terça-feira, 30 de outubro de 2007

O Brasil é aqui

Se a África é logo ali, o Brasil é aqui mesmo. E 2014 já é - até segunda ordem - uma realidade. Não que houvesse alguma surpresa guardada para a encenação toda armada pela FIFA, CBF e sua legião de seguidores e aproveitadores, ontem na Suíça. Mas agora a Copa do Brasil é oficial, e com ela vêm todas as coisas boas e ruins.

Hoje o Estadão publicou um caderno especial sobre a Copa 2014. Dei uma olhada e apenas o guardei por motivos históricos, mas confesso que não li nenhuma matéria. Pois não me interessa saber o que Lula, Ricardo Teixeira, Marta Suplicy ou Paulho Coelho têm a dizer a respeito do tema. Não quero aqui também alertar sobre o trabalho faraônico necessário para a realização do evento, assim como aspectos relacionados a favorecimentos políticos, enriquecimento ilícito e incompetência administrativa. Tudo isso já é praticamente fato consumado, que tomarão conta do noticiário sobre a Copa de hoje até 2014.

Infelizmente.

Até porque as pessoas designadas (por vezes, auto-designadas) para tocar esse empreendimento, como as citadas no parágrafo acima, e outras que aparecerão ao longo do percurso, não são dignas da menor confiança.

Deixo um maior enfoque ao lado ruim para outras oportunidades.

Porque uma Copa no Brasil tem seu lado bom também, por motivos óbvios. Nenhuma Copa da história será tão alegre, e com tamanho envolvimento popular somo esta. Mesmo que a maior parte da população não tenha acesso aos ingressos, garanto que nenhum povo já viveu, ou viverá, uma Copa tão intensamente como o brasileiro. A alegria é provavelmente nossa maior qualidade, e quando inserida no contexto futebolístico, não encontra paralelo. Se o Brasil já parou com uma Copa no Japão, imagina com jogos sendo realizados no Maracanã, Morumbi, Mineirão e outros.

Portanto, sugiro a todos que cancelem todos os compromissos marcados para 2014. Congressos, casamentos, festas de aniversário, enterros. Tudo ficará em segundo plano, e seu evento corre o risco de ser um fracasso. Aos chatos de plantão, que não gostam de futebol e odeiam celebrações populares como essa, a saída será um ano sabático no Nepal. Pois independentemente do que acontecer fora dos gramados, a Copa do Mundo de 2014 será uma festa.

Sorte nossa.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Comparação

Impossível comparar Luiz Henrique com Tostão. Absurdo insinuar alguma semelhança entre Valdívia e Pelé. Impensável colocar lado a lado Rodrigão e Jairzinho.

Mas que o segundo gol de ontem do Palmeiras lembrou o gol do Brasil contra a Inglaterra, na Copa de 70, lembrou.

Eu disse lembrou.

Pois Luiz Henrique, mesmo tendo feito boa jogada pela esquerda, não passou por três adversários num improvável espaço do campo, com direito a caneta e cotovelo. Valdívia teve tranquilidade para dominar a bola no meio da área e visão de jogo para rolá-la para o lado, mas não com a mesma intimidade e sutileza do Rei. E a finalização de Rodrigão não teve o mesmo gosto daquela de Guadalajara.

Por motivos óbvios.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

O preço da discórdia

R$ 400.000,00
Por essa quantia (longe de ser irrisória) como adiantamento de luvas, Thiago Neves aceitou assinar um pré-contrato com o Palmeiras, dias antes de ser afastado pelo técnico do Fluminense Renato Gaúcho e de, após esse período longe dos gramados, também renovar com o time carioca. Com essa nova informação, dá para entender que o Flu não estava tão errado ao afastar o jogador à época em que se discutia sua renovação, pois provavelmente já sabia da sondagem do Palestra.

Só que o Fluminense provavelmente não sabia que essa sondagem havia se transformado em formalização de um pré-contrato e no início do que promete ser uma grande confusão. Mais uma anomalia criada pela tal Lei Pelé, que tinha o nobre intuito de livrar os jogadores das garras predatórias dos clubes de futebol.

Saíram os clubes, entraram os empresários, agentes, procuradores e afins. No caso Thiago Neves, como se um empresário não bastasse, existiam dois deles. O detentor da menor passe dos "direitos federativos" (=passe... a Lei Pelé não tinha acabado com isso?), bem próximo do Palmeiras, convenceu o jogador a assinar o tal contrato, enquanto o outro se esforçava em renovar seu vínculo nas Laranjeiras. E como jogador de futebol é mais influenciável que menina de oito anos, Thiago acabou fazendo os dois.

O que me deixa pensando o seguinte: como ele pensou que isso ia acabar? Que o Fluminense, conformado com a derrota, o liberaria tranquilamente para o clube paulista? Ou que o Palmeiras assumiria um possível aliciamento, desistindo do vínculo jurídico firmado e "devolvendo" o jogador ao Rio de Janeiro? Para qualquer uma das perguntas não teremos uma resposta tão simples assim.

Thiago Neves errou, e vai carregar essa mancha na sua carreira por algum tempo. O Palmeiras também errou, pois quase gerou uma crise interna - num grupo que está muito perto de garantir uma vaga na Libertadores e o vice-campeonato Brasileiro - ao usar um dinheiro que poderia servir para pagar vencimentos atrasados a seus jogadores como adiantamento para o Thiago.

Jogador esse que nem é, ainda, um craque consagrado.

E dinheiro este que o Verdão só verá de volta, caso não concretize a negociação a seu favor, com muita luta.

Thiago já gastou para comprar uma BMW branca.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Brincando em serviço

Será que os dois já não têm problemas suficientes para se preocupar, além de posar para fotógrafos em atos totalmente inúteis, para ambas as partes?

Os corintianos e brasileiros agradecem.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Os outros

Chega o final de ano e, além da Série A chegar a seu momento mais emocionante, podemos acabamos acompanhando mais de perto as últimas rodadas das Séries B e C. Com a vantagem de não estar emocionalmente envolvidos com essas disputas, podemos ao mesmo tempo "torcer" para nossos preferidos aos acessos (o torcer entre aspas pois sou daqueles que acreditam que, torcer de verdade, só é possível para um time) sem nos desgastarmos emocionalmente.

Na Série B, estou com Coritiba, Portuguesa, Vitória e Criciúma e não abro. A Portuguesa por ser um time simpático de São Paulo, que de certa forma acaba fazendo com que são-paulinos, palmeirenses e corintianos torçam para a volta da Lusa. O futebol baiano, por toda sua tradição futebolística e alegria do seu povo, merece ter um time na Série A após alguns anos de ausência, e o Vitória é a bola da vez para isso. Coritiba e Criciúma têm um motivo em comum: têm a chance de trazer para a Série A dois novos clássicos regionais, temperando ainda mais a edição de 2008. Além do fato de todos esses times já terem certa tradição (até um título Brasileiro), podendo aumentar o nível de uma forma geral.

Já na Série C, minha torcida vai toda para o Tricolor baiano, pelos mesmos motivos escritos acima. Ia ser legal ver o Túlio Maravilha subir com o Vila Nova, mas dois anos de Série C são demais para o Bahia.

Sem graça

Os metidos a românticos não perdem a oportunidade de criticarem a falta de emoção do campeonato por pontos corridos, lamentando a ausência dos imprevisíveis confrontos 'mata-mata'.

Pois bem, vejamos a 32a rodada do Campeonato Brasileiro de 2007, encerrada ontem:

- Todos os jogos tinham algum interesse, seja pelo título, pela Libertadores ou pelo rebaixamento.

- A média de público foi de 29.860 torcedores por jogo. Dos nove maiores públicos do campeonato, oito são do Flamengo, que só agora consegue sonhar com, no máximo, uma vaga na Libertadores.

- Tudo bem que o campeão e três dos quatro rebaixados já estão praticamente definidos. Mas cinco times ainda brigam por três vagas na Libertadores, e pelo menos outros seis ainda fogem do rebaixamento.

- A diferença entre o 5o colocado (uma posição atrás da zona da Libertadores) e o 16o (primeiro colocado à frente da zona do rebaixamento) continua sendo de apenas 10 pontos. O nível técnico pode ser discutido, mas nunca o equilíbrio.

- Tudo leva a crer que a maioria dos jogos até o dia 2 de dezembro continuará sendo relevante para algum fim.

Esse é o campeonato sem graça para os tais românticos, que na verdade estão mais para ultrapassados e adoradores da incompetência.

Pois, para eles, o certo não seria o São Paulo, com 13 pontos à frente do vice-líder, já se sentir praticamente Campeão Brasileiro. Mas sim acompanharmos os jogos do Figueirense, Botafogo, Atlético-PR e afins para saber quem terminaria a primeira fase entre os oito para, enfim, entrar no 'mata-mata'.

domingo, 21 de outubro de 2007

2007?

(Guardadas, claro, as devidas proporções)

1986

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

A comemoração

"18/10/2007 - 10h58 - Atualizado em 18/10/2007 - 12h18
Após vitória, Robinho banca festa para jogadores da seleção


Roberta Escansette
DO EGO, NO RIO

Ronaldinho Gaúcho, Vágner Love e o cantor Latino se divertem em comemoração regada a muita bebida, pagode e mulheres

Alguns jogadores da seleção brasileira resolveram comemorar em grande estilo a vitória do jogo contra o Equador, nesta quarta-feira, 18, no Maracanã.

Após a partida que teve o placar de 5 x 0 a favor dos brasileiros, Robinho bancou para os amigos uma festa regada a muita bebida, pagode e mulheres.

O craque, que atualmente joga no Real Madrid, fechou a boate Catwalk na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade, para receber seus convidados.


Ao som do grupo Exaltasamba, os jogadores Ronaldinho Gaúcho, Vágner Love e Somália (com muleta, do Fluminense) e o cantor Latino - com a noiva Mirella -, entre outros, dançaram e se divertiram na festança que foi até as 11h desta quinta-feira, 18. Passistas da escola de samba Salgueiro também animaram a turma.

Durante toda festa, Robinho ia até a rua pedir camisinhas para os seguranças - elas eram distribuídas entre os convidados - chegou a pedir 40 de uma vez só. Por volta das 5h, ele - que é noivo e vai ser pai - deixou o local.

GAÚCHO EVITOU FOTOS
Ronaldinho Gaúcho só saiu às 11h. Foi armado um esquema de segurança para que os fotógrafos não conseguissem um clique do jogador. Guarda-costas fizeram um corredor com um pano preto desde a saída da danceteria até o carro que levaria o craque.

A boate Catwalk já esteve envolvida em um escândalo em 2007. Em julho, o dono do local, o iraniano Jafar Hajbrahim, foi preso por tráfico de drogas na Inglaterra."


http://ego.globo.com/ENT/Noticia/Gente/0,,MUL152254-8334,00-APOS+VITORIA+ROBINHO+BANCA+FESTA+PARA+JOGADORES+DA+SELECAO.html

Comentário do blog: não vou fazer nenhum discurso moralista, afinal se divertir e comemorar é direito de todos. Mas porque sempre tem que ter algum bandido na história quando se fala em futebol?

Versões

Dois modos de analisar o mesmo jogo:
"O Brasil enfrentou um time 'muito forte', com 'ótimo toque de bola', que impôs dificuldades desde o início. No 2o tempo, com grande atuação do 'Trio de Ouro' e após o momento de genialidade tática do Dunga, que soube reestruturar o time e conter os perigosos avanços do time equatoriano, ao trocar Vágner Love por Elano, o Brasil deu show e aplicou uma convincente goleada de 5x0, mostrando porque é uma das Seleções mais fortes do mundo."

"O jogo foi chato até os 25min do 2o tempo, quando o Brasil vencia por apenas 1x0, sem maiores emoções e quase nenhum brilho dos nossos craques. Daí, Kaká resolveu começar a chutar a gol. Tentou quatro vezes, errou três e saíram três gols. Logo depois do segundo gol brasileiro, Dunga tirou seu atacante mais avançado e colocou mais um volante (que até acabou fazendo um gol), talvez contente com o fraco resultado. Os últimos 20min de jogo foram de um digno 'futebol de prédio', mas cinco gols no placar servem para calar a boca dos críticos e preservar a mediocridade."

Escolha a sua.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Brasil: ontem, hoje e amanhã

Só costumo falar da Seleção Brasileira quando tem jogo, como seria o normal. Num momento como esse, de início das Eliminatórias e da primeira partida no Maracanã em sete anos, não poderia ser diferente, então vou abusar mesmo. Apoveito também que (para variar) o jogo está chato para sentar à frente do computador.

Estava pensando esses dias sobre como mudamos de opinião sobre a situação atual do futebol brasileiro e da Seleção desde o início da Copa de 2006. Antes da Copa da Alemanha, ainda com com lembranças da final de 2002 e do baile na Argentina na Copa das Confederações, éramos imbatíveis. Impossível seria o "Quarteto Mágico" ser derrotado. Se marcarem o Kaká, Ronaldinho Gaúcho acaba com o jogo, e vice-versa. Se, por algum milagre, anularem os dois, Ronaldo e Adriano sobram livre na frente. Nada disso aconteceu e, depois do vexame, tivemos um verdadeiro expurgo de (ex) craques.

Na verdade, essa percepção é bem típica dos brasileiros, devido a dois fatores opostos e complementares:

1) Complexo de superioridade na vitória: quando algum de nós se destaca, em qualquer área, adquire logo status de deus grego. O brasileiro é foda, o melhor do mundo, e não tem como negar isso. Ronaldo é um fenômeno, ninguém segura o Adriano e Ronaldinho Gaúcho é quase um Pelé.

2) Complexo de inferioridade na derrota: não sabemos lidar com o fracasso, que é sempre seguido de uma implacável perseguição aos responsáveis e de uma elevação dos pontos negativos do povo brasileiro. Ronaldo é gordo (mesmo que isso fosse inegável à época), Adriano enche a cara na balada e Ronaldinho Gaúcho, além de amarelar, só dá bola para o Barcelona.

No esporte e no futebol esses dois complexos são ainda mais latentes. Talvez em 2006 não fossemos tão imbatíveis assim (como a França, pela terceira vez, mostrou), e é bem provável que não vivamos a entre-safra que alguns pregam, apesar dos substitutos dos que sairam serem, pelo menos no momento, piores dos que saíram. O que temos é um mal gerenciado período de transição, pois uma ótima geração de jogadores se aposentou da Seleção e quem cuida dela não dá a mínima para o que não se relacionar aos dólares no seu bolso.

Quando a mudança é brusca, então, essa transição é ainda mais traumática. Desde a Copa de 1998, tivemos três posições no time praticamente incontestáveis: lateral-direito, lateral-esquerdo e centroavante. Equanto Cafu, Roberto Carlos e Ronaldo eram absolutos, seus reservas se alternavam. Na França, a 13 era de Zé Carlos (!), a 16 de Zé Roberto (que mais tarde viraria meio-campo) e os outros atacantes eram Bebeto, Edmundo e Denílson (sem contar Romário, que foi cortado); já em 2002 os reservas nessas posições eram Belletti, Júnior, Rivaldo, Denílson, Luisão e Edílson. Em nenhum lugar um reinado assim tão grande sai impune.

Maicon, Daniel Alves e Gilberto ainda não se firmaram, nem convenceram a maioria, como titulares da Seleção Brasileira. Cicinho, que se recupera de lesão, precisa corrigir um ponto fraco que é a marcação. Marcelo foi para a reserva do Real Madrid ainda garoto, e reserva (mesmo do Real Madrid) não ajuda a formar jogador. Sem falar em Ilsinho, que já se escondeu na Ucrânia.

A falta de concorrência na posição gerou uma lacuna que talvez demore um tempo para ser preenchida. Não quero dizer que Cafu, Roberto Carlos e Ronaldo são culpados pela própria competência. Assumiram essas posições com justiça e mereceram permanecer nela por todo esse tempo. É apenas uma constatação do que pode acontecer a períodos como esse (que sirva de alerta: assim como o Corinthians, times como Cruzeiro, Vasco e Santos podem ter problemas quando seus "patronos" se forem).

Para finalizar, e assistir o 2o tempo, o momento Nostradamus do dia. Dos 22 convocados por Dunga para os dois primeiros jogos dessas Eliminatórias, estarão na África do Sul: Júlio César, Daniel Alves, Kléber, Lúcio, Juan, Alex, Gilberto Silva, Elano, Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Diego e Robinho. Independente de serem titulares ou não, de merecerem ou não.

Incluindo o técnico. Ou melhor, não incluindo.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Big Brother (Seleção do) Brasil

Queria de saber qual a função que tem um Assessor de Imprensa no banco de reservas durante uma partida de futebol.

Ele não pode ajudar o Técnico, pois esta é função de seu Auxiliar.

Ele não pode aconselhar os jogadores em questões técnicas e táticas, pois até que se prove o contrário ele não conhece - e nem precisa - o suficiente de futebol para tal.

Ele não pode entrar em campo com o médico e o massagista, pois sua área de estudo é bem diferente da Medicina.

Porém, jogo após jogo, lá está Rodrigo Paiva sentado no banco da Seleção. Durante as partidas, permanece sentado e quieto, comemorando quando sai algum gol (do Brasil). Com olhar atento a todos os moviemntos.

Quando a partida chega ao fim, começa seu trabalho de verdade, escolhendo os jogadores que darão entrevista - geralmente à Globo - e conduzindo-os apressadamente ao vestiário, após duas ou três respostas curtas e previsíveis. Sem perder nenhuma palavra.

Esse trabalho, para mim, mais parece censura. Imposta, claro, por quem manda em todos. Jogador da Seleção, além de se submeter às mais diversas imposições da CBF, não pode falar nada contra.

Duvido que, na quarta-feira, independente do resultado do jogo, ouviremos algum comentário negativo sobre as condições do gramado do Maracanã. A não ser que Rodrigo Paiva deixe - ou se descuide.

sábado, 13 de outubro de 2007

A África é logo ali

Após 15 meses, teremos um jogo da Seleção que realmente vale alguma coisa. Com a Copa América cada vez mais desprestigiada e amistosos com valor apenas comercial, o interesse pela Canarinho acaba se restringindo à Copa do Mundo - e, consequentemente, às Eliminatórias que distribuem as vagas para tal competição.

Mesmo assim, as Eliminatórias Sul-Americanas não devem guardar muitas surpresas, pois dificilmente Argentina e Brasil ficarão de fora da Copa de 2010. A briga mesmo vai ser pelas outras duas vagas, além da quinta que leva à angustiante repescagem. Para nós brasileiros, portanto, emoções de verdade só mesmo quando enfrentarmos nossos hermanos mais queridos, a não ser que o improvável aconteça. E tomara que isso ocorra, pois já está empiricamente provado que para ganharmos uma Copa são necessárias boas doses de sofrimento anteriores. Seleção Brasileira que chega a um Mundial com pinta de campeã geralmente se dá mal.

Sofrimento, aliás, é a tônica da Seleção atual, capitaneada pelo anão revoltoso Dunga. Segundo o próprio, Alexandre Pato "terá de sofrer" para chegar à Seleção. Ronaldinho Gaúcho e Kaká já sentaram no banco. Ronaldo Fenômeno carrega quase que sozinho uma culpa que não é (só) dele pelo fracasso na Alemanha. Tudo para que os jogadores saibam o que é vestir a camisa da Seleção Brasileira, ainda sob a Teoria Dunganiana.

Seleção Brasileira não é lugar para sofrimento. Ao contrário, poucas coisas deram tantas alegrias à nação (desculpem a breguice) como o futebol, e quando a tristeza prevaleceu foi devido a um aspecto indissociável do esporte, que é a derrota. Não deve ser requisito para um jogador chegar à Seleção o sofrimento, como se crescer como pessoa e atleta se assemelhasse ao treinamento do BOPE. Dedicação, trabalho e talento nato sem dúvida, mas sem essa conotação de dor que Dunga tanto prega.

Dessa forma, ele tenta transferir para todos os jogadores, agora seus comandados, o peso que ele próprio carregou por anos a fio, depois do vexame de 90. Entre a Itália e os Estados Unidos Dunga viveu, sim, um período conturbado. A "Geração Dunga" foi o estigma do futebol feio e perdedor, fardo muito pesado para um jogador só. É provável que ele tenha sofrido, e justo foi seu desabafo ao erguer a taça do Tetra. Mas querer que isso vire regra daqui em diante é demais. A via-crucis de Dunga, no início dos anos 90, foi originada por uma conjunção de fatores, como os 20 anos sem título, geração não tão brilhante e muito mal comandada. E, claro, o baixo nível técnico do próprio Dunga. Ele era grosso sim, mas conseguiu com méritos reverter essa imagem (aprimorando fundamentos e compensando o restante da falta de técnica com liderança e vontade de vencer).

Os tempos são outros, e sofrimento não é a palavra mais adequada à Seleção nos dias de hoje. A não ser, claro, quando assistimos à perpetuação do poder do Genro Pródigo, amistosos contra combinados do Kuwait e a camisa 9 sendo vestida pelo Afonso.

Nada com que se preocupar, afinal amanhã será o primeiro jogo de um torneio longo e com vários obstáculos imprevisíveis, principalmente para os jogadores. Dos 22 convocados para o primeiro jogo das Eliminatórias para a Copa de 2002, apenas 13 foram à Asia; do início das Eliminatórias de 2006, 12 chegaram à Alemanha. Poranto, a chance de aguentarmos Afonso, Doni e outros na África não é grande.

Assim como de termos Dunga à frente da Seleção.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Ele é o cara

Finalmente, Andres Sanchez foi eleito Presidente do Corinthians. Bateu o pé, fez cena e chegou ao seu objetivo. O ex-Diretor de Futebol da época MSI, ex-defensor da "parceria", ex-aliado de Alberto Dualib, ex-amigo próximo de Kia Joorabchian, e atualmente investigado pela PF por ter sido flagrado em declarações comprometedoras nos grampos telefônicos, é o escolhido pelo Conselho do clube para tirá-lo da situação calamitosa em que se encontra.

Baseado em renovação e transparência. Por mais paradoxo que pareça - e é.

Em entrevista ao Estado desta semana, Andres respondeu:

"Pretende fazer nova parceria?
Claro, o futebol precisa de parcerias. Mas que sejam transparentes, que todos fiquem sabendo quem são as pessoas por trás do acordo."

Só falta ele saber que é possível sim administrar um clube de futebol sem parcerias. Exemplos não faltam.

Falta também achar algum investidor honesto, inteligente e mentalmente são que queira investir no Corinthians.

A sorte do time é que, dentro de campo, São Jorge tem em São Paulo seu santo para causas impossíveis.

sábado, 6 de outubro de 2007

Para a história

O Paraná Clube não está nada bem no Brasileirão e, depois de tomar a virada do América-RN, tem tudo para ser um dos quatro rebaixados. "Trocaria" de lugar com o Coritiba, que já está quase na Série A de 2008.

Apenas o Paysandu, em 2003, conseguiu o feito de disputar uma Libertadores e ser rebaixado no Campeonato Brasileiro no mesmo ano. Fato interessante, mas não tão relevante se levarmos em conta que, com a vaga dada ao campeão da Copa do Brasil, já tivemos times das Séries B com presença na Libertadores no mesmo ano.

Porém, em se confirmando o destino do Paraná, podemos pela primeira vez na história vermos o artilheiro da Série A rebaixado. Josiel, com 18 gols, está bem à frente dos demais concorrentes. O mais próximo é Acosta do Náutico, com 15, que mesmo com a impressionante reação ainda não se livrou do fim fatídico.

Coincidentemente, a coisa quase se repete na Série B. Fábio Oliveira, do virtualmente rebaixado Remo, liderou a artilharia do campeonato por várias rodadas. Mas foi superado em três gols por Val Baiano, do Gama, que ainda luta para subir.

É esperar para ver.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Lá e aqui

A primeira instância do STJD virou piada. Praticamente todas as suas decisões são revistas, e geralmente (seguindo fielmente um dos princípios básicos do Direito) em favor do réu.

Renato Gaúcho, Dorival Júnior, Souza, Coelho, entre outros, tiveram suas penas reduzidas após análise do recurso no Pleno. Sempre dentro da lei, claro, mas alguma coisa não está certa. Ou o STJD julga os casos de forma displicente ou suas toma suas decisões "para a torcida", sabendo que serão alteradas posteriormente.

Ah, teve o caso do doping do Dodô também...

Na Itália, país de Primeiro Mundo mas longe de ser um exemplo de lisura, a jogadora de vôlei Jaqueline também teve nova sentença no seu caso de doping. Só que sua pena foi aumentada para nove meses. Dura, assim como esse tipo de caso deve ser tratado.

Show rubro-negro

Todo mundo sabe que a torcida do Flamengo é a maior do Brasil, e poucos duvidam que seja a melhor. Para estes, vejam o espetáculo que ela deu ontem no Maracanã.



Emociona até quem não é flamenguista.

Melhor que isso, só se essa mesma torcida (e todas as demais) se limitassem a esse tipo de manifestação, e não a outras menos nobres.

E para quem acha que campeonato de pontos corridos não tem emoção, basta lembrar que o jogo de ontem, principalmente para o Flamengo, não valia quase nada.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Tragédia iminente

A coisa começou a ficar feia pouco mais de 15 anos atrás. Naquela época, a arquibancada do Morumbi não era dividida em setores, sendo a separação entre torcidas feita por cordões humanos de PMs. Ficava um clima de tensão no ar durante todo o jogo, e fora do estádio os confrontos eram tão certos quanto os sanduíches de pernil. Nunca vou me esquecer da história do pai que, levando o filho pela mão em algum clássico de São Paulo, pisou em uma lata de refrigerante que estava chão. Esta era na verdade uma bomba, e esse pai teve seu pé amputado, ou perto disso.

Nessa época, porém, os problemas de brigas entre torcidas organizadas era mais concentrado no eixo Rio-São Paulo. Não havia jogo sem que algum caso mais grave ocorresse. Até que numa tarde de agosto de 1995, uma batalha campal no Pacaembu entre palmeirenses e são-paulinos - em um jogo de juniores - terminou com morte, feridos, e medidas drásticas das autoridades. As maiores torcidas organizadas da cidade foram banidas do futebol. Bandeiras, surdos e camisas proibidos de entrar nos estádios, assim como a venda de bebidas alcóolicas. Por certo tempo, até que a situação melhorou um pouco. Mas o vírus já tinha se espalhado, sem que uma vacina fosse desenvolvida.

Hoje, por todo o país, a questão da violência nos estádios fica cada vez mais fora de controle. Na capital paulista, o problema nem é tanto nos arredores dos estádios, mas em estações de metrô a quilômetros de distância - o advento da internet e comunidades virtuais serve como meio de comunicação para vândalos marcarem seus confrontos. No Rio, grupos ligados aos comandos das drogas expandiram seus "teatros de operações" para o Maracanã, e até estádios fora da cidade (como já abordado por este blog). Facções neonazistas infiltraram-se na torcida gremista. O clássico mais bonito do Brasil, outrora livre dessa praga, não é mais realizado sem a troca de pauladas e tiros entre atleticanos e cruzeirenses. Até os jogos do Nordeste, reconhecidos por seus grandes públicos e climas festivos, já foram tomados pela violência.

Isso para não falar em atos isolados de torcidas contra seus próprios times. No ano passado, jogadores do Coritiba chegaram às vias de fato com torcedores revoltados em pleno aeroporto. Os botafoguenses, inconformados com a derrota para o River Plate na semana passada, mancharam a bonita história recente de reestruturação do Fogão. Com a eliminação da Libertadores de 2006, também para o River, corintianos protagonizaram uma das cenas mais impressionantes que eu já vi em quase 29 anos de futebol, e graças a uma dúzia de bravos PMs, não presenciamos uma tragédia ao vivo em rede nacional.

O ponto é que a violência está longe de ter um fim, por maiores os esforços da polícia e (supostas) atitudes das autoridades. E ao invés de dirigentes agirem de forma a abolir esses bandidos dos estádios, ficam cada vez mais reféns dos mesmos. Basta ver o diálogo entre torcedores do Botafogo e o Vice-Presidente do clube, Carlos Augusto Montenegro, na semana passada. Por apoio a candidaturas e projetos paralelos, dirigentes se aproximam dessa corja através de concessão de ingressos, acessos e até dinheiro; em troca, os tais torcedores prometem empurrar os times das arquibancadas. E uma relação que poderia ser justificável acaba tendo contornos de oportunismo e, sendo mais sinistro, terrorismo.

Essa relação, enraizada na maioria dos clubes do Brasil, já deu suas crias. No último fim de semana, o treinador da categoria Sub-14 do Palmeiras, Márcio Vicente Rodrigues, foi agredido por um pai inconformado pelo fato de ver seu filho sacado durante uma partida. Assustado e com três costelas quebradas, o treinador resolveu não prestar queixa e foi remanejado para a categoria Sub-15. Nome do agressor: Paulo Serdan, Presidente da Mancha Verde no início dos anos 90 - aqueles tempos narrados no início do texto. Mesmo estando no olho do furacão dos eventos da época, o "dirigente" virou sócio do Palmeiras e, segundo informações da Rádio Jovem Pan, teve inclusive isenção de taxas para se associar ao clube.

Os clubes criaram deliquentes e agora não sabem como lidar com eles. Quem paga o preço somos nós, torcedores comuns e de bem. De uma guerra previsível, que parece não ter fim. Já vimos tragédias acontecerem, aqui e lá fora, mas ainda não aprendemos a lição.

Assim como tivemos que ver aviões caindo do céu para que as autoridades resolvessem assumir a já deflagrada crise área, talvez tenhamos de esperar a nossa Heysel particular para que, de uma vez por todas, nos livremos desse mal.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Tetsuo Okamoto, o primeiro ouro

"02/10/2007 - 13h01
Primeiro ouro brasileiro em Pan-Americanos morre em Marília

Da Redação - UOL Esporte

Tetsuo Okamoto, medalha de ouro nos 400 m e 1500 m livre dos Jogos Pan-Americanos de 1951, morreu nesta terça-feira em Marília, cidade em que nasceu e sempre morou. O ex-nadador tinha 75 anos e foi também medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de 1952 (Helsinque) nos 1500 m.

Okamoto tinha problemas renais e, nos últimos anos, fazia hemodiálise freqüentemente. Ele faleceu na madrugada desta terça-feira de insuficiência respiratória e cardíaca. O sepultamento será às 17 horas, no cemitério Getsémani, em São Paulo.

O presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, Coaracy Nunes Filho, decretou luto de três dias e pede às 27 Federações filiadas que nas competições realizadas neste final de semana seja feito um minuto de silêncio em homenagem à Tetsuo Okamoto, que com suas glórias nas piscinas de todo o mundo, abriu as portas para a popularização da natação no Brasil.

A medalha de ouro no Pan de 1951, o primeiro da história disputado em Buenos Aires, foi o primeiro também do Brasil na competição. Na época, na volta da capital argentina, o nadador recebeu uma grande festa na sua cidade natal, Marília. Houve cortejo de carro aberto e premiações ao novo herói brasileiro. Na mesma hora, porém, ladrões assaltavam sua casa, levando vários pertences."

Outro grande exemplo da improvável mas bem sucedida integração nipo-brasileira.

E também da curta memória do nosso País.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Barrado no baile

Um dos melhores jogadores do Campeonato Brasileiro está afastado de seu time. Thiago Neves, em represália por não ter renovado com o Fluminense, não jogará mais pelo time até assinar o tal contrato. Palavras de Renato Gaúcho, técnico do Tricolor carioca, que ressaltou que o "Fluminense não vai servir de vitrine para jogador sair no final do ano."

1. Cada macaco no seu galho. Desde quando o técnico do time pode se envolver com esse tipo de questão? Se a interferência desse profissional extrapola aspectos técnicos do time, algo está errado.

2. O futebol brasileiro como um todo já serve de imensa vitrine para times do exterior há muito tempo, por assuntos já discutidos por aqui e em todos os lugares. Porque o Fluminense, Brasileiro da Primeira Divisão de 1984 e da Terceira em 1999, seria diferente?

3. Que direito tem um clube de impedir que um jogador exerça sua profissão como forma de pressioná-lo a renovar um contrato que talvez ele não queira? Concordo que a atual conjuntura do futebol, com empresários e afins ditando a vida de "seus" atletas", é por vezes revoltante. Mas é preciso saber lidar com isso, como boa parte dos clubes já aprendeu.

O pior é que o maior penalizado da história é o próprio Fluminense, que fica sem seu principal jogador na reta final do campeonato - mesmo já sem ter grandes ambições - e provavelmente o perderá em definitivo, pois é difícil um jogador querer ficar com um clima desses.

Alguns clubes precisam descer dos pedestais em que eles mesmo se colocaram, e o Flu não tem mais um Castilho ou um Rivelino. Se quiser reviver os tempos de glória de seus primórdios, quando foi um dos responsáveis pela popularização do futebol no Rio de Janeiro, é preciso que repense seus métodos.

Elas merecem apoio

Ainda bem que, respeitador da superstição no mundo do esporte como sou, deixei para hoje um texto sobre a Seleção Feminina da Futebol. Tivesse eu escrito antes da final seria chamado de pé-frio. Agora já não corro esse risco, pois perdemos, além de ser sempre melhor escrever depois do final.

Poderia escrever um monte de coisas sobre a Copa disputada pelo Brasil, os gols e o pênalti perdidos pela Marta, a provável Copa do Brasil de clubes anunciada pela CBF. Mas não quero cair no comum, e nem beirar a hipocrisia, lamentando sobre a falta de apoio ao futebol feminino brasileiro.

É óbvio que falta apoio, e que esse foi a fator preponderante à derrota de ontem. É claro também que o vice-campeonato e a campanha na China foram além das expectativas. Todo mundo sabe que a modalidade por aqui tem organização mambembe, assim como a maioria imaginava que, frente a um bom resultado (e nem foi o primeiro deles), soluções e novas promessas seriam apresentadas. Já disse em outra oportunidade que torço para que todas as modalidades esportivas, sem exceção, tenham apoio e espaço na mídia no Brasil. Independente de eu gostar da modalidade, já que acho difícil alguém gostar de todos os tipos de esporte (com a música é semelhante). Considero o esporte a oitava arte do homem, além de ser uma soberba fonte de entretenimento, negócios e inclusão social. Por isso, é justo e necessário que todos tenham um mínimo de estrutura para atingir seus objetivos.

O que nos leva ao futebol feminino. Porque a falta de apoio? Descaso? Preconceito? Os dois? Eu tenho uma opinião simples - talvez até simplória - sobre o assunto. Há investimento se há retorno; há retorno se há interesse; e há interesse se, ao menos um determinado público, vê algum atrativo na modalidade. E, sinceramente, isso não foi algo que o futebol feminino conseguiu, pelo menos até agora, apresentar. A maioria dos meus amigos gosta muito de futebol, mas nenhum deles perdeu meia hora sequer de suas vidas futebolísticas para acompanhar uma partida feminina. Meus primeiros 45 minutos, confesso, foram os últimos da final de domingo. E acho que isso é uma regra. Seja por falta de beleza, competitividade ou até preconceito, o futebol feminino nunca empolgou. E daí fica difícil alguém apostar (pricipalmente dinheiro) nele.

A modalidade é ainda bastante desnivelada inclusive lá fora. Mesmo com a qualidade da Alemanha, é irreal um time de futebol vencer um campeonato mundial de forma marcando 21 gols e não sofrendo nenhum, em seis jogos. Se compararmos uma partida de hoje com outra de dez anos atrás, a evolução é evidente; mas ainda a alguns passos de ser uma disputa equilibrada e com alto nível técnico.

Essa é a opinião de um torcedor, e talvez pudesse justificar a recusa de um patrocínio ao futebol feminino. Só que não serve para uma confederação que tem por obrigação zelar e fazer com que esse interesse seja despertado no público geral. Se o futebol feminino tem potencial para se tornar um esporte admirado no Brasil, só o tempo irá dizer. Tempo este que precisa ser preenchido com trabalho, não com promessas vazias e oportunismo barato.

As mulheres do futebol, como atletas e cidadãs trabalhadoras que são, merecem.