quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Quatro verdades sobre os quatro grandes

Corinthians

1) Como uma queda para a Série B pode fazer bem... O marketing do clube já fez mais coisas nos últimos meses do que nos 96 anos anteriores.

2) Não poderiam ter escolhido técnico melhor para 2008 do que Mano Menezes.

3) Não poderia haver pior presidente para 2008 do que Andres Sanchez. Não se esqueçam que ele deve a sua notoriedade à "parceria" com a MSI e sua amizade com o Kia.

4) Endeusaram o tal do Acosta, vários clubes brigaram pelo seu passe. Mas, até que ele prove o contrário, está longe de ser craque (ou mesmo um bom jogador) um uruguaio que desponta para o futebol aos 30 anos, no Náutico - com todo o respeito que merece o Náutico.


Palmeiras

1) Tomara (para os palmeirenses) que o Palestra tenha aprendido a lição da Era Parmalat, quando anos de conquistas e cofres cheios desceram pelo ralo até a Segundona. A atual parceria com a Traffic - mesmo com eventuais questões éticas levantadas - tem tudo para dar certo. O problema é o pós-parceria.

2) Tomara (para os palmeirenses) que o Palestra tenha aprendido a lição do "efeito Luxemburgo". Não dá para culpá-lo totalmente pela situação atual do Santos, mas também não dá para isentá-lo de responsabilidade.

3) Tomara (para os palmeirenses) que os efeitos pós-parceria e pós-Luxemburgo não ajam em conjunto.

4) Tomara (para os palmeirenses) que a nova grama do Pqe. Antartica seja boa, pois algumas semana após a liberação do estádio - interditado para a troca do gramado - o local será palco para o show do Iron Maiden.

Santos

1) Ficou mais do que provado que atitudes de alto risco no imprevisível futebol são perigosas. O Santos, no biênio 2006/07, gastava quase R$ 1 milhão/mês apenas com Luxemburgo e Zé Roberto, e o saldo foi apenas um Paulistinha, uma semi-final de Libertadores e um vice-Brasileiro. Colocar todas as fichas em um só número (ou, no caso, dois) no futebol é inviável.

2) A situação de 2002 se repete em 2008. Sem dinheiro e sem jogadores, o técnico - que, por sinal, também é o mesmo - tem que desesperadamente recorrer aos imberbes jogadores da base. Só que não é sempre que o acaso deixa entre esses figuras como Robinho, Diego, Alex, Elano, Renato, etc...

3) Ao menos, mesmo com toda a gastança desenfreada dos últimos anos, o Peixe soube usar parte dos recursos ganhos em infra-estrutura. Nem tudo foi perdido, e mesmo que o time caia um pouco terá condições de se reerguer sozinho.

4) Leão, definitivamente, fechou suas portas nos grandes paulistas.


São Paulo

1) A Diretoria e Comissão Técnica do São Paulo dizem que não costumam reclamar da arbitragem. Só quando ganham.

2) Esse semestre será decisivo para Muricy no Tricolor. Em 2006, com um time pronto, perdeu a final da Libertadores para um merecido campeão, mas trouxe o tetra Brasileiro; em 2007 demorou para encontrar o time ideal e foi eliminado do torneio sul-americano de forma vexatória, mas ainda assim trouxe o penta; se não conseguir disputar a Libertadores desse ano com reais chances de vencer - mesmo que perca, honrosamente - perderá definitivamente a confiança da torcida.

3) Em todos os gols que o Adriano fizer de cabeça, vão falar que ele fez falta.

4) Se o Richarlysson - ou "Ricky" - é ou não é, não é problema meu. Cada um faz o que quer com seus respectivos buracos. Mas que ele dá (ops) brecha para falarem as coisas que falam dele, isso dá.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Está valendo

Depois da ausência de início de temporada, este blog e o futebol brasileiro estão de volta. Tudo bem que a Copa São Paulo já está rolando há algum tempo, mas nada perdeu tanto a graça nos últimos anos como a Copinha. Três goleadas com mais de 10 gols é demais para uma edição só, o que comprova que os tais 88 times de 27 Estados faz bem apenas para empresários e times de países obscuros.

Como acontece todo ano, temos os Estaduais começando ainda em janeiro, dando pouco mais de um mês para as férias e a pré-temporada dos times. Aliado às indefinições de elenco, que ainda devem durar algumas semanas, temos estréias de times remendados, tentando fazer o melhor possível em campos do interior. Geralmente, esse melhor possível acaba sendo ruim mesmo.

Não sou contra os Estaduais, pelo contrário. Acho que o futebol brasileiro, pela sua história e diferenças regionais, tem espaço para esse tipo de competição - que acredito ser único no mundo. Ainda é possível termos bons times pequenos do interior e boas disputas entre os grandes das capitais. E os torcedores ainda conseguem se empolgar com esses jogos.

O que não dá é termos um Paulista com 20 times, ou um Carioca com 16. Ainda por cima, começando tão cedo. Os regionais teriam muito mais graça - e qualidade - se começassem mais tarde, dando chance aos times de fazerem uma pré-temporada decente; e se tivessem menos times, diminuindo o número de jogos e dando ao torneio um tamanho mais adequado a sua grandeza.

Mas o Estadual é apenas a menor parte do problema. Sim, seria muito melhor que o Paulista tivesse uns 12 ou 14 times, em dois meses de competição. Como seria infinitamente melhor se o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil fossem disputados concorrentemente, ao longo do ano, com todos os times das speries A e B, tendo suas partidas finais lá por novembro; do mesmo modo que uma Libertadores e uma Sul-Americana anuais, nos moldes da Champions League e Copa da UEFA, dariam ainda mais força ao futebol sul-americano; e se a Copa América fosse disputada na mesma época da Eurocopa...

Não dá para culpar (apenas) as Federações estaduais por quererem um lugar maior ao sol. Elas apenas são um reflexo da bagunça que vem de cima.

De qualquer forma, os Estaduais já começaram. E pode-se dizer que já há algum tempo sem tantos atrativos como em 2008. Aos poucos os clubes brasileiros estão se adaptando à nova conjuntura do futebol mundial, conseguindo ao menos dar esperança para seus torcedores.

Esse ano promete, e os Estaduais serão um bom aperitivo.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

O Quênia é Galo... e daí?

Robert Cheruiyot e Alice Timbilili, vencedores da 83a São Silvestre, comemoraram o título com uma bandeira do Atlético-MG. O próprio queniano deixou claro que não sabe direito o que é o clube. Talvez nem saiba onde fica Belo Horizonte.

Segundo Ziza Valadares, a surpresa foi uma ação de marketing para dar início às comemorações do centenário do clube mineiro. Ação que mais parece provocação barata ao rival.

Não conheço o programa de atletismo do Cruzeiro, mas já é impossível ignorar o investimento celeste na modalidade. Se a proposta for séria, compreendendo um real e contínuo apoio aos atletas, a atitude é louvável. Mas vendo de fora, e conhecendo a personalidade egocêntrica dos irmãos Perrella, fica difícil não lembrar do "Programa Olímpico" que o Vasco lançou no final da década passada. Num primeiro momento, tornou o Gigante da Colina uma potência pan-americana; o fim da história, porém, representou atletas dispensados do dia para a noite, sem receber, e milhões de reais torrados do patrocinador a fundo perdido.

Que a história não se repita na Toca da Raposa.

O fato ocorrido no último dia de 2007 serve também para outra análise, que em particular eu sempre gosto de fazer: a comparação entre o futebol de Belo Horizonte e Porto Alegre. As duas cidades são capitais relativamente ricas e desenvolvidas, de tamanho e população mais ou menos semelhante, com a torcida dividida basicamente em dois grandes blocos. Defendo a tese que o comportamento - e, consequentemente, os resultados - de um dos times tem impacto direto, quase sempre, no rival. Para o bem e para o mal.

Nas Gerais, o último título de expressão veio em 2003. Depois disso, só decepções. Cruzeirenses amargam anos de maus resultados nacionais e ainda vêem seu time ser transformado em balcão de negócios dos Perrella. A venda prematura e constante troca de jogadores impede a formação de um time competitivo. Atleticanos tiveram de frequentar por um ano a Série B, e ano passado só se livraram de voltar a ela no final do campeonato. Nem a classificação do Cruzeiro pode ser muito comemorada, já que ela veio de uma improvável derrota do Palmeiras - e com o time montado para a competição, até o mais fanático cruzeirense duvida das chances do time.

Nenhum dos times tem estádio próprio (apesar de terem bons centros de treinamento), insistem em parcerias de ética duvidosa com times do interior e se vêem envolvidos em episódios como a súbita aparição da bandeira alvi-negra no pódio de uma corrida de rua em São Paulo. Que, de prático, não tem efeito nenhum.

No Sul, Internacional e Grêmio também passaram por maus bocados no início da década. O Colorado quase caiu para a Série B em 2002, feito conquistado pelo Tricolor em 2004. Diante da crise, surgiu a necessidade de uma reestruturação eficiente, sem enganar a torcida ou se envolver com parceiros milagrosos. Depois de alguns anos, o primeiro conquistou a América e o Mundo; o outro, voltou forte da Segundona direto para uma final de Libertadores. Os dois têm estádio próprio e discutem a modernização dos mesmo visando a Copa de 2014, além de um programa de sócios de sucesso, que rende aos clubes renda extra e casa cheia.

Se o ano de 2007 não foi dos melhores, tudo indica que ambos têm plenas condições de voltarem à Libertadores em 2009. Além de brigarem pelos principais campeonatos que disputarem em 2008.

Enquanto os times do Sul tornam-se cada vez mais internacionais, os de BH resumem-se a disputas provincianas.