quinta-feira, 22 de maio de 2008

Desabafo emocional e parcial

Desde quando comecei a escrever esse blog me propus a deixar paixões clubísticas de lado, pelo menos ao postar neste espaço, pois fazer do Esporte Brasilis uma extensão de arquibancada de estádio não era - e continua não sendo - a minha intenção. Sinceramente, acho que obtive êxito nesse ponto, tantos elogios que recebi de amigos que torcem para outros times e que se tornaram leitores deste blog.

Mas é impossível ser imparcial com o ocorrido ontem à noite no Maracanã. Portanto, nas linhas que virão a seguir, esqueçam o olhar crítico e sem viés que marcou esse blog desde o início; quem estará por trás do teclado será um fanático torcedor tricolor, ainda abalado, triste, puto, envergonhado.

Nem sei direito por onde começar, pois durante todas as horas que permaneci acordado desde o fim do jogo até agora pensei em coisas para colocar aqui, coisas pertinentes mas não necessariamente diretamente ligadas umas às outras. A minha vontade é cuspí-las de uma vez só, até como forma de terapia. Talvez até resulte num texto meio sem pé nem cabeça, mas não tão sem pé nem cabeça como ser eliminado da Libertadores aos 47 do 2o tempo.

Claro que buscaremos culpados. É normal. Mais normal que isso, também, é botar a culpa no técnico. E o Muricy, mesmo sem ser o único culpado, tem sua parcela de responsabilidade sim.

Para embasar meu ponto, vamos a uma breve retrospectiva histórica. O São Paulo tornou-se o maior clube de futebol do Brasil nos últimos 20 anos, no embalo de conquistas extraordinárias e de uma maior profissionalização do futebol brasileiro. Grande parte desse sucesso deveu-se, claro, às conquistas e participações na Taça Libertadores da América. Os títulos de 92/93, inclusive, mudaram a estrutura de todo o nosso futebol, conferindo ao torneio continental uma importância, para nós brasileiros, até então inédita. Basta lembrar que a única emissora a transmitir a campanha de 1992 foi a Rede OM; hoje, está no horário nobre da Globo.

Pois bem, partindo dessas premissas, vamos analisar as campanhas dos técnicos tricolores nas campanhas de 92/93/94/04/05/06/07:

Telê Santana
3 participações - 2 títulos, 1 vice-campeonato
Campanha: 16V, 7E, 7D
Campanha no Morumbi: 14V, 1E

Cuca
1 participação - Semi-final
Campanha: 8V, 1E, 3D
Campanha no Morumbi: 5V, 1E

Leão/Paulo Autuori
1 participação - 1 título
Campanha: 9V, 4E, 1D
Campanha no Morumbi: 7V

Muricy Ramalho
3 participações - 1 vice-campeonato, 1 oitavas-de-final, 1 quartas-de-final
Campanha: 17V, 7E, 8D
Campanha no Morumbi: 13V, 1E, 2D

Pelos números acima, sem uma análise mais crítica, talvez até tenhamos um equilíbrio. Mas alguns fatos devem ser lembrados:

1) O São Paulo ficou 19 anos sem perder uma partida de Libertadores no Morumbi; no primeiro ano de Muricy (2006) ele perdeu duas, sendo uma delas na final.

2) O São Paulo nunca tinha tinha sido eliminado, no período, antes das semi-finais; Muricy Ramalho foi eliminado duas vezes antes dessa fase, em três participações.

3) O São Paulo nunca havia perdido um mata-mata para times brasileiros na Libertadores, em seis confrontos; dos quatro confrontos contra times brasileiros na era Muricy, foram três derrotas.

4) Muricy Ramalho teve três oportunidades de vencer a competição, contando com grande experiência do clube, bons times, dinheiro e tranquilidade para trabalhar. Falhou em todas.

Acho o Muricy um grande técnico de futebol. Ninguém alia gosto pelo futebol, seriedade e boa índole como ele. Com tempo, sabe armar bem seus times e conquistar bons resultados, caso contrário não teria sido campeão brasileiro por pontos corridos por duas vezes seguidas. E sou grato a ele por isso. Mas existe uma diferença fundamental entre Campeonato Brasileiro e Libertadores: os jogos decisivos em torneios por pontos corridos são dotados de tensão moderada, enquanto os confrontos de mata-mata elevam essa tensão a níveis estratosféricos. Dá quase para ver esse nervosismo pairando no ar, quando o árbitro apita o início do jogo. E o grande defeito do Muricy Ramalho é justamente esse, a falta do controle emocional. Seus nervos à flor da pele contaminam os jogadores, o que ficou muito claro nas participações tricolores nas últimas três Libertadores. Basta lembrar a expulsão de Josué com menos de 15 minutos na final de 2006, ou a atuação apática contra o Grêmio ano passado, ou a hecatombe do Maracanã de ontem.

Ontem, com o gol de Adriano, o São Paulo se classificou para as semi-finais da Libertadores. Esse era o roteiro cantado por todos, ganhar por 1x0 em casa e fazer um gol fora de casa. Mas por falta de tranquilidade o time tomou um inacreditável gol 1 minuto depois, e outro ainda mais inexplicável 2 minutos após encerrado o tempo regulamentar.

Esse não pode ser o perfil de um comandante campeão de Libertadores.

Ah, esqueci de um ponto. Disse que existia uma diferença fundamental entre Libertadores e Campeonato Brasileiro, já discorrida acima. Mas, para nós são-paulinos, existem duas. A Libertadores é MUITO mais importante que o Campeonato Brasileiro. Como também já disse linhas acima, a grandeza sem paralelos do São Paulo foi construída com base na Libertadores, minha geração cresceu apaixonada pela competição e pela imagem de indestrutibilidade do Tricolor na competição, principalmente dentro do Morumbi. Imagem esta que foi demolida nos anos de Muricy Ramalho. De imbatível a motivo de chacota em menos de dois anos.

Isso é inconcebível.

Justamente, e unicamente por isso, Muricy não deve mais ser o técnico do São Paulo. Não deve perder o respeito, pois ganhou títulos importantes e, pessoalmente, lhe sou muito grato por isso. Mas falhou, um tanto quanto bisonhamente, em três Libertadores. E deve pagar o preço por isso, pois mesmo não sendo o único culpado, é o comandante, e essa pessoa sempre tem responsabilidade pelos atos de seus comandados.

Não vou falar sobre a Diretoria, pois já a critiquei bastante em outras postagens e não quero ser repetitivo.

Mas vou falar sobre alguns jogadores.

Vossa Santidade Rogério Ceni: já passou da hora de você fazer uma consciente auto-crítica e admitir que 2008 tem sido o pior ano de sua carreira. Você é ídolo e tem crédito, mas já encheu o saco ouvir suas respostas mal criadas depois de cada frango engolido.

Joílson: merece demissão por justa causa. Volta ontem para o Botafogo, e no caminho aproveita e vai pra PUTA QUE O PARIU.

"Ricky": desculpe lhe dizer, mas você não é o Ronaldinho Gaúcho. Se quiser ter o respeito como jogador (pois, como pessoa, todos merecem) faça por merecer.

Aloísio: você é um cara muito legal. Impossível não simpatizar com você. Mas também é impossível ter no time um atacante que não saiba fazer gols. Resolva esse problema, o quanto antes.

Dagoberto: seu futebol é igual o Atlético-PR, acha que é grande mas é só mais um. Tomara que tenha pesadelos eternos com o gol pateticamente perdido na semana passada, que teria mudado completamente a história.

Acho que é mais ou menos isso. Não vou reler o texto para ver se ficou bom, se tem erros de português, etc. Foda-se, vai assim mesmo. A ficha ainda não caiu direito, nem quis ver os programas de esporte hoje, e vai demorar um pouco para a paixão retomar seu lugar, que hoje está ocupado pelo ódio. Mas ela vai conseguir, não tenho dúvida disso, mais cedo do que imagino. Pois se o futebol é capaz de provocar a mais doídas tristezas, também gera a mais incontidas alegrias.

O jogo contra o Fluminense foi uma tragédia, o mais perto que tivemos - em termos de Libertadores - daquela fatídica noite de 31 de agosto de 1994. Só espero que o São Paulo se recupere mais rápido dessa vez, e não demore outros 10 anos para retomar o seu lugar.

E é isso.

3 comentários:

Anônimo disse...

Gostei do post! Como bom corinthiano, acho que não só de vitórias se contrói uma paixão por um time. Nesses momentos difíceis(e disso nós entendemos) é que se constrói o amor pelo clube. Esse jogo talvez seja mais inesquecível que o segundo, terceiro títulos de Libertadores ou Mundial (afinal o primeiro é difícil de esquecer)...com o tempo vc dará risada disso tudo!Nem se lembrará que o Washington tem meio coração, ou que o Dodô, ex-bambino, errou o chute que passou entre as pernas do RC, ou que vcs foram eliminados nos acréscimos...Vc supera...mas por ora, CHUPA BAMBI!!!!!! hehehehe Um forte abraço, Fabra

Anônimo disse...

fala bola...imagino que deve ter sido mto foda mesmo...ate eu nao to acreditando direito no que aconteceu...
abracos
Beto FLU

Anônimo disse...

Perfeito seu texto BOLA... perfeito!!!
talvez tudo oq passou pela minha cabeça sobre o São Paulo no feriado de Interusp