domingo, 29 de novembro de 2009
O campeonato dos improváveis
O PVC já havia dito que esse Brasileirão teria o campeão definido pelo número de vitórias improváveis obtidas por cada um.
Acertou. E eu vou mais além. Esse foi o Brasileirão de eventos mais improváveis que já vi nas minhas três décadas de vida.
O Flamengo fez tudo errado. Começou o ano quebrado, tendo problemas com diversas modalidades olímpicas. Um racha interno o deixou sem Presidente. A instabilidade de Cuca o deixou sem técnico. Para solucionar os problemas do time, efetivou o interino Andrade - mesmo contra todos os prognósticos -, acertou com o imprevisível Adriano e, para solucionar problemas jurídicos, trouxe de volta Petkovic; Andrade acertou o time, Adriano virou artilheiro e Pet o craque do Brasileirão. E será Campeão Brasileiro (Hexa) no domingo que vem.
O Palmeiras fez tudo certo. Evitou um racha da oposição no começo do ano, que poderia trazer de volta ao poder a turma do Mustafá, e elegeu uma personalidade acima de qualquer suspeita para Presidente. Mostrou mudança de mentalidade ao demitir Luxemburgo e se esforçar para trazer o Tri-campeão Muricy Ramalho. Peitou a "parceira" e segurou jogadores importantes na janela do meio do ano. Tudo para ser campeão. Mas Muricy não foi o mesmo dos últimos anos (ou foi exatamente o mesmo, mas essa é outra discussão), os tais jogadores não corresponderam à altura e o clube sucumbiu ao próprio descontrole, ilustrado pelo "caso Belluzzo" e a briga no Olímpico.
O São Paulo não se mostrou disposto a ser novamente campeão desde o começo do ano, com jogadores mais preocupados em derrubar Muricy Ramalho e a Diretoria mais interessada nas reformas para a Copa-2014. Só que os rivais vacilaram e o Tricolor chegou. E quando todos disseram que não vacilaria mais, até pelo retrospecto recente... vacilou. Tomou sete gols em dois jogos, não somou nenhum ponto e terá que se contentar com uma vaga na Libertadores - tendo que encarar, talvez, a fase preliminar na altitude boliviana.
O Internacional, em seu frustrante Centenário, montou um belo time que começou o torneio com um dos favoritos; depois saiu da briga, para mais à frente figurar novamente entre os favoritos. Só não será campeão porque precisa da ajuda do arquiinimigo mortal Grêmio, e aí já seria improvável DEMAIS.
O Fluminense estava rebaixado. Escapar da Série B era impossível com a campanha do 1o turno. Mas com uma reação sem precedentes o Tricolor chega à última rodada fora da zona de rebaixamento, apesar do difícil confronto em Curitiba. Mas poucos duvidam que escape.
Reação parecida teve o Cruzeiro, que após amargar a depressão pós-Libertadores deixou as últimas posições para brigar, com boas chances, por uma vaga no próximo torneio continental.
Já o Sport, que depois do brilhante 2008 fez bonito no primeiro semestre, desandou e terminará o Brasileirão como o pior dentre os 20 participantes.
E não pára por aí.
Geralmente, os times que brigam pelo título se diferenciam dos demais pela organização; o que, dentre outros indicadores, é definida pela manutenção da comissão técnica ao longo da competição. Pois bem, dos quatro times que chegam à última rodada com chances matemáticas de título - o que por si só já é improbabilísimo - todos trocaram de técnico ao longo do campeonato.
Quanto aos talentos individuais, outras surpresas.
Mesmo já tendo sido o Imperador, acho que poucos acreditavam que Adriano seria o que foi: o principal e mais decisivo jogador do Flamengo (mesmo que suas constantes ausências de treinos e a queimadura do final da semana mostrem que profissionalismo não é mesmo seu forte). Petkovic, então, provavelmente surpreendeu até ele próprio. De quase-aposentado a quase-Bola de Ouro, as atuações do sérvio foram impressionantes. Outros veteranos, como Marcelinho Paraíba e Paulo Baier, mesmo brigando contra o rebaixamento até o final, foram os pricipais jogadores de seus respectivos times.
Tudo isso fez do Brasileirão-09 o mais emocionante - e, porque não, o MELHOR - Campeonato Brasileiro dos últimos anos, e provavelmente será lembrado como um dos mais legais da história.
Até porque será vencido por uma multidão de milhões de rubro-negros que deixará sempre viva as lembranças desta conquista. A não ser que outro improvável, quase impossível, aconteça no próximo dia 5.
Aí sim, seremos surpreendidos novamente.
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2 comentários:
Análise perfeita. Parabéns! Não li nada parecido em nenhum lugar. Nem vou tentar me dar ao trabalho de escrever uma análise... vou escrever umas duas ou três linhas e referenciar esse post.
Abraço!
Valeu!
Abraços.
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