"Rio 2016. A visita da Comissão Avaliadora do Comitê Internacional Olímpico('CIO')
Pelo painel de controle e estatíscas do Blog, notei que nesses dias que antecederam a chegada da Comissão de Avaliação do Comitê Internacional Olímpico (”CIO”) ao Rio, aumentou a audiência de leitores, no Brasil e no exterior, em busca do tema. Já escrevi aqui o que eu acho disso. Mas considerando que agora eles efetivamente chegaram, volto à questão. Antigamente não existia uma Comissão Avaliadora. Cada Membro do CIO visitava a Cidade e, individualmente, tirava as suas próprias conclusões. Hoje a Comissão de Avaliação é escolhida e é ela, somente ela, que visita as Cidades. Posteriormente, apresenta ao colégio eleitoral as suas opiniões. Muitas vezes, tais opiniões não são seguidas. Vota-se por amizades, ou por qualquer outro interesse. Isso pode ocorrer, normalmente, quando os níveis técnicos das candidaturas assemelham-se. Se A e B são boas candidaturas, um Membro pode decidir por uma, ou outra, de acordo com suas amizades em cada Cidade, ou por outros fatores quaisquer. É assim mesmo que ocorre.
Porém, quando uma Cidade está muitos degraus abaixo das demais, é extremamente difícil que, por mais que se tenha simpatias pelo local, dar-lhe o voto olímpico. É impossível não ter simpatias pelo Rio de Janeiro. Principalmente para quem o vê de longe. É uma Cidade que possui uma áura de misticismo e curiosidade. Mas daí, a escolhê-la como sede olímpica, vai uma distância enorme. Como se sabe, o Rio parte nessa disputa vários degraus abaixo de suas concorrentes, conforme a avaliação preliminar feita pelo CIO. As razões são óbvias. Instalações desportivas inadequadas, ou inexistentes; candidatura puramente baseada em promessas de políticos; violência urbana de proporções inaceitáveis para padrões internacionais; falta de hospitais de excelente nível; falta de hotelaria boa e suficiente para atender á demanda olímpica; trânsito da pior qualidade e sem perspectivas de melhoras em um curto período de tempo; falta de transporte público de qualidade; praias e Baía da Guanabara poluídas; pouca atenção à questão do meio ambiente em comparação com os padrões internacionais e uma outra série de coisas que são analisadas cuidadosamente pelo CIO e que fazem parte do chamado “Caderno de Encargos”. Acho que esse método de avaliação adotado hoje pelo CIO muito mais efetivo e transparente do que o que se fazia no passado.
Já escrevi aqui que se alguém acha que algum Membro da Comissão vai esculhambar o Rio em público, está rendondamente enganado. Assim como ocorreu em Chicago, em Tokyo e ocorrerá em Madri, oficialmente, escutaremos apenas elogios. Mas os Membros não são bobos e sabem aonde estão pisando. Sabem que nas demais Cidades, as candidaturas não somente têm o apoio dos governos, das empresas privadas, mas que, sobretudo, várias arenas esportivas já estão prontas, ou em construção. Aqui no Rio, verão somente maquetes, promessas, ouvirão uma saraivada de lorotas e verão a proposta mais cara dentre as demais, mesmo sendo o Brasil o País mais pobre e com grandes desníveis sociais. Será que o CIO vai arriscar e dar os Jogos Olímpicos, um grande negócio financeiro,a uma Cidade que não tem nada, só maquetes?
É importante frisar que a grande imprensa é mantida afastada da visita. Existirá uma rápida coletiva de imprensa, ao final, aonde as perguntas e respostas são geralmente laudatórias e protocolares. Caberá aos Jornalistas especializados, após a visita, atrávés de suas fontes, buscar a verdade dos fatos e analisá-los com frieza. É muito importante que ninguém se deixe contagiar pelo clima de euforia, decorrente de um possível elogio da Comissão, aqui, ou acolá.
Também é muito importante prestar atenção ao fato de que, por a grande imprensa não ter acesso direto aos Membros do Comitê e às solenidades oficiais, nós todos ficamos sujeitos à notícias que surgirão dos assessores de imprensa oficiais, que são pagos para dar notícias chapa branca.
O que vai valer mesmo, será na hora em que os Membros sentarem, sozinhos, para atribuir as suas notas.
E nesse quesito, na avaliação preliminar, o Rio esteve em quinto lugar, atrás até de Doha, que por questões de data acabou ficando fora da disputa. Será que de lá para cá o Rio melhorou tanto, a ponto de superar Chicago, Madri e Tokyo? O que de tão bom ocorreu na Cidade nesses poucos meses para mudar o cenário ruim traçado pelo próprio CIO? A resposta é nada. Portanto, não se iludam.
E tomem cuidado, porque senão em outubro estaremos falando em Rio 2.020 e mais dinheiro público estará sendo jogado no ralo, enquanto o povo ainda morre de fome."
Nota Esporte Brasilis: nos últimos 10 minutos, foi veiculada no Sportv, por duas vezes, a propaganda do Rio 2016, chamando os cariocas à Praia de Copacabana, no próxima dia 1, para um grande evento de apoio aos Jogos.
O carioca que tiver mais bom senso do que patriotismo de botequim, não só boicotará o evento, como convencerá seus amigos e familiares a fazer o mesmo.
E, assim como eu, torcerá CONTRA O "PROJETO RIO 2016".
Pois este não será um ato anti-patriótico. Mas, sim, um movimento consciente contra a imoralidade, a corrupção, o descaso contra nosso próprio povo.
O carioca - e o brasileiro em geral - já foi enganado no Pan; já viu seus impostos serem torrados em promessas vazias e quase nenhum resultado prático.
Não podemos mais ser tratados como otários passivamente.
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