segunda-feira, 17 de setembro de 2007

O país do judô

Imagine a seguinte situação hipotética: uma Copa do Mundo é realizada no Japão (sem qualquer relação com a de 2002), e como sempre, o Brasil é o grande favorito. Surpreendentemente, o Japão vai eliminado adversário após adversário, e alcança a final contra o Brasil, que não apresenta um bom futebol. O Japão abre o placar no primeiro tempo e segura o resultado até os 40min do 2o tempo, quando os brasileiros fazem prevalecer sua maior categoria - e camisa - e viram o marcador, sendo campeões mundiais. Porém, o camisa 10 japonês acaba sendo eleito o melhor jogador da Copa.

Foi mais ou menos isso que aconteceu no XXV Campeonato Mundial de Judô, encerrado ontem à noite no Rio. O Brasil quase foi o primeiro colocado no quadro geral de medalhas, com três medalhas de ouro, enquanto o Japão - inventor e maior potência mundial do judô - iniciou o último dia de disputas sem nenhuma. Só que das quatro categorias em disputa ontem, o Japão venceu três, e por ter mais medalhas de prata acabou passando o Brasil. Aos 45min do 2o tempo.

Mas isso não impediu que o Brasil terminasse em primeiro no geral masculino, e ainda tivesse o melhor judoca do torneio, Tiago Camilo.

O que isso quer dizer?

Claro que o Brasil não é o país do judô, foi apenas uma brincadeira. Se pegarmos os resultados históricos da modalidade, ainda estamos bem atrás dos concorrentes. Como comparação, vejamos o quadro geral de medalhas olímpicas de toda a história de algumas das principais forças no judô:

Japão: 29 ouros, 14 pratas e 12 bronzes (55 no total);
França: 10 ouros, 5 pratas e 14 bronzes (29 no total);
Coréia do Sul: 8 ouros, 12 pratas e 13 bronzes (33 no total);
Cuba: 5 ouros, 8 pratas e 13 bronzes (26 no total);
Brasil: 2 ouros, 3 pratas e 7 bronzes (12 no total).

Ainda estamos atrás, mas é inegável que vivemos um bom momento.

Também não quer dizer que nossos judocas irão repetir os resultados ano que vem em Pequim, pois lá a história será completamente diferente. A pressão será maior, assim como a atenção dos adversários com Camilo, Derly e cia. Não haverá um só golpe deles não estudado minuciosamente. Portanto se antes havia o fator surpresa, essa é uma vantagem que não existe mais.

Por último, o judô tem tudo para ser o novo esporte "da moda" no Brasil. Com a nossa cultura mono-esportiva em torno do futebol, alcança visibilidade aquela modalidade em que temos algum atleta com resultados expressivos. Foi assim com o tênis de Guga, e vem ocorrendo o mesmo com a ginástica de Diego, Daiane e Jade. Resta torcer para que a nova Diretoria da CBJ, que substituiu a longa dinastia dos Mamede, saiba aproveitar o momento para desenvolver consistentemente o esporte, e não apenas colher frutos ao acaso.

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