segunda-feira, 23 de julho de 2007

Crise dos sete anos

"Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira."

Não acho que a crise do vôlei masculino chegue ao extremo de um romance russo do século XIX, mas o ocorrido mostra que até as melhores famílias têm problemas. E que após sete anos eles vieram à tina. O time mais vitorioso do esporte brasileiro teve seu capitão cortado do Pan, provavelmente por problemas pessoais com o Bernardinho. Os motivos são, até agora, suposições. Mas está claro que houve choque de egos e, possivelmente, alguma insubordinação por parte do comandado.

Bernardinho já deixou assuntos pessoais interferirem em sua vida profissional, no caso envolvendo sua mulher Fernanda Venturini e o técnico da Seleção feminina, Zé Roberto Guimarães. É indevida, porém, a sugestão de que o corte do levantador visa o favorecimento de seu filho Bruno. Ricardinho, por sua vez, também já teve problemas devido a sua forte personalidade. No último Mundial, em 2006, quase saiu na mão com outros jogadores do Brasil dentro de quadra. Teve que ser substituído e não voltou mais à partida. Uma conversa coletiva solucionou, aparentemente, o problema.
Um ponto positivo dessa história toda foi a internalização dos problemas da Seleção. Roupa suja se lava em casa sim, e os conflitos que o time vem tendo nos últimos tempos foram mantidos dentro do grupo - como deve ser. O que mostra que, ao menos, a Seleção tem comando. Comando este justificado pela competência.

É difícil opinar sobre algo que não conhecemos, mas a partir de entrevistas de alguns jogadores - Sérgio e Gustavo - acho factível assumir que o modo de Ricardinho agir possa ter desgastado a relação dele com alguns companheiros, e principalmente com a Comissão Técnica. Se isto for verdade, pode ter havido algum tipo de insubordinação do jogador (talvez até mais de uma vez), e nesse caso uma punição é justificável. O que não diminui a polêmica ou acaba com a crise.

Caberá ao Bernardinho mostrar que é um bom líder também em administrar esse tipo de problema, sabendo punir com consciência e perdoar com humildade, mantendo o grupo unido. A coesão dos jogadores, com Ricardinho incluso, foi fundamental para o sucesso da Seleção nos últimos anos e será ainda mais ano que vem, em Pequim.

2 comentários:

FJ disse...

Sinceramente acho que o Bernardinho foi "oportunista" na situação. Deixar pra punir o Ricardinho no Pan (que acredito que o Brasil ganhará sem dificuldades) foi uma puta de uma sacanagem. Se ele vem causando problemas há tempos, pq nao puni-lo na liga mundial? (detalhe que contra russia, bulgaria, frança, polonia o Ricardinho é necessario). Mas contra Guatemala, Colombia, etc etc outros dao conta facilmente.
O fato do convocado no lugar ser o filho dele na minha opiniao deve ser levado em consideraçao sim.
Imagine se fosse o Dunga com o Kaká hein..

Abraço
FJ

Fabio Pimentel disse...

Como eu disse, os dois têm histórico que sugerem que um atrito pessoal pode ter ocorrido. Em uma equipe, onde existe um comandante, atos de desobediência são passíveis sim de punição, e nesse caso um corte do Pan é uma punição pesada e que se bem administrada nos próximos meses pode trazer benefícios à Seleção.
E novamente: no momento só é possível discutir sobre prováveis HIPÓTESES. Caso algum fato novo se torne público, claro que o julgamento pode mudar.
Abraço.