“Na Hungria, caíam fuzilados Imre Nagy e outros rebeldes de 56, que tinham querido democracia em vez de burocracia, e no Haiti morriam os rebeldes que tinham se lançado contra o palácio onde Papa Doc Duvalier reinava rodeado de feiticeiros e verdugos. João XXIII, João o Bom, era o novo Papa de Roma, o príncipe Charles era sacramentado como futuro rei da Inglaterra. Barbie era a nova rainha das bonecas. João Havelange conquistava a coroa brasileira no negócio do futebol, enquanto na arte do futebol um rapaz de dezessete anos chamado Pelé, consagrava-se rei do mundo.” – Eduardo Galeano, Futebol ao Sol e à Sombra
Em Mianmar, outrora Birmânia, milhares morrem afogados e de doenças por culpa da natureza e de uma ditadura escrota e inconseqüente, e bem perto dali, outra ditadura comemora 20 anos de um massacre de estudantes com os Jogos Olímpicos. Roma ainda tem sua influência, mas Meca se insurge contra os infiéis. Diana já morreu, mas eis que aparece Carla Bruni. As meninas não brincam mais de boneca, mas sabem a ‘Dança do Créu’ de cor. João Havelange deixou de lado a coroa brasileira e mundial no negócio do futebol, mas não sem antes encher bem os bolsos e deixar um “herdeiro”. Pelé, mesmo com sua desastrosa vida pessoal, continua sendo o Rei do Futebol, cargo cada vez mais fadado à vacância eterna. E a Seleção Brasileira, que em 1958 teve Nilton Santos, Didi, Pelé e Garrincha jogando juntos, hoje é escalada com cinco volantes – quatro em campo e um de técnico .
Do 4-2-4, JK e KGB ao 3-6-1, PT e Al-Qaeda, o mundo mudou bastante em alguns aspectos; em outros, continua quase igual.
O que não muda é a grandiosidade do feito de 1958.
Nenhum comentário:
Postar um comentário