sábado, 4 de agosto de 2007

Gauchadas

Como são-paulino, tenho sofrido bastante ultimamente com os times do Rio Grande do Sul. Fomos eliminados, com méritos, das duas últimas Libertadores por eles. No jogo contra o Internacional pelo segundo turno do Brasileiro de 2006 no Morumbi, uma faixa da torcida colorada exibia os dizeres "09.08.06 - Para sempre". Essa foi a data da primeira partida da final da Libertadores 2006, quando Rafael Sóbis marcou duas vezes e enterrou o sonho do tetra. Doeu.

Já dediquei algumas vezes neste blog espaço ao bom trabalho que vem sendo realizado nos Pampas. Os bons resultados não são frutos do acaso e são merecidos. É preciso saber reconhecer uma derrota justa. Mas, sob alguns aspectos, os gaúchos extrapolam.
Com os decorrentes confrontos em Libertadores e Brasileiros dos últimos anos, criou-se uma rivalidade entre o São Paulo e os dois grandes de Porto Alegre. Seria saudável se mantida dentro de campo, mas as Diretorias dos clubes fazem questão levá-las para fora dele.

Na final da Libertadores de 2006, o Inter protagonizou uma armação que passou despercebida do grande público. Havia, na época, um imbróglio legal que impedia Ricardo Oliveira de disputar o segundo jogo - por culpa da Conmebol, que sem explicação atrasou em uma semana a data da final, quando o contrato do jogador com o São Paulo já estaria encerrado. A Diretoria do São Paulo foi eficiente em conseguir a liberação do jogador, provando que nem ele nem o Bétis - que detinha os direitos do atleta - seriam punidos devido a uma prorrogação de uma semana do contrato. Estava tudo certo, mas inexplicavelmente o Bétis não o liberou. O Inter foi campeão por ser melhor que o São Paulo, sem discussão. Porém, semanas após o fim da Libertadores, Rafael Sóbis e Jorge Wagner são negociados com o time de Sevilla. Foi feio, não precisava. E foi criado um mal-estar entre os clubes sem necessidade.

Toda vez que o São Paulo (posso falar com mais propriedade pois é o time que mais acompanho) vai jogar em Porto Alegre a Diretoria do clube gaúcho em questão faz o possível para criar um clima de guerra, tão peculiar àquela região do País. O cenário já está armado para o jogo de amanhã, depois que o Diretor de Futebol do Grêmio, Paulo Pelaipe, afirmou que o time paulista teria dificuldades no Olímpico. Tudo por causa de uma cláusula no contrato de Marcel, ex-jogador do São Paulo emprestado ao Grêmio, que o impede de atuar neste jogo. Independente disto (de certa forma, até parecido com o que fez o Inter em 2006) o comentário do gremista foi infeliz e a única coisa que ele pode conseguir com isso é inflamar ainda mais a já explosiva torcida tricolor do sul.

Isso sem falar nas narrações de rádio de um locutor imbecil que não me dou ao trabalho de saber o nome, que faz questão de exaltar os feitos gaúchos humilhando e desrespeitando os adversários. Quem já ouviu sabe do que estou falando.

Os gaúchos já têm em sua histórica eventos que os tornam mais diferentes e menos brasileiros que o resto do País (observação sem nenhum cunho pejorativo). Os séculos de colonização e guerras da região dos Pampas criaram uma região com uma história riquíssima e um povo orgulhoso de suas raízes. Como em nenhum outro lugar do Brasil, os gaúchos preservam e cultuam suas origens até com uma certa dose de virilidade, que tanto marcou maragatos e chimangos, e que ainda se encontra presente em tricolores e colorados.

Espero que essa história continue sendo a marca do povo gaúcho, pois representa um dos mais belos retalhos da colcha cultural brasileira, e que seu lado belicoso fique imortalizado pela romântica visão dos Terra Cambarás. Comentários infelizes e atos emocionais de dirigentes não trazem benefício para ninguém, e podem resultar eventualmente em tragédia.

E que o jogo de amanhã, tão importante para o campeonato, tenha suas manchetes escritas apenas por seus lances e gols.

6 comentários:

Anônimo disse...

paulistas eternos fregueses dos gauchos...

Emerson disse...

Esqueceu de mencionar q o São Paulo é o clube q mais se atravessa nas negociações dos outros clubes. O INTER estava praticamente fechado com o Miranda e o SP atravessou a contratação. Isso não é mt ético tb? Ou as acusações só valem pro teu estado??

Maickel disse...

Q caia o Juventude e suba um paulista em seu lugar!!!

Pois daí o meu Inter e o Grêmio tem 6 pontos garantidos!!!

Fabio Pimentel disse...

Emerson, você tem certa razão. Se os clubes gaúchos têm as características que citei no texto, os paulistas (e principalmente o São Paulo) apresentam um outro: a soberba. Talvez por sermos o Estado mais rico do país achamos por vezes que somos melhores que os demais, sem levar em conta algumas vezes a qualidade dos adversários. O que pode ter nos prejudicado nos últimos confrontos com os gaúchos na Libertadores.
E no ponto que você citou, a Diretoria do São Paulo tem sim a sua parcela de culpa nesse clima criado entre os times.
A rivalidade é muito saudável - tanto que vou deixar os outros dois comentários postados - mas ela deve e restringir à torcida. Ações emocionadas de dirigentes só servem para esquentar o clima de uma forma nada favorável, causando problemas entre os jogadores e torcedores.
Obrigado pelo comentário, espero por outros, lembrando que este blog tem a intenção de discutir o esporte nacional como um todo, não adotando posições parciais e clubísticas.
Abraço.

Anônimo disse...

Pelota,

parabéns pelo blog! Está realmente muito bom. Não pude ler tudo, mas li os últimos posts e, em geral, você me pareceu bastante equilibrado nos comentários (o que, convenhamos, é bastante incomum dentre os são-paulinos).

Abraços!!
Edu.

FJ disse...

Queriam o Miranda???

Hahahahaha...

tá barato pra comprar agora....