sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O nosso Palermo

O atacante do Boca, mesmo quando se tornar o maior artilheiro xeneize da história, será sempre lembrado - pelo menos por nós brasileiros - como o jogador que perdeu três pênaltis em um só jogo. Fato difícil de ser igualado.
Pois bem, aconteceu novamente hoje à noite na Série B do Campeonato Brasileiro. Diferente, mas parecido.

O jogo era Coritiba x Ipatinga, no Couto Pereira, envolvendo os dois primeiros colocados na classificação. O jogo seguia 0x0 até os 47 min do 2o tempo, quando foi marcado um pênalti (duvidoso) a favor do Coxa. Ânderson Lima, experiente lateral, se preparou para a cobrança. Correu, bola no canto esquerdo do goleiro Fred, que com uma bela ponte colocou a bola pela linha de fundo. Bem na direção do auxiliar, que já erguia sua bandeira no ar. O goleiro havia se adiantado.

Protesto por parte dos jogadores do Ipatinga, e nova cobrança. Novamente, bola no canto esquerdo do gol, e novamente Fred pula e segura firme a bola. E, mais uma vez, a bandeira apontando o céu.

Não era possível, mas teríamos uma terceira cobrança. Dessa vez, Ânderson Lima mudou o canto, batendo a meia altura do canto direito do goleiro. Mas Fred também mudou o canto para pegar pela terceira vez seguida o chute do lateral. Dessa vez a bola sobrou para o rebote, mas antes de ser chutada para as redes o jogo já estava parado, por nova adiantada do goleiro do Ipatinga.

Na quarta cobrança, não teve jeito. Gol do Coritiba, que disparou na liderança e está muito próximo da Série A 2008. Até lá, o Ânderson terá tempo para por o pé na forma.

Atualização

A Diretoria do Botafogo reconsiderou e aceitou o pedido de demissão de Cuca.

Com isso, o time dá um passo atrás no seu processo de ressurgimento. O segundo em menos de um dia, se considerarmos o vexame histórico de ontem.

Talvez a saída fosse mesmo inevitável.

Tão inevitável como a necessidade de Cuca mostrar que, além de conseguir armar bons times, consegue montar times campeões.

Alex Escobar é Botafogo

Após o quarto gol do River já dava para perceber na voz de Alex Escobar, o ótimo comentarista do Sportv, a consternação com o resultado. Pouco tempo depois, ao fazer a análise da partida, dava quase para ver lágrimas em seus olhos. Ou seja, a foto mostrada ao lado é mentirosa, pois Escobar, com certeza, não é torcedor do América. Ele é Botafogo. Aquele cara triste, envergonhado e desnorteado não podia ser apenas um jornalista falando, mas alguém que realmente sentia a dor profunda do desespero.

A brincadeira do parágrafo acima - Escobar é mesmo americano - foi apenas parcial, pois sentimentos de tristeza, vergonha e desespero devem ter tomado conta da noite de torcedores, jogadores e dirigentes botafoguenses. Não me lembro de ter visto classificação tão ganha ser perdida. Em menos de 20 minutos, o Botafogo perdeu a chance de golear para ser goleado. E o ano se encerra em General Severiano em tom de tragédia.

O Botafogo não é, hoje, um time grande, e deixou de sê-lo há tempos. Passa por um louvável processo de reestruturação, que deve servir de exemplo para outros clubes, e até por isso a desclassificação de ontem foi ainda mais doída. Só não foi injusta, pois um time com a postura apresentada pelos alvi-negros após o segundo gol do River Plate deve ser castigada com a eliminação.

Cabe agora a essa competente Diretoria amarrar os farrapos até o fim do ano, torcendo para que acabe logo e que o planejamento de 2008 (provavelmente sem a Libertadores) leve em conta as derrotas sofridas pelo Fogão em campo no ano de 2007. Manoel Renha, seu Diretor de Futebol, já entregou o cargo; Cuca pediu demissão, não aceita - acertadamente - pela Diretoria.

E resta a Cuca assimilar mais essa derrota. Em entrevista à revista Trivela, do mês de setembro, o treinador desabafou: "Durmo com aquele gol do Once Caldas uma vez por semana. Confesso que, até hoje, ainda me dói aquela derrota." Para quem não se lembra, ele era o técnico do São Paulo durante a Libertadores de 2004, quando foi eliminado pelo time colombiano nas semi-finais, com um gol aos 43 minutos do 2o tempo.

A partir de hoje, Cuca tem um novo pesadelo para atormentar seu sono.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

O título vale mais que a vaga

Com as vitórias de São Paulo, Vasco e Botafogo*, a Copa Sul-Americana tem tudo para vir para o Brasil pela primeira vez. Os maiores empecilhos para isso, porém, são justamente São Paulo, Vasco e Botafogo.

O São Paulo encarou o confronto com o Boca como a razão de ser da competição, dando mais importância a ele do que ao próprio título. Os 47 mil torcedores de ontem no Morumbi certamente não seriam mais de 15 mil se o adversário fosse o Arsenal Sarandí, por exemplo. As atenções do Tricolor paulista agora devem se voltar principalmente para o Brasileirão, mesmo com a boa "gordura" à frente do Cruzeiro.

Vasco e Botafogo, mesmo sem conquistar um título internacional há anos, não escondem que suas metas do semestre são a vaga para a Libertadores. É aqui que a coisa fica estranha, e para explicar coloco a pergunta feita pelo Paulo Vinícius Coelho, o PVC: "É mais importante uma vaga para a Libertadores ou o título da Sul-Americana?" E a resposta, para a maior parte dos casos, é simples e direta: o título da Sul-Americana.

A ainda vigente tese dos "times grandes" faz com que a disputa da Libertadores seja encarada como um selo de qualidade aos times brasileiros, como se a conquista de uma das vagas representasse a redenção a anos de jejum de títulos. Note que sempre se fala em "vaga" para a Libertadores, e não em "título". É notório que a esmagadora maioria dos times "grandes" não tem a menor condição de vencer uma Libertadores, mas usa a simples - e às vezes vexatória - participação para acalmar os ânimos da torcida. O tradicional panis et circensis em versão futebolística - mas sem o pão.

Os casos de Vasco e Botafogo (que, no momento, toma um sufoco do River, mesmo com um a mais) são emblemáticos. Os dois estão no meio de uma ferrenha briga pelas duas vagas restantes do Campeonato Brasileiro, e pelo que vêm apresentando nas últimas rodadas as chances de as conseguirem são menores que as de seus adversários. Mesmo assim, duvido que venham a priorizar a Sul-Americana, mesmo estando a apenas seis jogos de um título inédito. Se tiverem que poupar alguém não será no tormeio nacional. Em nome da heróica vaga na Libertadores.

Vejamos as duas hipóteses. Garantindo a tal vaga, o time se mistura a outros 31 da América do Sul (entre eles os melhores da Venezuela e Bolívia, por exemplo), e faz ao menos seis jogos na primeira fase, três deles em casa. Tem certa renda e pode chegar às oitavas-de-final. Nesse caso teria mais um jogo em casa, com uma renda maior, mas sem um time e uma comissão técnica preparados para uma Libertadores, dificilmente chegarão às quartas (os casos recentes dessa possibilidade são diversos). Em resumo, o clube daria o prazer a sua torcida de assistir a quatro jogos em casa contra time fracos ou médios, mas seria eliminado e sumiria junto com os tais melhores da Venezuela e Bolívia. E de quebra não disputaria a Copa do Brasil.

Agora, se privilegiasse o título da Sul-Americana, esse mesmo time teria quatro jogos em casa (contados a partir das oitavas-de-final) de alta atratividade para sua torcida, o que geraria boas rendas de billheteria. Se realmente ganhasse o título, esse faturamente aumentaria ainda mais com os prêmios dados pela Conmebol. O time teria uma grande visibilidade na América do Sul, pois além do título disputaria no ano que vem a Recopa contra o vencedor da Libertadores. E, mais importante, traria um troféu inédito para a galeria.

Analisando friamente, parece não haver dúvidas de que para a maioria dos times brasileiros (em situação semelhante às de Vasco e Botafogo), vale mais a pena investir no título da Sul-Americana do que em uma vaga para a Libertadores. Mas o complexo de superioridade de dirigentes, técnicos e torcedores turva a visão para a realidade, e uma competição que tem toda a chance de "pegar" continua em segundo plano para o futebol brasileiro.


* Comecei a escrever logo após o segundo gol do Botafogo, que teoricamente o classificaria para as quartas-de-final. Até como mostra da minha incredulidade do que aconteceu hoje no Monumental de Nunez, preferi deixar o texto como estava, o que não invalida o seu conteúdo. Para quem viu o jogo, fica claro que um clube ainda em reestruturação não tem condições de fazer encarar de frente uma Libertadores. Mas, para o Fogão, a sonhada vaga é o que restou para 2007. Algumas coisas, realmente, só acontecem com o Botafogo...

"Caramba! Como é que eu fiz isso?!?"

Eu também não sei.

Mas o gol que a Marta fez hoje foi de botar inveja em muito marmanjo.

Até dá vontade de acordar cedo para ver Brasil x Alemanha.

Só que comentários sobre a Copa do Mundo de Futebol Feminino só depois de domingo.

A vez das mulheres

Depois do fracasso da Seleção masculino, chegou as vez das mulheres tentarem a vaga nio basquete feminino para os Jogos Olímpicos de Pequim. Só que algumas diferenças fazem o Pré-Olímpico de Valdivia ser bem menos interessante que o de Las Vegas.

A primeira delas é que dificilmente conseguiremos a vaga, pois apenas uma será dada na competição. E ninguém espera que não seja dos Estados Unidos.

A segunda é que a fragilidade das demais adversárias dificilmente impedirá que o Brasil fique, ao menos, com a quarta posição, o que nos leva ao Pré-Olímpico Mundial, em junho do ano que vem.

E a terceira é que teremos mais tranquilidade para conseguir a vaga no Pré-Olímpico Mundial do que a Seleção Masculina, pois serão cinco vagas distribuídas às 12 participantes. Portanto, para valer mesmo só no ano que vem. A vaga será um prêmio merecido para uma modalidade que, mesmo sem o apoio e a projeção na mídia devidos, consegue manter um nível competitivo no cenário internacional.

Em tempo: já estão definidos os participantes do Pré-Olímpico Mundial masculino, que será disputado em julho de 2008. São eles Porto Rico, Brasil, Canadá, Camarões, Cabo Verde, Líbano e Coréia, Nova Zelândia, Grécia, Alemanha, Croácia e Eslovênia.

Alguém duvida que ficaremos de fora de mais uma Olimpíada?

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O equilíbrio - parte II

Continuando o assunto da postagem abaixo, olhem que interessante essa nova análise, levando em conta a classificação após a 27a rodada:

1. São Paulo: 60 pontos
2. Cruzeiro: 51 pontos
3. Grêmio: 44 pontos
4. Palmeiras: 43 pontos
5. Fluminense: 43 pontos
6. Santos: 42 pontos
7. Botafogo: 42 pontos
8. Vasco: 40 pontos
9. Internacional: 36 pontos
10. Sport: 36 pontos
11. Atlético-PR: 35 pontos
12. Goiás: 34 pontos
13. Figueirense: 34 pontos
14. Flamengo: 34 pontos
15. Atlético-MG: 33 pontos
16. Náutico: 33 pontos
17. Corinthians: 33 pontos
18. Paraná Clube: 31 pontos
19. Juventude: 27 pontos
20. América-RN: 12 pontos

Começando pela parte de cima, temos São Paulo e Cruzeiro brigando pelo título e virtualmente classificados para a Libertadores. O primeiro tem a vantagem de 9 pontos a mais e o confronto direto em casa; o segundo, o de ter uma sequência de jogos teoricamente mais fácil. Até a 32a rodada, quando os dois se enfrentam no Morumbi, a briga estará aberta.

O segundo bloco, compreendendo os times entre a 3a e a 8a posições (Grêmio, Palmeiras, Santos, Botafogo e Vasco) disputam as outras duas vagas para a competição internacional. O Fluminense, em 5o, já está classificado, mas estipulou como meta pessoal ser o melhor time carioca da competição.

Os times do terceiro e último bloco, que vai do 9o ao 19o colocados, brigam para fugir do rebaixamento e pelas últimas vagas na Sul-Americana. Mesmo achando que Internacional e Sport não correm grande risco, apenas 3 pontos os separam da 'ZR', portanto não podem vacilar.

Por fim, temos o já rebaixado América-RN.

Resumindo: faltando 11 rodadas para o final do Campeonato Brasileiro, 18 times ainda brigam por algo concreto, 1 por um objetivo particular e apenas o último colocado cumprirá tabela.

E ainda falam que campeonato por pontos corridos não tem emoção.

sábado, 22 de setembro de 2007

O equilíbrio

Até é verdade que o Campeonato Brasileiro não está entre os melhores do mundo, visto a desorganização, descaso de dirigentes e falta de craques. Mas não dá para negar que temos um dos torneios de futebol mais equilibrados dos atualmente disputados.

Para que façamos uma comparação, vejamos como está a tabela hoje, antes do início da 27a rodada:

1. São Paulo: 57 pontos
2. Cruzeiro: 48 pontos
3. Santos: 42 pontos
4. Botafogo: 42 pontos

5. Grêmio: 41 pontos
6. Vasco: 40 pontos
7. Palmeiras: 40 pontos
8. Fluminense: 40 pontos
9. Sport: 36 pontos
10. Internacional: 35 pontos
11. Figueirense: 34 pontos
12. Goiás: 33 pontos
13. Flamengo: 33 pontos
14. Corinthians: 33 pontos
15. Atlético-MG: 32 pontos
16. Atlético-PR: 32 pontos
17. Paraná Clube: 31 pontos
18. Náutico-PE: 30 pontos
19. Juventude: 26 pontos
20. América-RN: 11 pontos


Apenas o primeiro e o último colocados têm uma diferença considerável para o time mais perto na classificação geral. Se "apararmos" a tabela, porém, tirando os quatro primeiros (classificados para a Libertadores) e os quatro últimos (rebaixados), veremos que apenas 9 pontos separam o 5o colocado Grêmio (41 pontos) do 16o Atlético-PR (32 pontos). Ou seja, pouco mais de três vitórias se colocam entre os arcos da glória e os portões do inferno.

Não tenho como, agora, comparar o Brasileirão com os campeonatos europeus, pois só quando estes últimos chegarem nessa mesma rodada é que a comparação será possível. Mas, se tiver que dar um chute, arrisco que essa diferença será bem maior que 9 pontos.

O que não torna o Brasileirão melhor ou pior que nenhum outro, apenas mais equilibrado. Para o bem - disputa acirrada - e para o mal - futebol de baixo nível.

Desemprego na Europa

Muito se fala sobre a revoada de jogadores brasileiros para o exterior, sobre como isso deixa o Brasil privado de seus melhores craques e a falta de iniciativa de dirigentes para tentar, ao menos, reduzir o processo. Costumamos nos colocar no papel de vítimas nessa situação, pois vemos nossos craques ainda imberbes serem arrancados de seus berços, seduzidos por algumas centenas de milhares de euros.

Porém, na verdade, não somos as vítimas. Somos os vilões da história, responsáveis por causar de uma grave crise social na Europa: o desemprego de jogadores de futebol.

Vamos aos números, pois contra eles não há argumento. Segundo o site da CBF, 2349 jogadores de futebol deixaram o país desde 2005, e no mesmo período 1177 deles regressaram. Isso ainda deixa a considerável soma de 1172 atletas que foram para não voltar. Seja na Espanha, na Bósnia ou no Suriname, temos jogadores brasileiros dando suas pedaladas e carrinhos.

A maioria destes, como sabemos, não está em um país europeu, o que derrubaria a minha polêmica teoria proposta no título. Mas, considerando apenas uma amostragem - embora relevante - de times europeus, vejamos quantos brasileiros estão disputando a Champions League, iniciada esta semana:

Arsenal: Gilberto Silva, Denílson, Eduardo Silva**
Barcelona: Edmilson, Sylvinho, Deco**, Ronaldinho
Benfica: Edcarlos, Luisão, Léo
Besiktas: Ricardinho, Bobô
Celtic: nenhum
Chelsea: Alex e Belletti
CSKA Moscou: Ramón, Daniel Carvalho, Dudu, Eduardo, Vágner Love, Jô
Dynamo Kiev: Rodrigo, Kléber, Michael
Fenerbache: Roberto Carlos, Edu Dracena, Alex, Deivid
Internazionale: Júlio César, Maxwell, Maicon, César*, Adriano*
Lazio: nenhum
Liverpool: Fábio Aurélio, Lucas
Lyon: Cris, Anderson, Juninho Pernambucano, Fred
Milan: Dida, Cafu, Serginho, Emerson, Kaká, Ronaldo, Digão*, Pato*
Manchester United: Ânderson
Olympiacos: Júlio Cézar
Olympique Marselha: nenhum
Porto: Hélton, Leandro Lima, Adriano, Edgar, Lino
PSV: Cássio, Fágner, Jonathan, Alcides
Rangers: nenhum
Real Madrid: Pepe**, Marcelo, Robinho
Roma: Doni, Julio Sérgio, Cicinho, Juan, Taddei, Mancini
Rosenborg: nenhum
Schalke 04: Rafinha, Bordon, Kuranyi**
Sevilla: Daniel Alves, Renato, Luis Fabiano, Adriano
Shaktar Donetsk: Ilsinho, Jadson, Willian, Luiz Adriano, Brandão, Fernandinho
Slavia Praga: nenhum
Sporting: Liedson, Gladstone, Ronny, Celsinho, Anderson Polga
Steaua Bucareste: nenhum
Stuttgart: Gledson, Ewerthon, Cacau
Valencia: Edu
Werder Bremen: Naldo, Diego, Carlos Alberto
* jogadores não-inscritos no torneio
** jogadores naturalizados

Nada menos que 90 brasileiros (um ou outro pode ter escapado à minha consulta) disputam o mais importante torneio de clubes do mundo. Se cada time tiver por volta de 30 jogadores inscritos, dariam três times completos formados por jogadores brasileiros!

Antigamente isso não acontecia, o que nos leva à minha primeira óbvia conclusão: estamos tirando o emprego de jogadores europeus, ou relegando-os a sub-empregos em times de divisões inferiores. Quem diria que filhos legítimos de linhagens seculares, que outrora reinaram em sacros-impérios do Velho Continente, teriam de se sujeitar à humilhação de ver bárbaros indígenas tomando os lugares que lhes eram devidos! É preciso que autoridade competentes tomem providências enérgicas para coibir essa prática, caso contrário podemos presenciar uma crise social nunca antes vista em terras européias.

Agora, imaginem se todos esses craques, ao invés de se espalharem por países de toda a Europa, fossem reunidos em times de um só país. Sem dúvida esse felizardo Estado teria, se não o mais belo, um dos campeonatos mais atraentes do mundo. Isso seria impossível de acontecer, pois é legalmente impossível que todos os brasileiros fossem jogar em um só país. Isso só poderia acontecer em um lugar: no Brasil. Lugar esse que, por muito tempo, antes da "abertura dos portos", reunia todos esses jogadores. O que nos leva à minha segunda óbvia conclusão do dia: tivemos, por anos, o melhor campeonato de futebol do mundo.

Éramos felizes e não sabíamos.

Mas tudo bem. Os jogadores europeus terão o troco, amargando horas na fila de agências de emprego, juntando trocados para aliementar suas proles. Ou se juntando aos demais torcedores em frente à TV para acompanhar os jogos de futebol.

Alice no País das Maravilhas

O São Paulo quer empurrar com a barriga até todo mundo ficar sem opção para construir um novo estádio. Estamos trabalhando com a segunda alternativa. Tão logo a Fifa sinalize que não vai aceitar o Morumbi, nós já teremos tudo pronto para indicar a nova arena.
A frase acima foi dita porAntonio Roque Citadini, presidente do Conselho de Orientação do Corinthians (Cori) e um dos líderes da oposição corintiana a Alberto Dualib.

A reportagem realizada pelo site Máquina do Esporte ainda diz que "o estádio seria erguido pela construtora OAS e financiado por um grupo de investidores portugueses. O local ainda não está definido, mas um terreno próximo ao Sambódromo, na zona norte de São Paulo, está sendo estudado como opção."

O Corinthians está sem Presidente e com uma dívida beirando os R$ 100 milhões; o clube é apontado pela Polícia Federal como integrante de um esquema internacional de lavagem de dinheiro; o time briga contra o rebaixamento; os grupos de oposição, agora sem a presença de Dualib, se estapeiam para ficar com os cacos do que sobrou; e, mesmo com esse quadro, pessoas importantes ligadas aos clube como Citadini (que também é Presidente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) procuram parceiros para a construção de um estádio.

Incrível, mas verdadeiro.

Qualquer assunto que não fosse pertinente à caótica situação no Parque São Jorge deveria ser deixada de lado por seus responsáveis, até que o clube esteja minimamente organizado. Mas posturas como essa mostram que mesmo as pessoas idôneas do Corinthinas estão em descompasso com a realidade.

Juro que tento parar de falar mal do Corinthians para que não soe como uma questão pessoal. Daqui a pouco, vou ter de parar por pura dó.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

À espera de um milagre

Com a contusão de seu tenista no 1, Flávio Saretta, a desistência do titular das duplas Marcelo Melo de viajar já no aeroporto e a consequente escalação do ainda fora de forma Gustavo Kuerten para o jogo de duplas, o time brasileiro da Copa Davis tenta a partir de amanhã vencer Áustria, em Innsbruck, para voltar à elite do tênis mundial.

Jogadores e comissão técnica contam com algo inusitado para vencer o confronto, já que temos um time mais fraco e que, em hipótese alguma, pode ser classificado como integrante da elite do tênis. A derrota é normal e esperada, a não ser que aconteça um milagre.

Milagre que já aconteceu por duas vezes na história do nosso tênis, e atendem pelos nomes de Maria Esther Bueno e Gustavo Kuerten. Mesmo tendo dois dos tenistas mais geniais das suas épocas, o tênis brasileiro não se desenvolveu de forma consistente. Depois da aposentadoria da Maria Esther, tivemos de esperar por décadas até que outro tenista de ponta aparecesse.

Com a iminente retirada definitiva de Guga do circuito, nada nos resta a não ser esperar por outro milagre desses.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Critérios

Gostaria de saber quais os critérios da CBF para a definição dos confrontos brasileiros na Sul-Americana. Como sabemos, os times brasileiros indicados para a competição são os colocados entre a 5a a 11a colocação no Campeonato Brasileiro do ano anterior, mais o seu respectivo canpeão, excluindo aqueles classificados para a Libertadores, totalizando oito times.

Esta foi a classificação final do Campeonato Brasileiro de 2006 até o último classificado para a Sul-Americana (os classifcados estão em negrito):

1 São Paulo
2 Inter
3 Grêmio
4 Santos
5 Paraná
6 Vasco
7 Figueirense
8 Goiás
9 Corinthians
10 Cruzeiro
11 Flamengo
12 Botafogo
13 Atlético-PR


Os confrontos da fase preliminar da Sul-Americana foram:

Vasco x Atlético-PR (6o e 13o), na chave BRA I
São Paulo x Figueirense (1o e 7o), na chave BRA II
Corinthians x Botafogo (10o e 12o), na chave BRA III
Goiás x Cruzeiro (8o e 9o), na chave BRA IV

Já estava definido pelo menos desde julho (data que consta no regulamento da Conmebol) que, na fase de oitavas-de-final, os confrontos seriam:

BRA I x ARG IV (Lanús x Estudiantes)
BRA II x ARG III (Boca Juniors)
BRA III x ARG II (River Plate)
BRA IV x ARG I (Arsenal Sarandí x San Lorenzo)

Primeiro ponto: não seria mais justo que, nos confrontos preliminares entre times brasileiros, o emparceiramento fosse entre o 1o x 13o, o 6o x12o, 7o x 10o e 8o x 9o, colocando os melhores colocados frente os piores? Desse modo, esses confrontos seriam entre São Paulo x Atlético-PR, Vasco x Botafogo, Figueirense x Corinthians e Goiás x Cruzeiro. Não sei porque a CBF escolheu o método utilizado.

Segundo ponto: não seria mais justo, e inclusive de interesse da própria CBF, que os clubes teoricamente mais fortes brasileiros enfrentassem nas oitavas os teoricamente mais fracos argentinos, e vice-versa? Dessa forma se diminuiria a chance de termos times fortes se enfrentando logo na fase de oitavas-de-final.

Por incompetência ou negligência isso não foi feito, e o resultado é que teremos nesta fase de oitavas-de-final, que se inicia hoje, os duelos entre Boca Juniors x São Paulo e Goiás x Arsenal Sarandí que, com todo o respeito, não têm nem de perto a mesma relevância internacional dos dois primeiros.

Quem sai perdendo é a própria CBF, que vê seu atual campeão e líder do campeonato nacional enfrentar já nas oitavas-de-final o líder do campeonato argentino, enquanto o 12o colocado do atual Brasileirão vai brigar por uma vaga com o 6o do Apertura.

Pelo menos, os torcedores serão brindados com um belo duelo na Bombonera.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Pérolas da semana

Assistir ao 'Mesa Redonda', de domingo, não serve para nada. A não ser para colocar as besteiras expelidas em profusão por seus integrantes e convidados. Só ontem, foram duas.
Betão, o Eterno, deu entrevista após a derrota para o Botafogo. Cabisbaixo, o zagueiro desabafou: "É estressante e chateante dar explicações após as derrotas." Não conhecia o lado 'Guimarães Rosa' do jogador.

Em outro momento, Chico Lang comentava sobre os jogadores do time do Parque São Jorge, inocentando o técnico Zé Augusto: "Não adianta, sem um bom omelete não se faz bons ovos.... e vice-versa!"

Cada vez mais, o programa esportivo da Gazeta se torna um humorístico.

O país do judô

Imagine a seguinte situação hipotética: uma Copa do Mundo é realizada no Japão (sem qualquer relação com a de 2002), e como sempre, o Brasil é o grande favorito. Surpreendentemente, o Japão vai eliminado adversário após adversário, e alcança a final contra o Brasil, que não apresenta um bom futebol. O Japão abre o placar no primeiro tempo e segura o resultado até os 40min do 2o tempo, quando os brasileiros fazem prevalecer sua maior categoria - e camisa - e viram o marcador, sendo campeões mundiais. Porém, o camisa 10 japonês acaba sendo eleito o melhor jogador da Copa.

Foi mais ou menos isso que aconteceu no XXV Campeonato Mundial de Judô, encerrado ontem à noite no Rio. O Brasil quase foi o primeiro colocado no quadro geral de medalhas, com três medalhas de ouro, enquanto o Japão - inventor e maior potência mundial do judô - iniciou o último dia de disputas sem nenhuma. Só que das quatro categorias em disputa ontem, o Japão venceu três, e por ter mais medalhas de prata acabou passando o Brasil. Aos 45min do 2o tempo.

Mas isso não impediu que o Brasil terminasse em primeiro no geral masculino, e ainda tivesse o melhor judoca do torneio, Tiago Camilo.

O que isso quer dizer?

Claro que o Brasil não é o país do judô, foi apenas uma brincadeira. Se pegarmos os resultados históricos da modalidade, ainda estamos bem atrás dos concorrentes. Como comparação, vejamos o quadro geral de medalhas olímpicas de toda a história de algumas das principais forças no judô:

Japão: 29 ouros, 14 pratas e 12 bronzes (55 no total);
França: 10 ouros, 5 pratas e 14 bronzes (29 no total);
Coréia do Sul: 8 ouros, 12 pratas e 13 bronzes (33 no total);
Cuba: 5 ouros, 8 pratas e 13 bronzes (26 no total);
Brasil: 2 ouros, 3 pratas e 7 bronzes (12 no total).

Ainda estamos atrás, mas é inegável que vivemos um bom momento.

Também não quer dizer que nossos judocas irão repetir os resultados ano que vem em Pequim, pois lá a história será completamente diferente. A pressão será maior, assim como a atenção dos adversários com Camilo, Derly e cia. Não haverá um só golpe deles não estudado minuciosamente. Portanto se antes havia o fator surpresa, essa é uma vantagem que não existe mais.

Por último, o judô tem tudo para ser o novo esporte "da moda" no Brasil. Com a nossa cultura mono-esportiva em torno do futebol, alcança visibilidade aquela modalidade em que temos algum atleta com resultados expressivos. Foi assim com o tênis de Guga, e vem ocorrendo o mesmo com a ginástica de Diego, Daiane e Jade. Resta torcer para que a nova Diretoria da CBJ, que substituiu a longa dinastia dos Mamede, saiba aproveitar o momento para desenvolver consistentemente o esporte, e não apenas colher frutos ao acaso.

sábado, 15 de setembro de 2007

Sensacional!


7 lutas.

7 ippon.

12 minutos.

1 medalha de ouro no Campeonato Mundial.

Que se junta às, também de ouro, do Mundial Júnior de 98, Mundial Universitário de 98 e dos Jogos Pan-Americanos de 2007, além da prata olímpica em 2000.

Dependendo do que fizer em Pequim, Tiago Camilo será o maior judoca da nossa história.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Lembram dela?

A antiga taça do Campeonato Brasileiro, criada nos primórdios da competição, não se encontra em nenhuma sala de trofeús de nenhum clube, mas no cofre na Caixa Ecônomica Federal, no Rio, conforme divulgou na semana passada a Folha de São Paulo.

A princípio, ela seria entregue ao primeiro time que vencesse a competição por cinco vezes, ou três em anos consecutivos. Se a Copa União de 1987 entrasse na conta da CBF, o Flamengo teria levado em 1992. Mas, para a Confederação, o campeão brasileiro de 1987 continua sendo - e assim, provavelmente, continuará - o Sport, de Recife. E a taça ficou sem dono...

Portanto, cinco clubes estão na iminência de conquistar em definitivo o antológico troféu: Flamengo, Vasco, Corinthians, Palmeiras e São Paulo, todos com quatro títulos brasileiros.
Mas, se isso acontecer esse ano, ela irá para os cruz-maltinos, alvi-verdes ou tricolores, já que rubro e alvi-negros estão fora do páreo.

Não duvido que, dependendo do que acontecer, o Flamengo reclamará a taça para ele, já que tanto na Gávea como em qualquer outro lugar do Brasil - menos na Ilha do Retiro - o campeão brasileiro de fato de 1987 é mesmo o Flamengo.

Arigatô

Queria agradecer ao fato do Japão ficar do outro lado do mundo, com vários fusos horários a nossa frente. E também por ser essa pequena ilha no Oceano Pacífico a criadora e maior apreciadora do judô.

Por causa disso, os horários do XXV Campeonato Mundial de Judô foram programados para que a nação nipônica pudesse acompanhar as disputas. Com lutas as 11h e após as 20h (horário de Brasília), eles assistem às preliminares à noite e na manhã do dia seguinte acordam para ver as disputas por medalhas.

Já nós, brasileiros, podemos chegar em casa à noite e assistir o torneio depois do jantar.

E ver Luciano Corrêa ganhar a segunda medalha de ouro da história do Brasil na competição, esta na categoria até 100kg.

Na semi, contra o húngaro Daniel Hadfi, Luciano praticamente carregou o adversário por metade do tatame antes de finalmente aplicar o ippon (não sei se um entendido em judô analisaria assim o golpe, mas pela visão de um quase leigo, foi desse jeito que aconteceu).

Na final, contra o britânico Peter Cousins, foi de virada. Depois de estar perdendo por causa de uma punição até faltar 35seg para o fim da luta, Luciano ganhou um koka (também por punição), e 8seg depois deixou mais um oponente estatelado de costas no chão. O olhar do britânico, ainda no meio do golpe, já mostrava a impossibilidade de escapar e o conformismo com a prata.

Daqui a pouco tem Tiago Camilo. Imperdível.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Ode a Calheiros

Queria mudar um pouco o tom, mas depois do acontecido hoje em Brasília, fica dífícil não falar em pilantragem.

A divulgação das gravações da 'Operação Perestroika' trouxe novamente à tona o nome do radialista Flávio Moreira, responsável por organizar, na década de 70, um esquema gigantesco de manipulação de resultados na Loteria Esportiva.

Segue abaixo parte da reportagem do jornalista Bob Fernandes, no Terra Magazine, que cita o tal Flávio Moreira:

"Exclusivo: PF expõe vísceras do Corinthians/MSI
Sábado, 8 de setembro de 2007, 14h00


O retorno de Moreira?

Em 1982 a revista Placar desvendou um esquema de manipulação de resultados dos jogos da Loteria Esportiva que se tornou conhecido como a "Máfia da Loteria". Sobressaía-se, então, um jornalista cearense de nome Flávio Moreira. Ele trabalhava na agência Sport Press e era quem escolhia os 13 jogos da loteca.

Descobriu-se que Moreira fazia a escolha de acordo com os grupos que manipulavam os resultados pelo país afora.


Pois é um tal Flávio Moreira quem procura Duprat -segundo o relatório da PF- para oferecer seus serviços para "classificar" o Corinthians no Campeonato Paulista, nega-se a falar mais pelo telefone e manda tirar suas referências com Paulo Pelaipe, diretor de futebol do Grêmio.


Duprat, surpreendentemente, o dispensa e a conversa não evolui ou, pelo menos, não tem novos registros nas escutas da PF.

Uma fonte ouvida pela reportagem garante que Flávio Moreira é Flávio Moreira."



"Dirigente esclarece ligação com Flávio Moreira
Domingo, 9 de setembro de 2007, 15h01

Na reportagem publicada pelo Editor-chefe deste Terra Magazine e pelo jornalista Juca Kfouri, da Folha de S. Paulo e do UOL, é citado Flávio Moreira. Este é velho personagem do futebol brasileiro. Teve papel destacado na "Máfia da Loteria", um esquema de manipulação da Loteria Esportiva desvendado pela revista Placar, em 1982.

Em trecho do relatório da Polícia Federal, na operação batizada Perestroika, e publicado neste Terra Magazine, é citado o diretor do Grêmio, Paulo Pelaipe.

Moreira diz a Renato Duprat, braço-direito informal de Dualib, que Pelaipe poderia dar referências sobre sua pessoa, segundo transcrição da PF. Pelaipe confirmou há pouco ter sido procurado por Flávio Moreira, mas esclarece que este teria apenas lhe oferecido uma "meia dúzia" de jogadores. Além de ser âncora da programação esportiva da Rádio Cidade AM, em Fortaleza, Ceará, Flávio Moreira é ainda empresário de jogadores."

E, por fim, as capas originais da Placar de 22 de outubro de 1982, com a reportagem sobre a 'Máfia do Apito'. Encontrei-a aqui em casa, em uma daquelas famosas arrumações de armário. Claro que era do meu pai, e é curioso que somente este exemplar da revista tenha sobrevivido ao tempo.


As histórias de Renan e Flávio, separadas 25 anos no tempo, têm temas diferentes. Mas ambas foram agraciadas com as bençãos da impunidade e não poderiam ter outro resultado senão a vergonha.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Sujeira Futebol Clube

De tempos em tempos, acontece algum escândalo envolvendo irregularidades e crimes financeiros no mundo corporativo. Mesmo em um setor altamente controlado e visado pelo Fisco de seus respectivos países, executivos sem muitas restrições morais encontram meios para burlar a lei.

Se isso acontece nas maiores empresas do mundo, não é de se estranhar que o mesmo ocorra no futebol, que encontra barreiras legais mais facilmente transponíveis. No Brasil, onde impera a impunidade e o esquecimento, o problema deve ser ainda mais crítico. Não faltam exemplos de relações, no mínimo suspeitas, de empresas privadas com o meio futebolístico brasileiro:

- São Paulo e IBF: a empresa, patrocinadora do time no biênio 1991/92, além de ter a falência decretada por crimes de sonegação fiscal, tinha relações bem próximas com Fernando Collor, então Presidente da República. O dono da empresa, Hamilton Lucas de Oliveira, foi o responsável também pela compra da Rede Manchete, em 1992. Em 1993, o empresário foi condenado na CPI da TV Jovem Pan pelos crimes de corrupção ativa, formação de quadrilha, sonegação fiscal e enriquecimento ilícito.

- Palmeiras e Parmalat: a mais bem sucedida parceira do esporte brasileiro rendeu muitos títulos ao time. A parceria teve fim em 2000, e em 2005 foi decretada a falência da empresa italiana com seu fundador, Calisto Tanzi, processado pelo crime de "manipulação da bolsa de valores". Esse ato gerou prejuízo a mais de 135.000 italianos.

- Vasco e BMG: aproveitando a exposição pelo gol 1000 de Romário, no início do ano, o clube cruz-maltino fechou um contrato de patrocínio com o Banco BMG. Além do time carioca, o banco também era um dos patrocinadores oficiais do mensalão petista.
Os casos acima são apenas alguns exemplos, e com certeza existem muitos outros Brasil afora. Essas relações, porém, não significam necessariamente que as Diretorias dos clubes citados pratiquem atos criminosos, mas apenas indica que o futebol representa um meio propício a essas práticas.

Antes de mais nada, queria deixar claro uma coisa: os exemplos acima não são únicos. Duvido que haja um time no Brasil que, em algum momento de sua história, não tenha cometido algum tipo de ilegalidade. E também não significa que os sucessos alcançados por eles decorreu da prática de atos ilícitos. Não existiu esquema IBF ou Parmalat.
O que diferencia o caso Corinthians/MSI, e o torna mais grave que todos os outros, decorre dos seguintes aspectos:

1) Ato coletivo da Diretoria: a "parceria" não pode ser imputada a um particular da administração do clube, visto que foi aprovada pela maioria do Conselho Deliberativo. O mesmo Conselho que hoje lava as mãos e pede o impeachment de Dualib.

2) É impossível negar a culpa: só alguém muito ingênuo, ou inescrupuloso, poderia afirmar que o interesse da MSI pelo futebol brasileiro não era suspeita. Afinal, é bem estranho uma empresa dirigida por um iraniano radicado em Londres que se diz responsável por um fundo de investidores não identificados (quando se sabia muito bem que esse tal investidor era um bilionário russo foragido). Até porque o Corinthians, principalmente nos 14 anos de gestão Alberto Dualib, virou "craque" em parcerias, firmando três delas desde 1997.

3) Comprovação dos crimes praticados: muito mais do que ligações excusas envolvendo dirigentes e empresários, já está praticamente provado pela Polícia Federal que os negócios envolvendo o Corinthians e a MSI tinham por objetivo atos criminosos, como a lavagem de dinheiro. Marcou oficialmente a entrada do futebol brasileiro na rota do crime organizado internacional.
4) Influência direta no futebol: também é inegável que o dinheiro "investido" pela MSI foi fator decisivo no título do Campeonato Brasileiro de 2005, afinal o "fundo de investimentos" foi o responsável pela contratação e pagamento de salários da esmagadora maioria dos jogadores daquele time. Foi uma ilegalidade revestida de legalidade, visto que contratar jogadores não é contra a lei (também não acredito que existiu interferência da MSI no esquema de arbitragem daquele ano). O problema foi a origem e o tratamento do dinheiro para tal.

Por tudo isso, e para que se evite novos casos, é que as punições tanto a dirigentes como ao próprio clube devem ser severas. Se previsto na lei, envolvendo prisões e até rebaixamento do Corinthians.

Alguém pode falar que não é justo punir a torcida por atos cometidos por dirigentes. Até pode ser verdade. Mas, se a punição não vier, nada impede que novas levas de dirigentes pilantras pratiquem os mesmos atos. E também não me lembro de nenhum torcedor corintiano, mesmo tendo todos os motivos para suspeitarem da "parceria" em 2004, condená-la. Ao contrário, compraram milhares de camisas com o nome 'Carlitos' estampado nas costas e até entoaram gritos de "O Kia é da Fiel!" nos estádios.

Se a palavra da hora no Brasil é "Cansei", deve ser o momento de a impunidade dar um basta. Fazendo um paralelo com nossa política, Dualib e cia. devem ter punições tão rigorosas como os protagonistas do mensalão, a máquina de corrupção instituída por membros do governo petista para se perpetuarem no poder. Os dois casos, mesmo não sendo isolados, são as maiores provas concretas de corrupção em seus respectivos meios de que temos conhecimento.

Conhecimento semelhante que Alberto Dualib tinha das intenções da MSI; que o Presidente Lula devia ter do mensalão; e que os dois tinham de Boris Berezovski, fato este que não os impediu de se reunirem a fim de discutir uma permissão de entrada do russo no território brasileiro.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

O início de tudo

Há exatos 35 anos, Émerson Fittipaldi conquistava seu primeiro título na Fórmula 1, em Monza (mesmo autódromo da corrida de ontem). Depois deste, outros sete títulos da categoria tornariam o Brasil uma das grandes potências do automobilismo mundial, conquistando títulos em diversas categorias e criando mitos como Nélson Piquet e Ayrton Senna.

A morte deste úlltimo, em 1994, encerrou - até o momento - nossa tradição vitoriosa na Fórmula, mas não serviu para diminuir o interesse dos brasileiros pela categoria.

Tudo iniciado pelo Émerson, o "Rato", mais de três décadas atrás, e que além dos dois títulos na categoria ainda foi campeão da Fórmula Indy americana (1989), vencendo por duas vezes as 500 Milhas de Indianápolis (1989 e 1993).

Abaixo, alguns números do mais talentoso membro do clã Fittipaldi na F1:
Atividade: 1970 - 1980
Bicampeão em 1972 e 1974
GPs disputados: 144
Vitórias: 14
Pódios: 35
Pole positions: 6
1ª fila: 16
Voltas mais rápidas: 6
Pontos: 281

Carros na F-1
1970 - 1973: Lotus/Ford
1974 - 1975: McLaren/Ford
1976 - 1980: Fittipaldi/Ford

Terceira camisa

Acho muito legal a iniciativa de alguns clubes em lançar uma terceira camisa, ligeiramente ou totalmente diferentes das oficiais. Ajuda a rejuvenescer as marcas dos clubes e funciona como uma boa ferramente de marketing visando a torcida.

O Cruzeiro tem uma, o Palmeiras lançou a sua no jogo contra o Goiás (já havia feito isso ano passado). Por aqui ainda é incomum uma terceira camisa com cores muito destoantes das origianais dos clubes, fato que na Europa já é comum. Vide as camisas utilizadas pelo Barcelona na Champions League. É possível inovar na terceira camisa, mesmo que não carregue as cores tradicionais do clube.

Um caso de sucesso foi o Fluminense. A camisa laranja (em homenagem às Laranjeiras) foi lançada há pouco menos de dez 10 anos. Teve sua cor escolhida pela própria torcida, em uma campanha realizada pela Adidas. A camisa laranja, mesmo não sendo uma cor tradicional do Tricolor carioca, tornou-se a mais vendida do clube - mesmo nunca tendo sido utilizada em jogos oficiais.

Prova de que, além de ser um mimo especial aos torcedores, pode significar uma fonte de receita alternativa às combalidas finanças dos clubes de futebol brasileiros.

domingo, 9 de setembro de 2007

Lá vem a pressão

Quando Jade Barbosa chorou no meio de um exercício no Pan, critiquei a falta de controle da jovem atleta. O que, de certa forma, me obriga a dedicar novo espaço para parabenizá-la pela brilhante medalha de bronze conquistada na Alemanha.

Não acompanho muito a ginástica, nem a tenho como uma de minhas modalidades esportivas preferidas, mas uma vitória importante como essa me faz tirar o chapéu para o bom trabalho que vem sendo realizado na ginástica brasileira. Os destaques não se limitaram a Daiane e Daniele, pois a renovação já está em andamento.

Para a ginástica, a missão é manter esse trabalho de forma consistente para que outros atletas sejam preparados para competir em alto nível.

E para a Jade fica o desafio de, além de aprimorar sua técnica, conseguir lidar com a pressão que aumentará em doses cavalares com a proximidade dos Jogos Olímpicos. Pressão esta injusta, mas que já derrubou a Daiane em Atenas.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

"Puta que o pariu..."

Nesta sexta-feira, Rogério Ceni completará 17 anos como jogador do São Paulo.
São-paulinos o idolatram, quer pelo tempo de dedicação ao clube, pelos títulos, ou até pelos gols. Esse amor é tão grande que até relevam, ou se esquecem, dos anos de jejum e do obscuro episódio do tal contrato com o Arsenal (que contrato???).

Palmeirenses, corintianos e santistas o odeiam. Compreensível, já que o goleiro não desperta simpatia nos rivais - tanto por sua peculiar personalidade, como pela insistência em se superar nos últimos anos.

O resto do Brasil pode, ou não, lhe ter algum apreço. Mas duvido que não o respeite. Três Paulistas, um Brasileiro, duas Libertadores, dois Mundiais, uma Copa do Mundo e 76 gols, afinal, são feitos incontestáveis.

O fato é que ninguém no futebol mundial, atualmente, se identifique tanto com um clube como ele. E do jeito que as coisas funcionam, provavelmente será o último a conseguir isso.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

O verdadeiro Pan 2007

No Mundial de Atetismo, apenas uma medalha de prata.

Na Ginástica, a equipe feminina se classificou para as Olimpíadas; já no masculino, só Diego Hypólito estará lá.

O Basquete Masculino perdeu para o time B da Argentina, e só irá à China por milagre.

O futebol deu outro vexame, sendo eliminado nas oitavas-de-final no Mundial Sub-17.

Para quem tem uma noção razoável de esporte, nenhuma novidade.

Para que só assiste à Globo, deve ser uma baita decepção.

Se é que estão sabendo dos resultados acima.

Tudo isso, porém, não tira o brilho das vitórias do Brasil no Pan. Apenas ratifica nosso País como uma força periférica no cenário mundial, nada além disso.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Vexame anunciado

Como previsto, a Seleção de basquete seguiu à risca o exemplo da de futebol, deu vexame e provavelmente ficará de fora de uma Olimpíada pela terceira vez consecutiva.

Não adianta ter uma geração de atletas com experiência internacional, inclusive na NBA, se a entidade responsável pela modalidade não consegue nem organizar um campeonato nacional decente. Até porque ter jogadores na NBA já não é exclusividade de uns poucos países.

As brigas e discussões internas, que certamente ocorreram, ainda não foram totalmente esclarecidas, muito menos resolvidas. E assim como as falhas na Alemanha, devem demorar algum tempo até virem à tona.

Mas o problema não ocorreu (só) em Las Vegas. Já vem se arrastando, de forma crônica, há anos, aqui mesmo no Brasil.

Bons resultados não são obra do acaso, assim como maus resultados também não.

Se não conseguimos vencer nem o (bom) time B da Argentina, nada leva a crer que consigamos sucesso no Pré-Olímpico Mundial. E não será uma possível contratação de um técnico estrangeiro que solucionará as mazelas do basquete brasileiro.

Nossa atual geração, talentosa e ainda jovem, aprendeu uma dura lição, na marra. Ano que vem, pela TV, devem aprender outra.

Tomara que nossos dirigentes também o façam.

Pérola da semana

As pérolas voltam essa semana com uma citação de Orlando "171" da Hora, empresário do jogador Nilmar.

Em entrevista no rádio, Orlando soltou o verbo sobre o Lyon, ex-clube do atacante, no qual, de acordo com o próprio empresário, o jogador foi muito mal tratado:

"O Lyon não é a quinta maravilha do mundo."

Não mesmo. O posto deve pertencer ao Mausoléu de Halicarnasso, ou alguma outra obra arquitetônica do Mundo Antigo.

domingo, 2 de setembro de 2007

Dois campeões avançam, outro fica

Terminada a 2a fase da Série C, apenas 16 times continuam na disputa dos 64 que iniciaram a competição. Agora serão mais quatro grupos com quatro times cada, buscando as oito vagas para a fase final.

O Bahia, Campeão Brasileiro de 1988, classificou-se e continua na briga para voltar à Série B, sonhando um dia reviver as glórias de outrora.

Já o Guarani, Campeão Brasileiro de 1978, perdeu a classificação aos 42min do 2o tempo, no jogo contra o Vila Nova-GO. O autor do gol do time goiano foi Túlio, o Maravilha, Campeão Brasileiro de 1995 pelo Botafogo. O projeto do gol 1000 continua.

E, por pouco, os times paulistas não se despediram de vez da Série C. O Bragantino garantiu a vaga na última rodada, vencendo em casa o Democrata de Governador Valadares.

Continuo no aguardo do octogonal final, quando os jogos devem ser transmitidos e poderei acompanhar mais de perto os jogos do Tricolor baiano, torcendo para que volte à elite do futebol brasileiro.