segunda-feira, 1 de junho de 2009

O início da farra

Sem nenhuma surpresa, foram divulgadas oficialmente as cidades-sede da Copa 2014.

São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Cuiabá, Salvador, Recife, Natal, Fortaleza e Manaus terão a honra de receber os jogos do maior evento esportivo do mundo.

Além de, claro, milhões de reais em investimento.

Que fazem salivar a boca de políticos e aproveitadores.

A Copa que não veria um centavo de dinheiro público empregado na construção de estádios já não existe mais. Já tivemos R$ 50 milhões torrados, a troco de nada, no absurdo Bezerrão, um estádio para quase 40 mil torcedores, em uma cidade pobre de pouco mais de 100 mil habitates, e que servirá no máximo como campo de treino de algum seleção que se hospedar em Brasília.

E não vai parar por aí. Longe disso.

O Estado de S. Paulo trouxe ontem a relação dos gastos previstos na construção ou reformas de estádios país afora. Segue parte da lista:

Vivaldão, Manaus: R$ 400 milhões
Verdão, Cuiabá: R$ 350 milhões
Mané Garrincha, Brasília: R$ 600 milhões
Castelão, Fortaleza: R$ 400 milhões
Fonte Nova, Salvador: R$ 250 milhões
Mineirão, Belo Horizonte: R$ 500 milhões
Maracanã, Rio de Janeiro: R$ 430 milhões

Essa parte não foi escolhida sem critério. Ela traz os estádios em que os investimentos serão com dinheiro público, totalizando a bagatela de R$ 2,93 bilhões.

Repito: DOIS BILHÕES E NOVECENTOS E TRINTA MILHÕES DE REAIS. Apenas em estádios.

Pois é. E tudo isso gasto em obras como, por exemplo, um estádio para 71 mil torcedores em Brasília. Qual a utilidade pós-Copa disso?

Estão previstos também bilhões em obras de infra-estrutura, que serão mais do que bem vindos. Mas nesse ponto deixo uma questão: é preciso uma Copa do Mundo para resolvermos nossos problemas?

Respondo: sim. Pois, se alguém não levar alguma "vantagem" nisso, não seria Brasil.

Vai ter muita gente, que não liga a mínima para futebol, rindo à toa por causa da Copa.

Brasil-2014 já é uma realidade, não dá mais para voltar atrás, e o máximo que podemos fazer é torcer para que estejamos errados, já que nem fiscalizar parece ter muita utilidade - vide o relatório do TCU sobre o Pan.

E torcer para que outros eventos deste porte passem longe daqui. Pelo menos enquanto não solucionarmos nossos reais problemas.

O que o Brasil menos precisa é mais uma chance para a corrupção proliferar.

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