sábado, 24 de julho de 2010

Isso é palavra, meu filho

bati bastante em Muricy Ramalho. Afinal, acho que todo são-paulino com senso crítico percebe que, ao lado de tantas qualidades, persistem alguns defeitos - alguns irritantes.

Por outro lado, acredito que o bom senso deveria impedir que algum tricolor não gostasse do técnico. Vencer um Brasileiro pode ser obra do acaso; três, não.

A gratidão que tenho pelo Muricy é reflexo dos títulos que ele conquistou com o meu time, e o respeito, pela pessoa que ele é. Em um país sério, caráter não é uma característica que se destaca, pois é um aspecto tão básico e inegociável que vira a regra. Mas no Brasil, é uma qualidade de poucos, e Muricy mostrou mais uma vez que é uma pessoa de caráter.

O sonho de todo técnico bateu à porta, inesperadamente. Bastava um "sim", uma boa conversa com a Diretoria do Fluminense, que as coisas se acertariam. Mesmo contra a vontade, Horcades acabaria liberando o técnico para a Seleção.

Mas no meio do caminho tinha um acordo. Que não foi quebrado.

Vi meu interesse pela Seleção voltar por algumas horas, pois com Muricy no comando teria um ótimo motivo para tal. Com o desfecho da história, esse interesse voltou a diminuir, mas a admiração por Muricy Ramalho cresceu mais ainda. (Podem me chamar de piegas, não dou a mínima.)

A CBF sofreu uma bela derrota (ver Ricardo Teixeira ser passado pra trás não tem preço) e a Seleção terá de se contentar com Mano Menezes - incontestavelmente, a segunda opção da entidade.

O futebol ganhou um exemplo de como as coisas podem ser feitas.

E o Fluminense se apresenta como um dos grandes favoritos ao Brasileirão.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Brasileiro não gosta de futebol

Texto publicado ontem no Blog do Erich Beting, da UOL. Os grifos são meus.

"O Ibope da Copa de 2010 e a dificuldade para 2014

Sem o Brasil em campo, o brasileiro "desligou" a televisão durante a Copa do Mundo. Isso é o que aponta o acompanhamento feito pela Máquina do Esporte dos dados divulgados pelo Ibope durante o mês do Mundial da África do Sul. Brasil x Holanda foi o pico de audiência da Copa no país: 56 pontos na medição, somando-se as audiências de Globo (45) e Band (11). A decisão entre Espanha e Holanda, por sua vez, registrou marca menor que a da final do Campeonato Paulista (28 pontos na Globo contra 29 da decisão estadual).

Os números mostram uma realidade preocupante para a Copa do Mundo no Brasil, daqui a quatro anos. O brasileiro adora gabar-se de ser um povo apaixonado por futebol, tanto que abusou desse clichê na apresentação da logomarca da Copa de 2014, dias atrás, na África do Sul. Mas, via de regra, o que se vê é que o brasileiro é um povo apaixonado pelo seu time e por sua seleção.

Não é tanto a Copa do Mundo que movimenta a grande maioria da população, mas sim a torcida pelo time nacional. E os números do Ibope mostram isso. Sem a equipe de Dunga em campo, o interesse do torcedor pela Copa é inferior ao do Brasileirão ou dos Estaduais. E o que isso leva a projetar dificuldades para 2014?

O Brasil terá de ensinar sua população a ter interesse em ver jogos que, aparentemente, não são interessantes. Imagine o que pode vir a ser um confronto entre Nova Zelândia x Eslováquia? Será que há, de fato, interesse das pessoas numa partida como essa?

A Copa da Alemanha teve 100% de ocupação dos estádios. Importante lembrar que o país está no centro da Europa, sendo acessível a grande parte dos torcedores de diferentes países. O Mundial no Brasil, a exemplo da África do Sul, não será uma festa repleta de turistas de todas as partes do planeta. É mais caro, a logística de viagem é mais complexa, a insegurança é maior, especialmente do torcedor europeu.

O Brasil precisa, urgentemente, definir uma estratégia de comunicação para que o torcedor compareça na Copa do Mundo brasileira. Não apenas o turista que pretende acompanhar seu time, mas também o torcedor local, que precisa ver graça na Copa do Mundo, e não na seleção brasileira durante a Copa do Mundo. Do contrário, teremos de dar explicações tal qual a África para os clarões que foram vistos nos estádios."

terça-feira, 13 de julho de 2010

Nosotros

Do Presidente Lula, rebatendo as críticas ao "planejamento" brasileiro para a Copa de 2014:

"Terminou uma Copa do Mundo na África do Sul agora e já começam a dizer: 'cadê os aeroportos brasileiros, os estádios, cadê os corredores de trem brasileiros, cadê os metrôs brasileiros', como se nós fossemos um bando de idiotas que não sabem fazer as coisas e definir as nossas prioridades."

Sim, Presidente. Somos.

Atualização em 15/07: adiciono abaixo o texto do jornalista Luiz Fernando Vianna, publicado hoje na Folha de S. Paulo.

"Somos idiotas

RIO DE JANEIRO
- O texto ocupava só uma coluna, em página par, no caderno sobre a Copa de 2014 publicado pela Folha na última segunda-feira. Mas gritava atenção por causa do contraste com tudo o que estava em volta.

'Inglaterra-2018 já tem estádios e garantias', dizia o título. 'O projeto de candidatura do país já tem suas 12 cidades-sede e os 17 jogos que abrigarão os jogos', assinalava o texto.
Se o presidente Lula disser que não é justo nos comparar à Inglaterra, estará sendo contraditório. Ele não se orgulha de fazer do Brasil um protagonista da política e da economia internacionais, livrando-nos do complexo de vira-lata, assim batizado por Nelson Rodrigues?

Então por que, em vez de preparar uma Copa exemplar, os responsáveis públicos e privados não fizeram praticamente nada desde 2007, quando o país foi escolhido sede sem precisar sequer enfrentar concorrentes? A resposta é: somos idiotas. Um "bando de idiotas", para repetir a expressão usada por Lula anteontem.

Nessa primeira pessoa do plural, claro, não está Lula, força da natureza que sobreviveu a mensalões para, mesmo aliado à elite do fisiologismo nacional, deixar o posto como o mais popular dos presidentes brasileiros.

Nem estão as empreiteiras e outros entes privados que apostam no atraso para faturar mais e com menos trabalho, trocando as licitações pelo urgente e patriótico chamado dos governos.
Tampouco estão os ocupantes de cargos públicos, que serão obrigados, coitados, a liberar verbas de emergência para obras em estádios e aeroportos, todas feitas por doadores de suas campanhas.

Idiotas somos os que pensávamos em receber algum benefício social e vamos pagar uma conta de, por enquanto, R$ 33 bilhões -quatro vezes o custo da Copa da África do Sul."

Vencer não é tudo

O André Rizek disse um dia desses: "Vencer é o mais importante, mas não é tudo."

As recepções das seleções holandesas e uruguaias é prova disso.

Não que precisássemos desses exemplos, pois já tínhamos a Hungria de 54, a Holanda de 74 e o Brasil de 82.

É possível ser feliz, sentir orgulho e entrar para a história sem ser campeão.



segunda-feira, 12 de julho de 2010

2010 em 2040

A Espanha sagrou-se campeã do mundo e provou que artistas podem - e geralmente conseguem - vencer guerreiros.

A Holanda perdeu sua terceira final de Copa e não tirou o gosto amargo da boca.

A Alemanha renovou-se e, a princípio, apresentou uma nova geração de jogadores.

E o Uruguai, mesmo que momentaneamente, voltou a ser grande e escreveu uma das páginas mais bonitas de seu futebol.

Cada país guarda em sua memória lembranças particulares de cada Copa, diretamente relacionada ao resultado alcançado. Nós brasileiros, com uma rica história nesse campo, temos inúmeras, boas e más. E como eu não resisto a colocar as coisas em uma perspectiva histórica, faço e pergunta: como veremos a Copa de 2010 daqui 30 anos?

Para começar, explico porque 30 anos, e não 20 ou 40. Eu tenho 31 anos, então escolhi esse número por representar a minha idade e, consequentemente, a idade que terão, em 2040, aqueles que nasceram na época atual. Existe outro motivo, porém: na minha opinião, as Copas de 2006 e 2010 têm muitas semelhanças com aquelas disputadas em 1974 e 1978, aproximadamente 30 anos atrás.

Então vamos lá.

Quem gosta de futebol e é da minha geração conhece bem o que aconteceu em cada uma das cinco Copas que ganhamos - nada mais que o óbvio, pois é bom lembrarmos de coisas boas. Sabemos de cor todos os gols de 58, 62 e 70; sentimos até hoje a emoção da primeira conquista assistida ao vivo, em 94, e não reclamamos de viver tudo de novo em 2002. Além disso, claro, nos lembramos das outras Copas que não ganhamos. A minha primeira foi em 86, para aqueles alguns anos mais velhos foi 82, mas para ambos a derrota foi dura. 90, 98, 06 e 10 têm, cada qual à sua maneira, a sua imagem gravada na memória.

Das Copas que não assistimos, como já dito, conhecemos bem as que ganhamos e as duas grandes tragédias de 50 e 82; as "pré-diluvianas" (a expressão não é minha, não lembro nde li isso, mas adorei) de 30, 34 e 38 têm poucas - ou nenhuma - imagens, e até as de 54 e 66, que ainda não eram transmitidas ao vivo para o Brasil, não foram impregnadas no imaginário coletivo.

Sobraram duas: 74 e 78. Confesso que aquilo que sei dessas Copas foi aprendido em livros e revistas. Vi poquíssimas imagens desses torneios, e é inegável que pouco se fala a respeito. E, para mim, isso tem um motivo: foram Copas quase insignificantes para nós.

Sim, grandes jogadores as disputaram: Rivelino, Jairzinho, Nelinho, Luis Pereira, dentre outros. Até não fomos tão mal assim, visto que terminamos respectivamente em 3o e 4o lugares. Mas foram Copas em que o Brasil não foi tão Brasil, ainda mais vivendo a ressaca do nosso período mais vitorioso. Tínhamos acabado de vencer três Copas em quatro disputadas, encerrando a sequência com a espetacular seleção de 70. Era natural que o nível caísse um pouco, com a mistura do final de uma excelente geração com outra que ainda dava os primeiros passos.

Imagino que, em 2040, os trintões de então terão poucas informações das Copas de 06 e 10, basicamente pelas mesmas razões. O período antecessor foi formidável, com três finais disputadas e dois títulos; também tivemos uma geração se aposentando e outra, um tanto quanto incerta, assumindo; e, de novo, não tivemos desempenhos desastrosos. Bom não foi, mas ao menos ficamos entre os oito melhores.

Até os vilões deverão ser esquecidos. O dunguismo é irrelevante desde já, e o "dia de fúria" de Felipe Melo ficará, calado, ao lado da expulsão de Luis Pereira contra a Holanda, ou da briga no vestiário entre Leão e Marinho Chagas - lembra quem viu, quem só ouviu falar não dá muita bola.

Uma última coincidência. Logo após as duas Copas "esquecidas", tivemos algo especial. No início dos anos 80, a Copa da Espanha tem até hoje o nosso carinho - mesmo com a derrota. Nem a 5a colocação mudou o fato que a Seleção de 82 foi fantástica. E não custa lembrar que a primeira Copa da próxima década será no Brasil. O que a torna, indepemdentemente do resultado, especialíssima.

Tomara que os resultados de 1982 e 2014 não sejam outra coincidência histórica.

sábado, 3 de julho de 2010

Aos patriotas de botequim

Charge sensacional publicada hoje na Folha de S. Paulo.

Síntese

Volto a colocar aqui um trecho da coluna de Daniel Piza, sempre preciso, publicada hoje no stadEo de S. Paulo:

"Tomara que o fracasso dessa pseudo-renovação - com apenas um jogador com menos de 25 anos - abra espaço para o retorno da noção de uma seleção se faz com os jogadores mais talentosos, não com os mais obedientes."

Perfeito.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Início de uma nova era?

Em cada eliminação do Brasil em Copas, culpados são eleitos.

Barbosa em 1950, Manga em 66, Cerezo em 82, Zico em 86. Em 1990, certo volante abusou dos carrinhos, exceto quando Maradona partiu em disparada naquela tarde em Turim.. e teve início a Era Dunga. Uma época de truculência e pouca arte.

Dunga foi pra casa, engoliu a seco e quatro anos mais tarde cuspiu todos os palavrões que sabia quando ergueu a Copa dos EUA.

Mas isso não foi suficiente, pois a mágoa era imensa. Anos se passaram e ela ainda estava lá, escondida, remoída. Até que o ex-volante tornou-se técnico da Seleção Brasileira, e encontrou nos bons resultados conseguidos no cargo mais uma oportunidade para trazê-la à tona novamente. Uma mágoa transformada em ódio, contra tudo e todos que ousassem contrariá-lo.

Nesse longo período de quase quatro anos, Dunga fez muitas coisas; algumas certas, outras tantas erradas. E no meio de tudo isso inventou Felipe Melo.

Felipe estava lá, quieto no seu canto, curtindo seu anonimato, quando Dunga achou que precisava de alguém como ele dentro de campo. Procurou e encontrou Felipe na Fiorentina, sem passagem marcante por nenhum clube. Ninguém entendeu (como ninguém entendera a convocação de Afonso), mas como Dunga gosta de uma boa peleja, bancou o volante. E a coisa foi indo...

Chegou a Copa e o jogador já era titular absoluto, invicto com a Seleção Brasileira. Ainda sem convencer, principalmente por causa de seu temperamento. Tentou ser expulso contra Portugal e não conseguiu - arrumou apenas uma contusão que o tirou das oitavas-de-final. Mas contra a Holanda o Fiel Escudeiro lá estava.

E jogava bem. Na minha opinião, o melhor em campo no aclamado primeiro tempo do Brasil. Até fazer um gol contra - o primeiro do Brasil em todas as Copas -, perder a cabeça e ser expulso quando já havíamos tomado a virada. Gol contra, expulsão e eliminação em uma Copa é mais do que Barbosa, Zico e os demais citados fizeram em suas épocas.

Que Felipe Melo será o símbolo desta eliminação, não há dúvida. Até porque a sua atuação desastrosa contribuiu para isso. Agora, crucificá-lo como outros já foram acho errado. Jogadores já carregaram fardos pesados demais por culpa de menos, e repetir isso seria uma grande estupidez. Ele carregará a atuação de hoje em sua biografia, e isso basta.

Mas há um outro motivo pelo qual não devemos fazer isso: provavelmente não precisaremos mais nos preocupar com Felipe Melo. Com o destronamento de seu inventor, espero que o próximo técnico da Seleção trate, rapidamente, de "desinventá-lo". Não precisamos dele, pois não é mais que um jogador comum, que temos aos montes por aí. Ele será mais um daqueles casos em que olharemos para trás e diremos: "Nossa, o Felipe Melo foi titular em uma Copa do Mundo...".

Felipe Melo não merece tamanha importância.

Fim

Acabou a Copa para o Brasil, e com ela o dunguismo.

A derrota para a Holanda encerrou um dos ciclos mais chatos e antipáticos da história da Seleção Brasileira, uma época em que culpou-se o talento contrastando-o com comprometimento. Não ouviremos mais - ainda bem - aquela conversa piegas de "amor à pátria", "guerreiros", e outros temas enfadonhos e ultrapassados.

Não fiquei triste com a eliminação, assim como não ficaria alegre com o título. O que não significa, também, que estava torcendo contra. Somente, não "comprei" o dunguismo, e estou feliz que tenha acabado.

Sei que não só o Dunga, como seus milhares de defensores (muitos destes amigos meus), estavam esperando o título do dia 11 para despejar toda a sua raiva, ignorância e revanchismo contra seus "adversários"( afinal, o Hexa de Dunga seria a prova cabal de que só é bom quem ganha, todos que perdem são ruins, e que a escolha de um "lado" é essencial em qualquer discussão - esse dualismo absurdo, irracional, provavelmente herança cultural de um país cristão); e que, como eles perderam, seria uma ótima oportunidade para "nós" irmos à forra e fazer o mesmo.

Não farei isso, por diversos motivos, mas principalmente por ser deselegante, por ser uma atitude que o Dunga teria. E eu sou bem diferente dele.

Discorrer sobre o que Dunga fez de errado também seria perda de tempo, pois tudo já foi dito e era sabido desde, pelo menos, o dia da convocação.

O que podemos falar é sobre o que ficará da Copa da África do Sul.

A Seleção do Dunga, sem dúvida, será lembrada como uma das piores que já jogaram uma Copa pel Brasil. Se havia alguma dúvida sobre isso, já que ela ainda era uma das favoritas ao título - e contra títulos não há argumentos, dizem - agora não há mais. O time de 2010 é limitado, sem alternativas. Não muito inferior do que os demais times da Copa, mas aquém do que poderia ter sido. E o técnico não deixará nenhuma saudade, sob nenhum aspecto.

Júlio César sai da Copa pior do que entrou. Continua sendo um goleiro espetacular e seu erro hoje não muda isso nem por um segundo. Mas terá que conviver com esse erro em sua biografia.

Maicon e Daniel Alves, principalmente o primeiro, fizeram um bom papel. Jogaram bem, são bons jogadores e são daqueles que "se salvaram". Continuarão na Seleção, mas chegarão em 2014 com mais de 30 anos.

Devo agora rever algo que escrevi no dia da convocação de Dunga, quando dei um empate na comparação entre as zagas de 1994 e 2010. Lúcio e Juan talvez tenha sido a melhor dupla de zaga da história da Seleção Brasileira em Copas. Jogaram muito em todos os jogos, inclusive em boa parte do jogo de hoje. A perda da Copa (embora Lúcio já tenha uma) talvez não conceda a justa grandeza à dupla - reflexo do dunguismo, se formos coerentes... Thiago Silva, Luisão e outros têm tudo para continuar dando segurança à zaga brasileira.

A lateral esquerda entrou muda e saiu calada. Michel Bastos não ficou confortável com a Amarelinha, e Gilberto ganhou mais uma Copa de presente.

Pouco restará também dentre as dúzias de volantes, quase-volantes e quase-meias deste time. Gilberto Silva jogou sua última Copa pela idade; existem melhores opções que Josué, Júlio Bapsita e Kléberson; Felipe Melo... bem, este terá um post só para ele. As exceções são Elano e Ramires. O ex-santista fez uma belíssima Copa e comoveu o país com a sua contusão. Muito triste. E o jogador do Benfica deve virar titular da Seleção já. Se nada de imprevisto ocorrer, será um dos grandes nomes em 2014.

Kaká merece um parágrafo só dele. Os craques merecem, e ele é um. Já ganhou quase todos os títulos que disputou, foi eleito o Melhor Jogador do Mundo pela FIFA... mas ele próprio queris ter a SUA Copa. Em 2002 foi campeão, mas era o caçula da turma, levado apenas para ir se acostumando com aquilo tudo. Em 2006, prestes a ter a melhor temporada da sua carreira, ainda dividia os holofotes com Ronaldo e cia. Agora em 2010, aos 28 anos, seria a sua vez de ganhar uma Copa como protagonista, e se colocar no seleto grupo dos grandes craques que foram decisivos no maior torneio do planeta. Mas faltaram-lhe pernas, literalmente; e não se sabe se ele as terá em 2014. O seu abatimento, talvez o maior entre todos os jogadores, tinha um bom motivo. E Kaká sabe disso.

O ataque segue a mesma linha. Temos aquele que saiu no lucro só por estar na África - Grafite -, um outro que deve continuar bem na Seleção - Nilmar -, e as decepções Luis Fabiano e Robinho. Mesmo com os cinco gols da dupla não há como negar que ambos saíram devendo, principalmente em momentos decisivos. Luis Fabiano quase foi expulso em pelo menos dois jogos e, de qualquer forma, não é um jogador fora de série. É um grande atacante, mas daí a ser um astro em Copas existe uma boa diferença. E Robinho apenas confirmou que é afinado. A capacidade que o pseudo-craque tem de se esconder nas horas mais difíceis impressiona. Infelizmente, por ser bom de marketing e representar bem o papel de futebol-moleque, ainda devemos ter de aguentá-lo até 2014.

Com isso, chegamos ao fim. Não só do texto, mas de um ciclo que, na minha opinião, já vai tarde.

Que 2014 seja mais feliz - em todos os sentidos.

Ficha do jogo (do Blog do PVC)

3/julho/2010 – 11h, 16h
HOLANDA 2 x 1 BRASIL

Local: Nelson Mandela Bay (Porto Elizabeth); Juiz: Yuichi Nishimura (Japão); Público: 40.186; Gols: Robinho 9 do 1º; Felipe Melo (contra) 8, Sneijder 23 do 2º; Cartão amarelo: Heitinga, Michel Bastos, Van der Wiel, De Jong, Ooijer; Expulsão: Felipe Melo 27 do 2º

HOLANDA: 1. Stekelenburg (6,5), 2. Van der Wiel (5,5), 3. Heiting (6), 13. Ooijer (5,5) e 5. Van Bronckhors (6); 6. Van Bommel (6) e 8. De Jong (5,5); 11. Robben (5,5), 10. Sneijder (8) e 7. Kuyt (7); 9. Van Persie (6) (21. Huntelaar 39 do 2º (sem nota)). Técnico: Bert van Marwijk

BRASIL: 1. Júlio César (5), 2. Maicon (6,5), 3. Lúcio (6), 4. Juan (7) e 6. Michel Bastos (6) (16. Gilberto 15 do 2º (5,5)); 8. Gilberto Silva (5,5) e 5. Felipe Melo (4,5); 13. Daniel Alves (6), 10. Kaká (6) e 11. Robinho (5,5); 9. Luís Fabiano (5,5) (21. Nilmar 31 do 2º (5,5)). Técnico: Dunga
Homem do jogo FIFA – Sneijder