
Barbosa em 1950, Manga em 66, Cerezo em 82, Zico em 86. Em 1990, certo volante abusou dos carrinhos, exceto quando Maradona partiu em disparada naquela tarde em Turim.. e teve início a Era Dunga. Uma época de truculência e pouca arte.
Dunga foi pra casa, engoliu a seco e quatro anos mais tarde cuspiu todos os palavrões que sabia quando ergueu a Copa dos EUA.
Mas isso não foi suficiente, pois a mágoa era imensa. Anos se passaram e ela ainda estava lá, escondida, remoída. Até que o ex-volante tornou-se técnico da Seleção Brasileira, e encontrou nos bons resultados conseguidos no cargo mais uma oportunidade para trazê-la à tona novamente. Uma mágoa transformada em ódio, contra tudo e todos que ousassem contrariá-lo.
Nesse longo período de quase quatro anos, Dunga fez muitas coisas; algumas certas, outras tantas erradas. E no meio de tudo isso inventou Felipe Melo.
Felipe estava lá, quieto no seu canto, curtindo seu anonimato, quando Dunga achou que precisava de alguém como ele dentro de campo. Procurou e encontrou Felipe na Fiorentina, sem passagem marcante por nenhum clube. Ninguém entendeu (como ninguém entendera a convocação de Afonso), mas como Dunga gosta de uma boa peleja, bancou o volante. E a coisa foi indo...
Chegou a Copa e o jogador já era titular absoluto, invicto com a Seleção Brasileira. Ainda sem convencer, principalmente por causa de seu temperamento. Tentou ser expulso contra Portugal e não conseguiu - arrumou apenas uma contusão que o tirou das oitavas-de-final. Mas contra a Holanda o Fiel Escudeiro lá estava.
E jogava bem. Na minha opinião, o melhor em campo no aclamado primeiro tempo do Brasil. Até fazer um gol contra - o primeiro do Brasil em todas as Copas -, perder a cabeça e ser expulso quando já havíamos tomado a virada. Gol contra, expulsão e eliminação em uma Copa é mais do que Barbosa, Zico e os demais citados fizeram em suas épocas.
Que Felipe Melo será o símbolo desta eliminação, não há dúvida. Até porque a sua atuação desastrosa contribuiu para isso. Agora, crucificá-lo como outros já foram acho errado. Jogadores já carregaram fardos pesados demais por culpa de menos, e repetir isso seria uma grande estupidez. Ele carregará a atuação de hoje em sua biografia, e isso basta.
Mas há um outro motivo pelo qual não devemos fazer isso: provavelmente não precisaremos mais nos preocupar com Felipe Melo. Com o destronamento de seu inventor, espero que o próximo técnico da Seleção trate, rapidamente, de "desinventá-lo". Não precisamos dele, pois não é mais que um jogador comum, que temos aos montes por aí. Ele será mais um daqueles casos em que olharemos para trás e diremos: "Nossa, o Felipe Melo foi titular em uma Copa do Mundo...".
Felipe Melo não merece tamanha importância.
Um comentário:
E no site da FIFA já avisam que o 1o gol da Holanda já foi dado a quem deveria ter sido de direito... ao menos nas estatísticas, ele sai desse histórico de 1o gol contra brasileiro...
Balu
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