segunda-feira, 17 de março de 2008

O choro

O jogo não foi ruim, dadas as condições do brejo. Ops, gramado.

O São Paulo não jogou mal - aliás, na minha opinião, foi a melhor atuação do time no ano, inclusive do "Imperador" - e não merecia mesmo ter sofrido a goleada.

Pior do que tomar quatro gols num clássico é ser obrigado a ouvir as declarações dos tais "melhores dirigentes do futebol brasileiro". Pra variar, sobrou pra arbitragem. Sinceramente, não sei como alguém que entende o mínimo de futebol consegue ver alguma dúvida em algum dos pênaltis marcados a favor do Palmeiras. Se o árbitro errou, o fez em dois lances: em não expulsar o Kléber - esse sim, um lance que poderia ter mudado a história da partida - e o Richarlysson, depois de seu bisonho pênalti.

Mas os tais "melhores dirigentes do futebol brasileiro" vêem um complô contra o Tricolor e se esquecem que o São Paulo tem sido o time mais poupado nos últimos anos das lambanças da arbitragem brasileira. E a cada nova derrota do time fazem seus ridículos protestos, vetam árbitros, se acham os injustiçados e choram (não pelo mesmo motivo do Valdívia).

Com isso, acabam descendo do pedestal e se colocando lado a lado com os demais dirigentes do futebol brasileiro. Os tais "amadores".

Não, Marco Aurélio, a culpa não foi do árbitro. Ele não tem culpa que a soberba tomou conta do Morumbi nos últimos anos; não tem culpa que, em 2008, o São Paulo contratou pouco, mal e abusou do risco; não tem culpa que o Muricy, mesmo sendo um ótimo técnico, demora mais de um semestre para montar um time de futebol - mesmo com um bom elenco; e também não tem culpa que a Diretoria do São Paulo resolveu vender o Kléber por meros U$ 2 milhões para o Dínamo de Kiev, algunos anos atrás.

O vexame duplo do primeiro semestre de 2007 tem tudo para se repetir em 2008.

Já do outro lado do muro, tudo é festa. O Marcão se recupera bem das contusões. O Luxemburgo mostra de novo que, com grana e craques, ele é um dos melhores técnicos do Brasil. Até o Denílson conseguiu "ir à forra" contra seu ex-clube (como se ele tivesse culpa pelo fato do jogador não ser ídolo de ninguém).

E o conglomerado Palmeiras/Traffic/WL Inc. ruma ao seu 1o título.

Já a Sociedade Esportiva Palmeiras continua na fila, desde 1976.

3 comentários:

Edu Pascale disse...

Pelota,

Obrigado (e parabéns) pela lucidez!

Obrigado (e parabéns) pela imparcialidade (se bem que isso não é virtude, deveria ser obrigação)!

Obrigado (e parabéns) por escrever o melhor parágrafo da mídia esportiva dos últimos 5 anos (UAU!!), reproduzido a seguir:

"Não, Marco Aurélio, a culpa não foi do árbitro. Ele não tem culpa que a soberba tomou conta do Morumbi nos últimos anos; não tem culpa que, em 2008, o São Paulo contratou pouco, mal e abusou do risco; não tem culpa que o Muricy, mesmo sendo um ótimo técnico, demora mais de um semestre para montar um time de futebol - mesmo com um bom elenco; e também não tem culpa que a Diretoria do São Paulo resolveu vender o Kléber por meros U$ 2 milhões para o Dínamo de Kiev, algunos anos atrás."

Quando eu digo (de coração, com sinceridade) que não dá pra discutir futebol com são-paulinos, refiro-me especificamente a os são-paulinos que, ao contrário de você, ficam inebriados com as conquistas - merecidas, grandiosas - e não enxergam as coisas como elas realmente são.

O futebol paulista seria MUITO mais divertido se os são-paulinos em geral tivessem o mesmo espírito de palmeirenses e corinthianos; se soubessem celebrar suas vitórias sem se julgar donos da verdade e donos do mundo (não o são, ninguém é); se soubessem zombar dos rivais nos momentos de superioridade, sem se deixar dominar pela soberba que ronda os vencedores; enfim, se soubessem aceitar que pertencem ao mesmo mundo que palestrinos e gambás; somos todos torcedores de equipes com história vencedora, cada um ao seu estilo, mas todos (?) respeitadores das qualidades e conquistas dos outros times.

Grande abraço, com um leve CHUPA BAMBI que o momento me permite,

Edu Pascale.

Anônimo disse...

Se o Palmeiras ganhar o título, até onde eu sei, a taça vai para o clube. Não vai para a Traffic, que aliás só participou em 3 das 9 contratações alviverdes para este ano. Mas, claro, isso você não sabe, para escrever as duas últimas linhas do seu texto, ridículas por sinal. Você ia muito bem até certo ponto. Pena que estragou tudo nos tres últimos parágrafos. E em tempo: investigue a porcentagem do SPFC sobre seus jogadores; vai descubrir que não há apenas um investidor no clube. Ingenuidade ou falta de informação? Sem problemas. A diretoria do clube do Jardim Leonor sabe bem como iludir sua torcida.

Fabio Pimentel disse...

Caro Sérgio,

primeiramente, obrigado por usar seu tempo lendo e escrevendo no meu blog, mesmo que seu comentário tenha sido quase hostil.

Não sei se você percebeu, mas o tema do meu texto não foi um ataque ao Palmeiras, mas uma crítica ao meu time, o São Paulo. O comentário postado antes do seu foi feito por um dos palestrinos mais fervorosos que eu conheço e que entendeu a mensagem.

As tais linhas "ridículas" foram nada mais do que uma provocação futebolística sadia, como devem ser as manifestações entre apaixonados por esse esporte - e não os socos, chutes e tiros que temos visto ultimamente. Reações violentas e sem razão são a maior praga do futebol brasileiro, e cabe a pessoas como nós combatê-las.

Nem vou entrar no mérito da questão aqui, até porque, de novo, o tema do post não é esse. Só digo uma coisa: a relação Palmeiras-Traffic deve ser analisada a fundo, principalmente, por vocês palmeirenses. Vocês, mais do que ninguém, devem saber que o que vem muito fácil também vai muito fácil, e geralmente deixa uma "conta" cara a ser paga.

As quedas para a Série B, tanto de vocês como do Corinthians, não foram por acaso.

Um abraço e continue prestigiando o Esporte Brasilis.

Fabio.