quinta-feira, 5 de março de 2009

A semana do nosso esporte olímpico

"COB apresente contas de Lei Piva, e "burocracia" leva mais de R$ 23 milhões

Fernando Narazaki
No Rio de Janeiro


O governo federal repassou mais de R$ 91,9 milhões ao esporte brasileiro no ano passado através da Lei Piva, porém mais de 25% deste valor parou na "estrutura administrativa" do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) ou na "manutenção" das confederações esportivas nacionais.

No balanço apresentado nesta quinta-feira em um hotel no Rio de Janeiro, o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, tratou de defender que a entidade investe na melhora técnica, na capacitação dos profissionais ligados ao esporte e recusou as críticas que a "burocracia" leva parte significativa do montante da Lei Piva.

"Percebam que são só 10% de gasto administrativo", disse o dirigente, enquanto mostrava que a "estrutura administrativa" do COB custou R$ 9.564.898,16 da arrecadação obtida nas loterias. Entretanto, se somados a outros números mostrados no próprio balanço, a conta torna-se muito maior.

Segundo os números divulgados pelo próprio COB, as 28 confederações esportivas tiveram R$ 4.844.436,26 em despesas com "manutenção" e mais R$ 950.512,71 com "recursos humanos". A entidade máxima do desporto nacional ainda gastou R$ 7.670.586,08 com a "estrutura para aplicação dos recursos" da Lei Piva, que incluem sistemas de informática para a contabilização das verbas e a estrutura jurídica.

Desta forma, estas despesas levaram R$ 23.030.433,21 (cerca de 25,05%) do arrecadado pela Lei Piva, sendo que o COB recebeu 85% do total (cerca de R$ 78,1 milhões), já que 10% ficam com o desporto escolar (R$ 9,1 milhões) e 5% são dados ao desporto universitário (R$ 4,6 milhões). E neste valor não foram acrescidos mais R$ 11,2 milhões gastos pelo COB com o que chamou de "projetos específicos" como contas que ainda sobraram do Pan do Rio-2007 (R$ 426.983,98) ou gastos com a candidatura das Olimpíadas de 2016 (R$ 7.910.383,38).

O maior detalhamento na descrição dos gastos fez, porém, que as despesas "burocráticas" fossem menores que 2007. Naquele ano, o COB não anunciava "projetos específicos" e dividia apenas em manutenção, formação de recursos humanos e eventos esportivos. Assim, os custos com "manutenção" do COB e das confederações superou R$ 27,3 milhões dos R$ 84,9 milhões cedidos pela Lei Piva.

Ao mesmo tempo, o esporte brasileiro usou menos dinheiro com a manutenção de atletas e a ida para competições esportivas. Em 2007, os competidores receberam R$ 2,8 milhões das confederações, cerca de R$ 634 mil a mais do que o valor destinado no ano dos Jogos de Pequim-2008, apesar de a arrecadação ter aumentado. Já a participação em eventos esportivos levou R$ 26,7 milhões em 2008, menos do que os R$ 27,2 milhões gastos no ano anterior.

Mesmo diminuindo o investimento nestes itens, as confederações mostraram metas bem maiores para os próximos quatro anos. Todas as confederações esperam a classificação para as Olimpíadas de Londres-2012 e 11 modalidades projetam a conquista de medalhas olímpicas (atletismo, basquete, boxe, ginástica artística, handebol, judô, natação, taekwondo, vela, vôlei e vôlei de praia).

"É natural que se estabeleçam metas, como em toda empresa, e estas metas determinarão o que virá pela frente", explicou Nuzman. Isso mesmo com o COB admitindo que os valores deste ano da Lei Piva deste ano devem ser menores em relação a 2008 por conta da crise mundial."

(fonte: UOL)

Nota Esporte Brasilis: enquanto isso, em Brasília, a CPI sobre a verba olímpica restou praticamente morta. Foi eleito para a Comissão de Turismo e Esporte da Câmara o Deputado Afonso Hamm (PP-RS), que como mostrado pelo jornalista José Cruz, do Correio Braziliense (ver link ao lado), não se mostra nem um pouco favorável a que se apure como é gasto o (nosso) dinheiro pelo COB e demais federações.

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