terça-feira, 25 de agosto de 2009

A maldição da Libertadores


Brasileiro tem mania de grandeza; obsessão pelo maior, pelo melhor.

O maior torneio que nossos clubes de futebol podem disputar é a Libertadores, mas temos apenas cinco vagas para o torneio. Teoricamente, reservadas para os cinco melhores clubes do ano no país.

Que, por óbvio, deveriam ser definidos no torneio nacional mais importante: o Campeonato Brasileiro.

Mas é muito difícil terminar entre os cinco em um campeonato tão longo como o Brasileirão. Exige planejamento, organização, estrutura, trabalho. Coisas raras em nosso futebol.

No imaginário nacional, principalmente daqueles que vivenciaram os anos 50, 60, 70 e 80, o Brasil tem 12 clubes grandes - que, aqui nesse blog, são tratados sempre como "grandes". Pelo óbvio motivo de que esse número é ilusório, resquício de outros tempos, já findos, mas que persistem na paixão de uns e miopia de outros.

Enfim, independentemente deste último parágrafo, surgiu um problema: como equacionar esses 12 "grandes" com as 5 vagas na Libertadores? Pois todo time "grande" vive de títulos, conquistas, blá, blá, blá.

Simples: crie um "atalho" para a Libertadores, garantindo uma vaga para o campeão de uma competição menor, que por natureza já exclui os melhores times do ano anterior. E a Copa do Brasil ganha uma dimensão maior do que realmente tem, e do que mereceria.

Adoro torneios com confrontos eliminatórios, em que a tensão permanece suspensa no ar por 180 minutos, e que geralmente pune duramente qualquer deslize. Justamente por isso, esse tipo de torneio dá maior oportunidade ao acaso, à sorte; o tal planejamento pode ser substituído por vontade, raça; 11 jogadores com gana vale mais que 25 bem orientados.

E isso tem o seu valor. Mas não pode servir para definir uma vaga no torneio continental.

Falei mais do que queria para chegar ao assunto do título. Vamos aos fatos.

Desde que o Campeonato Brasileiro passou a ser disputado por pontos corridos - critério mais justo de se apontar os melhores - tivemos os seguintes campeões da Copa do Brasil:

2003: Cruzeiro
2004: Santo André
2005: Paulista de Jundiaí
2006: Flamengo
2007: Fluminense
2008: Sport

De cara, desconsidero o Cruzeiro, já que o mesmo tambpem foi Campeão Brasileiro de 2003. O Santo André, em 2004, jogava a Série C, e só por isso já seria um absurdo jogar a Libertadores. É óbvio que não fez nada na edição de 2005, e demorou ainda alguns anos para chegar à Série A (apoiado por dinheiro público, que fique claro).

O Paulista de Jundiaí também foi um fiasco em 2006, e hoje disputa a Série D.

O Flamengo chegou a frequentar a zona de rebaixamento no Brasileirão em 2007, quando a torcida o carregou ao G-4. Mas foi mal nas Libertadores de 2007 e 2008 - com direito a vexame em pleno Maracanã - e se não cair em 2009 sairá no lucro.

O Fluminense fez história em 2008, com uma das campanhas mais bonitas que eu já vi na competição. Mas desmoronou após os pênaltis contra a LDU, e precisará de mais de um milagre pra não jogar a Série B em 2010.

O Sport repetiu o Flu em 2009, com a diferença de não ter chegado nem perto da final.

Não preciso dizer mais para mostrar que, em regra, o clube que vence a Copa do Brasil não tem estrutura para jogar a Libertadores, principalmente porque dele não é exigida a "grandeza" necessária para tal; isso se conquista com o trabalho ao longo do tempo, e não com um título que serve mais para iludir que refletir a realidade.

Quando se dá um passo maior que a perna, o chão some e o resultado é geralmente o oposto do esperado.

Na verdade, não existe maldição da Libertadores; existe, sim, uma ilusão plantada pelas próprias pessoas que comandam o futebol brasileiro.

Que preferem viver de um passado a enfrentar a dura realidade.

Um comentário:

Thiago Jordão disse...

Você falou tudo isso só para dizer que o Corinthians não tem estrutura para jogar a Libertadores 2010 e que será o maior fiasco?