoje é considerado o maior jogador da história do Corinthians, e assim por diante. Mesmo não sendo campeão, aquele time é reverenciado por todos. A redenção veio para a geração de 82, mas não para a de 50.

São poucos hoje os que se lembram da escalação do dia do Maracanazzo. Só Barbosa continua na lembrança, pelo erro que supostamente cometeu no segundo gol uruguaio. O engraçado é que poquíssimas pessoas viram o lance, já que a imagem gravada foi feita de trás do gol, o que não permite que se veja direito o que aconteceu - muitos dizem, inclusive, que Barbosa fez o certo em fechar o cruzamento e que o chute direto de Ghiggia era impovável. Nada disso fez diferença pois precisava-se de um culpado, e o goleiro negro do Vasco foi o escolhido. Morreu em 7 de abril de 2000, na Praia Grande, esquecido e amargurado com a culpa que carregou por quase cinquenta anos.

Vi uma resprise no Globonews alguns anos atrás sobre os trinta anos da derrota de 50. Era impressionante o rancor que os jogadores carregavam daquele jogo, inclusive entre esles próprios. Juvenal, Bigode e Barbosa, os três brasileiros diretamente envolvidos no lance do segindo gol uruguaio, jogavam a culpa um para o outro, como se buscassem a absolvição através da desgraça alheia. E tudo isso três décadas depois! Já há dez dias atrás, no aniversário de 25 anos de Sarriá, o Sportv fez programa semelhante com todos os jogadores de 82. A única mostra de ressentimento veio do Oscar, que disse ter havido excesso de confiança, e de Paulo Isidoro, por ter ficado na reserva. Porém, uma opinião era unânime: todos tinham orgulho de terem participado daquele time. Assim como todos nós também temos.

Fazemos festa pela Seleção de 82, mesmo com a derrota. Mas duvido que daqui três anos, com os 60 anos da tragédia do Maracanã, alguém se lembrará com ternura de Barbosa, Augusto e Juvenal; Bauer, Danilo e Bigode; Friaça, Zizinho, Ademir, Jair e Chico. Para eles, a redenção não veio e a culpa é eterna.

Para chorar

Ricardo Teixeira, o genro pródigo, será re-eleito mais uma vez hoje à tarde, por aclamação, Presidente da CBF.

Ficará no poder até 2011. Com a Copa de 2014 no Brasil, até 2015. Ou, quem sabe, além disso.

Tudo feito na surdina.

Não foi só o Dunga que se favoreceu com o título da Copa América, afinal uma vitória consegue encobrir qualquer coisa.

Pérola da semana

Ele voltou, dessa vez com a pérola da semana. O Prof. Adir Romeo, aquele que não divulgou os tempos das seletivas do ciclismo para o Pan, convocou o próprio filho e 'abiumente' inovou a língua portuguesa, disparou a seguinte preciosidade:

"Eu sou o Dunga do ciclismo. Tiro e ponho na equipe quem eu quero."

Viva o mérito esportivo! Viva a democracia!

Nunca tinha ouvido falar desse cara até duas semanas atrás, mas sou cada vez mais seu fã.

domingo, 15 de julho de 2007

Medalhas do dia


Ouro
Diogo Silva - Taekwondo (até 68kg)

Prata
Ana Flávia Sgobin - BMX

Bronze
Clemilda Fernandes - Ciclismo (Estrada contra o relógio)
Juraci Moreira - Triatlo

A bebedeira e a ressaca

Encher a cara é muito legal. Você se diverte, dá risada, faz coisas que provavelmente não faria sóbrio. Por mais que não se lembre de todos os detalhes da noite - e muitas vezes é melhor assim - a sensação ao acordar no dia seguinte é de que valeu a pena. Até aparecer a ressaca, e a dor de cabeça, enjôo e a sede absurda deixem você pensando que talvez fosse melhor ter pego mais leve.

A final da Copa América de hoje foi um belo porre, no bom sentido. Todas as críticas e dúvidas das últimas semanas parecem estar há litros de distância, pois ganhar da Argentina é bom demais, ainda mais de goleada. Ver a arrogância portenha transformar-se em tristeza e forçada reverência não tem preço, e os meios para se conseguir isso até justificam o fim. São copos e copos de cerveja goela abaixo, sem culpa ou preocupação com as consequências.

Mas o dia seguinte é inevitável, e com ele deve vir aquela desagradável boca seca. Dunga sai fortalecido, e com ele seu futebol patético baseado em forte marcação, pouca inspiração e a vontade superando o talento. Independente da atuação da Seleção Brasileira hoje à tarde esse é o estilo do treinador, e deve ser mantido. Ganhar é muito bom, mas ainda acho que é possível fazê-lo com estilo. A vontade Dunga é perfeitamente compatível com a beleza do futebol brasileiro, basta usar a inteligência e deixar de lado o ranço.

Felipão fez isso maravilhosamente bem em 2002. A "família Scolari" tinha brio e graça. É demais querer isso de novo?

Como ainda estamos no meio da embriaguez, nada disso importa agora. Temos o direito de comemorar e o dever de, com muitas ressalvas, parabenizar a Seleção. Mesmo jogando mal quatro dos seis jogos da competição (contando aí as quartas contra o Chile de pileque) vencemos, mostrando que ainda pode ser legal torcer para a Seleção e que o futebol brasileiro é sim o melhor do mundo.

"Nós somos foda! Foda pra caralho!"


Giba tem razão. Eles são foda.

Mais do que ganhar tudo, o fazem há varios anos consecutivos. É difícil acreditar que um grupo mantenha a vontade de vencer por tanto tempo, e esse é o grande mérito do Bernardinho. Ter jogadores desse nível na mão, e mantê-los com o mesmo grau de concentração e motivação. Com "sangue nos olhos".
Temos o privilégio de poder acompanhar o grupo mais vencedor da história do nosso esporte.

Não importa se do outro lado se encontre um time mais alto e mais forte fisicamente, o que geralmente acontece. Nada consegue parar nossa Seleção.

Porque eles são foda.

sábado, 14 de julho de 2007

Medalhas do dia

Prata
Poliana Okimoto - Maratona Aquática
Márcio Wenceslau - Taekwondo (até 58kg)
Diego Hypólito, Mosiah Rodrigues, Victor Rosa, Adan Santos, Luis Augusto dos Anjos e Danilo Nogueira - Ginástica Olímpica (Equipes)
Daiane dos Santos, Laís Souza, Jade Barbosa, Khiuani Dias, Daniele Hypólito e Ana Cláudia Silva - Ginástica Olímpica (Equipes)
Rubens Donizete Valeriano - Mountain Bike

Bronze
Allan do Carmo - Maratona Aquática
Adestramento por Equipes - Hipismo
João Souza - Esgrima (florete)

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Ufa!

Se você também estava de saco de cheio de ver a Mylena Ciribelli falando como o Pan é maravilhoso e o Rio de Janeiro é lindo, uma boa notícia: começam hoje os XV Jogos Pan Americanos. Após esses 16 dias, não teremos mais o Pan como tema central do esporte brasileiro, o que é bom e ruim. Bom porque, além de mudar o disco, não haverá mais desperdício de dinheiro público como vimos ao longo dos últimos anos; o lado ruim fica por conta de atletas que perderão o apoio que a visibilidade do Pan proporciona, e porque a parte mais difícil do trabalho estará apenas começando.

Trazer o Pan para o Brasil, construir as arenas e montar as equipes foi difícil, mas o pior só vai começar depois de 29 de julho. Diz respeito à utilização da infra-estrutura esportiva construída para a competição. É notório que, em grande parte dos casos, as arenas feitas especialmente para competições desse porte acabam sendo pouco aproveitadas - Sydney e Atenas são dois casos recentes. Espero que o Brasil não copie este mau exemplo vindo de fora, e que os bilhões gastos sejam justificados com o desenvolvimento do esporte e a inclusão social.

O Pan de 1963 em São Paulo construiu um complexo esportivo e de alojamentos na Cidade Universitária. A então Vila Pan-Americana é utilizada até hoje como alojamento para os estudantes da USP (o fato de ser mal utilizada não é culpa dos jogos), mas as instalações esportivas estão sucateadas e são pouco aproveitadas. O estádio de futebol recebe jogos de ligas universitárias e alguns eventos esporádicos, e o velódromo - já inadequado para competições oficiais há vários anos - perdeu quase toda sua utilidade. Nos meus sete anos como aluno da USP, das poucas vezes que entrei no espaço, metade delas foi para algum churrasco, show ou outro evento social.

É triste admitir, mas se tivesse que apostar hoje sobre o que vai acontecer no Rio, optaria por uma alternativa pessimista. Fazendo uma análise dos aspectos administrativos o Pan foi um desastre desde o início e, conhecendo o Brasil como conhecemos, é compreensível supor que continuará sendo.

Por outro lado é preciso olhar para o evento considerando o que ele realmente é: uma competição esportiva. E nessa visão, temos que comemorar, racionalmente, o Pan do Rio. Até pelos próprios países participantes, o Pan não reúne a nata do esporte mundial. A grande potência americana, os EUA, ganharão a maior parte das medalhas com facilidade, mesmo trazendo suas equipes B e C. De um modo geral, o Pan pode ser considerado uma competição de segundo nível.

Mas... o que é o Brasil? Uma potência do Primeiro Mundo ou um integrante do Terceiro? Temos índices de distribuição de renda de uma Suíça ou de um país africano? No que tange o esporte, nossos atletas têm apoio contínuo do governo e da iniciativa privada ou se esforçam para sobreviver do esporte, mais por não terem outra alternativa do que propriamente por opção? É injusto cobrar desses atletas resultados se eles não têm condições de se preparar para tal. O Pan é a competição que mais se adequa ao nível médio do esporte brasileiro, e as medalhas conquistadas nas próximas semanas devem ser celebradas. Se não por seus feitos esportivos, por suas lições de superação e de vida.

Tudo isso com inteligência e ponderação, claro. Uma medalha Pan-Americana, na esmagadora maioria dos casos, não indicará um potencial campeão olímpico. Os vitoriosos - e até simples participantes, por que não - no Rio merecem nosso reconhecimento pelo que eles são, não pelo que queríamos que eles fossem. Torcer pelos atletas brasileiros não é demonstração barata de patriotismo ou amostra de manipulação global, mas sim querer o bem e sentir orgulho por pessoas que representam o nosso país e dividem conosco as suas mazelas. São apenas atletas competindo naquilo que fazem de melhor, e não têm culpa nenhuma se fora das quadras a situação é uma bagunça.

E que, como eu disse no primeiro parágrafo, esse Pan acabe com a queima de dinheiro público, coisa que continuará acontecendo se o Sr. Nuzman insistir na bobagem do projeto olímpico. Uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. Completamente diferentes. Não há a menor condição do Rio, São Paulo ou qualquer outra cidade brasileira sediar uma Olimpíada, independente do balanço geral do Pan. Continuar com esse projeto narcisista resultará apenas em mais gastos desnecessários.

Infelizmente, mais uma vez escolheria a opção pessimista.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

O nível da imprensa esportiva

É incrível o baixo nível e a falta de preparo, de um modo geral, da mídia esportiva brasileira. Eu não sei como os jornalistas alcançam o prestígio que têm, só posso imaginar que é através de algum tipo de apadrinhamento, ou que os jornalistas sérios do Brasil se interessam mais por política, economia ou cultura, deixando o espaço para o esporte para os menos capacitados. Tirando algumas boas exceções, assitir programas esportivos é um atentado à inteligência e paciência.
Os programas mais populares, claro, são os piores. Já nem considero casos como Mesa Redonda ou Terceiro Tempo como programas esportivos, visto a falta de conteúdo e o abuso de merchan.

Nem quero perder muito tempo com os programas da TV aberta, só lamento como o formato desses programas e a exposição da televisão conseguem mudar o comportamento das pessoas. Milton Neves e Flávio Prado, por exemplo, são (ou pelo menos costumavam ser) ótimos no rádio. Na telinha, são um desastre, e na minha opinião perderam grande parte da credibilidade que tinham. Para o público "inteligente", claro, no qual muito humildemente me incluo.

A solução são os canais da TV fechada, que por terem menos compromisso com audiência e falarem a um público restrito, conseguem fazer programas de qualidade. Sportv e ESPN têm programações interessantes e bons profissionais. Mas mesmo nelas podemos ver escorregadas.

Segunda-feira, no Linha de Passe (ótimo programa, pois conta com bons jornalistas tanto de São Paulo como do Rio, diminuindo o viés bairrista) da ESPN Brasil, o bom e ranzinza José Trajano, em mais um de seus discursos inflamados contra a Seleção Brasileira, chegou a dizer que dos nossos cinco títulos mundiais apenas os de 58 e 70 merecem ser levados em consideração, e que o futebol brasileiro não é, e nunca foi, o melhor do mundo. Menos, bem menos. O fato das seleções dessas dias Copas estarem entre as melhores da história não tira o mérito das outras três, inclusive do burocrático time do Parreira. Pisada feia na bola

E olha que o Trajano já participou do melhor programa esportivo da história, o Carão Verde da Tv Cultura.

Hoje pela manhã, no já não tão bom Redação Sportv, Renato Maurício Prado e Milly Lacombe soltaram um verdadeiro absurdo, defendendo os play-offs no Campeonato Brasileiro por que os pontos corridos não dão emoção. A "grande" Milly disse ainda que novamente o campeonato perdeu a graça porque, assim como o Cruzeiro em 2003, o Santos em 2004, o Corinthians em 2005 e o São Paulo em 2006, o Botafogo já disparou na liderança.

Por partes:

Os play-offs até trazem mais emoção (apenas) na fase final da disputa, mas é inegável que o Campeonato Brasileiro por pontos corridos, tanto na Série A como na B, trouxe a padronização fundamental ao futebol brasileiro, além de premiar o melhor e mais bem planejado time do ano. Em um campeonato longo, esses devem ser os critérios para se premiar o melhor, e não a imprevisibilidade dos mata-matas. Para isso, já temos a Copa do Brasil e a Libertadores. Não dá para imaginar que o mundo todo esteja errado e o Brasil certo, e a desculpa de que "não é cultura do brasileiro" é inaceitável. A cultura brasileira se encontra na música, na culinária, no próprio modo irreverente que revolucionou o futebol mundial. Cultuar o retrocesso é um atestado de ignorância, e jornalistas sérios têm de saber disso.

Se o nível do campeonato diminui, com certeza não é por causa dos pontos corridos.

Quanto ao comentário da Milly, só posso assumir que a jornalista foi despreparada para o programa e cuspiu a informação sem nem pensar no que estava falando. Em 2004, o Atlético-PR liderou boa parte do campeonato e só foi ultrapassado pelo Santos nas últimas rodadas; o Corinthians terminou o primeiro turno de 2005 na ponta, mas chegou a ficar em quinto lugar durante o segundo, antes de reassumir a ponta (com a ajuda da dupla Edílson/Zveiter) e ser campeão; antes da parada para a Copa do Mundo, o São Paulo disputava a liderança com Cruzeiro e Fluminense, que terminaram o campeonato em 10o e 15o, respectivamente; apenas em 2003 o Cruzeiro realmente dominou boa parte do campeonato e encerrou a disputa com algumas rodadas de antecedência. Por um simples motivo: era o melhor e mereceu ser campeão.

Milton Neves diz que "O futebol é a coisa mais importante dentre as menos importantes." Isso deve ser verdade, já que os melhores jornalistas devem se interessar pelas coisas mais importantes.

Quando um bom resultado oculta um trabalho ruim

No início do ano foi disputado no Paraguai o Sul-Americano Sub-20 de futebol, valendo duas vagas para a Olimpíada de 2008. O Brasil, contando com jogadores já experientes, apresentou um futebol irregular e muitas vezes sofrível, mas conseguiu superar seus adversários e conquistou uma das vagas. Na época, já se contestava o trabalho do desconhecido técnico Nélson Rodrigues, que mesmo sem experiência consistente no meio comandava essa importante categoria. Mas, com o objetivo alcançado, não se tocou mais no assunto.

Semana passada, com o início do Mundial Sub-20, as críticas foram fundamentadas. O futebol apresentado pela Seleção foi horrível, conseguindo apenas uma vitória - no sufoco - contra a Coréia do Sul, e perdendo para a Polônia e EUA. Nesta madrugada, após fazer 2x0 na Espanha, permitiu o empate e, na prorrogação, a virada. Como prêmio, a passagem de volta para casa e a pior campanha da história do Brasil nesta competição.

Já tinha dito ontem aqui que o time era mal dirigido, e no jogo contra a Espanha isso ficou muito claro. Os bons jogadores brasileiros formaram um bando, sem nenhum padrão de jogo e, até, vontade de vencer. A eliminação foi merecida e espero que a derrota culmine com a troca de treinador que não tem condição, hoje, de dirigir uma Seleção brasileira.

Dizem que os técnicos de seleções de base têm que, além de acompanhar os garotos nos campeonatos juvenis, ter um jeito especial de lidar com a molecada, ainda sem experiência profissional e sujeitos às instabilidades inerentes à juventude. Concordo com as duas colocações, e também acho que um técnico de renome dificilmente consegue acompanhar as categorias de bse ou teria interesse em assumir o cargo - tirando, claro, no caso das Olimpíadas. Porém, dois aspectos devem ser levados em conta:

1) Conhecer jogadores ainda em fase de profissionalização e saber lidar com eles não garante conhecimentos futebolísticos;

2) Atualmente, boa parte dos jogadores desta categoria já não são garotos inexperientes em busca de espaço. Leandro Lima já joga há algum tempo no profissional do São Caetano; Lucas (que foi cortado por contusão) foi o destaque do Campeonato Brasileiro de 2006; Renato Augusto é um dos principais jogadores do Flamengo; Marcelo foi contratado pelo Real Madrid; Carlos Eduardo já disputou final de Libertadores pelo Grêmio; e Alexandre Pato dispensa comentários. Todos esses jogadores já são profissionais e, mesmo jovens, estão acostumados a lidar com pressão.

As verdadeiras categorias de base hoje são a Sub-17, Sub-15 e assim por diante. A Sub-20 reúne, muitas vezes, o que o futebol brasileiro tem de melhor no momento. E esses jogadores, mais do que um "pai", precisam de um técnico. O que não vêm tendo com Nélson Rodrigues no comando, resultando na vexatória campanha no Canadá.

Cabe à CBF analisar a questão e apresentar soluções convincentes para o problema, até porque ano que vem é ano de Olimpíada, o famoso título que falta ao futebol brasileiro. Se fosse em qualquer outra circunstância não teria esperança de uma atitude inteligente por parte da confederação. Mas, em se tratando de título olímpico, há uma chance. Afinal, isso seria ótimo para o ego do genro pródigo.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Nossas seleções



Ontem, depois de apagão no estádio e de um segundo tempo difícil de assistir, o mistão da Seleção de futebol principal venceu o Uruguai nos pênaltis e chegou novamente à final da Copa América. Ganhar da Argentina - se a mesma confirmar o favoritismo hoje à noite - em uma final é sempre muito bom, mas ver o chato do Dunga e seu futebol de quinta categoria mandando o país inteiro calar a boca será um atestado de mediocridade à paixão nacional.

No Mundial Sub-20, os "meninos" jogam contra a Espanha pelas oitavas-de-final nessa madrugada, tentando acabar com a péssima impressão da primeira fase. É um bom time, mas mal dirigido e com excesso de vaidade por parte de alguns jogadores. Alexandre Pato é craque, mas tem que tomar cuidado com a máscara.

No Pan Americano, que ainda não começou, a Sub-17 exemplifica a nova realidade do futebol brasileiro. Os gêmeos Fábio e Rafael, de 16 anos, nem jogaram como profissionais no Brasil e já têm contrato firmado com o Manchester United, a partir de julho do ano que vem, quando completarem 18 anos. É assim que se formam os "Pepes" da vida, que sem ao menos jogarem no Brasil (ou muito pouco) são vendidos para o exterior e, pouco tempo depois, são negociados por 30 milhões de euros. Desfalcam nosso futebol e reforçam o dos rivais, visto que o jogador já planeja se naturalizar português.

Finalmente, no vôlei, fato raro. A Seleção masculina perdeu há pouco na estréia da fase final da Liga Mundial para a Bulgária, com uma atuação ruim e sem o tradicional "sangue nos olhos" no 5o set. Mas ainda acredito que o time se recupera e se classifica para as semi. Mais do que talento, os jogadores do Brasil têm vontade de vencer, e isso diminui qualquer adversário.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Nota sobre um fenômeno


Depois de oito títulos mundiais e dois olímpicos na classe Laser, a falta de adversários fez com que Robert Scheidt mudasse de categoria. Três anos após a mudança, o atleta conquistou domingo o seu primeiro mundial na Star.

Para não ser redundante e evitar fingir que sou profundo conhecedor da vela, limito este texto a uma simples congratulação a esse fora de série do esporte brasileiro.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Doping, punições e o futuro

Dodô, aquele que não faz gol feio, foi pego no exame anti-doping com a substância fenproporex, e com a confirmação da contra-prova está suspenso preventivamente por 30 dias. Além de ser um enorme desfalque para o Botafogo, o episódio é uma marca negativa na irregular carreira do jogador e reacende o debate sobre o doping no esporte.
Dificilmente o jogador foi vítima do acaso, visto que a substância não apareceria por milagre em sua urina; mas também é discutível a vantagem que ele obteria em utilizá-la. O futebol, por ser um esporte coletivo e lúdico, é composto por tantas variáveis que raramente o doping individual traz vantagens para o grupo, ao contrário de esportes individuais de alta performance, onde milésimos de segundos fazem a diferença entre o ouro e o nada. Mas mesmo isso não torna o futebol imune ao uso de substâncias ilícitas, e seu uso deve ser coibido e punido com rigor.

A regra é clara e de conhecimento geral. É obrigação dos departamentos médicos e profissionais da área informar-se a respeito e instruir atletas sobre a ingestão de qualquer tipo de medicamento, vitamina e afins. A desculpa do "Não sabia" é inaceitável, e a do "Foi um acidente, através de um shampoo" pode até amenizar a pena, levando também em conta outros fatores. É injusto crucificar um atleta antes de um julgamento justo mas, na minha opinião, casos como esse merecem uma punição independente do motivo alegado para a ingestão da substância.

O doping é um dos maiores males do esporte mundial, e deve ser combatido severamente. Uma eventual absolvição pode criar um perigoso precedente. Um creme cicatrizante praticamente acabou com a carreira da Maurren Magi, mas a imprudência cometida pela atleta é inconcebível para alguém em sua posição nos dias de hoje, no meio da revolução da informação em que vivemos. Alterações na legislação podem ser discutidas e realizadas apenas por uma junta médica especializada, e enquanto isso não for feito - se é que precisa ser - as punições devem continuar ocorrendo. Prefiro isso a um abrandamento, e um consequente surto de casos de doping no esporte.

É de suspeita geral que atletas de alto nível, principalmente nos esportes individuais, tenham em substâncias ilegais um imperativo na busca de títulos e recordes. Para os puristas, uma teoria difícil de aceitar, mas é bem provável que isso esteja perto da realidade. Justamente por isso, punições merecem ser exemplares, pelo menos enquanto sejam possíveis. O Jornal Nacional exibiu uma reportagem sobre o assunto cerca de duas semanas atrás, abordando um novo tipo de doping. O doping genético, elaborado a partir de substâncias extraídas do próprio DNA humano, pode ser injetado diretamente no músculo do atleta gerando um aumento considerável da potência ou resistência do mesmo. É detectável apenas através de uma biópsia do músculo. Especialistas acreditam que essa prática pode surgir nas arenas esportivas nos próximos anos, mesmo podendo causar graves consequencias ao atleta. Na busca por fama e dinheiro, parece valer tudo, até por em risco a própria saúde.

Infelizmente o bom trabalho feito pelo Botafogo pode ser prejudicado, por uma fatalidade ou premeditação. Que o caso Dodô sirva ao menos de exemplo, para que os desatentos redobrem o cuidado e que os desonestos sejam excluídos do meio esportivo. Por mais improvável que isso de fato aconteça.

Pérola da semana

Durante as últimas voltas do GB da Inglaterra, domingo, o comentarista global e ex-piloto de F1 Luciano Burti chama a atenção de Galvão Bueno para um detalhe que passava despercebido:

"Há alguma coisa solta no carro do Felipe Massa, embaixo do voltante."

Com a recuperação da imagem e o close dentro do carro do brasileiro, Galvão soluciona o mistério:

"É a listra branca na perna do macacão da Ferrari!"

"Mudaram o uniforme e não em avisaram...", concluiu o minucioso Burti, sem graça.

sábado, 7 de julho de 2007

Mooca é Mooca

Começa hoje a Série C. Há cinco anos atrás essa notícia passaria em branco, e provavelmente a primeira vez que o grande público se deu conta da realização do torneio foi quando o Fluminense, após três rebaixamentos e uma virada de mesa, foi obrigado a disputá-lo. A padronização do calendário do futebol brasileiro, mesmo que ainda não ideal, já trouxe bons frutos como a maior importância dada às divisões de acesso. Ganham o futebol, os times e a torcida.

Claro que a mídia se voltará com mais atenção ao torneio apenas em seu octagonal final, com início em outubro, quando serão definidos quatro os times que disputarão a Série B em 2008. Mas esse ano, com a presença de dois campeões brasileiros - Bahia e Guarani - e jogadores como o goleiro Sérgio (Bahia) e Túlio (Villa Nova), a outrora sinistra Série C ganhou seu charme.

Nós, paulistanos, veremos cinco times do interior do Estado na disputa - Guarani, Noroeste, Rio Claro, Bragantino e Sertãozinho - e mais um da capital, o Juventus. O Moleque Travesso, aliás, foi responsável por uma das mais prazerosas experiências que tive esse ano no futebol. No Campeonato Paulista, num sábado à tarde do começo de abril, fui assistir a um jogo do time no antológico estádio Conde Rodolfo Crespi, a Rua Javari, quase escondido em um dos bairros mais tradicionais da nossa cidade.

O dia não estava muito bonito, ameaçava chover, mas nada desanimou os quatro bravos - no caso eu, Cris, Paulinho e Zica. Driblamos os cambistas e compramos nossos ingressos por volta das 14:30 (o estádio, por falta de iluminação, tem seus jogos marcados somente até as 15:00) e fomos almoçar na Esfiha Juventus, tradicional restaurante árabe nas imediações do estádio. Enquanto tínhamos no balcão à nossa frente kibes, esfihas e garrafas de cerveja, nuvens escuras começaram a se formar no céu da zona leste paulistana. Seria melhor comprar uma capa de chuva, o que fizemos na fila de entrada do estádio, de onde também ouvimos o primeiro grito de gol. Do Paulista de Jundiaí.

Com 0x1 no placar, a fiel torcida juventina - composta em sua maioria por senhores na casa dos 50 e 60 - que lotava as cadeiras cobertas, se mostrava impaciente. Por muitas vezes quem pagava o pato era Ana Paula de Oliveira, assistente escalada pelo jogo e que pelas dimensões do estádio ficava a pouco mais de um metro do alambrado. Impropérios e 'delicadezas' eram berradas de acordo com o levantamento (ou não) da sua bandeira.

O Juventus, enfim, empatou, e com o gol veio a chuva. Nada demais, 20 minutos de água amenizados pela capa de chuva e por um reconfortante sol de fim de tarde. Pouco antes do intervalo, o auge gastronômico do dia: canoles, aqueles cones fritos recheados com creme, típico doce italiano imortalizado no primeiro filme da trilogia 'O Poderoso Chefão' ("Leave the gun, take the canoli"... quem se lembra sabe do que estou falando). Vendidos a R$ 1, algumas centenas do doce são esgotadas antes da volta para o segundo tempo, deliciando e lambuzando os dedos de boa parte dos presentes.

Com a mudança de lado, nos colocamos próximos à Ju-Jovem, atrás do gol, que não parou de gritar por um instante sequer. A tradição do Juventus está tão ligada ao bairro da Mooca - e, consequentemente, à própria história de São Paulo - que ainda é capaz de despertar a paixão de jovens torcedores, que empurram o time mesmo sabendo que títulos dificilmente virão um dia. E são recompensados, com a virada juventina e a vitória por 2x1. Com o fim do jogo e a alegria pela vitória, possíveis erros de arbitragem são esquecidos e a Ana Paula é ovacionada pelas cadeiras, que recebem em troca beijos de agradecimento enviados pela assistente/modelo.

Na saída do estádio, a caminho de um bar onde encerraríamos a tarde, nos deparamos com alguns desses jovens juventinos, vendendo camisas onde a inscrição em branco 'Mooca é Mooca' num fundo vinho simbolizava o sentimento dessas pessoas por esse bairro da cidade.

Amanhã o Juventus estréia, em casa, contra o Democrata de Governador Valadares. Ótimo programa para quem, além de gostar de futebol, quer ter uma verdadeira aula de São Paulo.

Quase


Não tinha escrito nada até agora para não ser chamado de pé-frio, mas não podia deixar passar em branco a excelente campanha de André Sá e Marcelo Melo em Wimbledon. A derrota nas semi-finais do torneio de duplas foi um resultado a ser comemorado pelo nosso tênis nesse vácuo pós-Guga.

E como Sá se dá bem na grama. Já havia alcançado as quartas-de-final nesse torneio em 2002, perdendo apenas para Tin Henman, que jogaca em casa.

No meio de tantos textos expondo as mazelas do nosso esporte, com um tom até ranzinza às vezes, é muito bom poder escrever sobre coisas boas, exaltando as vitórias dos nossos atletas. Que elas se multipliquem, deixando esse espaço cada vez mais alegre.

Mordaça

Lamentável o silêncio imposto a atletas sobre questões organizacionais e administrativas do Pan. A equipe de remo está oficialmente proibida de dar entrevistas sem prévia autorização do Presidente da Confederação. Daiane dos Santos respondeu, constrangida, em sua chegada ao Rio, que não poderia dar entrevistas. E outros casos aparecerão.
Ao invés de se preocuparem apenas com seu desempenho esportivo, os atletas agora foram jogados no meio de uma polêmica da qual não têm nenhuma responsabilidade. Ao contrário, apenas são prejudicados, com instalações terminadas às pressas, critérios de seleção duvidosos, etc.

Com a instituição da censura, o COB não só dá margem a insinuações como apresenta seu atestado de incompetência.

Agora, uma polêmica: Juliana Veloso, após sua primeira noite na Vila Pan-Americana, reclamou que mosquitos enormes não a deixaram dormir. Estará nosso maios talento nos saltos ornamentais passível de punição, devido ao seu comentário desfavorável sobre as condições sanitárias da Vila?