sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Brasileiros x Europeus

Hoje o São Paulo comemorou o 15o aniversário do Bi-Mundial, conquistado com a vitória de 3x2 sobre o Milan.

Mesmo com ótimas lembranças daquele dia - ou melhor, madrugada - não vou deixar aqui nada relativo à grandeza da conquista, mas usá-la para expressar minha opinião de como o brasileiro vê o futebol jogado aqui em nosso país, em outros tempos e atualmente.

Em 1993 eu já tinha 15 anos. Lembro bem de que, mesmo o Tricolor já sendo à época o campeão mundial, os comentários dominantes eram de que o Milan era favorito, devido à grande disparidade entre os times - coisa que também fora dita um ano antes, contra o Barcelona.

Pois bem, vamos à escalações:

Milan: Rossi; Panucci, Costacurta, Baresi e Maldini; Albertini, Desailly, Donadoni e Massaro; Papin e Raducioiu. Técnico: Fabio Capello. (Comentário: como é estranho ver um time italiano formado basicamente por... italianos)

São Paulo: Zetti; Cafu, Válber, Ronaldão e André Luis; Doriva, Dinho, Toninho Cerezo e Leonardo; Muller e Palhinha. Técnico: Telê Santana.

Tá certo, concordo que o Milan tinha mais time. Mas a diferença era tão grande assim?

Do time milanista, apenas dois jogadores não disputariam a Copa de 1994 (se não estiver enganado) devido à ausência da respectiva seleção (mas Papin havia jogado em 1986, e Desailly ganharia a de 1998); o meio-campo contava com pelo menos dois craques, e a zaga, com dois mitos. Um timaço. Mas a minha análise vai ficar mais com o oponente.

Zetti, na minha opinião, era melhor do que Rossi, e estava no grupo campeão da Copa dos EUA; se Maldini dominou a lateral da Azurra pelos 15 anos seguintes, o mesmo pode ser dito de Cafu - que além de ter ganho uma Copa a mais, ergueu a taça e quebrou outros recordes do torneio; não dá pra comparar Costacurta/Baresi com Ronaldão/Válber, mas mesmo assim um deles (da zaga tricolor) também ganhou Copa do Mundo e o outro só não participou de nenhuma devido a sua vida extra-campo; Doriva e Dinho destoavam, mas Toninho Cerezo dispensa comentários, e Leonardo é outro Tetra; na frente, Muller, com três Copas no currículo, era o melhor atacante em campo (e fez a diferença...). Isso sem falar que sentados no banco do São Paulo estavam, não apenas Telê Santana, mas dois futuros penta campeões: Rogério Ceni e Juninho Paulista.

Tudo isso para chegar ao ponto fundamental: nós temos a mania de sub-valorizar o que temos aqui e super-valorizar o que está lá fora. Ainda mais nos dias de hoje, não conseguimos apreciar um grande jogador enquanto ele ainda está por aqui. Para virar craque, tem que jogar na Europa.

(Esperem e vejam o que acontecerá com o Thiago Silva até a Copa de 2010...)

Não sou louco de achar que o futebol brasileiro está no mesmo nível do europeu.

Mas se aprendessemos a enxergar com outros olhos o futebol praticado por aqui, compreendendo a situação e buscando pontos positivos, teríamos menos a reclamar e mais a comemorar.

Até porque, essa realidade é a que temos.

ps: em outro momento, escrevo com mais detalhes o que penso do atual futebol brasileiro jogado no Brasil.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bem interessante, Bola! O Valber pode não ser tão gde qto aqueles 2, mas foi um cracaço! Mas acredito em outra realidade. Esses sãopaulinos ja eram craques! É diferente da situação de hj em dia. Não acha?
Abrax
Balu

Fabio Pimentel disse...

Acho sim, não dá pra dizer que o nível do nosso futebol não caiu na última década. Mas ainda acho que podemos, ao invés de só reclamar, entender a nova realidade e aproveitar o que ainda temos. Com o tempo os clubes conseguirão se adaptar a essa nova conjuntura - na minha opinião, já estão se acostumando - e as coisas tendem a melhorar um pouco.
Abs.