segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Rosa Branca - 1940-2008

Da ESPN.com

"O basquete brasileiro está mais triste. Faleceu na manhã desta segunda-feira, aos 67 anos, Rosa Branca, um dos maiores jogadores da história do esporte no país. Paulista, ele defendeu a seleção brasileira durante 12 anos e atuou como pivô, ala e armador.

Conquistou o bicampeonato mundial (1959/1963), ganhou duas medalhas olímpicas de bronze, em Roma (1960) e Tóquio (1964), duas medalhas nos Jogos Pan-Americanos, de bronze na Cidade do México (1955), e de prata em São Paulo (1963).

Além disso, foi tetracampeão sul-americano (1958, 1960, 1961 e 1968). Encerrou sua carreira em 1971, pelo Corinthians."

Nota Esporte Brasilis: pouco tenho a falar sobre Rosa Branca, ou sobre a Seleção em que jogou, apesar de saber quem foram e reconhecer seus feitos. Esses grandes atletas cometeram o "erro" de jogar basquete num país que, além de ser mono-esportivo, padece de uma grave falta de memória.

domingo, 21 de dezembro de 2008

O mais novo Cidadão Paulistano

Da Agência Estado

"SÃO PAULO - Novo reforço do Corinthians, Ronaldo ainda nem mudou para São Paulo, mas já ganhou o título de Cidadão Paulistano. A Câmara dos Vereadores da capital paulista aprovou nesta sexta-feira a homenagem ao atacante de 32 anos, que nasceu no Rio de Janeiro e viveu os últimos 14 anos na Europa.

A entrega do título de Cidadão Paulistano ainda não tem data marcada, mas acontecerá apenas no ano que vem. Ainda morando no Rio, onde espera o nascimento de sua filha para os próximos dias, Ronaldo deve começar a trabalhar no Corinthians em 26 de dezembro, quando todo o elenco corintiano volta das férias.

Sem jogar desde fevereiro, quando sofreu grave lesão no joelho esquerdo, Ronaldo enfrenta agora o desafio de voltar ao futebol brasileiro. Na sua brilhante carreira, ele passou por grandes clubes europeus (Milan, Inter, Real Madrid, Barcelona e PSV), ganhou dois títulos mundiais com a seleção brasileira e foi eleito três vezes pela Fifa como o melhor jogador do planeta."

Nota Esporte Brasilis: não bastassem os incontáveis problemas da metrópole, nossos Vereadores ainda perdem tempo com uma bobagem sem sentido como essa.

Nome e cara aos bois

Estes foram os quatro senadores do PMDB que retiraram suas assinaturas para a instauração da CPMI do Esporte Olímpico:


Neuto de Conto - SC

José Maranhão - PB

Mão Santa - PI


Valdir Raupp - RO


(fotos: Senado Federal)

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

CPMI a perigo

"Lobby da Rio-2016 atrapalha CPMI

Ary Cunha

A candidatura do Rio a sede dos Jogos Olímpicos de 2016 atravessou de vez a possibilidade de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para discutir o uso de verbas públicas no Comitê Olímpico Brasileiro (COB), além de confederações, patrocínios a clubes e eventos esportivos.

Ontem, um dia após o deputado Miro Teixeira (PDT/RJ) e o senador Álvaro Dias (PSDB/PR) protocolarem o pedido de instalação da CPMI no Congresso, o lobby contrário à comissão mostrou sua força em Brasília.

Para que ela seja instalada, são necessárias 171 assinaturas na Câmara e 27 no Congresso.
Até a noite de quartafeira, Teixeira e Dias haviam garantido 194 e 33, respectivamente. Ontem, porém, as conversas de bastidores enfraqueceram o desejo de transparência no repasse de recursos federais para o esporte, numa debandada estratégica.

O senador Valdir Raupp (PMDB-RO), líder do partido no Senado, foi um dos que retiraram ontem a assinatura do pedido de CPMI. E admitiu ter pedido a correligionários que fizessem o mesmo. Raupp alega que, quando assinou a lista, não sabia que se tratava de uma investigação sobre recursos destinados ao esporte.

Segundo ele, o pedido de retirar a assinatura teria se dado após conversa com o senador Francisco Dornelles (PP/RJ).

- Que eu saiba, três ou quatro do PMDB já retiraram a assinatura já na noite de quartafeira. O Dornelles me pediu, junto com o governador Sérgio Cabral, que retirasse a minha. Até porque eu havia assinado na correria - justificou Raupp. - Sinceramente, não sabia que era uma CPMI sobre esportes. São tantos pedidos que a gente só vê quando tramita.

Essa comissão poderia atrapalhar tanto a Copa-2014 quanto a Rio-2016. Assinaturas serão conferidas hoje de manhã, no Senado Sem uma noção exata do estrago que o lobby contra a CPMI causou na lista de assinaturas, o deputado Miro Teixeira novamente criticou o uso da candidatura Rio-2016 como pretexto para impedir a discussão sobre as verbas públicas no esporte.

- O objetivo principal da CPMI é criar uma política esportiva nacional. Tive a informação sobre esse trabalho de bastidores, mas só saberemos o número exato amanhã (hoje) de manhã. Pela movimentação contrária, começa a parecer que há uma distribuição política das verbas destinadas ao esporte - afirmou ele. Hoje de manhã, no setor de administração do Senado, será feita a contagem das assinaturas ainda favoráveis à instalação da CPMI. Se forem suficientes, o pedido será lido no Congresso, após o recesso de fim de ano, e a comissão mista estará aberta, não precisando de votação. Do contrário, o pedido será vetado.

Procurado pelo GLOBO, o senador Francisco Dornelles não retornou as ligações. A assessoria de imprensa do governador Sérgio Cabral informou ontem que ele não se pronunciaria sobre as declarações de Raupp."

(fonte: Senado Federal - http://www.senado.gov.br/sf/noticia/senamidia/principaisJornais/notSenamidia.asp?ud=20081219&datNoticia=20081219&codNoticia=306174&nomeParlamentar=Alvaro+Dias&nomeJornal=O+Globo&codParlamentar=945&tipPagina=1)

Nota Esporte Brasilis: não bastasse a vergonha de, por pressões políticas, o Senador Valdir Raupp retirar a assinatura, é deprimente saber que ele tem o costume de assinar pedidos de CPI sem saber do que se tratam. Ele foi eleito pelo povo. Novamente, temos o que merecemos.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O porquê da gente ser assim

Não sabe por que o futebol/esporte brasileiro é uma bagunça?

Ouçam o que disse o presidente de um dos "grandes":



E declarações desse estilo não são exclusivas do médico Horcades.

Temos o que merecemos.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Do blog do Calçade

Continuando o que eu escrevi aqui alguns dias atrás, veja o que publicou ontem o jornalista Paulo Calçade, da ESPN, em seu blog no site da emissora:

"É muito mais fácil criticar o baixo nível dos boleiros do que tentar encontrar beleza no futebol jogado pelas equipes brasileiras. Não é fácil, é verdade. Mas não se pode ignorar que há muita gente boa jogando por aqui. Geralmente se dá mais valor a um jogador quando ele é vendido. Isso vai acontecer com Hernanes e Ramires, meias disfarçados de volantes. E talvez com Thiago Silva e Nilmar, donos de extraordinário talento. No futebol brasileiro, com um pouquinho de boa vontade até um cético se diverte."

Isso é bem próximo do que penso. Tudo bem, o nível não é o mesmo de tempos atrás. Mas só ficar reclamando enche o saco, afinal, é o que temos hoje - e teremos por algum tempo, pelo menos.

Para aqueles que acham que nada se salva no futebol brasileiro, a solução é simples: parem de assistir.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Dúvida

Alguns acharam exagerada; mas a apresentação de Ronaldo, um dos três maiores nomes do futebol mundial dos últimos 20 anos, no Corinthians, 2o clube mais popular do país do futebol, merecia uma festa dessas.

A maior questão agora é se o Fenômeno voltará a jogar futebol em um nível aceitável. A minha opinião é de que não, tendo em vista que desde 2004 o jogador não consegue ter uma boa sequência de jogos, teve lesões gravíssimas e não é mais nenhum garoto. Para mim, seria uma surpresa ver sua carreira brilhar novamente, mas quem já protagonizou aquela reviravolta de 1998-2002 não pode ser totalmente subestimado.

Deixando isso de lado, outras uma pergunta me veio à cabeça hoje:

Como pode uma torcida lotar um estádio, em plena sexta-feira útil?

Justiça

Já que citei um, nada mais justo que homenagear também os outros Campeões Mundiais da semana.

Que foto: Flamengo 3 x 0 Liverpool - 13/12/1981

Dias melhores de Renato Gaúcho: Grêmio 2 x 1 Hamburgo - 11/12/1983

Brasileiros x Europeus

Hoje o São Paulo comemorou o 15o aniversário do Bi-Mundial, conquistado com a vitória de 3x2 sobre o Milan.

Mesmo com ótimas lembranças daquele dia - ou melhor, madrugada - não vou deixar aqui nada relativo à grandeza da conquista, mas usá-la para expressar minha opinião de como o brasileiro vê o futebol jogado aqui em nosso país, em outros tempos e atualmente.

Em 1993 eu já tinha 15 anos. Lembro bem de que, mesmo o Tricolor já sendo à época o campeão mundial, os comentários dominantes eram de que o Milan era favorito, devido à grande disparidade entre os times - coisa que também fora dita um ano antes, contra o Barcelona.

Pois bem, vamos à escalações:

Milan: Rossi; Panucci, Costacurta, Baresi e Maldini; Albertini, Desailly, Donadoni e Massaro; Papin e Raducioiu. Técnico: Fabio Capello. (Comentário: como é estranho ver um time italiano formado basicamente por... italianos)

São Paulo: Zetti; Cafu, Válber, Ronaldão e André Luis; Doriva, Dinho, Toninho Cerezo e Leonardo; Muller e Palhinha. Técnico: Telê Santana.

Tá certo, concordo que o Milan tinha mais time. Mas a diferença era tão grande assim?

Do time milanista, apenas dois jogadores não disputariam a Copa de 1994 (se não estiver enganado) devido à ausência da respectiva seleção (mas Papin havia jogado em 1986, e Desailly ganharia a de 1998); o meio-campo contava com pelo menos dois craques, e a zaga, com dois mitos. Um timaço. Mas a minha análise vai ficar mais com o oponente.

Zetti, na minha opinião, era melhor do que Rossi, e estava no grupo campeão da Copa dos EUA; se Maldini dominou a lateral da Azurra pelos 15 anos seguintes, o mesmo pode ser dito de Cafu - que além de ter ganho uma Copa a mais, ergueu a taça e quebrou outros recordes do torneio; não dá pra comparar Costacurta/Baresi com Ronaldão/Válber, mas mesmo assim um deles (da zaga tricolor) também ganhou Copa do Mundo e o outro só não participou de nenhuma devido a sua vida extra-campo; Doriva e Dinho destoavam, mas Toninho Cerezo dispensa comentários, e Leonardo é outro Tetra; na frente, Muller, com três Copas no currículo, era o melhor atacante em campo (e fez a diferença...). Isso sem falar que sentados no banco do São Paulo estavam, não apenas Telê Santana, mas dois futuros penta campeões: Rogério Ceni e Juninho Paulista.

Tudo isso para chegar ao ponto fundamental: nós temos a mania de sub-valorizar o que temos aqui e super-valorizar o que está lá fora. Ainda mais nos dias de hoje, não conseguimos apreciar um grande jogador enquanto ele ainda está por aqui. Para virar craque, tem que jogar na Europa.

(Esperem e vejam o que acontecerá com o Thiago Silva até a Copa de 2010...)

Não sou louco de achar que o futebol brasileiro está no mesmo nível do europeu.

Mas se aprendessemos a enxergar com outros olhos o futebol praticado por aqui, compreendendo a situação e buscando pontos positivos, teríamos menos a reclamar e mais a comemorar.

Até porque, essa realidade é a que temos.

ps: em outro momento, escrevo com mais detalhes o que penso do atual futebol brasileiro jogado no Brasil.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O maior tabu

Nos 37 anos de disputa do Campeonato Brasileiro, não tivemos nenhuma repetição de campeão e vice-campeão, nessa ordem.

Se o Grêmio tivesse desbancado o São Paulo, a dupla repetiria 1981 e acabria com o mais antigo e curioso tabu da história do torneio.

Que persiste.

Então e agora

No dia 21/07, fiz as seguintes previsões sobre o Brasileirão 2008:

"1) O Flamengo não é fogo de palha e continua sendo candidato ao título, mas os anteriorse nove pontos de vantagem - assim como qualquer outra larga vantagem a ser aberta por outro time - era ilusória e mero acaso." - o maior erros do Mengão não foi dentro de campo, mas fora dele. A venda dos jogadores de ataque, sem a adequada reposição, levou o time àqueles sete jogos sem vitória, fundamentais para o "fracasso" do time no campeonato. Brigou pelo título até quase o final, mas, para ser campeão, algumas coisas precisam mudar na Gávea - começando por dirigentes mais profissionais e menos fanfarrões.

"2) O Grêmio não vai à Libertadores 2009." - errei feio, mas não sozinho. Todos esperavm o momento em que o Grêmio cairia de produção e deixaria de ser um "intruso" no G4. A queda até veio, mas brigou pelo título até a última rodada.

"3) O Real Madrid fudeu o Cruzeiro, que vai penar sem Ramires." - nem lembro mais, mas acho que o time espanhol tentava a contratação do volante. Ele não saiu, e o Cruzeiro fez um bom campeonato, terminando em 3o lugar. A celeste só tem que torcer para os Perrela não venderem o jogador para o CSKA.

"4) O Vitória, ao contrário, é fogo de palha. Porém, para quem estava na Série C em 2006, o papel já foi cumprido." - o 10o lugar foi excelente para o rubro-negro baiano.

"5) O São Paulo não queria ganhar mais um Brasileirão; mas estão deixando o Tricolor chegar." - auto-explicativo.

"6) O favoritismo palmeirense fica mais teórico a cada rodada." - o Palmeiras não só confirmou minha previsão como foi a grande decepção de 2008. Um ano que começou até bem, mas que no 2o semestre teve momentos lamentáveis e acabou de forma patética com a derrota para o Botafogo.

"7) O Internacional, ao contrário do rival tricolor, vai à Libertadores 2009 - se não chegar mais longe ainda em 2008." - outro erro. Mas, de novo, não fui o único. Os rivais gaúchos compartilharam da opinião da crítica no primeiro semestre, mas terminaram o campeonato em locais trocados. De qualquer forma, ganhou um título e promete um grande ano de centenário.

"8) Dentre os quatro rebaixados, estará pelo menos um destes campeões: Vasco, Botafogo, Atlético-MG e Santos." - o Vasco cumpriu o planejamento e classificou-se para a Série B de 2009. O Santos, outro paulista com um ano sofrível, terminou apenas um ponto acima da zona do rebaixamento, e o Galo, quatro. O sétimo lugar do Botafogo, melhor colocação do time desde o título de 95, me surpreendeu.

"9) A Portuguesa deu um grande passo de volta à Segundona ao demitir Vágner Benazzi." - uma pena. Cabe aqui o registro da melhor frase do ano no jornalismo esportivo paulista: perguntado sobre qual era o maior culpado pela situação em que a Portuguesa se encontrava, o jornalista-torcedor lusitano Flávio Gomes, da ESPN, respondeu sem pensar: "Pedro Álvares Cabral".

"10) O Fluminense vai à Sul-Americana, mesmo sem os Thiagos." - o melhor dos Thiagos ficou, e mesmo correndo risco até a penúltima rodada, o Tricolor carioca garantiu a vaga no segundo torneio mais importante da América. Mas, pensando bem... quem não conseguiu?

Até que não fui tão mal.

A arbitragem, mais uma vez

A última rodada, com todas as outras 37, não poderia sair ilesa aos erros de arbitragens. Mas antes que se fale em 'esquema' para favorecer este ou aquele time, vamos aos fatos.

Borges estava impedido, e muito. O lance nem era tão difícil assim, visto que tanto o atacante como o Hugo, que errou o chute e acabou fazendo a assistência, estavam no mesmo campo de visão do bandeirinha. Lance fácil, erro grave.

Num dos gols do Atlético-MG, não me lembro se o primeiro ou o segundo, o atacante estava em posição legal. O lance não foi tão fácil como o do jogo do São Paulo, e até considero o erro perdoável - o que não deixa de ser um erro.

O segundo pênalti do Flamengo foi dado em uma falta cometida quase um metro fora da área.

No primeiro pênalti do Cruzeiro, o zagueiro da Lusa não chega nem perto de encostar no Wágner, meia celeste. A câmera de baixo mostra claramente o erro grotesco da arbitragem.

Não vi outros lances dos demais jogos, mas não tenho dúvidas que outros erros ocorreram.

Os árbitros erram para todos, de diversas formas, em variados graus. Mas não existe nenhum esquema da conspiração. A verdade é que a arbitragem brasileira é mal preparada. E enquanto ela não se profissionalizar, partidas continuarão a ter seus resultados comprometidos por erros amadores dos árbitros.

Pois é isso que eles são: amadores.

(Para registro: tudo leva a crer que o suposto "suborno" ao Wagner Tardelli não passou de um ato equivocado, intencional ou não, do Presidente da FPF. Entretanto, minha posição, imutável, sobre a questão é: qualquer time, seja ele qual for, que tenha comprovado seu envolvimento com armação de resultados, deve não só ter seu título cassado, se for o caso, como ser automaticamente rebaixado para a Segunda Divisão do campeonato em questão. Sem discussão.)

Merecido, mas não para todos

E o São Paulo ganhou mesmo, de novo. O título é mais do que merecido, pela melhor administração em prática no Morumbi há anos e pelo trabalho dos jogadores e comissão técnica - principalmente, Muricy Ramalho. Aquele blá blá blá já meio batido, embora verdadeiro. O que poucos falam, e eu me sinto muito à vontade para falar, é que quem menos merece esse título é a torcida são-paulina. Poucas coisas são tão deprimentes como ir ao maior estádio particular do país, casa de um time que vem ganhando tudo nos últimos anos, e encontrar mais lugares vazios do que torcedores. A torcida tricolor, de longe, é a que menos empurra o time quando precisa, mas que na hora de comemorar é a primeira a aparecer. Muito conveniente. Pensando bem, foi até bom o empate contra o Flu, transferindo a festa para Brasília. Boa parte daqueles 70 mil "torcedores" não merecia tamanho presente de fim de ano.

O vice-campeonato também foi justíssimo ao Grêmio. Considerando o fato de que o Tricolor gaúcho está atrás, em termos de time/elenco, de pelo menos outros 5 times brasileiros, o 2o lugar é heróico. Só que, ao contrário do primeiro parágrafo, a torcida gremista merecia um título. O apoio incondicional ao time, durante todo o campeonato, foi comovente. Se ano passado a torcida do Flamengo deu show, em 2008 esse papel coube à do Grêmio.

Na parte de baixo, falemos do rebaixado do ano. Motivos não faltaram para a queda do Vasco, anunciada desde o começo do campeonato. É triste ver marmanjos e crianças chorando na arquibancada, inconsoláveis, como se de repente o mundo tivesse acabado. E o que vou dizer é duro, mas não mudo uma vírgula: eles mereceram. Essa mesma torcida que chora é a mesma que, por anos, gritou o nome de Eurico Miranda, quando os troféus entravam um atrás do outro em São Januário; até uma cadeira no Congresso Nacional deram para o dirigente. Portanto, torcida vascaína, não lavem as mãos. Assumam sua parte da responsabilidade. Ajudem a reconstruir a própria imagem do time, tão arranhada durante o "Império Eurico Miranda". A parte triste é o fato de que o Vasco tenha caído justamente com Roberto Dinamite na presidência. Ele não merecia tal sorte, mas... paciência.

Por fim, cabe exaltarmos o campeonato sensacional que tivemos em 2008. Podemos não ter os melhores jogadores em ação em terra brasilis, mas é assim que as coisas serão daqui pra frente. A consagração da fórmula dos pontos corridos, além de proporcionar emoção por sete meses, é a única saída para a reestruturação do futebol brasileiro; a forma para que o tal "alto nível" possa, um dia, voltar aos nossos estádios, mesmo que em menor escala.

Nós, torcedores, merecemos. Mas não todos. Aqueles que ainda insistem em voltar com fórmulas antigas, que prestigiam o casuísmo e perpetuam a bagunça, não merecem compartilhar da emoção que nós, verdadeiros torcedores de futebol, sentimos durante todo o Campeonato Brasileiro.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Coisas que serão ditas na segunda-feira

No Brasil, não se pode relativizar as coisas. Qualquer assunto, seja qual for sua relevância, exige opiniões absolutas e excludentes; se não for 8, é 80, e algo contrário a isso ganha o termo pejorativo de "em cima do muro".

Num campeonato parelho como este que acaba amanhã, é difícil encontrar alguma verdade incontestável, visto que um mero acaso pode decidir qualquer das duas partidas decisivas envolvendo São Paulo e Grêmio e, consequentemente, o final do Brasileirão-2008.

Mesmo assim, não tenho dúvidas de que veremos/ouviremos as seguintes frases na segunda-feira:

Cenário 1 (72% de chances, segundo o matemático Tristão Garcia)
- A organização e estrutura do São Paulo fazem com que esse título seja merecido.
- O Grêmio foi longe demais pelo time que tem.
- O empate com o Fluminense apenas adiou uma festa que não tinha como não acontecer.
- O Grêmio deixou escapar o título em jogos decisivos na reta final do campeonato.
- Muricy Ramalho é o melhor técnico do Brasil.
- Celso Roth, mais uma vez, começa bem e termina sem o título.

Cenário 2 (28% de chances, segundo o matemático Tristão Garcia)
- A Diretoria são-paulina errou muito durante o ano, por isso termina 2008 sem títulos.
- O Grêmio, ao contrário do que muitos pensam, tem um grande time de futebol, e mereceu ser campeão.
- O São Paulo cantou vitória antes da hora e pagou o preço.
- O Grêmio é imortal.
- Muricy Ramalho, assim como nas três últimas Libertadores, falhou em momento de grande tensão.
- Celso Roth é o melhor técnico do Campeonato Brasileiro de 2008.

Qual destes cenários prevalecerá? Apesar dos números apresentados, e do fato de que das nove possíveis combinações de resultados, apenas uma dê o título o Tricolor gaúcho, o campeão deve ser decidido apenas depois do 30 do 2o tempo (meu palpite).

Se o adversário do São Paulo fosse qualquer outro time, arriscaria a dizer que seria uma barbada.

Mas o Grêmio costuma tornar possível até mesmo o impossível.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Detalhes

Muito se discute sobre a prática absurda, por aqui, de se demitir um treinador após alguns poucos resultados ruins, sem dá-lo a chance de desenvolver um trabalho de médio/longo prazo.

Um argumento forte é de que não se pode avaliar a competência de alguém por alguns resultados, que muitas vezes são decididos em detalhes.

Concordo, para os dois lados. Se a derrota nem sempre significa incompetência, a vitória também não pode levar à competência incontestável. E é por isso que o Inter precisa urgente de um novo treinador.

Não tinha nada contra o Tite, até a semana passada - pessoalmente, ainda o considero uma pessoa correta, educada e séria. Mas durante a primeira partida da final da Sul-Americana, um repórter de campo contava como o técnico era costumeiramente auxiliado pelo Clemer durante os jogos. Achei meio estranho, pois me veio à mente a imagem de uma pessoa insegura, sem respaldo, - o que ainda pode ser verdade, visto o passado tricolor do treinador - que se apóia em uma figura respeitada no ambiente para desenvolver seu trabalho.

Depois de algum tempo, quando o Inter já vencia por 1x0 e o Estudiantes começa a esboçar uma reação, a câmera focalizou a cara do Alex e deu claramente para ver o jogador berrando para o banco, agoniado:

"Faz alguma coisa! O time parou de jogar!"

Tudo bem que o Alex é um jogador com uma visão diferenciada do jogo, mas não era preciso uma chamada dessas para o treinador fazer alguma coisa.

E ele fez: colocou em campo o Gustavo Nery....

Ontem foi ainda mais patético. O Inter era interamente dominado pelo Estudiantes, perdia o jogo e via um título quase certo escapar por entre os dedos. Quase vinte minutos após o gol argentino, Tite resolve fazer algo. Tira um dos melhores em campo, Andrezinho, e coloca o laranja podre de novo! E que só não foi expulso em 15 minutos porque o juiz não quis.

E ainda tirou o Alex. Em um jogo normal, a substituição seria justíssima, pois o jogador não viu a cor da bola o jogo inteiro. Só que a partida de ontem não era normal, e nessas horas um jogador diferenciado pode fazer a diferença, ainda mais em uma disputa por pênaltis (apesar disso, sei que esse ponto de vista é discutível e entendo quem pense em contrário).

O Inter acabou ganhando, e a impressão que fica é que correu tudo bem; mas poderia ter perdido, por muito pouco não perdeu, e se isso acontecesse Tite já estaria desempregado de madrugada. O discurso seria "Perdemos nos detalhes".

Pois bem... se esse detalhe significaria a demissão do treinador, por que o detalhe da vitória é motivo para mantê-lo no cargo?

O Internacional tem tudo para ser o time a ser batido em 2009. Ainda mais de técnico novo.

Único

Depois de um jogo como o de ontem, me fiz de novo a pergunta: como pode alguém não gostar de futebol?

(Tudo bem, talvez seja um pouco demais generalizar desse jeito. Como o esporte, em sua essência, representa um embate de forças intrínsicamente ligado ao universo masculino, e visto que o futebol, mesmo que mundial, adquiriu no Brasil, país carregado de emoção, traços únicos, reformulo a questão: como pode um brasileiro não ser alucinado por futebol?)

Alguns dizem que a Sul-Americana não vale nada, não passa de uma Segunda Divisão da Libertadores. Não há dúvida de que esta é incontestavelmente mais importante que aquela, mas nem por isso a Sul-Americana perde sua relevância. Se ela não goza de tanto prestígio entre os brasileiros, é muito por culpa de dirigentes pouco interessados torná-la atraente.

Onde já se viu premiar o 13o colocado de uma competição com alguma coisa? A Sul-Americana já começa errado desde o começo.

Também "ajuda" o fato de que o brasileiro, mesmo vivendo em um país atrasado e atolado em problemas, não se contenta com nada que não seja o melhor. Se o título não for da Libertadores, ou a medalha não for de ouro, nada vale.

Agora, pergunte a algum colorado se a noite de ontem não foi especial.

Além de ser protagonista de uma partida épica, o Internacional tornou-se o único time detentor de todos os títulos possíveis, atualmente, a um clube de futebo brasileirol; o único "Campeão de Tudo".

Não tenho a menor dúvida de que, caso o Grêmio não consiga reverter a vantagem do São Paulo no domingo, o fim de ano Colorado será muito mais alegre do que o Tricolor.

Pois, nesse caso, o título da "Série B" vale mais do que a vaga na "Série A".

Impossível não perceber isso.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Sem emoção

Pois é, campeonatos de pontos corridos não têm emoção.

Chegamos à última rodada com duas vagas à Libertadores e duas à Série B em disputa. Além, é claro, do título.

Como torcedor, gostaria de estar escrevendo algo diferente, meio de ressaca pela festa de ontem. Mas, com um olhar mais crítico e menos passional, não seria justo um campeonato desses acabar com uma rodada de antecedência.

Por muito tempo fui defensor dos tais 'mata-matas', mas defender tal modelo hoje não é nada mais do que burrice - ou gosto pela incompetência.

O bom é que a fórmula dos pontos corridos, já consagrada mundialmente, ganha cada vez mais força por aqui.

E que os jornalistas que brigam por qualquer outro modelo se aproximam cada vez mais da tão sonhada aposentadoria.

Um último detalhe: se o título vier para o Tricolor paulista, será conquistado nos últimos momentos do campeonato, depois de uma arrancada espetacular; já se for para o Tricolor gaúcho, terá sido ganho na 1a rodada.

A semana promete ser longa.

A vergonha continua

Depois de um longo silêncio, volto à ativa, já que a matéria divulgada ontem no 'Estado de S. Paulo' me obrigou a dizer algo - não que vá fazer muita diferença.

Gastou-se uma dinheirama sem tamanho para o Pan-2007.

Construiu-se menos do que o prometido, a um custo não sei quantas vezes maior.

As promessas de melhorias à vida dos cariocas continuam sendo apenas promessas, pois obras de infra-estrutura na cidade não foram feitas e a guerra civil com o tráfico voltou a ser o que era logo após o fim dos Jogos. E a Baía de Guanabara continuar poluída.

Pelo menos foram feitas belas obras de infra-estrutura esportiva, que seriam utilizadas em projetos sociais e no desenvolvimento do esporte brasileiro.

Pois bem.

O Engenhão não só não será utilizado para Copa-2014 (o que, de certa forma, é até lógico devido à preferência incontestável do Maracanã) como não serve nem para clássicos regionais. Além do que ele não serve ao esporte brasileiro, mas sim a uma entidade privada voltada quase que exclusivamente ao futebol.

As demais arenas encontram-se quase que abandonadas, por falta de quem as administre.

E o que é pior: divulgou-se agora que a maioria destes espaços, inclusive o Parque Aquático Maria Lenk, não servem para os Jogos Olímpícos. Terão de ser reformados. Ou, em alguns casos, outras arenas deverão ser construídas caso ocorra a tragédia de concederem ao Brasil o direito de "organizar" os Jogos de 2016.

Superfaturamento é um escândalo, má utilização é descaso; agora, depois de tudo isso vir à tona que aquilo que ficou pronto ano passado já está ultrapassado vai além de qualquer descalabro imaginável.

E a 'festa' da Copa-2014 mal começou...

Podem me chamar de chato, anti-patriota, o que for.

Mas sou absolutamente contra a realização de qualquer grande evento esportivo no Brasil.

Já temos problemas e corrupção demais, e competência e honestidade de menos, para criar outra oportunidade da qual meia dúzia (talvez um pouco mais) de pilantras dilapidem o patrimônio público e recebam palmas da torcida.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Pedido de desculpas

Estou em falta com o blog, e ainda mais com os atletas para-olímpicos do Brasil.

Mas realmente não tenho tido tempo para escrever.

Foi mal.

domingo, 24 de agosto de 2008

A décima quinta

A última medalha em Pequim não foi a esperada, mas nem por isso sem valor.

É fácil falar agora, depois do jogo, mas de alguma forma era sensível que a seleção masculina da vôlei não estava com aquele "sangue nos olhos" de outros tempos. Mesmo assim, foi até a final - por um caminho relativamente tranquilo, é verdade - e acabou com uma medalha de prata.

A seleção de vôlei mais vitoriosa de todos os tempos pode ter encerrado seu ciclo sem um título.

O que não muda o que ela representa.

sábado, 23 de agosto de 2008

A décima quarta

Enfim, o ouro no vôlei feminino. Foi quase sem graça, tamanha a superioridade da equipe ao longo dos Jogos Olímpicos; quase, pois uma medalha de ouro olímpica sempre tem graça.

O que não teve graça foi a demonstração de revanchismo da Mari e da Fabi, que num momento como esse mandaram um 'cala boca' aos críticos, como se estes fossem os culpados pelas derrotas sofridas nos últimos anos.

Assim como serão merecidas as homenagens pela inédita conquista, também foram justas as críticas após a eliminação em Atenas. Afinal, não se perde cinco match-points seguidos num jogo, muito menos em uma semi-final olímpica.

Nada apagará aquela fatídica derrota para a Rússia, assim como essa medalha de hoje também será eterna - e prevalecerá.

As meninas do vôlei aprenderam a ganhar, coisa fundamental para qualquer campeão.

ps: enquanto escrevia esse post, Fabi e Mari davam entrevistas no Sportv. Muito equilibradas as palavras da líbero (que não estava em Atenas), mas a atacante se perde com declarações raivosas. Ela é afinada sim, e até o Zé Roberto sabe disso.

A décima terceira

Uma grande medalha para o Brasil, mas que por ser a oitava de bronze da Brasil e dividir as manchetes com duas finais do vôlei, infelizmente não terá a atenção merecida.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A décima segunda

Em 2004, Maurren brigaria pela medalha em Atenas. Mas o doping a tirou dos Jogos.

Pensou em abandonar a carreira, casou e ganhou uma filha - o maior presente que alguém pode ter, e que provavelmente não teria ganho se não tivesse a interrupção na carreira.

Alguns anos depois, voltou a competir e conquistou o ouro em Pequim.

Campeã olímpica e mãe, melhor impossível.

A décima primeira

De longe, a mais sem graça.

A décima


A nona

Terceira medalha olímpica de Ricardo, uma de cada.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

A oitava

No duelo profissional/racional x mambembe/emocional, venceu o primeiro.

Se tinha alguém que precisava de uma medalha de ouro, era o futebol feminino.

Com ela, haveria uma remota esperança da vida dessas meninas - e de tantas outras - melhorar um pouco.

Imagine sem.

Mais uma

Jadel Gregório é campeão Pan-Americano.

Jadel Gregório tem auto-confiança e não precisa de técnico.

Jadel Gregório fala de si mesmo na terceira pessoa.

Jadel Gregório terminou a Olimpíada em sexto lugar, quase meio metro atrás do campeão.

Jadel Gregório é mais uma piada do esporte brasileiro.

A sétima

Quatro medalhas olímpicas, o cara é foda.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Olé!

Após alguns anos de sucessivas surras, veio o troco: a Argentina deu um baile no Brasil na semi olímpica. Uma derrota que seria compreensível, como em qualquer outro clássico, se o Brasil não tivesse mostrado um futebol medonho durante todo o torneio olímpico.

Como já está sendo dito há meses, a culpa é de todo mundo: dos jogadores, que parecem não estar nem aí; do Dunga, que não tem condição - nem preparo - para ser técnico de time nenhum, quanto mais da Seleção Brasileira; do Ricardo Teixeira, que além de ter "inventado" o Dunga, dá de ombros a qualquer assunto que não envolva a Copa 2014 e dólares no seu bolso.

O mais triste disso tudo é que, mesmo após uma eliminação como essa, ninguém parece se importar muito - e por "ninguém" me refiro à torcida mesmo. É engraçado que tanto derrotas como vitórias da Seleção só têm alguma relevância se ocorridas frente à Argentina. Não torcemos mais pelo nosso selecionado, mas contra o rival, como se o "ódio" a ele tivesse sublimado o nosso amor próprio.

Para mim, apenas perdemos mais uma chance de medalha de ouro. Futebol olímpico e Seleção Brasileira já não significam tanto, a (triste) verdade é essa.

A CBF, que por tanto tempo tratou as Olimpíadas como prioridade - o tal "único título que falta ao futebol brasileiro" - também já não liga tanto. Além de ser um torneio de difícil preparação, não é rentável como os amistosos, à base de polpudos cachês, que a Seleção Brasileira costuma fazer mundo afora.

Mas, como coerência não é a tônica na entidade, não me surpreenderia se a mesma utilizasse mais esse fiasco para "desinventar" o técnico Dunga.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

De novo, a zica

Em Atenas, um irlandês débil mental jogou Vanderlei Cordeiro de Lima ao chão, quando este liderava a maratona.

Agora, foi a vez de algum chinês incompetente deixar Fabiana Murer sem vara. Perdendo o material e a concentração, a atleta não conseguiu seguir na briga pela medalha.

Se Vanderlei ganharia o ouro em 2004, ou se Fabiana subiria ao pódio em 2008, são hipóteses que não passam de meras especulações; mas o fato é que os dois foram impedidos de continuar lutando, por erros das comissões organizadoras dos dois eventos.

Perder por erros dos outros é horrível.

Ser impedido de ao menos tentar, pior ainda.

Não há medalha de consolação ou pedido de desculpa que sirva de compensação à Fabiana, pois os quatro anos anteriores de treinamento já passaram.

O jeito é continuar, mirando a próxima Olimpíada.

Puta da vida.

A sexta

domingo, 17 de agosto de 2008

A queda

Diego merecia uma medalha. Treinou muito, venceu o joelho operado e a dengue. Chegou concentrado como poucos em Pequim.

Fez uma apresentação perfeita, até o último salto... sabe aquela história do cara que sai da balada meio bêbado, meio com sono, mas se concentra tanto ao volante que vai direitinho até bem perto de casa, mas relaxa a poucos metros da garagem, acaba dormindo no voltante e bate o carro? Pois é, acho que foi mais ou menos isso que aconteceu com o Diego.

Ao pegar impulso para o último salto, talvez tenha perdido a concentração por meio segundo, já em comemoração interna pela bela apresentação. Erro fatal.

Também virão as teorias de que amarelou. Até pode ser, pois é notório que atletas brasileiros (ou os latinos, em geral) têm certa dificuldade em manter a calma nesses momentos de pressão. Eu, porém, não acredito muito nisso, já que a sua falha veio somente no último movimento, e não ao longo da apresentação.

Seja qual for o motivo, o fato é que Diego errou no momento mais importante de sua carreira esportiva; apenas um erro, é verdade.

Mas são pequenas diferenças como essa que separam os grandes atletas de todos os outros.

Em Londres, Diego terá outra chance de entrar neste seleto grupo.

sábado, 16 de agosto de 2008

A quinta

Medalha de ouro vale mais que a de prata, que vale mais que a de bronze; e o isolado ouro de Cielo comoveu mais o Cubo D´Água que a sequência a granel de Phelps.

Mas qualquer medalha olímpica é algo fantástico; para um país como o Brasil, mais ainda.

Por isso a contagem continuará sendo feita sem distinção do metal.

Sem deixar de destacar, entretanto, a singularidade do nosso primeiro ouro na história da natação olímpica.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Vergonha nacional

O judô proporcionou nosso primeiro herói olímpico.

O depoimento de Eduardo dos Santos já marcou a participação brasileira na China, pois poucas vezes superação e humildade conseguem ser tão comoventes. Minhas palavras não saberiam expressar com justiça o momento, portanto deixo a imagem falar por si.

A história de Eduardo será usada como exemplo da perseverança do povo brasileiro - aquele que "não desiste nunca" - e com certeza será bem explorada pela mídia, COB, Governo e oportunistas de plantão. Não será surpresa se o Eduardo for convocado para alavancar o projeto Rio-2016, como uma mostra do orgulho que o Brasil sente por seus atletas.

Me senti muito feliz pelo Eduardo. Pessoas como ele realmente merecem tudo do melhor.

Mas o sentimento que veio à minha mente, ao ver seu depoimento, não foi orgulho; muito menos o tal "orgulho de ser brasileiro".

Foi vergonha.

Pois esse é o tratamento que meu país dá a seus atletas de nível olímpico.

Descaso completo e total falta de apoio, seguidas por uma cobrança por bons resultados; caso contrário, vira motivo de chacota em programas esportivos (comandados por imbecis que mal sabem falar sobre futebol).

E enquanto continuamos a ser um país fudido e mal pago, que destrata não só seus atletas, mas também seu próprio povo, ainda sobrevive essa idéia ufanista, do quão maravilhoso é o Brasil.

Eu já cansei disso, e não engulo mais. País do futuro o caralho.

Parabéns ao Eduardo, a sua família e àqueles que o ajudaram a chegar nesse nível.

A vocês sim, cabe o orgulho.

A quarta

terça-feira, 12 de agosto de 2008

A terceira

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

As duas primeiras


Para quem conseguiu ver, foi animal.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Pérola da abertura

Em meio ao espetáculo chinês da manhã de hoje, não poderiam faltar as bobagens da Globo.

Depois de hasteadas as bandeiras da China e do COI, Galvão Bueno repara (as palvras não foram exatamente estas):

"Até o tempo ajudou a Festa de Abertura, olha como as bandeiras tremulam juntas! Nunca vi coisa igual."

"É um ventilador, Galvão..." - respondeu Marcos Uchôa.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Quase de fora

O futebol faz tão pouco parte das Olimpíadas que até fiz um post separado. Mas enquanto ainda for modalidade olímpica valerá medalha, então vamos lá.

Não vi nenhum dos dois jogos, porque estréia às 6 da madrugada é dose.

O feminino merece o ouro como ninguém, mas não deve vir.

O masculino não merece o ouro como outros, mas nessas horas de tormenta o Dunga tem estrela.

A seleção é boa e muitos destes devem ser titulares em 2014. Só que o discurso foi o mesmo em 1992, 1996, 2000, 2004... e em algumas delas nem pra Olimpíada fomos. Basta lembrar que Romário, Ronaldo, Rivaldo, Bebeto entre outros, já tentaram e não trouxeram o ouro.

Mais duas medalhas na conta, mas nenhuma de ouro.

Previsões olímpicas


Previsões, previsões... só pra não perder o costume.

Atletismo

Se o Jadel não trouxer medalha, vai ser vexame. Chega de novo com boas marcas, mais experiente e com o atual campeão olímpico fora da disputa. Acho que ele estará no pódio, mas não com o ouro. Com sorte, a Maurren também; e o Marílson, na maratona. O resto é só resto. Duas medalhas no geral já seria ótimo.

Basquete
Seria ótimo ganhar uma medalha e esfregar na cara da Iziane. Mas isso não vai acontecer.

Ginástica
Em Atenas, a Daiane tremeu no tablado; em Pequim, a Jade tremeu já no aeroporto. Quase chorou quando viu tantos microfones juntos. Não consigo acreditar nem a pau. Mas torço muito pelo Diego, pois poucos atletas brasileiros mostram tanto foco nos Jogos como ele. É ouro, com dengue e tudo.

Judô
Nunca tivemos uma equipe tão forte, e previsões otimistas dessa vez podem se concretizar. Três medalhas, uma de cada, na ordem: Camilo, Derly e Correa.

Natação
Apesar de colocarem o Thiago Pereira entre os favoritos, não acredito. Mas o Cielo, naquela 'correria' toda dos 50m, pode trazer alguma coisa.

Vela
Robert Scheidt ganhou tudo na Laser, ficou de saco cheio e mudou para a Star. Não conseguiu mudar a rotina e foi campeão mundial de novo. O cara é foda, e chega pra ganhar. Ah, tem o Bimba também, aquele que tinha o ouro ganho em Atenas e não subiu nem no pódio.

Vôlei
Falaram que o Brasil poderia trazer 4 medalhas de ouro, mas além de ser muito difícil que tanta coisa dê certo junta, ao mesmo tempo, a Juliana caiu fora. E a seleção masculina não pára de brigar. E a seleção feminina... Tudo bem, vou dar meu (último) voto de confiança pra elas. Ouro com elas, Ricardo/Emanuel e alguma outra com a masculina - que até pode ser dourada também.

Outros
Sempre aparece uma medalha de onde ninguém espera. Se fosse pra chutar, minha escolha seria o Tae-Kwon-Do, com a Natália Falavigna. E quem sabe Marcelo Melo e André Sá, no tênis, não surpreendem. Já conseguiram bons resultados no circuito, e o tênis é uma "caixinha de surpresas".

Saldo final
Nem vou fazer a conta de cabeça, chute na lata mesmo: 4 de ouro, 4 de prata e 6 de bronze.

Vai Brasil!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Pergunta sem fim

Desde que me conheço por gente - e, consequentemente, que acompanho esportes - me faço recorrentemente uma pergunta: o que é mais legal, Olimpíadas ou Copa do Mundo?

Os motivos a favor de um são logo anulados pelos do outro, e a indagação fica no ar, pendendo de um lado a outro a cada dois anos, sem uma conclusão definitiva.

A cada ano par não-bissexto, a resposta parece clara: sem dúvida a Copa do Mundo é o maior evento (não só esportivo) do mundo, pois nenhum outro faz com que um país continental como o Brasil pare de norte a sul - nem todas as nossas mães tornem-se, do dia para a noite, críticas ferrenhas ao esquema tático adotado por nossa Seleção. Até quem não dá a mínima para futebol altera sua rotina para acompanhar os jogos do Brasil.

O futebol não só é o esporte mais popular do Brasil como o mais sensacional de todo o globo, com todas as suas artes e imprevisibilidades. Basta o fato desta discussão para termos uma melhor noção do que ele representa: questionamos se um evento de um esporte só é maior ou não ao que congrega todos os outros esportes. Analisando por esse aspecto, e pelo impacto que a Copa do Mundo tem sobre o Brasil, a dúvida parece se dissolver.

Mas aí vem o tal ano bissexto, em que a glória (ou o fracasso) da última Copa já ficou meio que perdida na memória, e temos mais uma edição dos Jogos Olímpicos. Todas as "certezas" da superioridade da Copa ficam de novo em xeque, pois é impossível ignorar a grandeza dos Jogos.

Como já disse, o futebol é o maior do esportes. E isso as Olimpíadas não podem mudar - até mesmo pelo desprezo mútuo cultivado entre os dois. E, numa Copa do Mundo, o Brasil é sempre um dos protagonistas - o que não ocorre, a não ser em esparsas e pontuais modalidades, nos Jogos.

Só que as Olimpíadas têm dois pontos que são incomparáveis.

O primeiro deles, é a diversidade. Para um apaixonado por esportes, não há nada mais legal que ficar "zapeando" com o controle remoto por horas a fio, indo do basquete à luta greco-romana em não mais que um apertar de botão. Tudo ao vivo, no mais alto nível e com altíssimas doses de emoção, pois heróis são criados em sequência. É a história dos esportes sendo contada bem na nossa frente. No nosso tempo.

O segundo motivo é o mais belo deles: em nenhum outro evento temos reunidas tantas histórias de superação e vitória como nos Jogos Olímpicos. Me emociona ver tanto lágrimas no pódio como um último lugar conquistado com honra. A "conquista" de um último lugar olímpico já representou uma vitória para aquele atleta, que deixou tantos concorrentes para trás, na maioria das vezes à base de uma série de abdicações que a maioria de nós não seria capaz de suportar. Para uma delegação como a brasileira, então, essas histórias são a regra, o que me dá gosto de torcer para esses atletas que voltarão para o Brasil sem medalha no peito e tão anônimos quanto foram - mas com uma satisfação pessoal que só um atleta olímpico consegue ter.

Numa Copa do Mundo, a maioria dos jogadores são astros, milionários e idolatrados onde quer que vão. Geniais, sem dúvida, mas por vezes com seu brilhantismo obscurecido pela soberba. Sem querer julgar nem entrar no mérito, mas o sucesso destes jogadores muitas vezes impede que a Copa do Mundo seja mais fantástica do que ela já é.

Já nas Olímpíadas, é impensável um atleta desperdiçar quatro anos de sua curta vida esportiva se apresentando para a competição com nove quilos acima do peso...

Não que nos Jogos só tenhamos competidores que "honrem o espírito olímpico", pois casos de estrelismo e doping também fazem parte do evento. Mas mesmos esses - os do estrelismo, não os do doping -, no momento em que cruzam a linha de chegada em primeiro (ou atingem seu correlato de vitória nas demais modalidades), parecem esquecer de todos os contratos que assinarão devido ao feito recém conquistado. E, nem que seja somente por aquele momento, se comportam "simplesmente" como campeões olímpicos. Essa fração de segundo, imortalizada em flashes e películas, traduz a emoção do esporte como nenhum outro.

Tais momentos são raros em uma Copa; mas reproduzem-se às centenas numa Olimpíada. O que torna os Jogos um evento único.

Cheguei numa resposta? Claro que não, e nem era meu objetivo.

(Até porque a Copa também é um evento único.)

Apenas usei essa breve digressão para comemorar o início dos XXIX Jogos Olímpicos, em Pequim.

E deixar que a minha pergunta seja refeita ciclicamente, a cada dois anos, sem chegar a uma resposta.

sábado, 2 de agosto de 2008

Brincadeira tem hora

Renato Gaúcho, o falastrão, disse ainda à época da Libertadores que o Fluminense iria apenas brincar no Brasileirão.

Com mais uma derrota em casa, é melhor o técnico tever seus conceitos. Do jeito que a coisa vai, a brincadeira na Série A pode não ser tão engraçada na Série B.

Só falta Renato dizer, novamente, que sairá pelado pelas ruas do Rio de Janeiro se o Flu for rebaixado.

Será mais uma brincadeira do eterno gozador.

E essa nos já sabemos que não é pra valer.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Quem paga a conta?

O êxodo de jogadores brasileiros é uma realidade que dificilmente será mudada - pelo menos no curto/médio prazo - e cabe aos clubes aprenderem a lidar com o problema.

Do lado inverso, porém, outro fenômeno ocorre: o repatriamento de jogadores, muitas vezes recém-negociados com algum clube estrangeiro.

Não é de hoje que boa parte dos jogadores brasileiros não tem formação nem maturidade para saber lidar com as mudanças provocadas pela troca de país. Oriundos, na maioria dos casos, das classes mais pobres da população, eles não têm a instrução necessária para suportar a distância, o frio e novos costumes, não se adaptam e acabam voltando. Casos clássicos são o de Viola, que passou meses em Valência à base de bolacha água e sal, já que a "comida era muito ruim"; e, mais recentemente, a vinda de Souza ao Grêmio, seis meses após ter trocado o São Paulo pelo PSG, pois segundo o próprio "Paris não é tudo isso" (sem comentários).

Um ponto nessa história me intriga: depois dessas mal-sucedidas passagens por clubes europeus, tais jogadores são obrigados a devolver as luvas que receberam quando da conclusão da negociação? Ou a pujança econômica destes verdadeiros conglomerados esportivos é tamanha que alguns milhares de euros não fazem diferença?

terça-feira, 29 de julho de 2008

Nada muda

É obvio que derrota do Brasil na Liga Mundial de Vôlei merecia menção neste blog, só não a postei ontem pois mão sabia ao certo o que escrever.

Na verdade, não tem muito o que falar da derrota em si. Os melhores times geralmente vencem, mas nem sempre, assim como os piores geralmente perdem, mas de vez em quando também quebram a regra. Seguindo a mesma linha de raciocínio, o Brasil poderá ser medalha de ouro nas Olimpíadas mesmo tendo ficado de fora da final da Liga, da mesma forma que poderá perdê-la (o que já é uma imprecisão, pois não se perde algo que não se tem) mesmo se tivesse conquistado o título no Maracanãzinho.

Eu prefiro adotar a visão simplista da coisa: os EUA venceram pois se prepararam para o confronto e jogaram uma partida impecável, e o Brasil não estava no seu dia mais feliz. Coisa normal no esporte.

O trabalho psicológico para levantar a moral do time terá de ser feito com a mesma intensidade se o objetivo fosse conter a empolgação de uma equipe considerada imbatível por muitos. Apenas em vetor contrário.

Dois aspectos, porém, devem ser levados em conta nas próximas semanas. O primeiro é a incapacidade de reação do time no curto prazo, que não foi capaz de levantar a cabeça após a derrota para os EUA e perdeu também a decisão do 3o ligar para a Rússia. Tudo bem, perder em casa é dolorido - embora não incomum na história do esporte brasileiro - e é natural que um time tão fortemente baseado na emoção como a Seleção Masculina de Vôlei sentisse a perda. Mas a idéia, tão difundida (incompreensivelmente) no Brasil de que "o 2o colocado é o primeiro dos perdedores" não pode ser tão passivamente assimilada por atletas de alto nível. O ouro olímpico é uma coisa extraordinária, o ápice da carreira de qualquer atleta, mas a prata e o bronze também são. Pelo menos para mim, subir no pódio olímpico para receber uma medalha de bronze é infinitamente mais gratificante do que terminar em 4o. Porém, a disputa pelo bronze é sempre precedida de uma derrota, que precisa ser rapidamente digerida.

Em segundo lugar, como não podia deixar de ser, é o prejuízo que a falta do Ricardinho fará em Pequim. Afinal, das duas competições sem o jogador, vencemos uma - o fraco Pan-Americano - e ficamos fora do pódio da segunda. Não há como negar que a ausência do melhor levantador do mundo faz falta em qualquer equipe - inclusive na melhor do mundo. Só que Ricardinho não está no grupo por seus próprios erros, e considero justa sua punição. Qualquer menção a um suposto nexo entre o "fracasso" nas Olimpíadas e o corte do levantador será não só um desrespeito a seu substituto como também uma ode à insubordinação e ao egocentrismo. Como se a vitória devesse ser persguida a qualquer custo, mesmo que atropelasse a moral e a harmonia de um grupo.

A Seleção Masculina de Vôlei continua sendo a melhor do mundo, possivelmente de todos os tempos. E nem a falta de uma medalha de ouro olímpica mudará isso.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Patético

Ontem fui ao Morumbi assistir São Paulo x Portuguesa (que eu não chamo de "clássico" nem sob tortura).

Mas não vou falar do jogo em si, mas de um detalhe que talvez tenha passado despercebido da maioria dos 12 mil torcedores presentes.

Pouco antes das 18:00, como esperado, o trio de arbitragem entrou em campo; alguns minutos depois foi a vez dos jogadores da Portuguesa subirem dos vestiários. Eis que, de repente, o Hino Nacional começa a ser executado nos alto-falantes do estádio, e uma cena bisonha se desenhou em campo: de um lado, os jogadores da Lusa trocando passes de aquecimento, e do outro os tricolores entrando em campo arrastando dezenas de torcedores-mirins. Ao centro, o trio de arbitragem perfilado em "respeito" ao Hino. Alguns segundos depois, o quarto árbitro (que provavelmente também não tinha escutado a música) se juntou aos três primeiros, permanecendo até o final da execução - quando, finalmente, os jogadores do São Paulo terminavam de ser ovacionados pelas arquibancadas.

Eu não sabia se saudava meu time, se xingava o adversário ou se levantava em respeito ao Hino Nacional. Na dúvida, permaneci sentado, apenas observando o descalabro patriótico.

Também não sei de quem foi a falha: se do operador de áudio do estádio, das equipes que se atrasaram ou se da arbitragem que permitiu o suposto atraso. Mas este não é o ponto.

Dizem que existe uma lei estadual (ou federal) que exige a execução do Hino Nacional no início de todos os eventos esportivos. Não me dei ao trabalho de procurar tal ato legislativo, pois de qualquer forma não passará do resultado do "trabalho" de algum parlamentar que, por falta do que fazer ou por pura incompetência (ou os dois) resolveu passar uma lição forçada de Educação Moral e Cívica na população.

Seja por falta de educação - no sentido de formação escolar mesmo - ou pela própria natureza do povo brasileiro, não respeitamos tanto nossa história e símbolos como outros povos. Mas imposições desse tipo não resolvem a questão, e ainda podem gerar situações patéticas como essa de ontem no Morumbi.

Do blog do Juca

"Deu no 'Correio Braziliense' de ontem

Por JOSÉ CRUZ

O primeiro aniversário da realização dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, que ocorre hoje, será comemorado amanhã com o lançamento do livro Rio 2007 — Viva essa energia, registro com fotos e textos dos principais momentos da competição, que teve a participação de 5.633 atletas de 42 países.

Durante os jogos, foram batidos 123 recordes pan-americanos, e o evento classificou diretamente 10 modalidades para as Olimpíadas de Pequim.

Além do livro, o Comitê Organizador do Pan 2007 apresentará o relatório oficial dos jogos, com resultados de todas as provas e a classificação final, em que o Brasil aparece em terceiro lugar — atrás das tradicionais delegações dos Estados Unidos e Cuba —, seu melhor desempenho nas 15 edições do Pan.

Euforias à parte e fora das áreas de competições, a principal expectativa sobre o Pan 2007, que colocou o Brasil na geografia internacional de competições de nível olímpico, é para a apresentação do relatório financeiro, com análise de gastos públicos que chegaram a R$ 3,5 bilhões.

O orçamento original previa investimento de R$ 400 milhões.

O trabalho preliminar, realizado pela Secretaria de Controle Externo (Secex) do Tribunal de Contas da União (TCU), no Rio de Janeiro, foi encerrado na sexta-feira.

Na próxima semana, deverá chegar à mesa do ministro Marcos Vilaça, relator do documento, em Brasília.

Segundo a assessoria de imprensa do TCU, 'o ministro pretende levar o relatório final a julgamento o mais breve possível'.

Até agora, a atuação do TCU resultou na abertura de mais de 30 processos.

O mais recente (nº9.255/2007-8) deverá ouvir explicações de Ricardo Layser Gonçalves, representante do Ministério do Esporte no Comitê Organizador do Pan, e José Pedro Varlotta, assessor de tecnologia do evento.

Eles determinaram a realização de serviços de informática e de obras civis sem licitação.

Esse ato 'configura gestão antieconômica e ilegal', atestam os auditores do TCU.

Superfaturamento

Esse não é o único projeto que envolve a dupla Layser-Varlotta, militantes do PCdoB, do qual o ministro do Esporte, Orlando Silva, é um dos expoentes.

Uma das mais escandalosas denúncias que Layser e Varlotta estão envolvidos exibe indícios de superfaturamento de 16.000%, na aquisição de um sistema para credenciamento de atletas e autoridades.

Nessa compra, feita à empresa Atos Origin, o governo federal desembolsou R$ 106,2 milhões, equivalente a 75% do valor do contrato, conforme o repórter Ugo Braga, do Correio Braziliense, divulgou em 27 de abril deste ano.

A falta de licitações foi um dos mais graves problemas na fase preparatória do Jogos Pan e Parapan-Americanos do Rio de Janeiro.

O serviço de segurança, por exemplo, envolvendo verbas da União e da Prefeitura do Rio, num total de R$ 290 milhões, não foi licitado.

O mesmo ocorreu com as cerimônias de abertura, encerramento e premiações, comandadas pela empresa Mondo Entretenimento.

Em resposta ao TCU, os responsáveis pelo evento tinham explicações comuns:

'Falta de tempo hábil para realizar as licitações' ou 'falta de pessoal qualificado para desenvolver projetos específicos'.

Enquanto o relatório final do TCU não é apresentado, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Organizador do Pan 2007, Carlos Arthur Nuzman, festeja, conforme comunicado que divulgou na sexta-feira:

'Até hoje ouvimos comentários elogiosos ao Rio 2007, seja nas reuniões das quais participo mundo afora como membro do Comitê Olímpico Internacional, seja aqui no Brasil. Isso nos dá um orgulho muito grande. Os Jogos Pan-Americanos foram realizados com padrões olímpicos de instalações e serviços, o que garantiu o sucesso do evento. É muito gratificante perceber o orgulho das pessoas com relação a tudo o que o Rio 2007 representou', afirmou Nuzman.

Ficaram na promessa

Há um ano, os olhares das Américas se voltavam para o Rio de Janeiro.

Num Maracanã rejuvenescido e lotado, a cidade celebrava a abertura dos Jogos Pan-Americanos com uma festa inesquecível.

Nas semanas seguintes, as modernas instalações construídas ou remodeladas para o evento foram palco de ferrenhas disputas e recordes continentais, prenúncios de um legado esportivo fundamental na campanha para sediar os Jogos de 2016.

Entretanto, as promessas de utilização maciça de estádios e arenas para formação de novos talentos, feitas à época, chegam ao primeiro aniversário do Pan ainda longe de serem cumpridas.

O piso azul emborrachado do Estádio Olímpico João Havelange simboliza a ociosidade.

Pelas raias da única pista da América Latina credenciada a receber um Mundial de Atletismo, atualmente só circulam jogadores de futebol a caminho do gramado.

Cedido pela Prefeitura do Rio ao Botafogo, o Engenhão hoje é palco exclusivo de partidas do Campeonato Brasileiro e não recebe uma bateria sequer de atletismo desde 19 de agosto de 2007, quando Terezinha Guilhermino ganhou a medalha de ouro na final dos 200m feminino T11 do Parapan. (Nota Esporte Brasilis: em coluna da revista Trivela de set/07, 0 jornalista Cassiano Gobbet já havia discorrido sobre a utilização do estádio após o Pan; entre outros pontos, apontou que o custo total de construção do estádio seria pago, com a taxa de direito de uso paga pelo Botafogo, em 880 anos - sim, o número está correto.)

Quando recebeu as chaves do Engenhão, em outubro do ano passado, o presidente do Botafogo, Bebeto de Freitas, notou que não tinha a cópia de um dos depósitos.

Ainda em 2007, o presidente da Federação de Atletismo do Rio, Carlos Alberto Lancetta, esteve no Engenhão com a chave para retirar o que estava guardado no depósito.

Foram R$ 2,5 milhões em materiais usados nas provas do Pan e do Parapan (barreiras, blocos de partidas, cronômetros, dardos, discos, etc).

Sem um documento oficial da prefeitura ou do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Bebeto se negou a autorizar a retirada, que só foi feita em fevereiro, depois que a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) enviou ofício comunicando que o material lhe fora cedido, por comodato, pelo Ministério do Esporte.

O Rio de Janeiro, no entanto, só ficou com um quarto do total, hoje guardado no Estádio Célio de Barros.

O restante foi distribuído pela CBAt para centros em Uberlândia (MG), Bragança Paulista e Ibirapuera (ambos em São Paulo).

No Engenhão, resta apenas uma gaiola de lançamento, desmontada e sem uso.

Na Arena Multiuso, a vocação esportiva ficou em segundo plano.

Cedida para o grupo francês GL Eventos até o fim de 2016, o espaço ganhou nome de banco privado e passou a receber shows e eventos corporativos.

Já o Velódromo e o Parque Aquático Maria Lenk têm recebido poucas competições.

No Centro Esportivo Miécimo da Silva, nada ficou do piso especial para patinação artística nem dos equipamentos de squash e karatê.

E há problemas até nos locais que mais sediaram competições nos últimos 12 meses.

O complexo da Vila Militar de Deodoro, por exemplo, recebeu mais de 30 eventos esportivos.

A intenção de criar ali um centro de formação de pentatletas, no entanto, esbarra numa limitação básica.

Só há equipamentos para a prática de quatro das cinco modalidades que compõem o esporte: hipismo, tiro, natação e corrida.

Falta a esgrima.

'Em 2009, será iniciada a construção de um ginásio para a esgrima', diz o ex-nadador Djan Madruga, secretário de Alto Rendimento do Ministério do Esporte.

Em dezembro, também deve ser inaugurado no complexo um centro de treinamento de judô."

Nota Esporte Brasilis: é por esse motivo que, mesmo já tendo escrito que, pelo lado da festa, a Copa do Brasil será sensacional, sou contra a realização de eventos desse porte em nosso país. Só a preparação da candidatura do Rio-2016 custará R$ 85 milhões aos cofres públicos, e a desculpa que a organização desses eventos traz melhorias às cidades-sede não passa de pura balela.

No caso do Pan-2007, não só as tais melhorias à população não saíram do papel como as instalações esportivas estão às moscas. Isso sem falar nas inúmetas suspeitas de corrupção e má gestão de dinheiro público.


Já temos casos de corrupção demais para criarmos novas situações para que ocorram.

E os problemas do Brasil devem ser solucionados pelo simples fato de existirem, e não em função de uma competição esportiva.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Não podia faltar

A primeira dobradinha brasileira num pódio da F1 após 17 anos não podia passar em branco.

Muito legal mesmo.

Só que até o mais fanático torcedor do automobilismo há de concordar que as ultrapassagens de antigamente eram muito mais emocionantes que as estratégias de paradas nos boxes de hoje.

10 opiniões sobre o Brasileirão

Devido a minha falta de tempo para escrever mais a fundo sobre o Brasileirão, o jogo é rápido:

1) O Flamengo não é fogo de palha e continua sendo candidato ao título, mas os anteriorse nove pontos de vantagem - assim como qualquer outra larga vantagem a ser aberta por outro time - era ilusória e mero acaso.

2) O Grêmio não vai à Libertadores 2009.

3) O Real Madrid fudeu o Cruzeiro, que vai penar sem Ramires.

4) O Vitória, ao contrário, é fogo de palha. Porém, para quem estava na Série C em 2006, o papel já foi cumprido.

5) O São Paulo não queria ganhar mais um Brasileirão; mas estão deixando o Tricolor chegar.

6) O favoritismo palmeirense fica mais teórico a cada rodada.

7) O Internacional, ao contrário do rival tricolor, vai à Libertadores 2009 - se não chegar mais longe ainda em 2008.

8) Dentre os quatro rebaixados, estará pelo menos um destes campeões: Vasco, Botafogo, Atlético-MG e Santos.

9) A Portuguesa deu um grande passo de volta à Segundona ao demitir Vágner Benazzi.

10) O Fluminense vai à Sul-Americana, mesmo sem os Thiagos.

Ainda em tempo

O basquete masculino, como esperado, não vai a mais uma Olimpíada. Apesar do Pré-Olímpico ter acabado - para nós - na sexta-feira passada, acho que ainda dá tempo de deixar meu breve comentário a respeito.

Quem foi para a Grécia deu o melhor de si. Até conseguiram levar o jogo no pau contra a anfitriã e Alemanha - pelo menos por um quarto. Depois desses começos animadores e imprevistos, as coisas voltaram ao normal e levamos duas sacoladas. Cheguei a ficar triste com a eliminação - e foi impossível não me emocionar ao ver Ruy de Freitas, o "Tio Ruy", medalha de bronze em Londres-48, chorando na matéria da ESPN.

Mas era óbvio, até para um mero expectador do basquete como eu, que a seleção convocada não tinha nível para a disputa do Pré-Olímpico - consequentemente, muito menos para os Jogos Olímpicos; também é claro que a CBB vive uma crise administrativa sem perspectiva de fim, pelo menos enquanto os atuais dirigentes lá permanecerem.

Quem não tem ao menos um campeonato nacional decente, não pode brigar por nada internacionalmente.

Então, para fugir do lugar comum, deixo a pergunta: porque os comentaristas de basquete, que estão muito mais por dentro do assunto do que eu, não levantaram esses pontos às vésperas da competição, ao invés de se perderem em vazias apostas na classificação brasileira? Pelos comentários prévios de Oscar, Wlamir Marques e Alberto Bial, por exemplo, o Brasil iria pra cima, de igual para igual, com qualquer seleção do Pré-Olímpico; após a derrota para a Alemanha, como que por mágica, mudaram completamente o tom, apontando o evidente baixo nível técnico do Brasil como culpado pela derrota. A tática do "Eu já sabia" surgiu sem cerimônia nas rodas de comentaristas.

Torcer faz parte, e empolgar a torcida também é papel dos comentaristas esportivos. Mas quando a verdade sobre os fatos fica encoberta pelo medo de errar - e se sujeitar a críticas de quem fora criticado - o valor dessa análise de especialistas fica seriamente comprometido.

ps: quanto ao esporte brasileiro, comentaristas medrosos e parciais, dirigentes incompetentes e falta de amor à camisa não são exclusividade do basquete.

terça-feira, 15 de julho de 2008

No mesmo time?

Eu acredito.

Brasileiros na Eurocopa


Esse ano, jogadores brasileiros não só jogaram a Eurocopa como também a ganharam.

Mas não foi só dentro de campo que os brazucas deram o ar de sua graça.

Segue abaixo, com grande satisfação, o relato do André Brito, boleiro e amigo de primeira, que foi à Áustria e Suíça e conta um pouco como foi a festa.

"TIME TO MAKE FRIENDS, VOLUME II

O slogan ‘tempo de fazer amigos’, que ficou famoso na Copa do Mundo da Alemanha em 2006, certamente poderia ser aplicado ao fantástico evento após 2 anos depois da Copa, a Eurocopa realizada nos países da Suíça e Áustria.

Mais uma vez, a tônica da competição foi o ambiente criado para assistir aos jogos. Em cada cidade sede, oito no total, sendo quatro cidades na Suíça (Berna, Basiléia, Genebra, Zurique) e quatro na Áustria (Innsbruck, Klagenfurt, Salzburgo e Viena), foi montada uma estrutura que permitia que o público sem ingresso pudesse ver os jogos nas praças públicas, munidas de telões (em Viena vi pelo menos 6 deles) e toda a estrutura alimentícia, sanitária etc. Os locais eram chamados de FanZone (na Copa eram chamados de FanFest). Era impressionante ver as cidades (em sua grande maioria cidades pequenas, de 150.000 habitantes) simplesmente tomadas pelas torcidas dos times que lá fariam os seus jogos; o clima da véspera do jogo, a ‘provocação’ saudável são contagiantes. A torcida holandesa era um show a parte: com sua cor laranja marcante, invadiu Berna durante a primeira fase, nem as estátuas da cidade eram poupadas, também vestiram laranja! E as fontes da cidade tiveram sua cor branca e límpida transformadas para o laranja. Invasão esta no melhor sentido da palavra, já que em nenhum momento em Berna (nem em nenhuma outra cidade) presenciei alguma cena de violência, no maximo ânimos exaltados pelo calor do jogo, pela dor de uma derrota. Nada mais que isso. Ponto positivo: a polícia de ambos os países, extremamente bem preparadas para lidar com as multidões, impondo respeito mas ao mesmo tempo ganhando simpatia da torcida; tiravam fotos, os mais animados policiais até pintavam bandeiras dos países nos rostos. Tudo num clima de muito respeito. A torcida da Croácia também marcou presença em Viena, na semifinal fatídica contra a Turquia, os suecos tomaram Innsbruck, o que dizer então dos portugueses em Genebra. Fica muito claro como o conceito do jogo para eles é diferente, como está muito mais relacionado ao entretenimento (como ir a uma ópera, a um teatro), agregando um forte condimento que é a paixão por este esporte. Os jogos, certamente, ficaram por muitas vezes em segundo plano.

O mais interessante é que as diferentes torcidas viajavam milhares de quilômetros para ver os jogos em praça pública! Sim, a questão dos ingressos continua sendo um tema complicado e complexo. Estádios pequenos em ambos países (média de capacidade de 30, 35 mil) contribuíram para o aumento da demanda por ingressos. Os preços para as primeiras duas rodadas do torneio no mercado negro ultrapassavam os 500 euros. Para se ter uma idéia, esse era o preço de uma quarta de final entre Brasil e França na Copa.

Outra questão era a falta na maioria das cidades de voluntários em pontos estratégicos e de sinalização adequada de estacionamentos para vans, motorhomes. Dado o elevado número de turistas motorizados que chegavam nas cidades, principalmente na véspera e no dia dos jogos, era de se esperar uma melhor sinalização de estaciomentos, vias fechadas próximas ao estádio etc.

Depois de 3.300 km percorrendo as oito cidades, fica a certeza de ter vivenciado um evento tão expressivo quanto a copa do mundo, tendo o jogo em si sido apenas uma pequena porção de tudo que se respirava ao redor desta bem sucedida competição."

quinta-feira, 3 de julho de 2008

A vida continua

Desde antes de acabar o jogo ontem, já tinha pensado em nomear esse post como 'Maracanazzo Tricolor', caso o Fluminense perdesse. Mas mudei de idéia visto que boa parte da crônica esportiva teve o mesmo raciocínio.

Na verdade, nem vou me demorar muito aqui. Não vi nenhum jogo desta Libertadores desde o dia 21 de maio, por motivios que já expressei na ocasião, e não seria justo agora escrever linhas e linhas sobre a desgraça alheia. Mas, por outro lado, um blog que se propõe a falar sobre o esporte brasileiro não poderia calar-se após uma final de Libertadores envolvendo um time brasileiro - ainda mais depois de uma final como a de ontem.

Não me lembro de uma Libertadores mais sensacional do que a de 2009, com um time com uma campanha tão sensacional como a do Fluminense, e com um desfecho tão sensacional como o confronto contra a LDU. É inegável que o Tricolor merecia - ou mereceria - ser o campeão, mas também é injusto tirar os méritos da LDU.

Diante da catástrofe do Maracanã de ontem, alguns pontos merecem nota:

- A linha entre confiança e soberba é tênue, e o Flu parece tê-la cruzado;

- É muito arriscado, no futebol, fazer uma aposta única tão alta desse jeito. O Santos em 2007 fez de tudo para vencer a Libertadores, perdeu e no processo torrou a fundo perdido os últimos reais que ainda tinha da venda do Robinho. O Fluminense foi dormir como quase campeão da América e acordou como pior do Brasil. Além de carregar a lanterna do Brasileirão, vai ter que conviver com a provável venda de alguns jogadores importantes e as restrições impostas pelas dívidas que se acumulam nas Laranjeiras;

- A campanha foi linda. Eliminou o São Paulo nos acréscimos, passou pelo Boca sem perder e reverteu um placar improvável na final. Mas vejamos: nos quatro jogos que fez em casa desde as oitavas-de-final, o Flu jogou 390 minutos, dos quais esteve classificado para a próxima fase por apenas 176. O time soube aproveitar o fato de ter tido a melhor campanha na 1a fase e da "vantagem" de poder decidir sempre em casa, só que também abusou da sua capacidade de correr atrás do resultado. Raça e vontade contam demais em uma Libertadores, mas para tudo tem um limite.

Não torci para o Fluminense. Mas confesso que, ao ver a imagem de inúmeras crianças chorando no ombro dos pais após o jogo, me sensibilizei.

Afinal, eu também fui uma criança que, há quase exatos 14 anos, chorou pelo mesmo motivo.

domingo, 29 de junho de 2008

Estocolmo, Suécia, 29/06/1958 - Brasil 5 x 2 Suécia




“Na Hungria, caíam fuzilados Imre Nagy e outros rebeldes de 56, que tinham querido democracia em vez de burocracia, e no Haiti morriam os rebeldes que tinham se lançado contra o palácio onde Papa Doc Duvalier reinava rodeado de feiticeiros e verdugos. João XXIII, João o Bom, era o novo Papa de Roma, o príncipe Charles era sacramentado como futuro rei da Inglaterra. Barbie era a nova rainha das bonecas. João Havelange conquistava a coroa brasileira no negócio do futebol, enquanto na arte do futebol um rapaz de dezessete anos chamado Pelé, consagrava-se rei do mundo.”Eduardo Galeano, Futebol ao Sol e à Sombra

Em Mianmar, outrora Birmânia, milhares morrem afogados e de doenças por culpa da natureza e de uma ditadura escrota e inconseqüente, e bem perto dali, outra ditadura comemora 20 anos de um massacre de estudantes com os Jogos Olímpicos. Roma ainda tem sua influência, mas Meca se insurge contra os infiéis. Diana já morreu, mas eis que aparece Carla Bruni. As meninas não brincam mais de boneca, mas sabem a ‘Dança do Créu’ de cor. João Havelange deixou de lado a coroa brasileira e mundial no negócio do futebol, mas não sem antes encher bem os bolsos e deixar um “herdeiro”. Pelé, mesmo com sua desastrosa vida pessoal, continua sendo o Rei do Futebol, cargo cada vez mais fadado à vacância eterna. E a Seleção Brasileira, que em 1958 teve Nilton Santos, Didi, Pelé e Garrincha jogando juntos, hoje é escalada com cinco volantes – quatro em campo e um de técnico .

Do 4-2-4, JK e KGB ao 3-6-1, PT e Al-Qaeda, o mundo mudou bastante em alguns aspectos; em outros, continua quase igual.

O que não muda é a grandiosidade do feito de 1958.