segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Tudo ao mesmo tempo agora

Após um longo período de ausência, este blogueiro está de volta. Ao menos, por ora.

Desde o dia 3 de junho coisas importantes acontecerem em nosso esporte brasilis, mas por pura falta de tempo não pude registrar meus comentários sobre tais eventos.

Para não perder mais tempo, então, vamos a uma breve retrospectiva.

Comemorações - No dia 4 de julho, celebramos o cinquentenário do primeiro título em Wimbledon de Maria Esther Bueno. Foi a primeira grande conquista daquele que é, na minha opinião, um dos três maiores nomes do nosso esporte, e eu não poderia deixar de registrar minha homenagem. Já no dia 17 do mesmo mês, foi a vez do 15o aniversário do Tetra, conquista muito comemorada e criticada, mas ainda assim uma conquista importantíssima. De um grupo limitado, sem muito brilho, mas que na união e na consistência venceu uma Copa do Mundo. Filme que tem tudo para ser repetido em 2010.

Festa hermana - Mais uma vez, um time brasileiro perdeu uma final de Libertadores jogando em casa. O Cruzeiro, de campanha brilhante, foi tricampeão da América por 20 minutos, mas não resistiu ao bom time do Estudiantes liderado pelo 'monstro' Verón, numa atuação épica. Gostaria que o Cruzeiro tivesse ganho, mas é de se reconhecer o tamanho do feito do Estudiantes, muito bem ilustrado pelo choro de 'La Brujita' ao apito final do árbitro.
Aqui, cabe uma digressão. Nossos dirigentes vivem reclamando do assédio dos clubes europeus a nossos jogadores, de que é impossível competir com o poderio econômico europeu, etc. E isso é verdade. América do Sul e Europa (ou Japão, Arábia, e outros) vivem realidades diferentes, e a grana deles falará mais alto sempre. Mas o abismo poderia ser um pouco menor.
Vejamos. A final da Champions League é um evento que faz parar a Europa. Por semanas, entre a definição dos finalistas e a realização do jogo, só se fala nele. A cidade-sede do jogo (escolhida no ano anterior) se prepara para receber milhares de torcedores, dispostos a desembolsar alguns milhares de euros por um único ingresso. E a temporada européia de futebol é encerrada com chave de ouro, coroando o melhor time do continente em um grande evento esportivo, assistido em todos os cantos do mundo.
A versão sudamericana, a Libertadores, é um pouco diferente; aliás, bem diferente. Ao invés de ser disputada ao longo de toda a temporada, é espremida em um único semestre, com os times ainda em fase de preparação. As etapas eliminatórias são disputadas em sequência, sem o manor tempo para se promover o espetáculo. Em 2009, uma única semana separou o fim das semi-finais do primeiro jogo da decisão. E pior: Cruzeiro e Grêmio jogaram um jogo das quartas e um das semis desfalcados de importantes jogadores, que haviam sido convocados para um torneio oficial da Seleção Brasileira... a Conmebol nem se preocupa em organizar seu mais importante campeonato em sintonia com o calendário da FIFA. Isso sem falar que o Brasil não teve a oportunidade de assistir aos seus jogos mais importantes, já que a Globo prefere transmitir outros jogos menos importantes (este ponto será analisado mais à frente).
Enfim, tudo é feito da forma a se ganhar o mínimo de dinheiro possível. Assim, fica difícil mesmo.

Brasileiro não gosta de futebol - Essa é uma tese que já defendo há algum tempo, e que restou comprovada com o descaso da Globo para com a Libertadores. Como colocado acima, o Brasil que não tem TV a cabo (exceto MG e RS, claro) não pode assistir às semis e quartas da Libertadores, pois a Globo mostrou outros jogos infinitamente menos importantes, como por exemplo Corinthians x Fluminense, da 9a rodada do Brasileirão. A Globo, que tem fins lucrativos, quer ganhar dinheiro. E já aprendeu que, independente da importância do jogo, o brasileiro padrão assiste apenas a jogos do seu time. Ele se lixa para o resto. Não sabe apreciar a beleza do esporte, quer apenas contar vantagem ou gozar o vizinho na 2a feira. O brasileiro é apaixonado por seu clube de coração e, cada vez menos, pela Seleção Brasileira. Mas não dá a mínima para o futebol.

Dinheiro público em estádios - Depois de passar meses tentando enganar alguém, a CBF finalmente admitiu que verbas públicas deverão ser usadas na construção de estádios para a Copa-2014. Alguém tinha alguma dúvida? Mais uma vez, seremos os trouxas da história. Pagaremos por algo que não usaremos, e alguns poucos ganharão com isso. Mas eu já sabia disso, já que sou um trouxa consciente. Sinto pelos trouxas ingênuos, que serão roubados sem nem ao menos se dar conta disso.

Máfia do apito no arquivo - Dois Desembargadores, de três, já votaram a favor do arquivamento do caso do escândalo da arbitragem de 2005. Segundo eles, faltam elementos para configurar como crime as práticas do grupo. Pode?

Brasileirão - . O Palmeiras provou que realmente as coisas estão diferentes por lá (para melhor) ao trocar WL por MR, e está forte na briga. O Goiás surpreende, mas não tem camisa nem relevância nacional para chegar lá. O Internacional era, depois não era mais, agora é de novo candidato ao título. O São Paulo mostrou que não é tão melhor assim que os outros, mas a espetacular recuperação indica uma certa superioridade estrutural que tornas as crises mais bem administráveis. O Galo já deucantou o que tinha para cantar. O Avaí já cumpriu sua meta, muito bem estabelecida, de permanecer na Série A. O Grêmio precisa impor seu gigantismo caseiro também fora de casa. O Corinthians teve o melhor time do Brasil por duas semanas; então, vendeu três jogadores medianos e achou-se com um time medíocre, fora da briga. O Barueri, bancado pela Prefeitura (condenada pelo TCE por desvio de finalidade no uso de dinheiro público) vai melhor do que eu gostaria, pois times de tamanha insignificância não agregam nada ao futebol brasileiro. O Flamengo tem problemas maiores fora do campo do que dentro dele, e enquanto essa situação persistir, não voltará a ser o Flamengo. O Vitória mandou embora Carpegiani, que não ia mal, e trouxe de volta Vágner Mancini, que havia sido mandado embora quando também não ia tão mal. O Santos acolheu de volta WL, que já não é mais WL, e enquanto continuar sendo um empreendimento pessoal de seu Presidente, restará ao Peixe o papel de coadjuvante. O Furacão vai escapando, comandado pelo incansável Paulo Baier. O Cruzeiro, infelizmente, foi mais uma vítima do calendário e nem entrou na briga em que merecia estar. O Botafogo vai continuar indo a lugar nenhum por um bom tempo, mas é um exemplo de administração a ser seguido; tomara que volte a ter ao menos um pouco do brilho que teve décadas atrás, pois hoje só vai brigar para não cair. O Coritiba está na mesma briga do Botafogo. O Santo André deve voltar para a Série B, de onde não deveroa ter saído. O Náutico é a maior chamce de o Nordeste continuar sendo representado na Série A em 2010. O Fluminense já caiu. O Sport também.

Susto - A minha querida Budapeste foi palco de um momento quase-trágico para o esporte nacional. Por alguns minutos, fomos mentalmente transportados de volta para aquele 1o de maio de 1994, ao vermos Felipe Massa imóvel dentro do cockpit, depois de uma violenta batida. Felizmente ficou no quase.

O verdadeiro Imperador - César Cielo, aos 22 anos, já é um dos grandes nomes do nosso esporte de todos os tempos. Dá gosto vê-lo nadar, falar, chorar. Como brasileiro, não tem grandes diferenças para boa parte da população: simples, emotivo, descendente de imigrantes. Já como atleta, é um brasileiro como poucos: disciplinado e formado lá fora, apoiado por um sólido e bem instruído núcleo familiar, e sem depender de cartolas incompetentes e, por vezes, bisonhos, como é o caso da CBDA. Dá gosto ver o Cesão vencer e saber que ele não deve nada a essa gente.
Digressão número 2: em 2007, no devaneio esportivo do Pan, o Brasil descobriu um novo ídolo. Thiago Pereira, o "Michael Phelps brasileiro", ganhou 8 medalhas na competição, 6 de ouro. Foi apontado como a grande promessa da natação brasileira para Pequim - mesmo sabendo-se que competiria na mesma prova que o "Michael Phelps americano". Terminou em 4o, mesma colocação do Mundial de Roma. E esquecido. Porque no Brasil só vale o primeiro. Quarto lugar, grande bosta.
Thiago é um grande nadador, mais pelos 4os lugares olímpico e mundial do que pelo multi-medalhado Pan-Americano. Acontece que ele não teve a oportunidade, ou os recursos, de aperfeiçoar seu nado no exterior, onde estão os melhores. E, claro, escolheu a prova de Phelps.
Com as malas prontas para os EUA, Pereira tem a grande oportunidade para tentar subir nesse pódio.

"Eu não sabia" - Com essa alegação simplista, já consagrada na polítca lulista, Jayme Netto abandonou sua carreira de técnico de atletismo depois que cinco atletas seus foram pegos no anti-doping. O mordomo da vez foi o fisiologista. Eu não sei quem fez o que, mas o que não dá para engolir é o fato de um técnico renomado não saber que determinada substância é proibida.

Acho que foi mais ou menos isso. Se esqueci alguma coisa, deixe um post.

5 comentários:

Ronalto disse...

Grande resumo! Melhor que o Hurley falando com a mãe na quinta temporada do Lost (acho que vc não assiste, então não vai entender).

Só faltou falar do recorde do Federer - pra mim o principal fato desse período.

Abraço!

PJ disse...

Boa volta, Pelota!

Fabio Pimentel disse...

Valeu PJ.

E Ronalt, eu assisto Lost sim, e achei a 5a temporada, provavelmente, a melhor delas - empatada com a 1a, talvez. O feito do Federer foi o feito esportivo do ano, mas como aqui a idéia é comentar apenas os esportes do Brasil, infelizmente teve de ficar de fora.

Abraços.

Ricardo - 18 disse...

Muito boa volta Bola! Valeu mesmo!
Como bom corintiano e tb blogueiro, discordo da tal "mediocridade" do time do Corinthians, mas só o resultado final do Brasileirão poderá comprovar minha tese.
Abraço!

Sergi disse...

Falou pra caramba, mas não disse nada sobre os 3 títulos do Barça! ;)