domingo, 20 de maio de 2007

Jadel e a história

O primeiro dos feitos do esporte brasileiro desse fim de semana foi realizado pro Jadel Gregório, ao bater o recorde sul-americano do salto triplo, após mais de 30 anos da façanha de João do Pulo. Jadel merece os parabéns pelo resultado, que provavelmente lhe dará confiança para o Pan. Porém, como sempre, essa vitória mostra dois aspectos negativos de como tratamos o nosso esporte.

O primeiro, já tão batido, é a falta de continuidade de investimento nas modalidades esportivas que não sejam o futebol, e principalmente as modalidades individuais. Entre as Olimpíadas de 1952 e 1980 tivemos três medalhistas na prova do salto triplo - Adhemar Ferreira da Silva, Nelson Prudêncio e e João do Pulo- totalizando seis medalhas (2 ouros, 1 prata e 3 bronzes). Mas a sequência de bons resultados não foi o bastante para manter o Brasil como uma potência na modalidade. O próprio Jadel figurou como um dos favoritos em Atenas, mas não obteve bons resultados na competição.

O segundo, ainda mas falado, é a falta de memória do povo brasileiro (não só no esporte) e o consequente descaso como nossos ex-atletas. João do Pulo, natural da cidade paulista de Pindamonhangaba, estabeleceu o recorde mundial do salto triplo em 1975, com 17,89m. Nada menos que 45cm a mais que a marca anterior. Uma marca tão sensacional que demorou 15 anos para ser batida. Como já falado, ainda levou duas medalhas de bronze olímpicas. E nada disso impediu que ele morresse em 1999, de cirrose hepática, endividado. Mais tarde, suas medalhas olímpicas sumiram. Claro que o próprio João do Pulo tem a sua parcela de culpa, sendo ele uma pessoa adulta e consciente de seus atos, mas ainda assim é impressionante ter acontecido. E, se perguntarem por aí quem foi Adhemar Ferreira ou Nelson Prudêncio, o índice de acerto será baixíssimo.

É interessante comparar também os resultados obtidos por atletas brasileiros em Olimpíadas e outras competições de menor importância. Ainda vou escrever um texto maior a respeito, mas é inegável que o brasileiro de modo geral reage muito mal à pressão, muitas vezes colocada de forma exacerbada pela imprensa.

Mas por hoje, nos resta mais uma vez parabenizar Jadel Gregório.

Nenhum comentário: