terça-feira, 8 de setembro de 2009

Dunga chegou lá

Dunga conseguiu o que, para mim, era impensável no final de 2006: garantiu seu lugar como técnico da Seleção Brasileira na Copa de 2010.

Quando ouvi a notícia da sua contratação para o cargo, não tive dúvidas de que não passava de uma manobra de Ricardo Teixeira para, nos modorrentos anos pós-Copa, deixar no comando da Seleção uma pessoa sobre o qual tivesse total controle, que fosse subserviente às vontades comerciais da CBF e que, quando a situação apertasse - devido a prováveis insucessos de alguém sem nenhuma experiência na função - chamasse um técnico de verdade para buscar o Hexa.

A Copa América de 2007 seria um excelente momento para levar a cabo a "fritura premeditada" de Dunga. Mas, mesmo sem jogadores fundamentais, o Brasil não só conquistou o título como goleou a Argentina na final. O "técnico" (aqui colocado entre aspas, pois ainda não considero o Dunga como tal) ganhava fôlego extra.

O ano de 2008 foi ruim. O falta de um padrão tático, somada a resultados pífios, colocaram novamente Dunga em situação delicada; 2009 seria crucial para seu futuro na Seleção.

E o time se encontrou. Não perdeu nenhum jogo no ano e, se não fosse o massacre no Equador em março, teria um ano praticamente impecável, coroado com o título da Copa das Confederações e a classificação antecipada para a Copa em plena Argentina. A fase é tão boa que até o contestado Felipe Melo, a princípio outra "invenção" de Dunga, tornou-se incontestável.

Mais uma vez, com já fizera no início dos anos 90, Dunga conseguiu "calar os críticos". Então, voltou a ser o Dunga de sempre.

Me deixa puto essa história de ser exigido, em qualquer assunto, que se tenha uma opinião fechada e imutável sobre tal, como se existisse uma verdade absoluta e que devessemos escolher o lado certo desde o início, e morrer abraçado com as suas consequências. Dunga leva esse maniqueísmo exacerbado ao extremo: ou se é a favor da Seleção ou contra, no melhor estilo militarista "Ame-o o deixe-o".

Críticas não são aceitas na Seleção Brasileira - mesmo quando o Afonso Alves é convocado, empatamos pifiamente com a Bolívia em casa e treinamentos na Granja Comary são cancelados para agradar os jogadores, e a desculpa do pouco tempo disponível para treinamentos é usada para explicar derrotas.

Já os elogios são exigidos quando julgados oportunos, como se fossem uma forma de pedido de desculpas por críticas - justas - anteriormente feitas. No patriotismo patético orquestrado pela turma da CBF, é inconcebível a correta noção de que raramente coisas importantes admitem apenas uma visão

Como jogador, Dunga foi um exemplo; de símbolo de uma era fracassada, tornou-se um dos jogadores mais importantes do Tetra. Como técnico, já disse o que penso alguns parágrafos acima. E como pessoa, ele é um pé no saco. Mas é inegável que conseguiu fazer um ótimo trabalho, até agora, à frente da Seleção, e conquistou com méritos o direito de comandá-la na África do Sul; competição que, desde já, somos favoritos.

Apesar de achar que o excesso de confiança começa a reaparecer.

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