Poderia escrever um monte de coisas sobre a Copa disputada pelo Brasil, os gols e o pênalti perdidos pela Marta, a provável Copa do Brasil de clubes anunciada pela CBF. Mas não quero cair no comum, e nem beirar a hipocrisia, lamentando sobre a falta de apoio ao futebol feminino brasileiro.
É óbvio que falta apoio, e que esse foi a fator preponderante à derrota de ontem. É claro também que o vice-campeonato e a campanha na China foram além das expectativas. Todo mundo sabe que a modalidade por aqui tem organização mambembe, assim como a maioria imaginava que, frente a um bom resultado (e nem foi o primeiro deles), soluções e novas promessas seriam apresentadas. Já disse em outra oportunidade que torço para que todas as modalidades esportivas, sem exceção, tenham apoio e espaço na mídia no Brasil. Independente de eu gostar da modalidade, já que acho difícil alguém gostar de todos os tipos de esporte (com a música é semelhante). Considero o esporte a oitava arte do homem, além de ser uma soberba fonte de entretenimento, negócios e inclusão social. Por isso, é justo e necessário que todos tenham um mínimo de estrutura para atingir seus objetivos.
O que nos leva ao futebol feminino. Porque a falta de apoio? Descaso? Preconceito? Os dois? Eu tenho uma opinião simples - talvez até simplória - sobre o assunto. Há investimento se há retorno; há retorno se há interesse; e há interesse se, ao menos um determinado público, vê algum atrativo na modalidade. E, sinceramente, isso não foi algo que o futebol feminino conseguiu, pelo menos até agora, apresentar. A maioria dos meus amigos gosta muito de futebol, mas nenhum deles perdeu meia hora sequer de suas vidas futebolísticas para acompanhar uma partida feminina. Meus primeiros 45 minutos, confesso, foram os últimos da final de domingo. E acho que isso é uma regra. Seja por falta de beleza, competitividade ou até preconceito, o futebol feminino nunca empolgou. E daí fica difícil alguém apostar (pricipalmente dinheiro) nele.
A modalidade é ainda bastante desnivelada inclusive lá fora. Mesmo com a qualidade da Alemanha, é irreal um time de futebol vencer um campeonato mundial de forma marcando 21 gols e não sofrendo nenhum, em seis jogos. Se compararmos uma partida de hoje com outra de dez anos atrás, a evolução é evidente; mas ainda a alguns passos de ser uma disputa equilibrada e com alto nível técnico.
Essa é a opinião de um torcedor, e talvez pudesse justificar a recusa de um patrocínio ao futebol feminino. Só que não serve para uma confederação que tem por obrigação zelar e fazer com que esse interesse seja despertado no público geral. Se o futebol feminino tem potencial para se tornar um esporte admirado no Brasil, só o tempo irá dizer. Tempo este que precisa ser preenchido com trabalho, não com promessas vazias e oportunismo barato.
As mulheres do futebol, como atletas e cidadãs trabalhadoras que são, merecem.
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