quarta-feira, 29 de abril de 2009

Chegou a hora de fazer o certo

Do blog do Alberto Murray:

"Rio 2016. A visita da Comissão Avaliadora do Comitê Internacional Olímpico('CIO')

Pelo painel de controle e estatíscas do Blog, notei que nesses dias que antecederam a chegada da Comissão de Avaliação do Comitê Internacional Olímpico (”CIO”) ao Rio, aumentou a audiência de leitores, no Brasil e no exterior, em busca do tema. Já escrevi aqui o que eu acho disso. Mas considerando que agora eles efetivamente chegaram, volto à questão. Antigamente não existia uma Comissão Avaliadora. Cada Membro do CIO visitava a Cidade e, individualmente, tirava as suas próprias conclusões. Hoje a Comissão de Avaliação é escolhida e é ela, somente ela, que visita as Cidades. Posteriormente, apresenta ao colégio eleitoral as suas opiniões. Muitas vezes, tais opiniões não são seguidas. Vota-se por amizades, ou por qualquer outro interesse. Isso pode ocorrer, normalmente, quando os níveis técnicos das candidaturas assemelham-se. Se A e B são boas candidaturas, um Membro pode decidir por uma, ou outra, de acordo com suas amizades em cada Cidade, ou por outros fatores quaisquer. É assim mesmo que ocorre.

Porém, quando uma Cidade está muitos degraus abaixo das demais, é extremamente difícil que, por mais que se tenha simpatias pelo local, dar-lhe o voto olímpico. É impossível não ter simpatias pelo Rio de Janeiro. Principalmente para quem o vê de longe. É uma Cidade que possui uma áura de misticismo e curiosidade. Mas daí, a escolhê-la como sede olímpica, vai uma distância enorme. Como se sabe, o Rio parte nessa disputa vários degraus abaixo de suas concorrentes, conforme a avaliação preliminar feita pelo CIO. As razões são óbvias. Instalações desportivas inadequadas, ou inexistentes; candidatura puramente baseada em promessas de políticos; violência urbana de proporções inaceitáveis para padrões internacionais; falta de hospitais de excelente nível; falta de hotelaria boa e suficiente para atender á demanda olímpica; trânsito da pior qualidade e sem perspectivas de melhoras em um curto período de tempo; falta de transporte público de qualidade; praias e Baía da Guanabara poluídas; pouca atenção à questão do meio ambiente em comparação com os padrões internacionais e uma outra série de coisas que são analisadas cuidadosamente pelo CIO e que fazem parte do chamado “Caderno de Encargos”. Acho que esse método de avaliação adotado hoje pelo CIO muito mais efetivo e transparente do que o que se fazia no passado.

Já escrevi aqui que se alguém acha que algum Membro da Comissão vai esculhambar o Rio em público, está rendondamente enganado. Assim como ocorreu em Chicago, em Tokyo e ocorrerá em Madri, oficialmente, escutaremos apenas elogios. Mas os Membros não são bobos e sabem aonde estão pisando. Sabem que nas demais Cidades, as candidaturas não somente têm o apoio dos governos, das empresas privadas, mas que, sobretudo, várias arenas esportivas já estão prontas, ou em construção. Aqui no Rio, verão somente maquetes, promessas, ouvirão uma saraivada de lorotas e verão a proposta mais cara dentre as demais, mesmo sendo o Brasil o País mais pobre e com grandes desníveis sociais. Será que o CIO vai arriscar e dar os Jogos Olímpicos, um grande negócio financeiro,a uma Cidade que não tem nada, só maquetes?

É importante frisar que a grande imprensa é mantida afastada da visita. Existirá uma rápida coletiva de imprensa, ao final, aonde as perguntas e respostas são geralmente laudatórias e protocolares. Caberá aos Jornalistas especializados, após a visita, atrávés de suas fontes, buscar a verdade dos fatos e analisá-los com frieza. É muito importante que ninguém se deixe contagiar pelo clima de euforia, decorrente de um possível elogio da Comissão, aqui, ou acolá.

Também é muito importante prestar atenção ao fato de que, por a grande imprensa não ter acesso direto aos Membros do Comitê e às solenidades oficiais, nós todos ficamos sujeitos à notícias que surgirão dos assessores de imprensa oficiais, que são pagos para dar notícias chapa branca.

O que vai valer mesmo, será na hora em que os Membros sentarem, sozinhos, para atribuir as suas notas.

E nesse quesito, na avaliação preliminar, o Rio esteve em quinto lugar, atrás até de Doha, que por questões de data acabou ficando fora da disputa. Será que de lá para cá o Rio melhorou tanto, a ponto de superar Chicago, Madri e Tokyo? O que de tão bom ocorreu na Cidade nesses poucos meses para mudar o cenário ruim traçado pelo próprio CIO? A resposta é nada. Portanto, não se iludam.

E tomem cuidado, porque senão em outubro estaremos falando em Rio 2.020 e mais dinheiro público estará sendo jogado no ralo, enquanto o povo ainda morre de fome."

Nota Esporte Brasilis: nos últimos 10 minutos, foi veiculada no Sportv, por duas vezes, a propaganda do Rio 2016, chamando os cariocas à Praia de Copacabana, no próxima dia 1, para um grande evento de apoio aos Jogos.

O carioca que tiver mais bom senso do que patriotismo de botequim, não só boicotará o evento, como convencerá seus amigos e familiares a fazer o mesmo.

E, assim como eu, torcerá CONTRA O "PROJETO RIO 2016".

Pois este não será um ato anti-patriótico. Mas, sim, um movimento consciente contra a imoralidade, a corrupção, o descaso contra nosso próprio povo.

O carioca - e o brasileiro em geral - já foi enganado no Pan; já viu seus impostos serem torrados em promessas vazias e quase nenhum resultado prático.

Não podemos mais ser tratados como otários passivamente.

domingo, 26 de abril de 2009

Fenomenal

Já não resta dúvida: o Fenômeno se recuperou.

O que não siginifica que voltará à mítica forma da Espanha, porque não voltará. E também não há garantia que as lesões acabaram, pois esse risco estará presente até o dia em que resolva parar de jogar.

Mas Ronaldo é novamente um jogador de futebol. E longe de ser um qualquer.

Em seu segundo jogo pelo Corinthians, salvou o time da derrota, com um gol aos 48 do 2o tempo contra o Palmeiras.

Na semi-final, selou a vitória contra o São Paulo.

E, no primeiro jogo da decisão, contra o Santos, decidiu o campeonato. Com mágica.

Em menos de dois meses, Ronaldo já marcou contra os três maiores rivais.

Os adversários já se perguntam quando ele voltará à Europa.

Torcendo para que isso aconteça logo.

domingo, 19 de abril de 2009

Quando a fome fala mais alto

No Campeonato Paulista de 2000, os quatro grandes de São Paulo chegaram à semi-finais. São Paulo x Corinthians, Palmeiras x Santos, e os classificados foram o Tricolor e o Peixe.

Não podia ser diferente. Mesmo com times inferiores aos rivais, tinham quase que a obrigação de vencer - e a tranquilidade para tal. Apenas três dias após serem eliminados do torneio regional, Palmeiras e Corinthians voltariam a campo para, talvez, o jogo mais importante da história da cidade: a semi-final da Libertadores, o épico jogo decidido nos pênaltis.

Impossível esperar que, numa situação dessas, os dois rivais pudessem se concentrar no Paulista. E nem é questão de condições físicas, mas psicológicas. Além de treinar os músculos, os atletas têm de preparar a mente para jogos decisivos, para, assim, terem condições de superar seus adversários.

Ou, ainda, querer superá-los.

Isso não é desculpa esfarrapada para o que aconteceu neste fim de semana, quando os quatro grandes voltaram a se encontrar, juntos, e com os mesmos confrontos, nas semis do Paulistinha (hoje já rebaixado ao sufixo diminutivo). E, ainda, com dois deles disputando a Libertadores.

É claro que tanto palmeirenses como tricolores quiseram ganhar, e, dentro de campo, se esforçaram para isso. Ninguém tirou o pé ou fez corpo mole.

Mas santistas e corintianos se esforçaram mais, se concentraram mais, quiseram mais. Pois sabem que este título será, agora, importante. Ao passo que os rivais eliminados têm outras - e maiores - preocupações.

Sem o "estorvo" da disputa do Paulista, terão mais tranquilidade para a Libertadores. E isso faz uma diferença brutal.

Se fosse só isso, tudo estaria ótimo. Mas as coisas não vão às mil maravilhas pros lados da Barra Funda.

O Palmeiras sentiu o peso das decisões de abril, e não só perdeu o Paulista como se encontra em situação complicada no torneio continental. O difícil grupo em que caiu (por culpa da própria incompetência na última rodada do Brasileirão do ano passado) ficou ainda mais complicado por tropeços dentro da própria casa. A classificação para as oitavas está mais longe do que perto, e outra desclassificação fará com que mais do que cascas de amendoim voem no Palestra.

Aliás, acho que é uma boa hora para a Diretoria Palestrina repensar a parceria com a Traffic. Esse, modelo, que a princípio parece ser excelente - custo zero e contratações bombásticas - acaba por se mostrar um tanto quanto ineficaz na montagem de times competitivos. O que o parceiro busca é a revelação, a jovem promessa, uma possibilidade de milhões de dólares a curto prazo. Como é o caso de Keirrison. Com isso, o elenco não ganha a força e o equilíbro necessários às conquistas, pois a lógico do lucro alto e rápido não comporta a contratação de jogadores sem nome, de mais idade, sem tanto brilho mas fundamentais na armação de um time. Principalmente na atual realidade do futebol brasileiro. O Departamento de Futebol do clube se acomoda, já que é o parceiro quem deve trazer jogadores, e o elenco fica enfraquecido.

O Palmeiras, hoje, tem o técnico mais caro do Brasil, a maior promessa e uma defesa de dar dó. E Luxemburgo não tem em seu banco de reservas jogadores à altura daqueles que estão em campo. Desse jeito, será difícil ir longe tanto na Libertadores como no Brasileirão, que já bate à porta.

Do outro lado do muro, no São Paulo, as coisas estão um pouco melhor. Um pouco.

Se por um lado o time já está classificado para as oitavas da Libertadores, praticamente perdeu a chance de ter uma das melhores campanhas. E isso porque, na última semana, o clube resolveu priorizar a disputa estadual - a mesma que, meses atrás, ameaçou disputar com um time júnior. O auto-proclamado maior time do Brasil, com a melhor estrutura e o melhor planejamento, jogou isso no lixo ao dar importância às provocações do rival.

O resultado: foi eliminado com duas derrotas para o maior rival/inimigo, terá de decidir fases da Libertadores fora de casa - fato que motivou as últimos três eliminações do time na competição - e se rebaixou ao nível daqueles que julga estarem em patamar inferior. Mais uma vez, os "profissionais" tricolores se comportam como meros torcedores. E prejudicam o time.

As derrotas de São Paulo e Palmeiras não representam o fim do mundo. Longe disso. Mas as próximas semanas definirão muito o resto do ano para ambos.

Os méritos, assim como em 2000, ficam com os lados teoricamente mais fracos. Mas que mereceram, e devem aproveitar o momento.

Quem será o campeão?

Para achar a resposta, recorro mais uma vez à história.

Em 2005, o São Paulo precisava vencer o Paulista. Tinha um bom time, com uma base já montada e que vinha de bons resultados nos anos anteriores - mas sem títulos. O Paulista serviria para dar confiança a uma temporada que prometia. E que acabou sendo uma das mais vitoriosas da história do clube. Deu Tricolor.

Em 2006, o Santos contava com pesados investimentos, e não vencia um Paulista há mais de 20 anos. Luxemburgo carregava alguns fracassos recentes. Os outros três grandes de São Paulo disputavam a Libertadores. Deu Peixe.

Em 2008, foi a vez dos dólares baixarem no Palestra. Contratações peso e uma fila que se aproximava de uma década aumentaram o peso do título estadual. Deu Verdão.

Nos três casos acima, os vencedores quiseram ganhar o Paulista mais do que os outros. Precisavam mais.

Tinham mais "fome".

Em 2009, temos a volta do Corinthians à Primeira Divisão. Com uma série respeitável de invencibilidade. E a contratação do Fenômeno. Mesmo com a raça mostrada pelos santistas, não acho que impedirão o título corintiano.

Afinal, ninguém precisa mais deste título do que o Corinthians.

De gigante a moleque em 10 dias

Diego Souza fez uma partida de gente grande na semana passada, contra o Sport, na Ilha do Retiro.

Chamou a responsabilidade, incorporou o "espírito da Libertadores" e matou o leão em sua própria toca.

Vi naquela noite um jogador maduro, pronto.

Porém, hoje à tarde, pela semi-final do Campeonato Paulista, Diego foi uma criança.

Nem tanto por sua atuação, que se não foi brilhante também não comprometeu.

Também não teve culpa na expulsão em si, que só existiu por causa da falta de pulso e personalidade de Sálvio Spínola.

Mas a reação de Diego após o cartão vermelho foi lamentável, por dois motivos:

1) Um descontrole daquele, que pode - e deve - gerar pesada punição ao meia, mostra que a sua evolução como jogador ainda está longe de se completar. E se isso não acontecer logo, talvez ele não passe de apenas mais um bom jogador, como existem aos montes.

2) Se ele é tão macho a ponto de serem necessários vários jogadores para segurá-lo, porque quando conseguiu escapar e se colocar frente a frente com o Domingos, não meteu uma bem dada na cara do zagueiro, limitando-se a passar aquela rasteira? Será que se assustou com o tamanho da eventual punição ou com o a largura do zagueiro?

E o pior de tudo é que, nesses tempos bélicos do futebol brasileiro, Diego saiu de bem com a torcida.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Surpresa

Do UOL Esporte

"Castroneves é absolvido das acusações de evasão de divisas e sonegação

O piloto brasileiro Hélio Castroneves foi absolvido das acusações de evasão de divisas e sonegação de impostos nos Estados Unidos. Além dele, a sua irmã Katiucia e o seu advogado, Alan Miller, também foram considerados inocentes no veredicto. Os três corriam o risco de serem condenados a pelo menos seis anos de prisão.


Castroneves foi acusado de evasão de mais de US$ 2,3 milhões em impostos. Na quinta-feira, o júri já havia anunciado que o veredicto estaria pronto, mas o resultado só foi divulgado um dia depois. Com a vitória no julgamento, o piloto está liberado para seguir competindo na Fórmula Indy. O brasileiro já venceu duas vezes as 500 Milhas de Indianápolis, e é o atual vice-campeão da categoria.


O piloto brasileiro também era acusado de não declarar ao fisco norte-americano cerca de US$ 5 milhões recebidos de sua equipe na Fórmula Indy, a Penske, entre 1999 e 2004. Além disso, outros US$ 2 milhões referentes à verba de patrocínio da empresa brasileira Coimex teriam sido ocultados.


A peça chave no processo era a empresa Seven Promotions, que Castroneves teria usado para fugir do pagamento de impostos nos EUA. O pai do piloto testemunhou no caso, afirmando que a empresa não pertence ao filho e foi criada para melhorar a imagem do brasileiro no Brasil. A defesa do brasileiro assegurou que os impostos devidos serão pagos até o final do ano.


O júri federal absolveu Castroneves de seis acusações de evasão de divisas e também da denúncia de sonegação. Sua irmã Katiucia, que atua como empresária do piloto, também foi considerada inocente em todas as acusações. O advogado Alan Miller só respondia por três acusações de evasão de divisas e uma de sonegação, e foi absolvido em todas.


Na primeira audiência do julgamento, realizada ainda no ano passado, Castroneves havia se declarado inocente, mas teve que pagar uma fiança de US$ 10 milhões para responder ao processo em liberdade. Neste período, ele não pôde deixar os Estados Unidos. Na ocasião em que compareceu pela primeira vez ao Tribunal Federal de Miami, o piloto teve que usar algemas nas mãos e correntes nas pernas.


Já liberado das acusações, Castroneves deverá reassumir seu posto na Penske nas próximas corridas. Ele não pôde disputar a etapa de abertura em St. Petersburg, e foi substituído pelo australiano Will Power. O brasileiro poderá voltar às pistas já na etapa deste final de semana, em Long Beach, mas os treinos livres já começaram."

Nota Esporte Brasilis: confesso ter ficado surpreso com a notícia, pois achava muito difícil o piloto ser inocentado, como já havia postado aqui meses atrás. Nos EUA, é mais fácil alguém ser preso por não pagar seus impostos do que por matar e esquartejar a ex-namorada - como já aconteceu. Mas se a Justiça disse, está dito. Que Helinho retome sua vitoriosa carreira na Indy e que, daqui para frente, seja mais "cuidadoso" com suas declarações de renda.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Inevitável

Aqueles que defendem os Campeonatos Estaduais como sendo a única forma de sobrevivência dos times do interior, ainda não entenderam a situação.

Com a atual estrutura do futebol brasileiro - muito em função da própria situaçao sócio-econômica do Brasil - não há mais espaço para eles.

Ao contrário de alguns países europeus, como a Inglaterra, em que times pequenos conseguem não só continuar disputando campeonatos, mas manter suas torcidas seculares, os times do interior brasileiro estão fadados à mingua e, eventualmente, ao desaparecimento.

Por que trouxe esse tema à tona?

Hoje foi disputada a antepenúltima rodada da Série A3 do Campeonato Paulista.

Em Limeira, o Internacional foi derrotado pelo Pão de Açúcar, por 1x0 e acabou sendo rebaixado à 4a Divisão do Estado. A mesma Inter que, pouco mais de 20 anos atrás, calou a torcida palmeirense em um Morumbi lotado.

O público pagante dessa tarde somou 22 - VINTE E DOIS - torcedores.

Correção em 16/04: o jogo não foi em Limeira, mas em Araras.

domingo, 5 de abril de 2009

Museu do Futebol

Fui hoje conhecer o Museu do Futebol, no Pacaembu.

E tive um pouco de dó.

Dó das pessoas que não gostam, não se interessam, ou não se emocionam com o futebol.

Que consideram o esporte 'apenas um jogo', e encaram os domingos de decisões como 'um domingo qualquer'.

Eu sou daqueles que perdem o sono, o humor e fios de cabelo por causa do futebol.

Ainda bem.