quinta-feira, 3 de julho de 2008

A vida continua

Desde antes de acabar o jogo ontem, já tinha pensado em nomear esse post como 'Maracanazzo Tricolor', caso o Fluminense perdesse. Mas mudei de idéia visto que boa parte da crônica esportiva teve o mesmo raciocínio.

Na verdade, nem vou me demorar muito aqui. Não vi nenhum jogo desta Libertadores desde o dia 21 de maio, por motivios que já expressei na ocasião, e não seria justo agora escrever linhas e linhas sobre a desgraça alheia. Mas, por outro lado, um blog que se propõe a falar sobre o esporte brasileiro não poderia calar-se após uma final de Libertadores envolvendo um time brasileiro - ainda mais depois de uma final como a de ontem.

Não me lembro de uma Libertadores mais sensacional do que a de 2009, com um time com uma campanha tão sensacional como a do Fluminense, e com um desfecho tão sensacional como o confronto contra a LDU. É inegável que o Tricolor merecia - ou mereceria - ser o campeão, mas também é injusto tirar os méritos da LDU.

Diante da catástrofe do Maracanã de ontem, alguns pontos merecem nota:

- A linha entre confiança e soberba é tênue, e o Flu parece tê-la cruzado;

- É muito arriscado, no futebol, fazer uma aposta única tão alta desse jeito. O Santos em 2007 fez de tudo para vencer a Libertadores, perdeu e no processo torrou a fundo perdido os últimos reais que ainda tinha da venda do Robinho. O Fluminense foi dormir como quase campeão da América e acordou como pior do Brasil. Além de carregar a lanterna do Brasileirão, vai ter que conviver com a provável venda de alguns jogadores importantes e as restrições impostas pelas dívidas que se acumulam nas Laranjeiras;

- A campanha foi linda. Eliminou o São Paulo nos acréscimos, passou pelo Boca sem perder e reverteu um placar improvável na final. Mas vejamos: nos quatro jogos que fez em casa desde as oitavas-de-final, o Flu jogou 390 minutos, dos quais esteve classificado para a próxima fase por apenas 176. O time soube aproveitar o fato de ter tido a melhor campanha na 1a fase e da "vantagem" de poder decidir sempre em casa, só que também abusou da sua capacidade de correr atrás do resultado. Raça e vontade contam demais em uma Libertadores, mas para tudo tem um limite.

Não torci para o Fluminense. Mas confesso que, ao ver a imagem de inúmeras crianças chorando no ombro dos pais após o jogo, me sensibilizei.

Afinal, eu também fui uma criança que, há quase exatos 14 anos, chorou pelo mesmo motivo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu estava lá também, mas tinha apenas 8 anos e não tinha noção do que estava vivendo...

E depois das duas últimas participações do nosso time neste campeonato, acredito até que uma "lição" bem dada, uma dose de saudade, está sendo merecida...

A Libertadores é muito grande...

Abraços!

Anônimo disse...

Fala Boleta,

Confesso que fiz exatamente o contrário, comecei torcendo pelo Flu, mas após 3 gols do Thiago Nevez (quem?) que fez aquela palhaçada com o Palmeiras, mudei de idéia e achei até bom terem perdido.

Mas não vim pra falar sobre isso...

No Brasil só damos valor para o título, o resto esquecemos, mas veja como você, mesmo 14 anos depois, mesmo sem ganahr o título lembra como se fosse hoje...

Essa emoção que o futebol passa é indescritível...essas crianças que choraram ontem jamais vão esquecer aquele momento, ganhando ou perdendo...

Por isso que eu digo que devemos aproveitar o jogo...jogar uma final de Libertadores é sendacional, o resultado QUASE não importa, você jamais esquece...

Ganhar ou perder faz parte do jogo, mas como dizia o grande Barão "O importante é competir"...não como uma expressão de derrotismo ou de falta de ambição, mas pelo prazer da competição em si...

Saudações alviverdes...

Gui Odonto

PS: PQP, Libertadores o Thiago Neves nunca viu e nem vai ver!