Mais uma vez, a Ana Paula está no centro da polêmica. Não acho que os erros de ontem tenham sido tão escândalosos como o do Simon, mas foram erros que mudaram o resultado da partida. E a discussão sobre mulheres no futebol volta à tona.
Para mim esse é o ponto crucial da questão. A Ana Paula é uma boa assistente, mas todos os seus atos - erros, acertos, poses - são comentados não sob o enfoque de um profissional no futebol, mas de uma mulher no futebol. E aí a discussão já perde o foco, pois argumentos como 'Só por ser mulher...', 'Apesar de ser mulher...' ou 'Ser mulher não quer dizer que...' gastam energia discutindo-se o que não deveria ser discutido. Erros continuarão acontecendo, independente de serem cometidos por homens ou mulheres, mas quando o sexo feminino é o protagonista do erro ele ganha proporção maior do que deveria.
O ofício de arbitrar atos de outras pessoas é desgastante por si só, e mesmo pessoas preparadas e focadas apenas nisso são passíveis de erros de julgamento. E, desculpem-me as feministas, mas é inegável que a Ana Paula está na mídia - e gosta de estar - não só por seu talento com a bandeira, mas também porque ela mesma fomenta isso buscando oportunidades extra-campo. Por menor que seja, essa idéia já desvia seu foco principal, gerando situações como a de ontem. Não acho uma cena agradável ver uma mulher sair escoltada, de onde quer que seja.
A origem católica do Brasil moldou uma sociedade patriarcal e machista, e mesmo com os avanços da sociedade ainda somos assim. Com o futebol, nosso meio machista entre todos, não poderia ser diferente, e qualquer mulher que se aventure no meio terá que, além de provar o seu talento, provar que uma mulher pode ter talento para vencer nesse meio. É um esforço extra que, geralmente, compromete a concentração e o resultado final.
Toda quebra de paradigmas é acompanhada por choques e demanda tempo, e a inclusão de mulheres no meio futebolístico é um deles, que presenciamos em tempo real. Se esse confronto de tese com antítese produzirá uma nova síntese, só o tempo dirá. Mas, hoje, o futebol ainda não está pronto para receber as mulheres.
Mesmo que tenham um belo par de coxas.
quinta-feira, 24 de maio de 2007
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