segunda-feira, 9 de julho de 2007

Doping, punições e o futuro

Dodô, aquele que não faz gol feio, foi pego no exame anti-doping com a substância fenproporex, e com a confirmação da contra-prova está suspenso preventivamente por 30 dias. Além de ser um enorme desfalque para o Botafogo, o episódio é uma marca negativa na irregular carreira do jogador e reacende o debate sobre o doping no esporte.
Dificilmente o jogador foi vítima do acaso, visto que a substância não apareceria por milagre em sua urina; mas também é discutível a vantagem que ele obteria em utilizá-la. O futebol, por ser um esporte coletivo e lúdico, é composto por tantas variáveis que raramente o doping individual traz vantagens para o grupo, ao contrário de esportes individuais de alta performance, onde milésimos de segundos fazem a diferença entre o ouro e o nada. Mas mesmo isso não torna o futebol imune ao uso de substâncias ilícitas, e seu uso deve ser coibido e punido com rigor.

A regra é clara e de conhecimento geral. É obrigação dos departamentos médicos e profissionais da área informar-se a respeito e instruir atletas sobre a ingestão de qualquer tipo de medicamento, vitamina e afins. A desculpa do "Não sabia" é inaceitável, e a do "Foi um acidente, através de um shampoo" pode até amenizar a pena, levando também em conta outros fatores. É injusto crucificar um atleta antes de um julgamento justo mas, na minha opinião, casos como esse merecem uma punição independente do motivo alegado para a ingestão da substância.

O doping é um dos maiores males do esporte mundial, e deve ser combatido severamente. Uma eventual absolvição pode criar um perigoso precedente. Um creme cicatrizante praticamente acabou com a carreira da Maurren Magi, mas a imprudência cometida pela atleta é inconcebível para alguém em sua posição nos dias de hoje, no meio da revolução da informação em que vivemos. Alterações na legislação podem ser discutidas e realizadas apenas por uma junta médica especializada, e enquanto isso não for feito - se é que precisa ser - as punições devem continuar ocorrendo. Prefiro isso a um abrandamento, e um consequente surto de casos de doping no esporte.

É de suspeita geral que atletas de alto nível, principalmente nos esportes individuais, tenham em substâncias ilegais um imperativo na busca de títulos e recordes. Para os puristas, uma teoria difícil de aceitar, mas é bem provável que isso esteja perto da realidade. Justamente por isso, punições merecem ser exemplares, pelo menos enquanto sejam possíveis. O Jornal Nacional exibiu uma reportagem sobre o assunto cerca de duas semanas atrás, abordando um novo tipo de doping. O doping genético, elaborado a partir de substâncias extraídas do próprio DNA humano, pode ser injetado diretamente no músculo do atleta gerando um aumento considerável da potência ou resistência do mesmo. É detectável apenas através de uma biópsia do músculo. Especialistas acreditam que essa prática pode surgir nas arenas esportivas nos próximos anos, mesmo podendo causar graves consequencias ao atleta. Na busca por fama e dinheiro, parece valer tudo, até por em risco a própria saúde.

Infelizmente o bom trabalho feito pelo Botafogo pode ser prejudicado, por uma fatalidade ou premeditação. Que o caso Dodô sirva ao menos de exemplo, para que os desatentos redobrem o cuidado e que os desonestos sejam excluídos do meio esportivo. Por mais improvável que isso de fato aconteça.

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