sexta-feira, 2 de julho de 2010

Início de uma nova era?

Em cada eliminação do Brasil em Copas, culpados são eleitos.

Barbosa em 1950, Manga em 66, Cerezo em 82, Zico em 86. Em 1990, certo volante abusou dos carrinhos, exceto quando Maradona partiu em disparada naquela tarde em Turim.. e teve início a Era Dunga. Uma época de truculência e pouca arte.

Dunga foi pra casa, engoliu a seco e quatro anos mais tarde cuspiu todos os palavrões que sabia quando ergueu a Copa dos EUA.

Mas isso não foi suficiente, pois a mágoa era imensa. Anos se passaram e ela ainda estava lá, escondida, remoída. Até que o ex-volante tornou-se técnico da Seleção Brasileira, e encontrou nos bons resultados conseguidos no cargo mais uma oportunidade para trazê-la à tona novamente. Uma mágoa transformada em ódio, contra tudo e todos que ousassem contrariá-lo.

Nesse longo período de quase quatro anos, Dunga fez muitas coisas; algumas certas, outras tantas erradas. E no meio de tudo isso inventou Felipe Melo.

Felipe estava lá, quieto no seu canto, curtindo seu anonimato, quando Dunga achou que precisava de alguém como ele dentro de campo. Procurou e encontrou Felipe na Fiorentina, sem passagem marcante por nenhum clube. Ninguém entendeu (como ninguém entendera a convocação de Afonso), mas como Dunga gosta de uma boa peleja, bancou o volante. E a coisa foi indo...

Chegou a Copa e o jogador já era titular absoluto, invicto com a Seleção Brasileira. Ainda sem convencer, principalmente por causa de seu temperamento. Tentou ser expulso contra Portugal e não conseguiu - arrumou apenas uma contusão que o tirou das oitavas-de-final. Mas contra a Holanda o Fiel Escudeiro lá estava.

E jogava bem. Na minha opinião, o melhor em campo no aclamado primeiro tempo do Brasil. Até fazer um gol contra - o primeiro do Brasil em todas as Copas -, perder a cabeça e ser expulso quando já havíamos tomado a virada. Gol contra, expulsão e eliminação em uma Copa é mais do que Barbosa, Zico e os demais citados fizeram em suas épocas.

Que Felipe Melo será o símbolo desta eliminação, não há dúvida. Até porque a sua atuação desastrosa contribuiu para isso. Agora, crucificá-lo como outros já foram acho errado. Jogadores já carregaram fardos pesados demais por culpa de menos, e repetir isso seria uma grande estupidez. Ele carregará a atuação de hoje em sua biografia, e isso basta.

Mas há um outro motivo pelo qual não devemos fazer isso: provavelmente não precisaremos mais nos preocupar com Felipe Melo. Com o destronamento de seu inventor, espero que o próximo técnico da Seleção trate, rapidamente, de "desinventá-lo". Não precisamos dele, pois não é mais que um jogador comum, que temos aos montes por aí. Ele será mais um daqueles casos em que olharemos para trás e diremos: "Nossa, o Felipe Melo foi titular em uma Copa do Mundo...".

Felipe Melo não merece tamanha importância.

Um comentário:

Anônimo disse...

E no site da FIFA já avisam que o 1o gol da Holanda já foi dado a quem deveria ter sido de direito... ao menos nas estatísticas, ele sai desse histórico de 1o gol contra brasileiro...

Balu