quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Consciência olímpíca

Do Estado de S. Paulo
Boleiros - Daniel Piza

"Alguns comentários em alta me levam a voltar ao tema da Olimpíada de 2016 no Rio. Sou a favor dela, como da Copa de 2014. Gosto de eventos esportivos e eles atraem investimentos e atenção e, ainda, confirmam a presença crescente do Brasil na arena mundial. Mas vejo gente séria baixando a guarda. Primeiro, os excessos ufanistas são deploráveis, antes de mais nada porque levados a sério por boa parte da população. Essa história de que sediar uma Olimpíada faz do Brasil um país 'de primeira classe', como disse chorando o presidente Lula, é de chorar mesmo.

Repito: o Rio não foi escolhido primordialmente por sua infra-estrutura, nem mesmo por sua indiscutível beleza; o fator número 1 foi o ineditismo do continente. O bom momento do Brasil e a boa imagem de Lula colaboraram, mas daí a supor que 'estamos quase lá' requer uma alienação incrível. Mesmo que tudo seja feito corretamente - promovendo o esporte brasileiro e reorganizando o urbanismo carioca, ao contrário do que houve no Pan -, ainda assim os problemas centrais da nação não terão sido atacados. Na mesma semana da festa, divulgou-se o IDH do Brasil, ranking no qual estamos longe de ser potência...

Segundo, alegar que 'se for por causa da corrução, não fazemos nada', como escreveu o ótimo Xico Sá, não me parece sensato. Respeito ao dinheiro público não é princípio negociável, salvo por aqueles que, como a ministra Dilma Rousseff, atiram dardos no TCU quando ele sugere paralisar uma obra com suspeitas de graves irregularidades. Querer uma Olimpíada sem superfaturamento e incompetências é o oposto de torcer contra o Brasil. No Fla-Flu dos debates, quem mais sai comemorando são os poderosos."

(grifos meus)

Nota Esporte Brasilis: uma aula de como apoiar os Jogos, deixando de lado o patriotismo barato ou interesses pessoais.

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