"Um ano após medalha inédita, Fernanda Oliveira desabafa: 'A casa está caindo'
Bruno Doro
Em São Paulo
Fernanda Oliveira conquistou, nas Olimpíadas de Pequim, a primeira medalha de uma velejadora brasileira na história. O bronze da classe 470 feminina, ao lado da proeira Isabel Swan, foi comemorado, mas não deu lucro. Um ano após subir ao pódio, a situação de Fernanda só piorou.
'A casa está caindo. Não tenho patrocínio e estou mantendo o projeto só com o que eu recebo da Confederação', conta a velejadora gaúcha. Enquanto Isabel aproveita a fama e viaja com o Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016 como uma das caras do esporte olímpico brasileiro, Fernanda luta para se manter só da vela.
Aos 30 anos, está em sua quarta campanha olímpica, testando uma nova proeira, Ana Barbachan. Muito elogiada por Fernanda, ela foi escolhida em um conjunto de atletas bem mais restrito do que aquele de onde surgiu sua antecessora. O que pesou a favor de Ana foi o fato de morar em Porto Alegre.
'Ela já foi timoneira, velejou bastante de 420, pode me ajudar na tática, algo que as outras meninas com quem velejei antes não conseguiam. Agora, pesou também ela ser gaúcha. Não tinha como fazer como fiz com a Isabel', diz Fernanda, lembrando que ela bancou a estadia da companheira no Sul durante o ciclo olímpico passado.
O projeto, aliás, foi um dos grandes responsáveis pelo sucesso de Fernanda em 2008. Com patrocínio de uma marca de cosméticos, ela montou uma equipe multidisciplinar, com técnico, preparador físico, psicólogo. Trouxe Isabel de Niterói, no Rio, para morar em Porto Alegre. Viajou muito, fez intercâmbios, trouxe as italianas Giulia Conti e Giovana Micol, líderes do ranking mundial em boa parte de 2008, ao Brasil, para treinos.
'Hoje, eu consigo manter a mesma equipe, mas está ficando vez mais difícil. No ciclo olímpico passado, eu conseguia pagar todo mundo, mas não sobrava nada para mim. Hoje, a situação continua a mesma. Montei uma palestra e estou fazendo alguns eventos, mas tudo isso é para bancar o projeto. Continuo sem ganhar nada', afirma a velejadora.
A tantas dificuldades, soma também a falta de entrosamento com Ana. Sem ritmo, elas não velejaram juntas no circuito europeu neste ano. O único evento do qual participaram foi a Semana Pré-Olímpica de Weymouth, que serviu para conhecer a raia em que serão disputas as regatas dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.
Na Inglaterra, terminou em 15º lugar. Completou só duas regatas entre as dez primeiras. 'Ainda não temos desenvoltura nas manobras. Mas eu senti que temos um potencial muito grande. Várias vezes, andamos em quinto lugar, sexto, mas perdíamos nas manobras. E fomos bem principalmente no vento forte, que era um ponto fraco. Então, podemos evoluir. Mas não vamos andar na frente imediatamente. Vai demorar'."
Nota Esporte Brasilis: essas duas últimas notícias mostram o que o COB (não) tem feito pelo esporte brasileiro nos últimos anos. O Complexo Deodoro, único legado efetivo do Pan-2007, está ameaçado; e uma medalhista olímpica paga do próprio bolso para continuar no esporte.
Enquanto isso, R$ 100 milhões de reais já foram investidos na candidatura Rio-2016 - que, se for bem sucedida, servirá apenas para fazer a alegria daqueles que tratam o dinheiro público como privado, visando a interesses particulares em detrimento do desenvolvimento do esporte nacional.
Em São Paulo
Fernanda Oliveira conquistou, nas Olimpíadas de Pequim, a primeira medalha de uma velejadora brasileira na história. O bronze da classe 470 feminina, ao lado da proeira Isabel Swan, foi comemorado, mas não deu lucro. Um ano após subir ao pódio, a situação de Fernanda só piorou.
'A casa está caindo. Não tenho patrocínio e estou mantendo o projeto só com o que eu recebo da Confederação', conta a velejadora gaúcha. Enquanto Isabel aproveita a fama e viaja com o Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016 como uma das caras do esporte olímpico brasileiro, Fernanda luta para se manter só da vela.
Aos 30 anos, está em sua quarta campanha olímpica, testando uma nova proeira, Ana Barbachan. Muito elogiada por Fernanda, ela foi escolhida em um conjunto de atletas bem mais restrito do que aquele de onde surgiu sua antecessora. O que pesou a favor de Ana foi o fato de morar em Porto Alegre.
'Ela já foi timoneira, velejou bastante de 420, pode me ajudar na tática, algo que as outras meninas com quem velejei antes não conseguiam. Agora, pesou também ela ser gaúcha. Não tinha como fazer como fiz com a Isabel', diz Fernanda, lembrando que ela bancou a estadia da companheira no Sul durante o ciclo olímpico passado.
O projeto, aliás, foi um dos grandes responsáveis pelo sucesso de Fernanda em 2008. Com patrocínio de uma marca de cosméticos, ela montou uma equipe multidisciplinar, com técnico, preparador físico, psicólogo. Trouxe Isabel de Niterói, no Rio, para morar em Porto Alegre. Viajou muito, fez intercâmbios, trouxe as italianas Giulia Conti e Giovana Micol, líderes do ranking mundial em boa parte de 2008, ao Brasil, para treinos.
'Hoje, eu consigo manter a mesma equipe, mas está ficando vez mais difícil. No ciclo olímpico passado, eu conseguia pagar todo mundo, mas não sobrava nada para mim. Hoje, a situação continua a mesma. Montei uma palestra e estou fazendo alguns eventos, mas tudo isso é para bancar o projeto. Continuo sem ganhar nada', afirma a velejadora.
A tantas dificuldades, soma também a falta de entrosamento com Ana. Sem ritmo, elas não velejaram juntas no circuito europeu neste ano. O único evento do qual participaram foi a Semana Pré-Olímpica de Weymouth, que serviu para conhecer a raia em que serão disputas as regatas dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.
Na Inglaterra, terminou em 15º lugar. Completou só duas regatas entre as dez primeiras. 'Ainda não temos desenvoltura nas manobras. Mas eu senti que temos um potencial muito grande. Várias vezes, andamos em quinto lugar, sexto, mas perdíamos nas manobras. E fomos bem principalmente no vento forte, que era um ponto fraco. Então, podemos evoluir. Mas não vamos andar na frente imediatamente. Vai demorar'."
Nota Esporte Brasilis: essas duas últimas notícias mostram o que o COB (não) tem feito pelo esporte brasileiro nos últimos anos. O Complexo Deodoro, único legado efetivo do Pan-2007, está ameaçado; e uma medalhista olímpica paga do próprio bolso para continuar no esporte.
Enquanto isso, R$ 100 milhões de reais já foram investidos na candidatura Rio-2016 - que, se for bem sucedida, servirá apenas para fazer a alegria daqueles que tratam o dinheiro público como privado, visando a interesses particulares em detrimento do desenvolvimento do esporte nacional.
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