Nos últimos meses, não se falou de outra coisa senão Ronaldo.
Primeiro, pelo inesperado acerto com o Corinthians - e o consequente "fora" no Flamengo.
Depois, por sua forma roliça, e de como seria difícil a volta ao futebol. Principalmente com a vida cheia de excessos que o craque vinha levando.
Tema este que foi o preferido de jornais até o jogo do último domingo. Afinal, com as aventuras noturnas do jogador - que acabaram causando a demissão de Antônio Carlos - seria praticamente impossível voltar em alto nível ao futebol. Uma recuperação (a terceira) complicada como essa merecia cuidados extras com o corpo, com a mente, com a imagem, etc, etc...
Ronaldo estreou contra o Itumbiara sem a menor condição física de jogar futebol. Assim, foi para o jogo contra o Palmeiras.
E fez história.
Mesmo tratando com um incompreensível desprezo a sua recuperação; mesmo se envolvendo em sucessivos escândalos incompatíveis com a outrora fama de bom moço; mesmo indicando, através de constatações fáticas, que a sua carreira encaminhava-se para um fim nada glorioso.
Ronaldo deu um jeito. O famoso "jeitinho brasileiro".
Aquela coisa inexplicável que acontece em Terra Brasilis, que acaba resolvendo as coisas na última hora, mesmo após uma sequência de erros, falta de planejamento e incompetência.
O tal "jeitinho" que, aliado à famosa malandragem, formam a essência do povo brasileiro.
E que, juntos, são também a nossa maior desgraça.
Pois dessa forma, "dando um jeito", empurrando com a barriga", "levando vantagem" nunca seremos um país minimamente sério.
No seu processo de volta ao futebol, Ronaldo poderia ter dado um belo exemplo de planejamento, seriedade, competência; de que nada melhor que um trabalho bem feito para trazer bons resultados; de que as coisas não acontecem por acaso, principalmente se a situação atual não é das mais favoráveis. Para o brasileiro comum, com pouco estudo e sem muito acesso à informação, uma lição dessas, vinda de um ídolo carismático como Ronaldo, neste momento de grande exposição, através da linguagem facilmente compreensível que é o futebol, seria valiosíssima.
Só que não foi isso que aconteceu. Ronaldo fez tudo errado e, no final - pelo menos por enquanto - deu tudo certo.
Ele, é claro, não tem culpa disso. Não premeditou nada, e provavelmente nem tem uma consciência social tão apurada. Nada mais é do que outro brasileiro comum.
Fora de campo, pelo menos.
Porque dentro dele, Ronaldo não tem nada de comum.
quarta-feira, 11 de março de 2009
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