quinta-feira, 26 de março de 2009

Agora vai?

Neste fim de semana, teremos o início de mais uma temporada da F1.

A décima sexta da carreira de Rubens Barrichello.

Rubinho, que quase foi aposentado compulsoriamente no final de 2008, conquistou sua vaga na Brawn aos 44 do 2o tempo e, para espanto geral, foi o piloto mais rápido nos testes do começo do ano.

Já há quem diga que, no ocaso da carreira, Rubinho entrará como favorito - ou um dos - ao título da temporada.

Eu, claro, não acredito. Pois nos últimos 15 anos o piloto provou que não tem força para ser campeão da F1.

O que também não faz dele um piloto ruim.

De qualquer forma, Rubinho começa 2009 em alta e, ao que tudo indica, terá ao menos uma despedida digna para alguém com o seu nome no esporte.

Torço por isso - o que não me impede de tirar um sarro dele.

Rubens Barrichello, com 36 anos, fará aniversário no próximo dia 23 de maio. Mesmo dia escolhido pela The Humane Society of the United States para celebrar o World Turtle Day - ou se preferirem, o Dia Mundial da Tartaruga.

Parece piada.

Até é.

Mas também é verdade.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Uma tarde de futebol - II






Com as fotos acima, faço a pergunta: falta a Carteira do Torcedor para identificar os marginais das organizadas?

Não.

Falta vontade e capacidade.

(E no Rio, três pessoas foram baleadas após Vasco x Flamengo).

sábado, 21 de março de 2009

A carteira, Hilsborough e a ignorância

Nesta semana, tivemos grande debate a respeito da proposta do Ministério dos Esportes de realizar um grande cadastramento de torcedores e de todos aqueles que pretendam assistir uma partida de futebol, com a implantação da Carteira do Torcedor. A notícia, para os não-entendidos no assunto, pode parecer uma atitude positiva do Governo, que enfim resolve adotar alguma medida para conter a violência nos estádios.

Porém, vindo de quem veio, a proposta não poderia ser solução para nada. A incompetência e ignorância do Ministro dos Esportes Orlando Silva - e, porque não, do seu chefe - é tamanha que chega a assustar o fato de alguém com tão pouco conhecimento sobre esportes e história ser alçado ao cargo de Ministro de Estado.

É claro que de carteirinha o Ministro entende muito bem. Afinal, foi ele quem, como Presidente da UNE, tornou um direito mundial dos estudantes em sinônimo de má-fé pública aqui no Brasil, com a popularização da 'carteirinha da meia-entrada'. Quem não tinha um parente ou conhecido, na casa dos 50, que possuía o tal documento - confeccionado em pizzaria - e, com ele, obtinha 50% de desconto em cinemas, shows e teatros?

O resultado disso foi a elevação dos preços das referidas atrações (que, obviamente, não os reduziram mesmo com a implantação de um controle mais rígido sobre as carteirinhas), a banalização de um direito dos estudantes e o início da carreira política do Ministro.

Voltando à Carteira do Torcedor, é incrível como alguém possa apresentar um projeto que já fracassou num lugar em que a violência nos estádios foi um problema ainda mais grave que no Brasil: a Inglaterra. Para maiores informações, vejam o ótimo texto de um estudioso no assunto, Oliver Seitz, do site Universidade do Futebol.

Não se pode admitir que governantes, ao se depararem com determinado problema, não tenham - ou não busquem - um conhecimento mínimo sobre a matéria.

Mas vou ser solidário ao Ministro. Talvez, para ele, textos legais ou acadêmicos sejam complicados demais, o que motivaria seu desinteresse por eles.

Então, recorri a uma fonte mais popular: o ótimo livro "Febre de Bola", do autor inglês Nick Hornby (que inclusive já foi citado neste blog). Para quem não sabe, a obra, auto-biográfica, retrata a paixão do autor pelo futebol e seu time de coração, o Arsenal, desde a infância (final dos anos 60) até a vida adulta (início dos anos 90, quando foi escrito). Além de uma leitura extremamente prazerosa, pode servir de inspiração - e alerta - para o nosso problema de violência nos estádios, pois o período retratado pelo autor se incia com os primórdios do hooliganismo inglês e termina com o ápice da barbárie das tragédias de Heysel e Hillborough.

Comecemos nossa aula de história (os grifos são meus).

Sobre a tragédia de Heysel, escreve Hornby: "Nosso futebol atravessara todo o ano de 1985 se aproximando irreversivelmente de algo assim. Houve aquele tumulto espantoso do Millwall em Luton, onde a polícia foi desbaratada, e as coisas pareceram chegar a um ponto que jamais haviam atingido num estádio inglês (foi aí que a sra. Thatcher concebeu seu plano absurdo de carteiras de identidade); houve também o tumulto entre o Chelsea e o Sunderland, quando os torcedores do Chelsea invadiram o campo e atacaram os jogadores. Esses incidentes ocorreram com poucas semanas de intervalo, e foram apenas uma amostra. Heysel estava para acontecer, com a mesma inevitabilidade do Natal." E mais à frente: "Mas a brincadeira que se revelou assassina em Bruxelas pertencia firme e claramente ao contínuo de refrões violentos, sinais obscenos e babaquices de machão, ou seja, ao conjunto de atos permanentemente inofensivos, mas obviamente ameaçadores, nos quais uma minoria bem grande de torcedores vinha se comprazendo havia quase vinte anos. Em resumo, Heysel era parte orgânica de uma cultura para a qual muitos de nós, inclusive eu, haviam contribuído. Não dava para você olhar aqueles torcedores do Liverpool ... e se perguntar: 'Quem são essas pessoas? 'Você já sabia."

Heysel, para quem não sabe, é o estádio de Bruxelas em que foi realizada a final da Champions League (então, com outro nome), entre Juventus x Liverpool, vencida pelo time italiano, mas que antes de iniciada, presenciou à morte de 39 torcedores, esmagados contra a grade, após uma briga iniciada por hooligans ingleses. Corria o ano de 1985 e, como consequência, os times ingleses ficaram proibidos de participar de competições européias por cinco anos.

Só que não acabou por aí. O pior aconteceria quatro anos mais tarde, em uma partida entre o mesmo Liverpool e o Nottingham Forest, pela semi-final da FA Cup de 1989, em Hillsborough: "A premissa era a seguinte: estádio de futebol construídos, na maioria dos casos, por volta de cem anos antes" ... "Por décadas a fio, em grupos compactos de 10 ou 12 mil, aquelas pessoas vinham se postando em pé sobre arquibancadas de concreto mui íngremes e em alguns casos até rachadas, às vezes reformadas, mas essencialmente inalteradas." ... "Quando o futebol virou um placo para a guerra das gangues, e a repressão e não a segurança passou a ser prioritária (novamente os tais alambrados), uma tragédia de grandes proporções passou a ser inevitável. Como é que alguém podia ter esperança que aquilo desse certo?" ... "Havia tanta coisa que poderia ser feita e nada o foi; todo mundo continuou na mesma ano após ano, durante cem anos, até Hillsborough acontecer."

O relato ainda traz alguns trechos da revista The Economist de época, sobre o ocorrido: "'... só a fraqueza dos regulamentos vem permitindo que os clubes continuem a fingir que a segurança do público é compatível com uma arquitetuta penitenciária." Sobre as autoridades futebolísticas: 'Em termos de complacência e incompetência, nã há nada como um cartel.'"

E, após outras ponderações sobre as causas e consequências da tragédia, Hornby coloca, mais uma vez: "... se não fez mais nada, Hillsborough ao menos destruiu aquele esquema ridiculamente malconcebido de carteiras de identidade de Thatcher..."

Saldo de Hillsborough: 96 mortos e um mundo que não poderia continuar do jeito que estava - pelo menos, para o futebol inglês. Como os italianos mortos na Bélgica não comoveram o suficiente as autoridades britânicas, essa tragédia doméstica o fez.

Os trechos acima, se colocados em outro contexto, poderiam ser enquadrados como catastróficas profecias sobre o futebol brasileiro; porém, o livro não trata de futuro, mas de eventos ocorridos há mais de 20 anos (!) em um país altamente civilizado, que teve que enfrentar um problema gravíssimo, mais grave que o nosso, e conseguiu. Na minha infância - época de Heysel e Hillsborough - pouco se falava dos clubes ingleses. Espanhóis e principalmente italianos dominavam o cenário do futebol mundial, pois os ingleses estavam envolvidos em outro tipo de questão.

Passadas duas décadas, a Premier League é o campeonato nacional mais valorizado do mundo, e os times ingleses são os melhores.

Os ingleses resolveram seus problemas. E, para o mundo, deixaram o legado de como fazê-lo. Já está tudo lá, pronto, documentado e pormenorizado. Não é preciso inventar mais nada, apenas, talvez, adaptar o que deu certo lá para a nossa realidade.

E o que me deixa puto é que, não só não adotamos as práticas de sucesso já implementadas, como repetimos as que fracassaram.

Incompetência e ignorância têm limites, mas parece que o Ministério dos Esportes, o Governo Federal e todos que os cercam ainda não encontraram os seus.

Até onde vamos?

terça-feira, 17 de março de 2009

O fim dos pontos corridos

A FIA anunciou hoje a nova forma de disputa da F-1 para 2009: será campeão o piloto que obtiver o maior número de vitórias, ao invés de pontos.

É inegável que a medida trará mais emoção ao campeonato (talvez seja uma motivação para eu sair da cama às 9 da madrugada aos domingos); mas para a justiça da disputa, é bem discutível.

Já tivemos/temos discussão parecida no futebol, e devido à imprevisibilidade deste, pelo menos por enquanto, o tema está pacificado com a adoção dos pontos corridos no Campeonato Brasileiro, privilegiando a regularidade e o planejamento (na Europa, isso já foi percebido há décadas).

Como não sou um entendido sobre a matéria, preferi ouvir/ler a opinião de especialistas. Encontrei tanto vozes a favor (Fábio Seixas e Carlos Miranda) como contra (Flávio Gomes e Téo José).

E já que coube a mim o 'voto de Minerva', decido pela posição contrária à medida da FIA - mas sem fervor, pois, como já disse, F1 não é muito a minha praia.

Cheguei até a ouvir que esse novo modelo traria uma vantagem a Felipe Massa, conhecido por sua agressividade, buscando sempre a vitória.

Será? Hamilton é tão, ou até mais, arrojado do que Massa. Basta lembrar da prova abaixo da crítica do piloto inglês em Interlagos, no ano passado, quando teve que pisar mais no freio que no acelerador. Foi prudente, como tinha de ser, mas por muito pouco não perdeu o campeonato.

É esperar para ver.

Atualização em 21/03: depois de muita pressão, a FIA voltou atrás e a disputa do Mundial de F1 de 2009 seguirá nos mesmos moldes de 2008. Prova de que a alteração proposta realmente não era boa, e que dirigentes ruins não são exclusividade brasileira.

quarta-feira, 11 de março de 2009

O desfavor de Ronaldo

Nos últimos meses, não se falou de outra coisa senão Ronaldo.

Primeiro, pelo inesperado acerto com o Corinthians - e o consequente "fora" no Flamengo.

Depois, por sua forma roliça, e de como seria difícil a volta ao futebol. Principalmente com a vida cheia de excessos que o craque vinha levando.

Tema este que foi o preferido de jornais até o jogo do último domingo. Afinal, com as aventuras noturnas do jogador - que acabaram causando a demissão de Antônio Carlos - seria praticamente impossível voltar em alto nível ao futebol. Uma recuperação (a terceira) complicada como essa merecia cuidados extras com o corpo, com a mente, com a imagem, etc, etc...

Ronaldo estreou contra o Itumbiara sem a menor condição física de jogar futebol. Assim, foi para o jogo contra o Palmeiras.

E fez história.

Mesmo tratando com um incompreensível desprezo a sua recuperação; mesmo se envolvendo em sucessivos escândalos incompatíveis com a outrora fama de bom moço; mesmo indicando, através de constatações fáticas, que a sua carreira encaminhava-se para um fim nada glorioso.

Ronaldo deu um jeito. O famoso "jeitinho brasileiro".

Aquela coisa inexplicável que acontece em Terra Brasilis, que acaba resolvendo as coisas na última hora, mesmo após uma sequência de erros, falta de planejamento e incompetência.

O tal "jeitinho" que, aliado à famosa malandragem, formam a essência do povo brasileiro.

E que, juntos, são também a nossa maior desgraça.

Pois dessa forma, "dando um jeito", empurrando com a barriga", "levando vantagem" nunca seremos um país minimamente sério.

No seu processo de volta ao futebol, Ronaldo poderia ter dado um belo exemplo de planejamento, seriedade, competência; de que nada melhor que um trabalho bem feito para trazer bons resultados; de que as coisas não acontecem por acaso, principalmente se a situação atual não é das mais favoráveis. Para o brasileiro comum, com pouco estudo e sem muito acesso à informação, uma lição dessas, vinda de um ídolo carismático como Ronaldo, neste momento de grande exposição, através da linguagem facilmente compreensível que é o futebol, seria valiosíssima.

Só que não foi isso que aconteceu. Ronaldo fez tudo errado e, no final - pelo menos por enquanto - deu tudo certo.

Ele, é claro, não tem culpa disso. Não premeditou nada, e provavelmente nem tem uma consciência social tão apurada. Nada mais é do que outro brasileiro comum.

Fora de campo, pelo menos.

Porque dentro dele, Ronaldo não tem nada de comum.

A réplica do Palestra

"O Dérbi deixa a turma da bambilândia histérica porque desperta nela o eterno complexo de coadjuvante"

De MARCELO FONSECA , diretor-adjunto de planejamento do Palmeiras, sobre o São Paulo, que criticou as ações de marketing do clássico

Nota Esporte Brasilis: prova de que a elegância e inteligência do Presidente Belluzo ainda não se espalhou pelos lados alvi-verdes.

(fonte: Painel FC - Folha de S. Paulo)

domingo, 8 de março de 2009

Enquanto isso, no Morumbi...

"´Em pouco tempo só existirão cinco grandes no Brasil. Pensei que Palmeiras e Corinthians anunciariam fusão para ficarem entre eles'.

A frase, publicada na coluna Painel F.C. da Folha de S. Paulo, é atribuída a Adalberto Baptista, diretor de marketing são-paulino. O motivo? A reunião na qual palmeirenses e corintianos apresentaram suas ações conjuntas para o derby deste domingo em Presidente Prudente.
Provocação típica de torcedor, nada além disso. E ainda dizem que os dirigentes do São Paulo são diferentes dos demais, melhores, superiores... Talvez até sejam, afinal, a referência, em geral, é pífia, o parâmetro está sempre bem lá embaixo mesmo...

Também pode ser que tal frase esconda o receio de que os dois maiores rivais estejam começando a acordar. O Palmeiras tem na presidência um homem inteligente e de bom senso. O Corinthians nem tanto, mas a simples aproximação dos clubes é bom sinal.

Claro que a convivência pacífica entre cartolas não irá tornar amáveis as relações entre as torcidas organizadas dos times, tampouco reduzirá a violência associada a tais grupos. Mas é um movimento saudável, capaz de gerar dividendos, como transformar um jogo que pouco vale em grande evento.

E o são-paulino, integrante de uma equipe que recebe elogios até pelas mais tolas ações ditas de marketing, como a venda de pedaços do gramado e o tal batismo tricolor, parece acusar o golpe. Se forem tão evoluídos como tentam nos convencer, os dirigentes do São Paulo se aproximarão de alvinegros e alviverdes para formar ações sob o rótulo “Trio de Ferro”.

Corinthians e Palmeiras não precisam se fundir para aumentar suas chances de superar o dono da hegemonia do futebol nacional. Basta que tenham pelo menos um olho nessa terra de cegos que é a cartolagem brasileira. Como faz a turma do Morumbi, que deve manter o dela bem aberto, afinal, unidos os dois podem, com um par de olhos, enxergar melhor do que os visionários tricolores."

Do blog do Mauro Cézar Pereira (http://espnbrasil.terra.com.br/maurocezarpereira), grifos meus.

Para a história

"Só que colocá-lo para jogar o clássico de domingo é uma temeridade. Pois, então, Ronaldo terá um time de verdade pela frente, que carrega o peso de maus resultados recentes e uma das maiores rivalidades do futebol mundial. Ao ficar lado a lado com jogadores de mais alto nível, em condições reais de competição, a realidade do jogador pode escancarar de vez, causando enorme frustração após a alegria de ontem." (Esporte Brasilis, 05-03-09)

Nem precisa falar que quebrei a cara.

Pois me esqueci que Ronaldo gosta de escrever páginas importantes da história do futebol.

Esqueci o quanto ele já decidiu clássicos importantes mundo afora. Já marcou em Milan x Internazionale, pelos dois times; façanha também alcançada em Real Madrid x Barcelona.

Mais importante: esqueci que, para um dos maiores jogadores depois da Era Pelé, estar fora de forma e ritmo não significa tanto assim para o atual futebol brasileiro.

O que ainda não nos dá a certeza de que Ronaldo será novamente um Fenômeno.

Indubitável, porém, é a importância e beleza do ocorrido hoje em Presidente Prudente.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Enfim, a "estreia"

Ronaldo voltou ao futebol.

Após mais de 380 de inatividade (dentro dos campos, pelo menos...), o maior artilheiro da história das Copas participou novamente de uma partida oficial.

A festa preparada em Itumbiara foi merecida, mesmo que tenha chegado ao ridículo de se mostrar o jogador que ao próprio jogo, ainda que com a bola rolando.

Porém, não pude deixar de sentir uma ponta de melancolia ao ver Ronaldo (tentar) correr atrás da redonda, com aquele corpanzil que a vida desregrada dos últimos meses lhe deu, sem lembrar nem de longe o grande jogador que já foi. Achei que era apenas a minha mania de reclamar de tudo, mas ao conversar com amigos hoje percebi que não estava exagerando ao achar um absurdo que nada fosse dito a respeito da condição física do atleta.

Tudo bem, foi falado que ele ainda está fora de forma, sem ritmo de jogo, etc, etc.

A verdade, entretanto, vai um pouco mais além: mesmo após dois meses de treinamentos "intensos", Ronaldo ainda não tem a menor condição de participar de um jogo profissional.

É tão óbvio que a estreia de ontem foi puramente causada por pressões da TV Globo - que inclusive parece ter proibido o jogador de falar com outras emissoras - e da Diretoria do Corinthians - que já perdeu dois meses de patrocínio por causa da indefinição do futuro do jogador - que chega a irritar tal fato passar despercebido da maioria.

Mas, tudo bem, afinal valeu pela festa - e pelo dia mais importante dos 100 anos de história de Itumbiara.

Só que colocá-lo para jogar o clássico de domingo é uma temeridade. Pois, então, Ronaldo terá um time de verdade pela frente, que carrega o peso de maus resultados recentes e uma das maiores rivalidades do futebol mundial. Ao ficar lado a lado com jogadores de mais alto nível, em condições reais de competição, a realidade do jogador pode escancarar de vez, causando enorme frustração após a alegria de ontem.

A volta de Ronaldo ainda não está completa - se é que estará um dia, coisa que eu ainda tenho dúvidas.

E por um motivo simples: ele ainda não está em condições de se considerar um jogador profissional de futebol.

Atualização em 06/03: em nota em seu blog, Juca Kfouri publicou opiniões mais relevantes do que a minha sobre a volta do Ronaldo:

"A volta de Ronaldo, para Tostão e Sócrates

Conversei com Tostão, sempre brilhante e ponderado, no CBN EC, sobre a volta de Ronaldo.

Em resumo, Tostão acha que ele voltou ao gramado, não necessariamente ao futebol, pelo menos por enquanto.

E diz que Ronaldo é um "mistério" permanente.

Ninguém sabe direito o que houve na final da Copa de 1998, ninguém entende por que ele ficou com o corpo que tem hoje em dia e que, enfim, Ronaldo está loge de ser um atleta que possa competir, embora ele torça para que volte a ser capaz de deslumbrar como sempre o deslumbrou.

Mas não acredita.

Sócrates, no "Cartão Verde", foi na mesma linha, ao dizer que a volta dele vale pelo personagem que é, mas que claramente houve uma precipitação.

Menos mal.

Não enlouqueci."

A semana do nosso esporte olímpico

"COB apresente contas de Lei Piva, e "burocracia" leva mais de R$ 23 milhões

Fernando Narazaki
No Rio de Janeiro


O governo federal repassou mais de R$ 91,9 milhões ao esporte brasileiro no ano passado através da Lei Piva, porém mais de 25% deste valor parou na "estrutura administrativa" do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) ou na "manutenção" das confederações esportivas nacionais.

No balanço apresentado nesta quinta-feira em um hotel no Rio de Janeiro, o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, tratou de defender que a entidade investe na melhora técnica, na capacitação dos profissionais ligados ao esporte e recusou as críticas que a "burocracia" leva parte significativa do montante da Lei Piva.

"Percebam que são só 10% de gasto administrativo", disse o dirigente, enquanto mostrava que a "estrutura administrativa" do COB custou R$ 9.564.898,16 da arrecadação obtida nas loterias. Entretanto, se somados a outros números mostrados no próprio balanço, a conta torna-se muito maior.

Segundo os números divulgados pelo próprio COB, as 28 confederações esportivas tiveram R$ 4.844.436,26 em despesas com "manutenção" e mais R$ 950.512,71 com "recursos humanos". A entidade máxima do desporto nacional ainda gastou R$ 7.670.586,08 com a "estrutura para aplicação dos recursos" da Lei Piva, que incluem sistemas de informática para a contabilização das verbas e a estrutura jurídica.

Desta forma, estas despesas levaram R$ 23.030.433,21 (cerca de 25,05%) do arrecadado pela Lei Piva, sendo que o COB recebeu 85% do total (cerca de R$ 78,1 milhões), já que 10% ficam com o desporto escolar (R$ 9,1 milhões) e 5% são dados ao desporto universitário (R$ 4,6 milhões). E neste valor não foram acrescidos mais R$ 11,2 milhões gastos pelo COB com o que chamou de "projetos específicos" como contas que ainda sobraram do Pan do Rio-2007 (R$ 426.983,98) ou gastos com a candidatura das Olimpíadas de 2016 (R$ 7.910.383,38).

O maior detalhamento na descrição dos gastos fez, porém, que as despesas "burocráticas" fossem menores que 2007. Naquele ano, o COB não anunciava "projetos específicos" e dividia apenas em manutenção, formação de recursos humanos e eventos esportivos. Assim, os custos com "manutenção" do COB e das confederações superou R$ 27,3 milhões dos R$ 84,9 milhões cedidos pela Lei Piva.

Ao mesmo tempo, o esporte brasileiro usou menos dinheiro com a manutenção de atletas e a ida para competições esportivas. Em 2007, os competidores receberam R$ 2,8 milhões das confederações, cerca de R$ 634 mil a mais do que o valor destinado no ano dos Jogos de Pequim-2008, apesar de a arrecadação ter aumentado. Já a participação em eventos esportivos levou R$ 26,7 milhões em 2008, menos do que os R$ 27,2 milhões gastos no ano anterior.

Mesmo diminuindo o investimento nestes itens, as confederações mostraram metas bem maiores para os próximos quatro anos. Todas as confederações esperam a classificação para as Olimpíadas de Londres-2012 e 11 modalidades projetam a conquista de medalhas olímpicas (atletismo, basquete, boxe, ginástica artística, handebol, judô, natação, taekwondo, vela, vôlei e vôlei de praia).

"É natural que se estabeleçam metas, como em toda empresa, e estas metas determinarão o que virá pela frente", explicou Nuzman. Isso mesmo com o COB admitindo que os valores deste ano da Lei Piva deste ano devem ser menores em relação a 2008 por conta da crise mundial."

(fonte: UOL)

Nota Esporte Brasilis: enquanto isso, em Brasília, a CPI sobre a verba olímpica restou praticamente morta. Foi eleito para a Comissão de Turismo e Esporte da Câmara o Deputado Afonso Hamm (PP-RS), que como mostrado pelo jornalista José Cruz, do Correio Braziliense (ver link ao lado), não se mostra nem um pouco favorável a que se apure como é gasto o (nosso) dinheiro pelo COB e demais federações.