quinta-feira, 29 de outubro de 2009

De novo, a mala

O final do campeonato se aproxima e suspeitas da velha 'mala branca' começam a pipocar.

Dessa vez não foi apenas uma suspeita, mas uma claríssima confissão de Val Baiano, como mostrado no blog de Conrado Giulietti, da ESPN.

Os puristas a condenam, mesmo sabendo que ela existe e que é tão inevitável quanto "os impostos e a morte."

Eu sou da opinião de que tal prática é um problema exclusivo de quem paga e de quem recebe. A simples oferta de uma recompensa financeira para outros jogadores vencerem determinada partida não macula por si só o confronto, já que o ato de vencer não é totalmente controlável - ao contrário do ato de perder, que não só pode ser facilmente forçado por um grupo de indivíduos como é, por sua natureza, contrário ao espírito de qualquer disputa, que encerra em si o objetivo da vitória.

Quer pagar, paga; quer receber, recebe.

Mas que tudo seja feito direito para evitar tais discussões.

Cartão nele!

O sensacional Brasileirão-09 teve outro espetacular início de rodada ontem à noite.

Mas o melhor ficou por conta da comemoração do terceiro gol cruzeirense, por Adílson Batista, lembrando seus tempos de zagueiro dos Pampas.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Segura a massa

Nunca coloquei o Atlético entre os candidatos ao título, mesmo tendo ele permanecido nas primeiras posições por boa parte do campeonato.

Quanto ao Flamengo, achava que, por causa da bagunça administrativa na qual se encontrava no começo do ano, se contentaria em escapar do rebaixamento.

Mas já não dá mais para negar que ambos disputam sim o título, já que tanto um quanto outro tem uma vantagem com relação aos demais concorrentes: a massa.

E quando a massa empurra, é difícil segurar.

É bem verdade que a grandeza do Galo mingue a olhos vistos, ano após ano, sendo o rótulo de "grande" ostentado por mera tradição histórica; e que, mesmo o Flamengo, gigante eterno só por ser Flamengo, já não é aquele que conquistou torcedores Brasil afora nos anos 70/80.

Porém, num campeonato disputado - e sensacional - como esse, qualquer vantagem ajuda. E se não bastasse o melhor momento vivido pelos dois, na fase decisiva da competição, a avalanche vinda das arquibancadas poderá ser decisivol nessa hora.

Pois nem o incompleto Palmeiras, o indeciso Internacional, o desinteressado São Paulo ou o atrasado Cruzeiro têm a massa aos seus lados como Atlético e Flamengo.

As últimas sete rodadas dirão se esse diferencial será suficiente para o título.

sábado, 17 de outubro de 2009

Madrugada olímpica

Do O Dia Online

"Helícóptero da polícia é derrubado no Morro São João

Dois policiais morreram carbonizados dentro da aeronave. 120 PMs fazem operação no Morro dos Macacos e no Morro São João

Rio - Dois policiais militares morreram carbonizados dentro de um helicóptero Fênix da Policia Militar, que foi atinigido por traficantes do Morro dos Macacos, Zona Norte do Rio de Janeiro. O piloto fez um pouso forçado na Vila Olímpica do Sampaio, mas a aeronave acabou pegando fogo.

De acordo com as primeiras informações, a hélice do helicóptero e o piloto foram atingidos. Além dos mortos, que ainda não foram identificados, outros três teriam ficados feridos.

O helicóptero Águia da Policia Civl, que é blindado, foi chamado para dar apoio à Polícia Militar e está sobrevoando o Morro dos Macacos.

O tiroteio no Morro dos Macacos começou por volta da 1h da manhã, quando, segundo a polícia, traficantes do Morro do São João invadiram o local. Três corpos já foram encontrados dentro de um Peugeot preto, em um dos acessos à comunidade.

Moradores fazem manifestação

No início da manhã, moradores do Morro dos Macacos iniciaram uma manifestação nas imediações da comunidade, na manhã deste sábado, queimando pneus e outros objetos na Rua Rua Visconde de Santa Isabel, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio. O tráfego de veículos na via está interrompido.

A população protestava contra a não interferência da Polícia Militar em um intenso tiroteio que apavora moradores da região desde às 3h. Durante o protesto, moradores dos Macacos teriam tentado invadir a carceragem da 20ª DP (Vila Isabel) com o objetivo de linchar presos de uma facção rival à do morro. Alguns vidros da delegacia chegaram a ser quebrados, mas o policiamento foi reforçado no local.

"Nós não consideramos uma tentativa de invasão. Na verdade, houve uma tentativa dos moradores de chamar a atenção da polícia. O que nós fizemos foi reforçar o policiamento", afirmou o coordenador das carceragens da Polícia Civil, delegado Orlando Zacone.

PM, Bope e Core reforçam a segurança

Por volta das 9h deste sábado, aproximadamente 120 policiais militares iniciaram uma operação na região do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, e no Morro São João, no Engenho Novo.

O confronto entre traficantes no Morro dos Macacos também alterou a rotina de dezenas de moradores de Vila Isabel e bairros vizinhos, na madrugada deste sábado. Temendo serem alvos de balas perdidas, pedestres e motoristas evitaram transitar por áreas próximas dos acessos ao morro. Segundo a polícia, o tiroteio seria entre traficantes rivais.

A PM reforçou o policiamento no local. Cerca de 20 viaturas, do 6º BPM (Tijuca) e 3º BPM (Méier), foram destacadas para fazer o patrulhamento nos bairros que circundam o Morro dos Macacos. Agentes do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e da Core (Cordenadoria de Recursos Especiais) também estão no local.

Alguns moradores, que chegavam do trabalho, preferiram aguardar o fim do tiroteio, e se alojaram em praças e bares da região."

"Tiros provocam incêndio em escola municipal

Fogo atingiu duas salas de aula da escola municipal Jornalista Assis Chateaubriand em um dos acessos do Morro dos Macacos

Rio - Duas salas de aula da escola municipal Jornalista Assis Chateaubriand, em Vila Isabel, em um dos acessos do Morro dos Macacos, estão pegando fogo nesse momento. O fogo teria sido provocado por tiros disparados na rede elétrica da escola. Os tiros teriam sido disparados durante o confronto entre traficantes de quadrilhas do Morro do São João, no Engenho Novo, e do Morro dos Macacos."

"Três ônibus são incendiados no Jacarezinho

Rio - Três ônibus foram incendiados nas imediações da favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio. A Polícia Militar não sabe informar se o caso tem ligação com o confronto entre traficantes no Morro dos Macacos, em Vila Isabel. Não há informações de feridos.

O fogo atingiu a rede elétrica da região."

Nota Esporte Brasilis: ao contrário do que disse Lula, o Brasil ainda não pertence à primeira classe. E o Rio, aos poucos, vai deixando a ilusão de grandeza de lado para voltar a conviver com a dura realidade.

Vote na Poliana


"Poliana vence pela 8ª vez e só precisa largar quarta-feira para levar Copa do Mundo

Do UOL Esporte
Em São Paulo


Poliana Okimoto comprovou, mais uma vez, seu domínio na Copa do Mundo de maratonas aquáticas de 2009. Neste sábado, ela venceu a prova de 10km de Dubai, nos Emirados Árabes, sua oitava vitória em 11 etapas do circuito na temporada.

Com 196 pontos acumulados, a brasileira já garantiu, matematicamente, o primeiro lugar até o final da Copa do Mundo. Para ser declarada campeã da Copa do Mundo, porém, ela precisa disputar a última etapa do circuito, na próxima quarta-feira, em Sharjah, também nos Emirados Árabes.


'Agora falta uma provinha só. Falta muito pouco. Estou ansiosa para que aconteça logo. A gente plantou muito e agora que está colhendo os resultados', disse a nadadora, após vencer em Dubai.


Na última volta da prova, Poliana arrancou do 14º lugar para o primeiro, superando a alemã Ângela Maurer e a campeã olímpica russa Larissa Ilchenko, segunda e terceira colocadas, respectivamente."


Nota Esporte Brasilis: sem dúvida, um resultado expressivo, que merece os parabéns. E Poliana pode vencer mais uma disputa, esta na internet. O site americano The Water is Open, especializado em competições aquáticas em mar aberto, está escolhendo a melhor atleta da modalidade em 2009. Poliana estava em sexto lugar até ontem, quando passou a circular um email pedindo votos à atleta; agora, sábado à tarde, ela já tem mais de 15.000 votos, ocupando a terceira posição. Se quiser votar, acesse o site.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Transparência Olímpica

A Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou a criação do site Transparência Olímpica, que tem como objetivo ser uma ferramenta de controle das obras relativas ao Jogos Olímpicos de 2016 (o link já se encontra ao lado).

O site ainda não disponibiliza muitas informações (Apesar de já ter gerado discussões internas na Prefeitura carioca; chegou a ser divulgada uma estimativa dos gastos, sem o consentimento de Paes, que chegou a repreender publicamente os assessores responsáveis. As informações foram posteriormente retiradas.), mas promete ser um meio eficaz e, como o próprio nome diz, transparente de controle de verbas públicas na empreitada olímpica.

Aguardemos para ver se ao menos essa promessa será cumprida.

Piada olímpica

"A cidade com a melhor qualidade de vida do Hemisfério Sul."

Eduardo Paes, em entrevista ao Estado de S. Paulo, ao ser perguntado sobre sua projeção para o Rio em 2017, e insistindo em não ser levado a sério.

Em defesa de Dunga

Para a última rodada das Eliminatórias, Dunga convocou seis jogadores que atuam no Brasil: Victor (Grêmio), Miranda (São Paulo), Sandro (Internacional), Diego Souza (Palmeiras), Diego Tardelli (Atlético-MG) e Adriano (Flamengo).

Os seis times brigam por posições imporantantes no campeonato (título ou Libertadores) e foram desfalcados em jogos importantes, num momento decisivo da competição.

Apenas o Inter venceu seu primeiro jogo desfalcado; os demais empataram ou perderam.

Dunga não deve ser criticado pela convocação dos jogadores - mesmo que os mesmos não joguem as partidas contra Bolívia e Venezuela. Ele fez o certo, pois faltando menos de um ano para a Copa, tem pouco tempo para definir as últimas vagas em aberto do grupo. A convocação, mesmo que para ficar no banco de reservas, é a oportunidade que o técnico tem para avaliar o jogador. E, em se tratando de Copa do Mundo, todas as observações são importantes.

Errado está o calendário brasileiro - e sul-americano - que não interrompe suas competições mesmo em datas oficiais FIFA.

A CBF não está nem aí, pois sua única preocupação é a Seleção. Dela não se pode esperar muito mesmo.

Os clubes, maiores interessados, não se organizam para reivindicar mudanças, visto que se ocupam com questões de curto prazo, como adiantamento de cotas e venda de jogadores. Mudanças estruturais, além de darem muito trabalho, não trazem resultados rápidos - e provavelmente estão aquém da capacidade intelectual dos nossos dirigentes.

Então não reclamem.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Consciência olímpíca

Do Estado de S. Paulo
Boleiros - Daniel Piza

"Alguns comentários em alta me levam a voltar ao tema da Olimpíada de 2016 no Rio. Sou a favor dela, como da Copa de 2014. Gosto de eventos esportivos e eles atraem investimentos e atenção e, ainda, confirmam a presença crescente do Brasil na arena mundial. Mas vejo gente séria baixando a guarda. Primeiro, os excessos ufanistas são deploráveis, antes de mais nada porque levados a sério por boa parte da população. Essa história de que sediar uma Olimpíada faz do Brasil um país 'de primeira classe', como disse chorando o presidente Lula, é de chorar mesmo.

Repito: o Rio não foi escolhido primordialmente por sua infra-estrutura, nem mesmo por sua indiscutível beleza; o fator número 1 foi o ineditismo do continente. O bom momento do Brasil e a boa imagem de Lula colaboraram, mas daí a supor que 'estamos quase lá' requer uma alienação incrível. Mesmo que tudo seja feito corretamente - promovendo o esporte brasileiro e reorganizando o urbanismo carioca, ao contrário do que houve no Pan -, ainda assim os problemas centrais da nação não terão sido atacados. Na mesma semana da festa, divulgou-se o IDH do Brasil, ranking no qual estamos longe de ser potência...

Segundo, alegar que 'se for por causa da corrução, não fazemos nada', como escreveu o ótimo Xico Sá, não me parece sensato. Respeito ao dinheiro público não é princípio negociável, salvo por aqueles que, como a ministra Dilma Rousseff, atiram dardos no TCU quando ele sugere paralisar uma obra com suspeitas de graves irregularidades. Querer uma Olimpíada sem superfaturamento e incompetências é o oposto de torcer contra o Brasil. No Fla-Flu dos debates, quem mais sai comemorando são os poderosos."

(grifos meus)

Nota Esporte Brasilis: uma aula de como apoiar os Jogos, deixando de lado o patriotismo barato ou interesses pessoais.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Ocaso do Centenário

Após perceber que até a vaga na Libertadores estava indo pro brejo, a Diretoria Colorada resolveu mandar o técnico Tite embora. Faltando apenas 11 rodadas para o fim do Brasileiro, a "solução" encontrada foi Mário Sérgio, que não figura entre os principais técnicos do Brasil (já foi algum dia?) e chegou com aquele discurso batido de "brigar por títulos".

O erro não foi cometido agora, mas no final do ano passado - como escrevi neste mesmo blog.

A conquista da Sul-Americana tirou a coragem dos dirigentes colorados de buscar um nome mais adequado ao seu Centenário. Tite é um cara sério, bom técnico, mas apenas bom. O Internacional tinha planos maiores para 2009, mas o comandante não estava à altura.

Já que a casa pegou fogo, resolveram ao menos salvar os móveis. Talvez o "choque" causado pela mudança de treinador dê ao Inter os pontos que faltam para garantir presença na Libertadores 2010, pois o Brasileiro 2009 foi pro saco.

O Internacional cometeu o mesmo erro que o São Paulo, também no final de 2008, que inebriado pela conquista do Hexa, não percebeu que o tempo de Muricy já se esgotara no Morumbi - foi preciso os jogadores "passarem o recado" em campo, e a perda de mais uma Libertadores, para que o Tricolor caísse na real.

O São Paulo pagou o preço com o provável primeiro ano sem títulos desde 2005.

E o Inter, com um Centenário nada especial.

Veja como foi a comemoração dos 100 anos de outros "grandes" clubes brasileiros:

Botafogo (2004): recém promovido da Série B, passou o ano sem títulos. Colocação no Brasileiro: 20o.
Flamengo (1995): venceu apenas uma Taça Guanabara, e assistiu ao fracasso do trio Romário/Edmundo/Sávio. Colocação no Brasileiro: 21o.
Fluminense (2002): Campeão Carioca. Colocação no Brasileiro: 4o.
Vasco (1998): Campeão Carioca e da Libertadores. Colocação no Brasileiro: 10o.
Grêmio (2003): sem títulos. Colocação no Brasileiro: 20o.
Atlético-MG (2008): sem títulos. Colocação no Brasileiro: 12o.

Humor olímpico

"Copa 2014, Rio 2016... vamos enforcar 2015!"

José Simão, no UOL.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Começou cedo

Do UOL Esporte (trechos), indicado pelo Blog do Jsé Cruz, o qual recomendo a leitura.

"04/10/2009 - 20h10

Para Lula, discutir transparência de gastos 'diminui papel do Brasil' para 2016

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo, em Bruxelas, que questionar a transparência dos investimentos previstos para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, é um argumento para diminuir o papel do Brasil.

'Eu acho que ficar com esse argumento agora, que eu já ouvi algumas pessoas dizerem, seria colocar o Brasil outra vez no papel pequeno que alguns querem colocar todo santo dia. Certamente o povo brasileiro saberá fiscalizar o uso do dinheiro', afirmou o presidente a um grupo de jornalistas."

Nota Esporte Brasilis: fiscalizar o povo até sabe, pois irregularidades são encontradas aos montes; o problema surge na hora de punir...

"Perguntado pela BBC Brasil sobre como o governo pretende garantir a transparência, Lula respondeu: 'Garantindo. Primeiro com o simples pressuposto de que as pessoas são honestas até que provem o contrário'."

Nota Esporte Brasilis: essa última frase é tão bisonha que nem merece comentário. Resumindo, o tal patriotismo de botequim surge novamente, agora para facilitar a farra com dinheiro público.

Resposta ao patriotismo de botequim

O Presidente Lula, um dia após a vitória da candidatura do Rio, resolveu atacar "os que sempre torcem contra". Segundo o site Globoesporte.com, "Lula citou a Copa de 2014 para ilustrar seu argumento. - Quando ganhamos a disputa por 2014, tinha gente dizendo que o Brasil não estava preparado. É o tipo de gente que levanta de manhã, vê o sapato velho e diz: 'Não vai caber no meu pé' – afirmou o presidente. Lula se referiu a 'pessoas que sempre torcem contra o Brasil', mas não quis citar nomes durante a entrevista."

Não me surpreende essa postura, já que a maioria dos "patriotas" brasileiros age da mesma forma, e falar para uma platéia atenta e eufórica é sempre fácil.

Para nós que criticamos, queremos a verdade, não toleramos pilantragem e repudiamos o "jeitinho brasileiro", essa é a hora de tomar porrada; mas eu prefiro porrada a embarcar em qualquer onda ufanista para ficar bem com a galera. Cada um com seus valores, nada mais.

Em sua coluna de hoje no Estado de S. Paulo, o jornalista Paulo Calçade escreveu algo que caberia perfeitamente como uma resposta ao Sr. Presidente:

"É assustador constatar que muita gente neste País ainda defenda o pensamento único, a adesão sem limites ao tom emocional de uma disputa, onde o importante é vencer, não refletir."

Pensar, argumentar e saber respeitar. Simples assim.

Dificultado apenas por aqueles que insistem em embarcar nesse patriotismo convencional de quinta categoria.

Frase olímpica

"Temos uma oportunidade e muitos riscos."

Luiz Gonzaga Belluzzo, Presidente do Palmeiras, sobre o Rio-2016, na ESPN Brasil.

O que há de bom nisso tudo

Independentemente das promessas a respeito do Rio-2016 serem ou não cumpridas, o Brasil terá alguns benefícios - ou já teve - quase que inerciais, só pelo fato de a cidade ter sido escolhida a sede dos Jogos. Entre elas, podemos citar:

1) Crescimento econômico: projeções indicam que no ano olímpico, e até mesmo nos que antecedem os Jogos, o PIB do país sede pode apresentar crescimento de até 0,5%, o que é sensacional. Dinheiro será investido no Brasil e no Rio de Janeiro - cabe aos responsáveis saber aplicá-lo da melhor forma possível.

2) Revitalização do Rio de Janeiro: com a vinda de um evento desse porte, melhorias na cidade são indispensáveis. Investimentos públicos da ordem de R$ 28 bilhões estão previstos em obras de infraestrutura. Existem (poucos) exemplos de cidades que se transformaram após a realização dos Jogos, com benefícios duradouros para sua população - resta saber o que efetivamente será feito, e a que custo.

3) Imagem do país no exterior: a força política e o potencial econômico apresentado pelo Brasil na candidatura Rio-2016 (em grande parte decorrentes do carisma de Lula e da competência de sua política externa) permitirão ainda mais a entrada de investimentos externos no país e a participação do Brasil em discussões relevantes de interesse mundial. A percepção do mundo com relação ao Brasil é bem melhor do que já foi no passado - mesmo que a realidade, como sabemos, ainda está longe dos filmes apresentados pelo COB.

4) Desenvolvimento do esporte nacional: na pior das hipóteses, teremos dois ciclos olímpicos com fartura de recursos, já que o maior sinal de desenvolvimento de um país, quando se trata de Jogos Olímpicos, é a quantidade de de medalhas conquistadas. É bem provável que essa melhora já seja sentida em Londres-2012, visto que a meta do COB para 2016 é colocar o Brasil entre os 10 primeiros colocados. O fato é que atletas ainda desconhecidos, ainda nem profissionais, serão muito beneficiados como os Jogos no Brasil - mas, o sucesso de um legado esportivo consistente, que envolva não apenas uma grande quantidade de medalhas em 2016, passará obrigatoriamente pela implantação de políticas públicas permanentes visando o desenvolvimento do esporte em âmbito nacional, que trará não só um maior número de medalhas em 2016, mas, principalmente, em 2020, 2024, 2028... esse sucesso ainda demorá alguns anos para ser medido com segurança.

A realização dos Jogos, por si só, já é boa a curto prazo para o Brasil.

Para que esses resultados sejam também sentidos no longo prazo, temos de contar com a competência e vontade dos responsáveis.

E é aí que mora o problema.

Reflexões olímpicas

Olhando o post abaixo, já decorridos alguns dias do anúncio do Rio como cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016, confesso que posso ter exagerado um pouco. O sinal de luto ficou pesado para um acontecimento das proporções da decisão do COI. Mas ele reflete o meu sentimento ao ver Jacques Rogge, com um envelope em mãos, pronunciar 'Rio de Janeiro' com aquele sotaque carregado.

Fiquei triste durante toda a sexta-feira, já que de nada adiantara a minha torcida contra, e assisti a consagração daqueles por qual não tenho nenhum apreço - ao contrário, nutro profundo desprezo. Nem o choro do Lula seria capaz de me comover.

Hoje, segunda-feira, já digerido o choque inicial, já é possível começar a enxergar outros pontos da questão; que, por ser tão complexa, não aceita uma posição radical e inflexível de nenhum dos lados.

Mas calma: se você acha que mudei de opinião só para me alinhar com a maioria, pode parar. Para que não reste dúvidas sobre a minha posição sobre os Jogos Olímpicos no Brasil, usarei letras garrafais: SOU CONTRA A REALIZAÇÃO DE EVENTOS DESSE PORTE NO BRASIL, E TORCI CONTRA A CANDIDATURA RIO-2016. PORÉM, UMA VEZ VITORIOSA, DESEJO QUE OS JOGOS SEJAM NÃO SÓ UM SUCESSO, MAS QUE O PAÍS SAIBA APROVEITAR A OPORTUNIDADE E UTILIZE OS RECURSOS GERADOS EM BENEFÍCIO DO BRASIL E DAQUELES QUE MAIS NECESSITEM. E QUE HAJA REALMENTE UM LEGADO, ESPORTIVO, ECONÔMICO E SOCIAL - EMBORA NÃO ACREDITE QUE ISSO VÁ ACONTECER.

(Apenas como prova de que não desejo o fracasso dos Jogos de 2016, retirei do blog o logo contrário à candidatura do Rio, que ficava aí do lado direito das postagens.)

E por que não acredito? Porque não confio nas pessoas responsáveis pelo projeto Rio-2016. Carlos Artur Nuzman comanda o esporte olímpico brasileiro há anos, com poucos avanços, adotando métodos nada democráticos para se manter no poder e tratando o esporte como um projeto pessoal de auto-promoção; o Ministro Orlando Silva, que em pleno século XXI ainda prega a causa comunista, encara o esporte como mero trampolim político; Sérgio Cabral tem em seu rol de amigos e aliados o casal Garotinho, além de diversos problemas com a justiça; Eduardo Paes era Secretário de Esportes do Rio de Janeiro durante o Panvergonha-2007. Aliás, todos os citados acima também tiveram participação efetiva naquela gastança desenfreada e impune.

E, claro, acima de tudo e todos, do bem e do mal, temos o Presidente Lula. Que, se pode se orgulhar das verdadeiras conquistas obtidas em seu governo nos campos social, econômico e político (este último fundamental para a vitória do Rio), ainda é o chefe de um dos governos mais CORRUPTOS da história da democracia brasileira - é um defeito meu não esquecer das coisas, e o mensalão continua vivo na minha memória.

Não em venham com a historinha de que 'Corrupção tem em todo lugar'. Até é verdade, mas não aceito. Não duvido que até em países como, por exemplo, a Noruega (1a posição no Ranking IDH) existe corrupção, mas existem algumas diferenças básicas entre a pilantragem nórdica e a tupiniquim.

Senão, vejamos:
1) Aqui a corrupção é MUITO maior, já que o Brasil é reconhecidamente um dos países mais corruptos do mundo;
2) O estrago da corrupção no Brasil também é mais significativo aqui do que em países desenvolvidos, já que a população brasileira é mais carente e ainda temos um longo caminho a percorrer;
3) Mais importante: a corrupção na Noruega é problema... da Noruega. Sou brasileiro, moro no Brasil e por isso tenho que me preocupar, combater e me indignar com a corrupção do Brasil. Dizer que ela é inevitável, e que por isso deve ser relevada, é de um conformismo grotesco e inaceitável.

Enfim por essas e outras, não acredito em um legado significativo, mesmo que algumas dessas pessoas já não estejam à frente da empreitada em 2016. A essência permanecerá a mesma, já que não se muda a mentalidade de um povo, cultivada ao longo de mais de meio século, em apenas sete anos.

Apesar disso, torcerei para estar errado, já que a vitória "deles" também será a minha vitória. Mesmo que alguns poucos ganhem (bem) mais que a maioria - o que, para mim, já é fato consumado - se realmente houver um legado para a cidade do Rio de Janeiro e para o país, para o esporte brasileiro e para a consciência do nosso povo, ficarei feliz. Meus filhos crescerão no Brasil pós-2016 (e, obviamente, pós-2014, só para lembrar que o que vale para as Olimpíadas vale também, em boa parte, para a Copa do Mundo), e se essa farra de hoje se materializar em avanços no futuro, ótimo.

Dentre tudo o que escrevi, falei mais de política do que de esporte (a escolha do COI também não privilegiou mais aspectos políticos do que esportivos?). A discussão em torno dos Jogos, daqui até 2016, deve também girar primordialmente em torno da política, no sentido de fiscalizarmos e cobrarmos aqueles que assinarão contratos e cheques. Esse debate é importante e fundamental para que as coisas ocorram como devem ocorrer.

Para encerrar, vou me permitir deixar tudo isso de lado um pouco, por apenas algumas linhas, para deixar registrado o ponto fundamental da questão, que não pode passar am branco:

O BRASIL SERÁ SEDE DE UMA OLIMPÍADA.

O que, para um apaixonado por esportes, é fantástico; e, para o país, uma oportunidade única.

Parabéns ao Rio.

Boa sorte a todos.

E tomara que eu esteja errado.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Eles venceram

O Rio da Janeiro é a sede dos Jogos Olímpicos de 2016.

A corja olímpico-política brasileira finalmente conseguiu o que queria.

Quando eu me recuperar do baque escrevo mais.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Do UOL Esporte

"Um ano após medalha inédita, Fernanda Oliveira desabafa: 'A casa está caindo'

Bruno Doro
Em São Paulo

Fernanda Oliveira conquistou, nas Olimpíadas de Pequim, a primeira medalha de uma velejadora brasileira na história. O bronze da classe 470 feminina, ao lado da proeira Isabel Swan, foi comemorado, mas não deu lucro. Um ano após subir ao pódio, a situação de Fernanda só piorou.

'A casa está caindo. Não tenho patrocínio e estou mantendo o projeto só com o que eu recebo da Confederação', conta a velejadora gaúcha. Enquanto Isabel aproveita a fama e viaja com o Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016 como uma das caras do esporte olímpico brasileiro, Fernanda luta para se manter só da vela.

Aos 30 anos, está em sua quarta campanha olímpica, testando uma nova proeira, Ana Barbachan. Muito elogiada por Fernanda, ela foi escolhida em um conjunto de atletas bem mais restrito do que aquele de onde surgiu sua antecessora. O que pesou a favor de Ana foi o fato de morar em Porto Alegre.

'Ela já foi timoneira, velejou bastante de 420, pode me ajudar na tática, algo que as outras meninas com quem velejei antes não conseguiam. Agora, pesou também ela ser gaúcha. Não tinha como fazer como fiz com a Isabel', diz Fernanda, lembrando que ela bancou a estadia da companheira no Sul durante o ciclo olímpico passado.

O projeto, aliás, foi um dos grandes responsáveis pelo sucesso de Fernanda em 2008. Com patrocínio de uma marca de cosméticos, ela montou uma equipe multidisciplinar, com técnico, preparador físico, psicólogo. Trouxe Isabel de Niterói, no Rio, para morar em Porto Alegre. Viajou muito, fez intercâmbios, trouxe as italianas Giulia Conti e Giovana Micol, líderes do ranking mundial em boa parte de 2008, ao Brasil, para treinos.

'Hoje, eu consigo manter a mesma equipe, mas está ficando vez mais difícil. No ciclo olímpico passado, eu conseguia pagar todo mundo, mas não sobrava nada para mim. Hoje, a situação continua a mesma. Montei uma palestra e estou fazendo alguns eventos, mas tudo isso é para bancar o projeto. Continuo sem ganhar nada', afirma a velejadora.

A tantas dificuldades, soma também a falta de entrosamento com Ana. Sem ritmo, elas não velejaram juntas no circuito europeu neste ano. O único evento do qual participaram foi a Semana Pré-Olímpica de Weymouth, que serviu para conhecer a raia em que serão disputas as regatas dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.

Na Inglaterra, terminou em 15º lugar. Completou só duas regatas entre as dez primeiras. 'Ainda não temos desenvoltura nas manobras. Mas eu senti que temos um potencial muito grande. Várias vezes, andamos em quinto lugar, sexto, mas perdíamos nas manobras. E fomos bem principalmente no vento forte, que era um ponto fraco. Então, podemos evoluir. Mas não vamos andar na frente imediatamente. Vai demorar'."

Nota Esporte Brasilis: essas duas últimas notícias mostram o que o COB (não) tem feito pelo esporte brasileiro nos últimos anos. O Complexo Deodoro, único legado efetivo do Pan-2007, está ameaçado; e uma medalhista olímpica paga do próprio bolso para continuar no esporte.

Enquanto isso, R$ 100 milhões de reais já foram investidos na candidatura Rio-2016 - que, se for bem sucedida, servirá apenas para fazer a alegria daqueles que tratam o dinheiro público como privado, visando a interesses particulares em detrimento do desenvolvimento do esporte nacional.

Notícias pré-olímpicas - 4

Do Estado de S. Paulo

"Tiro, nova dor de cabeça para o COB

Promessas em vão e inoperância dos dirigentes ameaçam o funcionamento do Centro Nacional em Deodoro

Bruno Lousada, RIO

A dois dias do anúncio da sede dos Jogos de 2016, o presidente da Confederação Brasileira de Tiro Esportivo (CBTE), Frederico Costa, ameaçou abandonar no fim do ano o Centro Nacional de Tiro Esportivo, localizado no Complexo Esportivo de Deodoro (zona oeste), um dos poucos legados do Pan de 2007. Alegou que a confederação não tem mais condições de bancar o equipamento, que consome R$ 420 mil por ano, e disse que cansou de pedir ajuda e de ouvir promessas de dirigentes do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e das autoridades do País.

'Sustento o Centro de Tiro desde o fim do Pan. Já gritei, fui atrás das autoridades, mas entra num ouvido e sai pelo outro', declarou Frederico Costa ao Estado. 'Todos prometem que vai sair uma verba hoje ou amanhã e isso já faz dois anos.'

Para o dirigente, as promessas ficaram 'na conversa'. 'Por isso, em dezembro, retiro os meus funcionários de lá', comentou. 'Não aguento mais ouvir que vão ajudar a manter aquilo. Aqui no Brasil é muito fácil construir.' Frederico Costa explicou que o gasto com a instalação representa mais de um terço da verba (de R$ 1,1 milhão) arrecadada pela confederação graças à Lei Piva (que destina 2% da receita das loterias federais do País ao COB e ao Comitê Paraolímpico).

Segundo o dirigente, o custo o impede de investir mais na formação de atletas e no desenvolvimento do esporte, que deu ao Brasil a primeira medalha olímpica de ouro, com Guilherme Paraense, em 1920. 'Se o equipamento quebrar, não temos dinheiro para consertar. Já disse ao ministro do Esporte (Orlando Silva) e ao presidente do COB, Nuzman, que vai haver mais um legado abandonado.'

Construído para o Pan, o Centro de Tiro consumiu R$ 70 milhões dos cofres públicos e será usado nos Jogos de 2016, caso o Rio seja sede. É instalação de nível internacional e receberá em 2010 a Copa das Américas, classificatória para a Olimpíada de 2012.

A Assessoria de Imprensa do COB informou que tentou, e não conseguiu, contato com os dirigentes da entidade, todos envolvidos com a candidatura do Rio. Ressaltou, porém, que o equipamento é de responsabilidade do Exército e está sob coordenação do Ministério do Esporte. Em nota, o ministério afirmou que 'vem colaborando decisivamente com o desenvolvimento do tiro esportivo e, consequentemente, com as atividades da CBTE'."