Ninguém comemora mais a crise corintiana do ano passado do que Nelsinho Baptista.
O técnico que já foi campeão brasileiro e, no final dos anos 90, chegou a ser comparado com Wanderley Luxemburgo, se encontrava no mais completo ostracismo na segunda metade de 2007, esquecido e sob pressão na Ponte Preta. O Corinthians, que se aproximava cada vez mais do fundo do poço, resolveu chamar esse velho conhecido para salvá-lo da Série B.
Não conseguiu, e foi demitido. Porém, voltou a ter seu nome cotado entre os principais clubes do Brasil, até que o Sport o convidou. Poucos meses depois e com uma campanha épica, Nelsinho sagrou-se Campeão da Copa do Brasil com o Sport. O primeiro título da competição de um time do Nordeste. Em cima do Corinthians.
É inegável que o Sport mereceu. Além do mais, ver um time nordestino ser campeão de um torneio nacional é sempre bom - sem falar na festa, sem igual. Mas, nesse post, vou me concentrar no outro lado. Sem gozações.
O Corinthians fez mais do que o esperado. Se é verdade que seu caminho até essa final foi relativamente tranquilo, também é verdade que o clube encontrava-se há poucos meses em uma crise sem precedentes. Desnorteado pela recente queda, tudo levava a crer que o rumo demoraria a ser reencontrado. Logo após a eliminação no Campeonato Paulista, a continuidade na Copa do Brasil ficou seriamente ameaçada contra o Goiás. Daí, veio a história das uvas...
E o Corinthians cresceu. Do jeito que ele gosta. Desacreditado. Por baixo. Quatro gols relâmpagos no Morumbi e o caminho para a redenção estava traçado. A Fiel, com todos os seus defeitos, mostrou-se mais uma vez a torcida mais presente. E o tal do 'Nunca vou te abandonar', por mais piegas que seja, mostrou-se verdadeiro.
Foi quase, mas não deu. Num país atrasado e sofrido como o Brasil, em que inexplicavelmente apenas o campeão é valorizado, um vice geralmente é visto como algo vergonhoso. Nesse caso, porém, ele deve ser comemorado - ou, pelo menos, valorizado.
Dias após a queda de 2007, passado o trauma, virou quase que consenso entre os próprios corintianos que o rebaixamento era a única solução para uma virada. Coisa que concordo totalmente. Esse processo de reconstrução é e deve ser lento, gradual, para que suas bases sejam sólidas e evitem novas quedas. É inegável o fato de que voltar à Libertadores antes mesmo de garantir o retorno à Série A seria pular algumas dessas importantes etapas.
Senão, vejamos:
1) O Corinthians tem dívidas na casa dos milhões de reais;
2) O time não é bom, apenas competitivo;
3) Parte de sua Diretoria, inclusive o Presidente, ainda faz parte da quadrilha do Dualib, por mais que reneguem o passado recente.
A realidade do Corinthians é essa: um grande time que, por seus próprios erros, virou - momentâneamente - um time de Série B. Não tenho dúvida que em 2009 estará de volta à elite, e em alguns anos voltará a brigar por títulos importantes. Mas o caminho de volta não pode ser tão rápido assim. Basta ver os outros "grandes" que caíram para a Segunda Divisão e voltaram.
Ano passado, após o baile que levou na final da Libertadores, Mano Menezes falou na entrevista coletiva algo como: "O Grêmio chegou num lugar em que só deveria estar daqui alguns anos." Da classificação heróica nos Aflitos à final da Libertadores passaram-se pouco mais de um ano e meio. O Tricolor ainda não estava pronto para disputar uma final daquela importância, e o desnível com relação ao Boca ficou mais do que evidente. Mais uma prova disso é que o Grêmio não voltou à Libertadores em 2008, e sua presença em 2009 é improvável.
A mística gremista e corintiana levaram os dois times às finais em questão.
Só que uma reconstrução não se faz com mística, mas com trabalho e inteligência.
E uma boa dose de paciência.
quinta-feira, 12 de junho de 2008
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Um comentário:
mta paciência!
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