domingo, 27 de maio de 2007

Os problemas do Cruzeiro

Um título Brasileiro, três Copas do Brasil, duas Libertadores, uma das melhores estruturas do país. Sem dúvida, o Cruzeiro esrá no grupo dos maiores clubes de futebol do Brasil, mas desde o grande ano de 2003 não consegue repetir os bons resultados alcançados naquele ano. Em 2007, mais uma vez, começou o ano estipulando grandes objetivos, mas depois de uma vexatória derrota na final do Mineiro, da demissão do Autuori e de um início pífio no Brasileirão, com duas derrotas seguidas em casa, a Raposa dá sinais que a má fase não tem data para acabar.

Qual seria o problema? Com certeza erros táticos, como más contratações de jogadores e comissão técnica prejudicaram, mas acredito que problema seja mais embaixo, e a solução mais complicada. Duas questões conjunturais são cruciais nessa questão.

A primeira dela, já discutida nesse blog, é a continuidade da Diretoria do Cruzeiro. Não acompanho de perto o trabalho, acredito até que a torcida não tenha restrições (tenho amigos cruzeirenses e nunca ouvi reclamações), mas o reinado de Zezé Perrela e Cia. já passou do ponto. Não há renovação de pessoas e de idéias, e com isso vícios e possíveis falcatruas têm continuidade. Em momentso ruins, trocar o técnico e alguns jogadores é pouco.

A segunda não é culpa do Cruzeiro e com certeza poucas pessoais nas Gerais - e fora dela - se dão conta, e até se alegram com o fato. O rebaixamento do Atlético-MG em 2005 foi comemorado pela torcida celeste, mas pode ter ajudado a abaixar o nível do próprio Cruzeiro.

Em qualquer lugar, em qualquer atividade, o sucesso de um parceiro ou rival faz com que aqueles que o cercam tentem obter o mesmo sucesso, melhorando seus processos até atingir o resultado esperado. O primeiro, não querendo perder a condição conquistada, também procura implementar o seu trabalho, e o resultado geral do processo é um círculo virtuoso benéfico a todas as partes envolvidas.

Em Minas, momentâneamente, isso foi perdido. Por alguns anos, o grande rival do Cruzeiro estave ausente do rol dos melhores times, e a consequência disso foi que o próprio Cruzeiro baixou a guarda. Com o seu maior referencial de disputa em baixa, caiu também o referencial de qualidade na Toca da Raposa, e o resultado está aparecendo agora. É óbvio que nenhum cruzeirense percebeu isso, pois estavam ocupados demais tirando sarro e comemorando a desgraça alheia.

Aliás, sou da opinião que o Galo, por maior e mais emocionante que seja sua torcida, está bem para trás do grupo dos principais clubes do Brasil. Apenas um Brasileiro e uma Conmebol é muito pouco para alguém que tem esse rótulo. O próprio Cruzeiro está muito à frente, mas agora sinto que a falta de um rival à altura está surtindo efeitos colaterais para ele.

Como comparação, vejamos Porto Alegre. Esta é a outra capital brasileira com características semelhantes a Belo Horizonte: ambas são consideradas os "segundos" centros do país, têm um povo peculiar e orgulhoso de suas origens, e têm apenas dois grandes times de futebol que dividem a torcida grosso modo meio a meio. É muito comum que os dois times andem juntos, para o bem ou para o mal.

Em Minas, os dois times andam mal, têm problemas administrativos e adotam táticas semelhantes na busca de melhores resultados: parcerias com times pequenos do interior, unindo a possibilidade de dar "rodagem" a jogadores jovens e ideais megalomaníacos. Os jogos entre Atlético e Democrata no último Mineiro mostram que essa prática não é saidável para o futebol como um todo. Mas se meu vizinho faz, também tenho que fazer.

Já nos pampas a situação é outra. Ano passado, Inter e Grêmio terminaram, respectivamente, em segundo e terceiro lugares no Brasileiro. Também em 2006, o Inter venceu a Libertadores e o Mundial Interclubes, feitos que o Grêmio podem repetir esse ano. Seus planos de crescimento envolvem bem-sucedidas estratégias de aumento do quadro de sócios dos clubes e projetos audaciosos e realistas de reformulações em seus estádios (aliás, em Porto Alegre os dois grandes times possuem estádios próprios; em BH nenhum deles, apenas o pequeno e rebaixado América). Nada disso é coincidência.

Só mais um comentário a respeito: São Paulo e Rio fogem um pouco a essa regra, pois tendo cada um destes centros quatro "grandes" cada, sempre há um em boa forma para ser o exemplo aos demais. Ou, num cenário mais sinistro, os quatro se afundam, como vêm acontecendo em terras fluminenses nesta década - e também não é coincidência que os quatro parecem ressurgir no cenário nacional ao mesmo tempo.

Um jargão corporativo diz que "Concorrente bom é concorrente forte". Num meio frio e estritamente de negócios isso faz todo o sentido, e se transferido para o passional mundo dos esportes torna-se um pensamento irreal. Tão irreal quanto assistir cruzeirenses gritando "Ga-lôôô!!!".

Claro que não chego a esse ponto. Mas que os problemas do Cruzeiro passam por isso, não tenho dúvida.

Um comentário:

Mautex disse...

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