segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Rosa Branca - 1940-2008

Da ESPN.com

"O basquete brasileiro está mais triste. Faleceu na manhã desta segunda-feira, aos 67 anos, Rosa Branca, um dos maiores jogadores da história do esporte no país. Paulista, ele defendeu a seleção brasileira durante 12 anos e atuou como pivô, ala e armador.

Conquistou o bicampeonato mundial (1959/1963), ganhou duas medalhas olímpicas de bronze, em Roma (1960) e Tóquio (1964), duas medalhas nos Jogos Pan-Americanos, de bronze na Cidade do México (1955), e de prata em São Paulo (1963).

Além disso, foi tetracampeão sul-americano (1958, 1960, 1961 e 1968). Encerrou sua carreira em 1971, pelo Corinthians."

Nota Esporte Brasilis: pouco tenho a falar sobre Rosa Branca, ou sobre a Seleção em que jogou, apesar de saber quem foram e reconhecer seus feitos. Esses grandes atletas cometeram o "erro" de jogar basquete num país que, além de ser mono-esportivo, padece de uma grave falta de memória.

domingo, 21 de dezembro de 2008

O mais novo Cidadão Paulistano

Da Agência Estado

"SÃO PAULO - Novo reforço do Corinthians, Ronaldo ainda nem mudou para São Paulo, mas já ganhou o título de Cidadão Paulistano. A Câmara dos Vereadores da capital paulista aprovou nesta sexta-feira a homenagem ao atacante de 32 anos, que nasceu no Rio de Janeiro e viveu os últimos 14 anos na Europa.

A entrega do título de Cidadão Paulistano ainda não tem data marcada, mas acontecerá apenas no ano que vem. Ainda morando no Rio, onde espera o nascimento de sua filha para os próximos dias, Ronaldo deve começar a trabalhar no Corinthians em 26 de dezembro, quando todo o elenco corintiano volta das férias.

Sem jogar desde fevereiro, quando sofreu grave lesão no joelho esquerdo, Ronaldo enfrenta agora o desafio de voltar ao futebol brasileiro. Na sua brilhante carreira, ele passou por grandes clubes europeus (Milan, Inter, Real Madrid, Barcelona e PSV), ganhou dois títulos mundiais com a seleção brasileira e foi eleito três vezes pela Fifa como o melhor jogador do planeta."

Nota Esporte Brasilis: não bastassem os incontáveis problemas da metrópole, nossos Vereadores ainda perdem tempo com uma bobagem sem sentido como essa.

Nome e cara aos bois

Estes foram os quatro senadores do PMDB que retiraram suas assinaturas para a instauração da CPMI do Esporte Olímpico:


Neuto de Conto - SC

José Maranhão - PB

Mão Santa - PI


Valdir Raupp - RO


(fotos: Senado Federal)

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

CPMI a perigo

"Lobby da Rio-2016 atrapalha CPMI

Ary Cunha

A candidatura do Rio a sede dos Jogos Olímpicos de 2016 atravessou de vez a possibilidade de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para discutir o uso de verbas públicas no Comitê Olímpico Brasileiro (COB), além de confederações, patrocínios a clubes e eventos esportivos.

Ontem, um dia após o deputado Miro Teixeira (PDT/RJ) e o senador Álvaro Dias (PSDB/PR) protocolarem o pedido de instalação da CPMI no Congresso, o lobby contrário à comissão mostrou sua força em Brasília.

Para que ela seja instalada, são necessárias 171 assinaturas na Câmara e 27 no Congresso.
Até a noite de quartafeira, Teixeira e Dias haviam garantido 194 e 33, respectivamente. Ontem, porém, as conversas de bastidores enfraqueceram o desejo de transparência no repasse de recursos federais para o esporte, numa debandada estratégica.

O senador Valdir Raupp (PMDB-RO), líder do partido no Senado, foi um dos que retiraram ontem a assinatura do pedido de CPMI. E admitiu ter pedido a correligionários que fizessem o mesmo. Raupp alega que, quando assinou a lista, não sabia que se tratava de uma investigação sobre recursos destinados ao esporte.

Segundo ele, o pedido de retirar a assinatura teria se dado após conversa com o senador Francisco Dornelles (PP/RJ).

- Que eu saiba, três ou quatro do PMDB já retiraram a assinatura já na noite de quartafeira. O Dornelles me pediu, junto com o governador Sérgio Cabral, que retirasse a minha. Até porque eu havia assinado na correria - justificou Raupp. - Sinceramente, não sabia que era uma CPMI sobre esportes. São tantos pedidos que a gente só vê quando tramita.

Essa comissão poderia atrapalhar tanto a Copa-2014 quanto a Rio-2016. Assinaturas serão conferidas hoje de manhã, no Senado Sem uma noção exata do estrago que o lobby contra a CPMI causou na lista de assinaturas, o deputado Miro Teixeira novamente criticou o uso da candidatura Rio-2016 como pretexto para impedir a discussão sobre as verbas públicas no esporte.

- O objetivo principal da CPMI é criar uma política esportiva nacional. Tive a informação sobre esse trabalho de bastidores, mas só saberemos o número exato amanhã (hoje) de manhã. Pela movimentação contrária, começa a parecer que há uma distribuição política das verbas destinadas ao esporte - afirmou ele. Hoje de manhã, no setor de administração do Senado, será feita a contagem das assinaturas ainda favoráveis à instalação da CPMI. Se forem suficientes, o pedido será lido no Congresso, após o recesso de fim de ano, e a comissão mista estará aberta, não precisando de votação. Do contrário, o pedido será vetado.

Procurado pelo GLOBO, o senador Francisco Dornelles não retornou as ligações. A assessoria de imprensa do governador Sérgio Cabral informou ontem que ele não se pronunciaria sobre as declarações de Raupp."

(fonte: Senado Federal - http://www.senado.gov.br/sf/noticia/senamidia/principaisJornais/notSenamidia.asp?ud=20081219&datNoticia=20081219&codNoticia=306174&nomeParlamentar=Alvaro+Dias&nomeJornal=O+Globo&codParlamentar=945&tipPagina=1)

Nota Esporte Brasilis: não bastasse a vergonha de, por pressões políticas, o Senador Valdir Raupp retirar a assinatura, é deprimente saber que ele tem o costume de assinar pedidos de CPI sem saber do que se tratam. Ele foi eleito pelo povo. Novamente, temos o que merecemos.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O porquê da gente ser assim

Não sabe por que o futebol/esporte brasileiro é uma bagunça?

Ouçam o que disse o presidente de um dos "grandes":



E declarações desse estilo não são exclusivas do médico Horcades.

Temos o que merecemos.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Do blog do Calçade

Continuando o que eu escrevi aqui alguns dias atrás, veja o que publicou ontem o jornalista Paulo Calçade, da ESPN, em seu blog no site da emissora:

"É muito mais fácil criticar o baixo nível dos boleiros do que tentar encontrar beleza no futebol jogado pelas equipes brasileiras. Não é fácil, é verdade. Mas não se pode ignorar que há muita gente boa jogando por aqui. Geralmente se dá mais valor a um jogador quando ele é vendido. Isso vai acontecer com Hernanes e Ramires, meias disfarçados de volantes. E talvez com Thiago Silva e Nilmar, donos de extraordinário talento. No futebol brasileiro, com um pouquinho de boa vontade até um cético se diverte."

Isso é bem próximo do que penso. Tudo bem, o nível não é o mesmo de tempos atrás. Mas só ficar reclamando enche o saco, afinal, é o que temos hoje - e teremos por algum tempo, pelo menos.

Para aqueles que acham que nada se salva no futebol brasileiro, a solução é simples: parem de assistir.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Dúvida

Alguns acharam exagerada; mas a apresentação de Ronaldo, um dos três maiores nomes do futebol mundial dos últimos 20 anos, no Corinthians, 2o clube mais popular do país do futebol, merecia uma festa dessas.

A maior questão agora é se o Fenômeno voltará a jogar futebol em um nível aceitável. A minha opinião é de que não, tendo em vista que desde 2004 o jogador não consegue ter uma boa sequência de jogos, teve lesões gravíssimas e não é mais nenhum garoto. Para mim, seria uma surpresa ver sua carreira brilhar novamente, mas quem já protagonizou aquela reviravolta de 1998-2002 não pode ser totalmente subestimado.

Deixando isso de lado, outras uma pergunta me veio à cabeça hoje:

Como pode uma torcida lotar um estádio, em plena sexta-feira útil?

Justiça

Já que citei um, nada mais justo que homenagear também os outros Campeões Mundiais da semana.

Que foto: Flamengo 3 x 0 Liverpool - 13/12/1981

Dias melhores de Renato Gaúcho: Grêmio 2 x 1 Hamburgo - 11/12/1983

Brasileiros x Europeus

Hoje o São Paulo comemorou o 15o aniversário do Bi-Mundial, conquistado com a vitória de 3x2 sobre o Milan.

Mesmo com ótimas lembranças daquele dia - ou melhor, madrugada - não vou deixar aqui nada relativo à grandeza da conquista, mas usá-la para expressar minha opinião de como o brasileiro vê o futebol jogado aqui em nosso país, em outros tempos e atualmente.

Em 1993 eu já tinha 15 anos. Lembro bem de que, mesmo o Tricolor já sendo à época o campeão mundial, os comentários dominantes eram de que o Milan era favorito, devido à grande disparidade entre os times - coisa que também fora dita um ano antes, contra o Barcelona.

Pois bem, vamos à escalações:

Milan: Rossi; Panucci, Costacurta, Baresi e Maldini; Albertini, Desailly, Donadoni e Massaro; Papin e Raducioiu. Técnico: Fabio Capello. (Comentário: como é estranho ver um time italiano formado basicamente por... italianos)

São Paulo: Zetti; Cafu, Válber, Ronaldão e André Luis; Doriva, Dinho, Toninho Cerezo e Leonardo; Muller e Palhinha. Técnico: Telê Santana.

Tá certo, concordo que o Milan tinha mais time. Mas a diferença era tão grande assim?

Do time milanista, apenas dois jogadores não disputariam a Copa de 1994 (se não estiver enganado) devido à ausência da respectiva seleção (mas Papin havia jogado em 1986, e Desailly ganharia a de 1998); o meio-campo contava com pelo menos dois craques, e a zaga, com dois mitos. Um timaço. Mas a minha análise vai ficar mais com o oponente.

Zetti, na minha opinião, era melhor do que Rossi, e estava no grupo campeão da Copa dos EUA; se Maldini dominou a lateral da Azurra pelos 15 anos seguintes, o mesmo pode ser dito de Cafu - que além de ter ganho uma Copa a mais, ergueu a taça e quebrou outros recordes do torneio; não dá pra comparar Costacurta/Baresi com Ronaldão/Válber, mas mesmo assim um deles (da zaga tricolor) também ganhou Copa do Mundo e o outro só não participou de nenhuma devido a sua vida extra-campo; Doriva e Dinho destoavam, mas Toninho Cerezo dispensa comentários, e Leonardo é outro Tetra; na frente, Muller, com três Copas no currículo, era o melhor atacante em campo (e fez a diferença...). Isso sem falar que sentados no banco do São Paulo estavam, não apenas Telê Santana, mas dois futuros penta campeões: Rogério Ceni e Juninho Paulista.

Tudo isso para chegar ao ponto fundamental: nós temos a mania de sub-valorizar o que temos aqui e super-valorizar o que está lá fora. Ainda mais nos dias de hoje, não conseguimos apreciar um grande jogador enquanto ele ainda está por aqui. Para virar craque, tem que jogar na Europa.

(Esperem e vejam o que acontecerá com o Thiago Silva até a Copa de 2010...)

Não sou louco de achar que o futebol brasileiro está no mesmo nível do europeu.

Mas se aprendessemos a enxergar com outros olhos o futebol praticado por aqui, compreendendo a situação e buscando pontos positivos, teríamos menos a reclamar e mais a comemorar.

Até porque, essa realidade é a que temos.

ps: em outro momento, escrevo com mais detalhes o que penso do atual futebol brasileiro jogado no Brasil.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O maior tabu

Nos 37 anos de disputa do Campeonato Brasileiro, não tivemos nenhuma repetição de campeão e vice-campeão, nessa ordem.

Se o Grêmio tivesse desbancado o São Paulo, a dupla repetiria 1981 e acabria com o mais antigo e curioso tabu da história do torneio.

Que persiste.

Então e agora

No dia 21/07, fiz as seguintes previsões sobre o Brasileirão 2008:

"1) O Flamengo não é fogo de palha e continua sendo candidato ao título, mas os anteriorse nove pontos de vantagem - assim como qualquer outra larga vantagem a ser aberta por outro time - era ilusória e mero acaso." - o maior erros do Mengão não foi dentro de campo, mas fora dele. A venda dos jogadores de ataque, sem a adequada reposição, levou o time àqueles sete jogos sem vitória, fundamentais para o "fracasso" do time no campeonato. Brigou pelo título até quase o final, mas, para ser campeão, algumas coisas precisam mudar na Gávea - começando por dirigentes mais profissionais e menos fanfarrões.

"2) O Grêmio não vai à Libertadores 2009." - errei feio, mas não sozinho. Todos esperavm o momento em que o Grêmio cairia de produção e deixaria de ser um "intruso" no G4. A queda até veio, mas brigou pelo título até a última rodada.

"3) O Real Madrid fudeu o Cruzeiro, que vai penar sem Ramires." - nem lembro mais, mas acho que o time espanhol tentava a contratação do volante. Ele não saiu, e o Cruzeiro fez um bom campeonato, terminando em 3o lugar. A celeste só tem que torcer para os Perrela não venderem o jogador para o CSKA.

"4) O Vitória, ao contrário, é fogo de palha. Porém, para quem estava na Série C em 2006, o papel já foi cumprido." - o 10o lugar foi excelente para o rubro-negro baiano.

"5) O São Paulo não queria ganhar mais um Brasileirão; mas estão deixando o Tricolor chegar." - auto-explicativo.

"6) O favoritismo palmeirense fica mais teórico a cada rodada." - o Palmeiras não só confirmou minha previsão como foi a grande decepção de 2008. Um ano que começou até bem, mas que no 2o semestre teve momentos lamentáveis e acabou de forma patética com a derrota para o Botafogo.

"7) O Internacional, ao contrário do rival tricolor, vai à Libertadores 2009 - se não chegar mais longe ainda em 2008." - outro erro. Mas, de novo, não fui o único. Os rivais gaúchos compartilharam da opinião da crítica no primeiro semestre, mas terminaram o campeonato em locais trocados. De qualquer forma, ganhou um título e promete um grande ano de centenário.

"8) Dentre os quatro rebaixados, estará pelo menos um destes campeões: Vasco, Botafogo, Atlético-MG e Santos." - o Vasco cumpriu o planejamento e classificou-se para a Série B de 2009. O Santos, outro paulista com um ano sofrível, terminou apenas um ponto acima da zona do rebaixamento, e o Galo, quatro. O sétimo lugar do Botafogo, melhor colocação do time desde o título de 95, me surpreendeu.

"9) A Portuguesa deu um grande passo de volta à Segundona ao demitir Vágner Benazzi." - uma pena. Cabe aqui o registro da melhor frase do ano no jornalismo esportivo paulista: perguntado sobre qual era o maior culpado pela situação em que a Portuguesa se encontrava, o jornalista-torcedor lusitano Flávio Gomes, da ESPN, respondeu sem pensar: "Pedro Álvares Cabral".

"10) O Fluminense vai à Sul-Americana, mesmo sem os Thiagos." - o melhor dos Thiagos ficou, e mesmo correndo risco até a penúltima rodada, o Tricolor carioca garantiu a vaga no segundo torneio mais importante da América. Mas, pensando bem... quem não conseguiu?

Até que não fui tão mal.

A arbitragem, mais uma vez

A última rodada, com todas as outras 37, não poderia sair ilesa aos erros de arbitragens. Mas antes que se fale em 'esquema' para favorecer este ou aquele time, vamos aos fatos.

Borges estava impedido, e muito. O lance nem era tão difícil assim, visto que tanto o atacante como o Hugo, que errou o chute e acabou fazendo a assistência, estavam no mesmo campo de visão do bandeirinha. Lance fácil, erro grave.

Num dos gols do Atlético-MG, não me lembro se o primeiro ou o segundo, o atacante estava em posição legal. O lance não foi tão fácil como o do jogo do São Paulo, e até considero o erro perdoável - o que não deixa de ser um erro.

O segundo pênalti do Flamengo foi dado em uma falta cometida quase um metro fora da área.

No primeiro pênalti do Cruzeiro, o zagueiro da Lusa não chega nem perto de encostar no Wágner, meia celeste. A câmera de baixo mostra claramente o erro grotesco da arbitragem.

Não vi outros lances dos demais jogos, mas não tenho dúvidas que outros erros ocorreram.

Os árbitros erram para todos, de diversas formas, em variados graus. Mas não existe nenhum esquema da conspiração. A verdade é que a arbitragem brasileira é mal preparada. E enquanto ela não se profissionalizar, partidas continuarão a ter seus resultados comprometidos por erros amadores dos árbitros.

Pois é isso que eles são: amadores.

(Para registro: tudo leva a crer que o suposto "suborno" ao Wagner Tardelli não passou de um ato equivocado, intencional ou não, do Presidente da FPF. Entretanto, minha posição, imutável, sobre a questão é: qualquer time, seja ele qual for, que tenha comprovado seu envolvimento com armação de resultados, deve não só ter seu título cassado, se for o caso, como ser automaticamente rebaixado para a Segunda Divisão do campeonato em questão. Sem discussão.)

Merecido, mas não para todos

E o São Paulo ganhou mesmo, de novo. O título é mais do que merecido, pela melhor administração em prática no Morumbi há anos e pelo trabalho dos jogadores e comissão técnica - principalmente, Muricy Ramalho. Aquele blá blá blá já meio batido, embora verdadeiro. O que poucos falam, e eu me sinto muito à vontade para falar, é que quem menos merece esse título é a torcida são-paulina. Poucas coisas são tão deprimentes como ir ao maior estádio particular do país, casa de um time que vem ganhando tudo nos últimos anos, e encontrar mais lugares vazios do que torcedores. A torcida tricolor, de longe, é a que menos empurra o time quando precisa, mas que na hora de comemorar é a primeira a aparecer. Muito conveniente. Pensando bem, foi até bom o empate contra o Flu, transferindo a festa para Brasília. Boa parte daqueles 70 mil "torcedores" não merecia tamanho presente de fim de ano.

O vice-campeonato também foi justíssimo ao Grêmio. Considerando o fato de que o Tricolor gaúcho está atrás, em termos de time/elenco, de pelo menos outros 5 times brasileiros, o 2o lugar é heróico. Só que, ao contrário do primeiro parágrafo, a torcida gremista merecia um título. O apoio incondicional ao time, durante todo o campeonato, foi comovente. Se ano passado a torcida do Flamengo deu show, em 2008 esse papel coube à do Grêmio.

Na parte de baixo, falemos do rebaixado do ano. Motivos não faltaram para a queda do Vasco, anunciada desde o começo do campeonato. É triste ver marmanjos e crianças chorando na arquibancada, inconsoláveis, como se de repente o mundo tivesse acabado. E o que vou dizer é duro, mas não mudo uma vírgula: eles mereceram. Essa mesma torcida que chora é a mesma que, por anos, gritou o nome de Eurico Miranda, quando os troféus entravam um atrás do outro em São Januário; até uma cadeira no Congresso Nacional deram para o dirigente. Portanto, torcida vascaína, não lavem as mãos. Assumam sua parte da responsabilidade. Ajudem a reconstruir a própria imagem do time, tão arranhada durante o "Império Eurico Miranda". A parte triste é o fato de que o Vasco tenha caído justamente com Roberto Dinamite na presidência. Ele não merecia tal sorte, mas... paciência.

Por fim, cabe exaltarmos o campeonato sensacional que tivemos em 2008. Podemos não ter os melhores jogadores em ação em terra brasilis, mas é assim que as coisas serão daqui pra frente. A consagração da fórmula dos pontos corridos, além de proporcionar emoção por sete meses, é a única saída para a reestruturação do futebol brasileiro; a forma para que o tal "alto nível" possa, um dia, voltar aos nossos estádios, mesmo que em menor escala.

Nós, torcedores, merecemos. Mas não todos. Aqueles que ainda insistem em voltar com fórmulas antigas, que prestigiam o casuísmo e perpetuam a bagunça, não merecem compartilhar da emoção que nós, verdadeiros torcedores de futebol, sentimos durante todo o Campeonato Brasileiro.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Coisas que serão ditas na segunda-feira

No Brasil, não se pode relativizar as coisas. Qualquer assunto, seja qual for sua relevância, exige opiniões absolutas e excludentes; se não for 8, é 80, e algo contrário a isso ganha o termo pejorativo de "em cima do muro".

Num campeonato parelho como este que acaba amanhã, é difícil encontrar alguma verdade incontestável, visto que um mero acaso pode decidir qualquer das duas partidas decisivas envolvendo São Paulo e Grêmio e, consequentemente, o final do Brasileirão-2008.

Mesmo assim, não tenho dúvidas de que veremos/ouviremos as seguintes frases na segunda-feira:

Cenário 1 (72% de chances, segundo o matemático Tristão Garcia)
- A organização e estrutura do São Paulo fazem com que esse título seja merecido.
- O Grêmio foi longe demais pelo time que tem.
- O empate com o Fluminense apenas adiou uma festa que não tinha como não acontecer.
- O Grêmio deixou escapar o título em jogos decisivos na reta final do campeonato.
- Muricy Ramalho é o melhor técnico do Brasil.
- Celso Roth, mais uma vez, começa bem e termina sem o título.

Cenário 2 (28% de chances, segundo o matemático Tristão Garcia)
- A Diretoria são-paulina errou muito durante o ano, por isso termina 2008 sem títulos.
- O Grêmio, ao contrário do que muitos pensam, tem um grande time de futebol, e mereceu ser campeão.
- O São Paulo cantou vitória antes da hora e pagou o preço.
- O Grêmio é imortal.
- Muricy Ramalho, assim como nas três últimas Libertadores, falhou em momento de grande tensão.
- Celso Roth é o melhor técnico do Campeonato Brasileiro de 2008.

Qual destes cenários prevalecerá? Apesar dos números apresentados, e do fato de que das nove possíveis combinações de resultados, apenas uma dê o título o Tricolor gaúcho, o campeão deve ser decidido apenas depois do 30 do 2o tempo (meu palpite).

Se o adversário do São Paulo fosse qualquer outro time, arriscaria a dizer que seria uma barbada.

Mas o Grêmio costuma tornar possível até mesmo o impossível.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Detalhes

Muito se discute sobre a prática absurda, por aqui, de se demitir um treinador após alguns poucos resultados ruins, sem dá-lo a chance de desenvolver um trabalho de médio/longo prazo.

Um argumento forte é de que não se pode avaliar a competência de alguém por alguns resultados, que muitas vezes são decididos em detalhes.

Concordo, para os dois lados. Se a derrota nem sempre significa incompetência, a vitória também não pode levar à competência incontestável. E é por isso que o Inter precisa urgente de um novo treinador.

Não tinha nada contra o Tite, até a semana passada - pessoalmente, ainda o considero uma pessoa correta, educada e séria. Mas durante a primeira partida da final da Sul-Americana, um repórter de campo contava como o técnico era costumeiramente auxiliado pelo Clemer durante os jogos. Achei meio estranho, pois me veio à mente a imagem de uma pessoa insegura, sem respaldo, - o que ainda pode ser verdade, visto o passado tricolor do treinador - que se apóia em uma figura respeitada no ambiente para desenvolver seu trabalho.

Depois de algum tempo, quando o Inter já vencia por 1x0 e o Estudiantes começa a esboçar uma reação, a câmera focalizou a cara do Alex e deu claramente para ver o jogador berrando para o banco, agoniado:

"Faz alguma coisa! O time parou de jogar!"

Tudo bem que o Alex é um jogador com uma visão diferenciada do jogo, mas não era preciso uma chamada dessas para o treinador fazer alguma coisa.

E ele fez: colocou em campo o Gustavo Nery....

Ontem foi ainda mais patético. O Inter era interamente dominado pelo Estudiantes, perdia o jogo e via um título quase certo escapar por entre os dedos. Quase vinte minutos após o gol argentino, Tite resolve fazer algo. Tira um dos melhores em campo, Andrezinho, e coloca o laranja podre de novo! E que só não foi expulso em 15 minutos porque o juiz não quis.

E ainda tirou o Alex. Em um jogo normal, a substituição seria justíssima, pois o jogador não viu a cor da bola o jogo inteiro. Só que a partida de ontem não era normal, e nessas horas um jogador diferenciado pode fazer a diferença, ainda mais em uma disputa por pênaltis (apesar disso, sei que esse ponto de vista é discutível e entendo quem pense em contrário).

O Inter acabou ganhando, e a impressão que fica é que correu tudo bem; mas poderia ter perdido, por muito pouco não perdeu, e se isso acontecesse Tite já estaria desempregado de madrugada. O discurso seria "Perdemos nos detalhes".

Pois bem... se esse detalhe significaria a demissão do treinador, por que o detalhe da vitória é motivo para mantê-lo no cargo?

O Internacional tem tudo para ser o time a ser batido em 2009. Ainda mais de técnico novo.

Único

Depois de um jogo como o de ontem, me fiz de novo a pergunta: como pode alguém não gostar de futebol?

(Tudo bem, talvez seja um pouco demais generalizar desse jeito. Como o esporte, em sua essência, representa um embate de forças intrínsicamente ligado ao universo masculino, e visto que o futebol, mesmo que mundial, adquiriu no Brasil, país carregado de emoção, traços únicos, reformulo a questão: como pode um brasileiro não ser alucinado por futebol?)

Alguns dizem que a Sul-Americana não vale nada, não passa de uma Segunda Divisão da Libertadores. Não há dúvida de que esta é incontestavelmente mais importante que aquela, mas nem por isso a Sul-Americana perde sua relevância. Se ela não goza de tanto prestígio entre os brasileiros, é muito por culpa de dirigentes pouco interessados torná-la atraente.

Onde já se viu premiar o 13o colocado de uma competição com alguma coisa? A Sul-Americana já começa errado desde o começo.

Também "ajuda" o fato de que o brasileiro, mesmo vivendo em um país atrasado e atolado em problemas, não se contenta com nada que não seja o melhor. Se o título não for da Libertadores, ou a medalha não for de ouro, nada vale.

Agora, pergunte a algum colorado se a noite de ontem não foi especial.

Além de ser protagonista de uma partida épica, o Internacional tornou-se o único time detentor de todos os títulos possíveis, atualmente, a um clube de futebo brasileirol; o único "Campeão de Tudo".

Não tenho a menor dúvida de que, caso o Grêmio não consiga reverter a vantagem do São Paulo no domingo, o fim de ano Colorado será muito mais alegre do que o Tricolor.

Pois, nesse caso, o título da "Série B" vale mais do que a vaga na "Série A".

Impossível não perceber isso.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Sem emoção

Pois é, campeonatos de pontos corridos não têm emoção.

Chegamos à última rodada com duas vagas à Libertadores e duas à Série B em disputa. Além, é claro, do título.

Como torcedor, gostaria de estar escrevendo algo diferente, meio de ressaca pela festa de ontem. Mas, com um olhar mais crítico e menos passional, não seria justo um campeonato desses acabar com uma rodada de antecedência.

Por muito tempo fui defensor dos tais 'mata-matas', mas defender tal modelo hoje não é nada mais do que burrice - ou gosto pela incompetência.

O bom é que a fórmula dos pontos corridos, já consagrada mundialmente, ganha cada vez mais força por aqui.

E que os jornalistas que brigam por qualquer outro modelo se aproximam cada vez mais da tão sonhada aposentadoria.

Um último detalhe: se o título vier para o Tricolor paulista, será conquistado nos últimos momentos do campeonato, depois de uma arrancada espetacular; já se for para o Tricolor gaúcho, terá sido ganho na 1a rodada.

A semana promete ser longa.

A vergonha continua

Depois de um longo silêncio, volto à ativa, já que a matéria divulgada ontem no 'Estado de S. Paulo' me obrigou a dizer algo - não que vá fazer muita diferença.

Gastou-se uma dinheirama sem tamanho para o Pan-2007.

Construiu-se menos do que o prometido, a um custo não sei quantas vezes maior.

As promessas de melhorias à vida dos cariocas continuam sendo apenas promessas, pois obras de infra-estrutura na cidade não foram feitas e a guerra civil com o tráfico voltou a ser o que era logo após o fim dos Jogos. E a Baía de Guanabara continuar poluída.

Pelo menos foram feitas belas obras de infra-estrutura esportiva, que seriam utilizadas em projetos sociais e no desenvolvimento do esporte brasileiro.

Pois bem.

O Engenhão não só não será utilizado para Copa-2014 (o que, de certa forma, é até lógico devido à preferência incontestável do Maracanã) como não serve nem para clássicos regionais. Além do que ele não serve ao esporte brasileiro, mas sim a uma entidade privada voltada quase que exclusivamente ao futebol.

As demais arenas encontram-se quase que abandonadas, por falta de quem as administre.

E o que é pior: divulgou-se agora que a maioria destes espaços, inclusive o Parque Aquático Maria Lenk, não servem para os Jogos Olímpícos. Terão de ser reformados. Ou, em alguns casos, outras arenas deverão ser construídas caso ocorra a tragédia de concederem ao Brasil o direito de "organizar" os Jogos de 2016.

Superfaturamento é um escândalo, má utilização é descaso; agora, depois de tudo isso vir à tona que aquilo que ficou pronto ano passado já está ultrapassado vai além de qualquer descalabro imaginável.

E a 'festa' da Copa-2014 mal começou...

Podem me chamar de chato, anti-patriota, o que for.

Mas sou absolutamente contra a realização de qualquer grande evento esportivo no Brasil.

Já temos problemas e corrupção demais, e competência e honestidade de menos, para criar outra oportunidade da qual meia dúzia (talvez um pouco mais) de pilantras dilapidem o patrimônio público e recebam palmas da torcida.